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  • há 3 meses
Transcrição
00:00Capítulo 2 – A Floresta das Fadas
00:03O sol da manhã batia nas muitas plantas do jardim.
00:07Algumas estavam em vazinhos pintados com cores alegres,
00:10outras apenas brotavam da grama fofa que ficava ao redor da casinha de folhas.
00:14Uma moça de orelhas pontudas regava as plantas enquanto cantarolava,
00:18observando tudo com seus olhos completamente brancos.
00:22Trazia, além do regador, uma pazinha de jardinagem,
00:25com a qual fazia pequenos buracos na terra recorrentemente.
00:28O vestidinho de folhas alaranjadas balançava na brisa fresca e seca,
00:33junto com os cabelos verde-clorofila longos.
00:35Após regar abundantemente os lírios, rosas e begonias,
00:39a moça abriu a porta de casca de árvore da casa,
00:41voltando com um vaso cheio de sementes,
00:43que jogou amorosamente em cada buraquinho que fizera.
00:46Depois, tapou-os com a terra que havia tirado.
00:50— Ah, rosas lindas para o ano que vem! — disse a fada em uma voz meiga.
00:54Depois que terminou de cuidar do jardim,
00:56pegou um pote de barro pintado e foi até nascente da floresta,
00:59que dava origem a um pequeno riacho.
01:02Enquanto enchia o pote lentamente,
01:04escutou o crec-crec de folhas secas sendo esmagadas.
01:07Virou-se de um salto para trás,
01:09dando de encontro com uma garotinha de cabelos amarelos e rosto redondo.
01:13— Camila, é você!
01:15— Que susto me deu!
01:16— Quase derramei a água!
01:18— Olá, Maria!
01:20As duas se abraçaram demoradamente.
01:22— Como vai o jardim? — perguntou Camila.
01:25— Venha comigo, vou te mostrar.
01:28De mãos dadas, as duas voltaram até a casa de folhas,
01:31e Camila mal esperou para tocar e cheirar tudo, animada.
01:35— Veja os lírios, as begonias, minhas favoritas.
01:39— Como cresceram!
01:40— Até parece que há anos que não vem aqui.
01:42O que espirrou que fosse encontrar?
01:44Tudo mal cuidado.
01:45Rindo, elas entraram,
01:47e Maria preparou um chá de alecrim para tomarem,
01:49dizendo que havia bolo no forno a lenha para mais tarde.
01:52Sentaram-se à mesa redonda no centro da sala de visitas para esperar.
01:56— O festival de outono!
01:58— Disse Camila apaixonadamente, apoiando a bochecha nas mãos.
02:02— Vejo que está animada.
02:04— Passou rápido, não é?
02:06— Com certeza.
02:08O último parece que foi ontem.
02:10Mal possou esperar para ver a fogueira.
02:12O bolo de cereja já tinha ficado pronto,
02:15servido em pratos de argila.
02:16Assim que terminaram de comer, saíram andando pela floresta,
02:20que se consistia em árvores altas e folhas de outono espalhadas pelo chão.
02:24Aos poucos, dentre muitos carvalhos, perceberam o som de vozes,
02:28e uma goiaba veio voando até a cabeça de Maria.
02:31— Ai, mas que diabos!
02:33De trás de um tronco apareceu um rosto bonitão e sorridente.
02:37— Alex!
02:38exclamou Camila, correndo para abraçá-lo.
02:41— Olá, pequenina!
02:43Ele a pegou no colo e a rodopiou.
02:45Maria massageava a parte de trás da cabeça, resmungando.
02:50— Muito engraçado!
02:51— Como vai, Maria?
02:53Ele ofereceu a mão direita para um cumprimento.
02:56— Você não tem jeito!
02:57— disse ela, apertando.
02:59Mal haviam se cumprimentado.
03:01Escutaram um grito estérrico.
03:03Uma mulher com cabelos azuis de braços abertos corria na direção deles,
03:07seguida de um homem gigante logo atrás.
03:09— Virgínia!
03:11— Tito!
03:12— disse Alex, soltando Camila e correndo para cumprimentar.
03:15— Meu amor!
03:17— exclamou a mulher.
03:19Eles se envolveram e ficaram de mãos dadas.
03:22Tito aproximou-se sorridente.
03:24Seu rosto com traços grossos e ossos largos não deixavam dúvida de que era um ogro.
03:29— Bom dia!
03:30— falou, em uma voz lenta e pacífica.
03:32Após todos os cumprimentos e carícias possíveis, os cinco continuaram pela floresta,
03:37até dar de encontro com postes altos de madeira, dos quais pendiam luminárias ainda apagadas.
03:43Seguindo pela trilha de postes, as vozes animadas foram aumentando de volume,
03:47até que uma multidão de fadas vinha andando pelo caminho com eles.
03:51Muitos cabelos coloridos enchiam a vista.
03:54A aglomeração continuou até uma grande clareira, onde havia uma pilha alta de troncos cortados para a fogueira.
03:59Ao lado da pilha imensa de troncos, erguia-se a maior arvore da floresta, com flores que já começavam a cair.
04:06A casa da Dríade apontou Camila, impressionada.
04:10Por todos os lados havia mesinhas cheias de frutas, goiabás, maçãs, uvas, peras, romãs e laranjas.
04:17As fadas que chegavam iam diretamente até elas para se servir.
04:21Os cinco logo escolheram uma boa mesa e puseram-se a comer.
04:25Camila encontrou seu amigo, Jaques, e eles brincavam de pega-pega com as outras crianças entre as folhas do chão.
04:32A festa de outono, a mesma todos os anos, dizia Virgínia, enquanto mordia uma maçã.
04:38Mas não deixa de ser uma beleza.
04:40À medida que se passava o dia, parecia haver mais pés soar se aglomerando ali,
04:44até que não se conseguia andar sem esbarrar em alguém.
04:47Tito comia três frutas por vez, mas não foi a única razão para que as mesas fossem constantemente repostas.
04:53Logo, garçons traziam bandejas com jarras de vinho tintô e todos, com exceção das crianças, ficaram embriagados alegremente.
05:02Chegaram músicos de vários instrumentos, que tocavam em um palco alto no centro da clareira.
05:07Virgínia e Alex dançavam apaixonadamente, beijando-se de vez em quando.
05:12Maria e Tito contavam piadas sem parar, rindo descontroladamente, até que derramaram vinho na mesa inteira.
05:18Em meio a toda aquela festança, a noite caiu serena, e uma lua cheia acompanhada de milhares de estrelas apareceu no céu.
05:25As lamparinas dos postes acenderam automaticamente.
05:29Jacques e Camila brincavam de pique-esconde entre as árvores quando viram uma luz dourada acender na grande árvore.
05:35Maria e Tito pararam com as risadas, e toda a clareira silenciou-se.
05:40No que se parecia uma varanda localizada na copa da arvore, apareceu uma mulher, que saíra repentinamente de dentro do tronco.
05:46Seus dois olhos brilhavam como vagalumes, e a pele se assemelhava à casca de carvalho.
05:52Estamos hoje aqui reunidos, falou, e sua voz ressoou como eco em uma caverna, para celebrar mais um ano de outono.
05:59E agradecer a fartura das árvores e o amor de nossos familiares.
06:04Eu, Adria de Jasmin, abençoo todos vocês, meus efílios e súditos, neste dia maravilhoso, desejando que se repita por muitos e muitos anos.
06:13Um brinde à floresta das fadas.
06:14Todos ergueram as taças e brindaram.
06:18Quando terminaram o gole, Jasmin tornou a falar.
06:21E que a fogueira arda com a nossa alegria.
06:24Quando terminou de proferir aquelas palavras, Maria puxou de um cordão preso ao pescoço um pequeno graveto retorcido.
06:31Todos em volta fizeram o mesmo.
06:33Levantando as varinhas para cima, as fadas cantaram uma canção alegre, e das pontas delas brilhou uma fagulha de fogo.
06:40Como uma chuva de estrelas, as fagulhas se levantaram no céu até o grande monte de lenha.
06:45Não demorou muito para que a fogueira ardesse alta e tremulante na clareira, aquecendo a todos.
06:51Adria de Jasmin era para dentro do tronco novamente, e as fadas tornaram a dançar, comer e beber até o raiar do dia.
06:57Adria de Jasmin
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