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No Dia Dia Rural desta terça-feira (01), a jornalista Renata Afonso entrevista no Conversa Franca, a pesquisadora da Secretaria de Agricultura do RS, Sidia Witter.

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Transcrição
00:00Eu converso agora com a pesquisadora do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária
00:09da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul, a Cídia Witter.
00:12Falei seu nome certo, Cídia? Bom dia, obrigada pela participação.
00:17Bom dia, falou certo, sim. Muito obrigada pelo convite, pela possibilidade de divulgar nossas pesquisas.
00:23A gente que agradece, né? Hoje a gente vai falar sobre uma espécie de abelha invasora, né?
00:27Que ela começou a ser monitorada na fronteira do Rio Grande do Sul.
00:31O que é essa abelha invasora? O que aconteceu com essa abelha?
00:35Então, antes eu vou dar uma contextualizada da importância de estudar as mamangavas.
00:43Quando a gente fala em abelha, logo vem em mente a apis melífera, que é essa abelha de mel, né?
00:50Que tem o ferrão, que todo mundo conhece, que é uma abelha social.
00:53Só que existem mais de 20 mil espécies de abelhas descritas no planeta.
01:01E no Brasil tem em torno de 3 a 5 mil espécies.
01:06Todas as abelhas não produzem mel.
01:09Quem produz mel é a apis melífera, abelha de mel, e as abelhas sem ferrão.
01:13Mas todas as abelhas, com raríssimas exceções, elas fornecem para o ser humano e também para o meio ambiente
01:24o serviço de polinização, né?
01:28Que é a transferência do pólen com o gameta masculino para a parte feminina das flores,
01:34o que vai gerar, então, frutos.
01:36Por que nós estamos preocupados, então, com as mamangavas?
01:41As mamangavas, elas são abelhas grandes, a maioria das pessoas conhecem.
01:46São abelhas que têm o corpo coberto com pelos, são abelhas grandes.
01:50Por que o Rio Grande do Sul está preocupado, então, e os pesquisadores, com as mamangavas,
01:56se elas não produzem mel?
01:57Bom, porque as mamangavas são muito importantes na polinização,
02:05tanto de culturas agrícolas, quanto para as plantas nativas de uma região.
02:12Tão importante para a agricultura que o Chile, na década de 90,
02:18importou uma espécie de mamangava europeia para polinizar tomate em estufa.
02:28Essa abelha, então, quando introduzida no Chile, ela começou a aumentar as populações
02:34e acabou invadindo a Argentina.
02:39Segundo os estudos da USP de 2015, essas abelhas podem chegar ao Brasil,
02:45pela fronteira com o Uruguai, em oito pontos que foi estabelecido nesse estudo,
02:51entre Dom Pedrito e Uxuí.
02:52Essas abelhas, nos locais onde foram introduzidas, nos países como Japão, Chile,
03:00elas têm causado alguns problemas, ou seja, traz doenças para as mamangavas nativas,
03:10elas podem competir por alimento e por locais para fazer ossinhos.
03:17O aumento das populações dessa abelha introduzida no Chile também tem provocado,
03:26tanto no Chile como na Argentina, problemas de polinização de determinadas culturas,
03:33porque muitas abelhas podem danificar, a visita de muitas dessas espécies que são invasoras,
03:43podem danificar as partes femininas das flores, interferindo, então, na produção de frutos.
03:49Então, a nossa preocupação é estudar as populações das nossas mamangavas nativas,
03:57que no Brasil são nove, no Rio Grande do Sul são quatro espécies,
04:02e entender quais as plantas que elas precisam,
04:07e antes da mamangava exótica, essa invasora, chegar, então, em território brasileiro.
04:14Como é que vai funcionar esse monitoramento?
04:17Como é que vocês vão monitorar a chegada dessas abelhas?
04:20Então, nós vamos começar esse ano monitorando três municípios,
04:27em áreas rurais, que já foram selecionadas,
04:31a Ciguar, Santa Vitória do Palmar e Herval,
04:38e no primeiro ano, depois o monitoramento vai continuar com outros municípios,
04:44porque são oito, né?
04:46Então, essas abelhas vão ser coletadas, as mamangavas nativas vão ser coletadas,
04:54a gente tem um método para isso,
04:56as plantas que elas estão visitando, vamos identificar essas plantas,
05:01vamos avaliar também se essas abelhas têm parasitas, têm doenças,
05:05e na estação de Ulha Negra, que nós temos uma estação experimental em Ulha Negra,
05:13nós vamos cultivar leguminosas, porque as leguminosas são muito atrativas
05:18para as bombos, para as mamangavas,
05:21tanto a exótica como as nativas,
05:25com o objetivo de atrair as mamangavas, então, para a gente avaliar essas populações.
05:30E quais seriam os impactos negativos?
05:34Você já disse das doenças também, mas o que seria exatamente um impacto negativo?
05:39Pode trazer para a agricultura também?
05:41Porque você mesmo falou da importância da polinização,
05:45qual seria o impacto negativo?
05:46Seria muita abelha e aí tem um perigo também?
05:50É, porque o que acontece?
05:52O que é uma abelha exótica?
05:53Uma abelha exótica é aquela que é introduzida fora da área natural dela,
05:59que é o caso dessa mamangava, chama bombos terrestres.
06:03É uma abelha europeia que foi introduzida no Chile,
06:07porque ela é uma excelente polinizadora de tomate,
06:09assim como as outras mamangavas também são.
06:12Então, o que acontece?
06:15Quando ela aumenta muito as populações nessas áreas onde foi introduzida,
06:21elas podem competir com as nativas e trazer impactos negativos
06:31tanto para a agricultura como para a vegetação que ocorre ali na região.
06:38Por exemplo, vou dar um exemplo para vocês.
06:41Tem uma mamangava grande, bem grande,
06:44que se chama mamangava da Patagônia, que é do Chile.
06:47Essa mamangava, à medida que foi aumentando as populações da mamangava exótica no Chile,
06:56foi constatado que começou a haver uma diminuição nas populações da mamangava nativa,
07:05que polinizava as culturas da região do Chile onde ela é nativa.
07:11Então, esse é um impacto.
07:14Pode competir com as nossas e afastar as verdadeiras polinizadoras de determinadas culturas.
07:23Esse seria um impacto negativo.
07:27Outro impacto negativo também é que essas abelhas...
07:31Cid, é só pedir para você arrumar a sua câmera,
07:33que subiu, está mostrando mais a janela do que a serrota.
07:35Imagina, fica assim, imagina, tranquilo.
07:40E qual seria o segundo impacto, então?
07:42Um outro impacto negativo é para ser as doenças.
07:48Então, desculpa, estou com a câmera meio ruim.
07:58Podemos seguir assim, Cid? Deixa eu ver.
08:01Pronto, pode ir. Vamos lá, o segundo impacto agora.
08:03Tá. Uma outra questão é com relação, então, ao aumento dessas populações, né?
08:13Essas muitas abelhas nas flores de determinadas culturas,
08:17por exemplo, em franguesas, foi constatado isso,
08:20que ela pode danificar a parte feminina das flores
08:23e causar queda dos frutos ou não formação de frutos.
08:29Outra questão também é que ela pode coletar o néctar,
08:32pelo lado de fora da flor, sem tocar as partes masculinas e femininas da flor
08:38e não polinizando, então, as flores.
08:41Aí deixa essas flores das culturas
08:44não atrativas para as mamangavas nativas,
08:48que seriam as verdadeiras polinizadoras.
08:51Uma cultura que elas gostam mais?
08:53Por que elas foram tão...
08:54Você já contou um pouco da...
08:55Por que elas vieram para cá?
08:57Mas teve alguma cultura que atraiu mais essas abelhas?
08:59Tem alguma coisa que elas gostem mais?
09:01Tem.
09:03Então, assim, ó, tanto as mamangavas exóticas como as nativas,
09:09elas têm preferência por plantas da família asterácea e leguminosa.
09:16Qual a importância, então, para o Rio Grande do Sul?
09:19A asterácea é a família do girassol, por exemplo, das margaridas.
09:24E as leguminosas, na verdade, são importantes para a alimentação do gado.
09:31Então, tipo, alfafa, cornichão, crevo,
09:35todos são polinizados por mamangavas.
09:37E também elas têm preferência por flores de cor amarela e flor roxa, tá?
09:47Então, a nossa ideia é propor, depois de estudar as plantas visitadas pelas nativas, né?
09:54Antes da chegada da exótica, que ainda não chegou, pelos estudos que a gente tem estudado.
10:02Então, a gente pretende propor áreas para manter as mamangavas nativas nas áreas rurais.
10:14Por exemplo, existem algumas plantas aqui no Rio Grande do Sul,
10:18que são plantas de beirada de estrada, tá?
10:21Chama erva pompom, erva charrua.
10:25São plantas nativas do Rio Grande do Sul, que nascem naturalmente em beira de estrada,
10:32que as mamangavas nativas adoram.
10:35Então, a ideia é fazer uma lista de plantas para que os agricultores e os produtores, né?
10:42Possam criar dentro das suas propriedades e também, ao longo da beira de estrada,
10:49plantas que possam manter, então, as mamangavas nas áreas rurais.
10:53E conservar as mamangavas nativas.
10:57Ah, ótima importância da pesquisa, né? Do trabalho de vocês.
11:00Cidia, muitíssimo obrigada pela participação e até a próxima.
11:04Eu que agradeço. Muito obrigada.
11:06Obrigada.
11:07Obrigada.
11:08Obrigada.
11:09Obrigada.

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