Pular para o playerIr para o conteúdo principal
  • há 3 meses
O presidente da Argentina, Javier Milei, deu uma nova lição ao Brasil.

Depois de fazer uma série de reformas econômicas na Argentina – um exemplo para o governo Lula –, a base de Milei aprovou na Câmara uma lei que inabilita para disputar cargos públicos condenados por corrupção em segunda instância.

Enquanto isso, no Brasil, deputados bolsonaristas e integrantes do Centrão têm atuado pela flexibilização da Lei da Ficha Limpa, a fim de habilitar Jair Bolsonaro para as eleições de 2026.

José Inácio Pilar, Duda Teixeira, Rodolfo Borges e Ricardo Kertzman comentam:

Em O Antagonista, você encontra um jornalismo de investigação, com análises precisas e opiniões sem concessões. Acompanhamos de perto os bastidores
da política, da economia e as principais notícias de do Brasil e do Mundo.

Aqui, você confere na íntegra nossos programas: Papo Antagonista, com
Felipe Moura Brasil; Meio Dia em Brasília, com José Inácio Pilar e Wilson Lima; Narrativas, com Madeleine Lacsko; e o Podcast OA!, com convidados influentes
em diversas áreas.

Se você busca informação com credibilidade, inscreva-se agora e ative o 🔔 para não perder nenhuma atualização!

Chegou o plano para quem é Antagonista de carteirinha.

2 anos de assinatura do combo O Antagonista e Crusoé com um super desconto de 30% adicional*

Assine agora: https://registre.oantagonista.com.br/?plano=combo&tipo=24%20meses

(*) desconto de 30% aplicado sobre os valores promocionais vigentes do Combo anual (R$ 191,04 a vista ou R$ 214,92 parcelado 12x) e nos pacotes avulsos anuais de O Antagonista ou Crusoé (R$ 151,98 à vista ou R$ 169,80 parcelado 12x). | Promoções não cumulativas com outras campanhas vigentes. | **Promoção limitada às primeiras 500 assinaturas.

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Vamos falar agora sobre o presidente da Argentina, Javier Milley, que deu uma nova lição ao Brasil.
00:07Depois de fazer uma série de reformas econômicas na Argentina, um exemplo para o governo Lula,
00:12a base de Milley aproveitou, perdão, aprovou na Câmara uma lei que inabilita para disputar cargos públicos
00:20condenados por corrupção em segunda instância.
00:23Enquanto isso, no Brasil, os deputados bolsonaristas e integrantes do Centrão têm atuado na contramão,
00:30na flexibilização da Lei Ficha Limpa, a fim de habilitar Jair Bolsonaro para as eleições de 2026.
00:38A oposição a Milley tem reclamado da legislação que tornaria a ex-presidente Cristina Kirchner inelegível
00:46antes mesmo da sua condenação por fraude em licitações transitarem julgado.
00:51Kirchner foi condenada em segunda instância em novembro de 2024 e ainda pode recorrer à Suprema Corte.
01:00O que esvazia as críticas dos peronistas é o fato de Milley ter apresentado a proposta no início do seu governo
01:07em março do ano passado, antes da condenação da ex-presidente.
01:12E aí eu já pergunto para o Rodolfo, mais um ponto de Milley neste contraponto do Brasil?
01:18É, mais uma lição de Milley ao Brasil, esse é o título de uma análise que eu escrevi e está publicada no Antagonista
01:24e que também é o título da nossa newsletter.
01:27Vou fazer aqui também propaganda da nossa newsletter, quem não assina pode ir lá buscar no Google
01:32Newsletter Antagonista, no site também do Antagonista vocês conseguem encontrar, é só botar o e-mail lá, apertar, é de graça.
01:38Todo dia a gente manda um boletim com os destaques daquilo que a gente publicou ao longo da manhã e da tarde.
01:44Chega mais ou menos entre três e seis da... três da tarde, seis da noite, chega no seu e-mail e você fica sabendo um resumo ali do que aconteceu.
01:54Eu chamei atenção para essa história porque essa aprovação da lei da ficha limpa na Câmara,
01:59e ela ainda precisa ser aprovada no Senado, onde é mais difícil que isso ocorra porque a ex-presidente Cristina Kirchner
02:05tem mais apoio no Senado do que na Câmara, essa aprovação ocorre no momento em que os apoiadores,
02:13os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro tentam enfraquecer a ficha limpa no Brasil.
02:17E aí é o pior momento, do ponto de vista brasileiro, para que alguém como Milley,
02:22que vai fazendo um governo muito bem sucedido e de aprovação popular na Argentina, aprovar isso aí.
02:29Eles já tinham tentado aprovar em outras ocasiões, ocorreu agora, por conta das condições políticas,
02:36porque acho que em alguns meses atrás, quando estava para ser eleito o presidente da Assembleia,
02:41o presidente da Câmara na Argentina, a base do governo precisou se entender com a oposição.
02:48E aí eles tiveram que tirar isso do caminho, porque os kirchneristas tentam proteger exatamente a Cristina Kirchner.
02:56E aí foi só agora que foi aprovado isso na Câmara, e aí os apoiadores da Cristina Kirchner
03:02dizem que isso é casuístico, que foi feito só para prejudicar uma candidatura da Cristina Kirchner,
03:10enquanto ela não é condenada em última instância.
03:13Mas, como o próprio Inácio já destacou, esse texto, essa análise que está publicada no Antagonista,
03:17também destaca isso, essa é uma promessa desde o início do governo Milley,
03:22e essa lutar que isso ocorra na Argentina ou em qualquer outro país,
03:28porque não faz sentido que alguém que tem, pelo menos, a confirmação de sua condenação por corrupção,
03:35esteja habilitado.
03:36Pode ser que depois ele não seja condenado em última instância, pode ser que ele seja absolvido,
03:41mas, de qualquer forma, ele já tem uma suspeita bastante grave para que não seja votado.
03:48Isso ocorreu, vamos lembrar, com o Lula em 2018, aqui no Brasil, ele foi condenado em segunda instância,
03:55não pôde concorrer, depois o STF mudou o entendimento a partir de uma leitura política,
04:00e essas palavras são do ministro Gilmar Mendes, do STF,
04:04e aí depois do resto da história, vocês sabem, o Lula acabou tendo todas as condenações canceladas
04:08e pôde concorrer e ser eleito em 2022.
04:11Duda?
04:12O Milley está querendo copiar a lei da ficha limpa,
04:16porque essa lei que já tem no Brasil, aqui, mais de 10 anos,
04:22é uma lei que teve um efeito positivo no combate à corrupção,
04:26tanto é que os políticos agora estão se revoltando contra ela.
04:30E chama a atenção que a Argentina, em alguns momentos, no passado,
04:35tem tentado copiar coisas positivas do Brasil.
04:40Uma delas é a delação premiada, não existia, mas aqui no Brasil começou a dar muito certo,
04:48a Lava Jato começou a prender os corruptos.
04:53Eu lembro que nessa época que a Lava Jato ainda estava funcionando por aqui,
04:58eu conversava com alguns argentinos e eles falavam,
05:01nossa, que inveja do Brasil, né?
05:03Porque na Argentina a gente ainda tem um judiciário muito ligado ao Poder Executivo,
05:10que dependendo de quem é o presidente, eles atrasam mais algumas investigações,
05:15o julgamento fica para depois e aí nada acontece, né?
05:19Está muito ligado com quem é o presidente da vez.
05:23Então, eles tinham uma admiração muito grande pela Lava Jato,
05:28tentaram, então, adotaram lá, tem algum outro nome que não é delação premiada,
05:33esqueci agora a expressão que eles usam.
05:36E agora, essa iniciativa de instalar uma lei da ficha limpa.
05:43É claro que vai ser difícil comprometer a Christina Kirchner,
05:47porque a Christina Kirchner já está com uma idade avançada,
05:50já disse que não tem grandes expectativas,
05:54não está pensando em ser candidata novamente.
05:57Teria muito mais um efeito em desestimular que candidatos na eleição
06:04tomassem alguma...
06:07Enfim, seria muito mais moralizante do que especificamente
06:10alguma ação em relação à Christina.
06:13se eles conseguissem aprovar, isso seria ótimo.
06:18Ricardo Kertzmann.
06:21Olha, toda vez que um político atua de forma correta,
06:24eu acho que ele merece reconhecimento, merece elogio por isso.
06:28É louvável que todos reconheçam que se trata de uma medida acertada.
06:33Mas eu, Ricardo, acho que eu já vivi bastante, já vi política bastante,
06:37para sempre deixar uma frestinha aberta para um certo ceticismo,
06:41para uma certa desconfiança.
06:43Eu tenho um pouquinho de desconfiança.
06:46Se seria essa mesma postura do Milley,
06:48caso fosse um não adversário político, como o caso da Christina,
06:52mas fosse um aliado político dele na mesma situação.
06:55Até porque a gente vive isso no Brasil, como a gente falou.
06:58A gente, na época da Lava Jato, a gente tinha à esquerda,
07:02os defensores do lulopetismo,
07:05acusando uma perseguição por parte do STF,
07:08que aquilo tudo era uma tramóia política para inviabilizar a candidatura do Lula, etc.
07:14E hoje a gente vê o contrário, né?
07:16A gente tem o lado oposto atuando dessa forma casuística.
07:19E eu gostaria de fazer uma pergunta, vamos ver aqui,
07:23roleta russa, vamos mandar para você, Rodolfo,
07:25que cometeu o erro de olhar para mim.
07:27Você acha, o que eu tinha perguntado antes da gente sair para o intervalo,
07:32o Milley, agora com a pronúncia correta,
07:35o Milley é sempre muito festejado, celebrado pelo bolsonarismo.
07:39Essa medida, na direta contramão do que o bolsonarismo está defendendo aqui no Brasil,
07:45não cria algum constrangimento?
07:47Ou eles vão sempre justificar de alguma forma acrobática
07:50de que não, não há constrangimento, são iniciativas diferentes,
07:53é tudo igual, mas é tudo diferente?
07:55O que você acha?
07:55É, o meu argumento nessa análise é de que causa sim constrangimento,
07:59porque ela ocorre no momento em que o bolsonarismo
08:02tenta enfraquecer a lei da ficha limpa no Brasil.
08:05Agora, a explicação toda eles já deram, Inácio.
08:09Hoje, inclusive, a gente conversou com o senador Jorge Seif
08:11no meio-dia em Brasília, nosso programa de meio-dia,
08:14e ele usou a mesma justificativa que o Bolsonaro já tinha usado.
08:18Eles alegam que a lei da ficha limpa no Brasil está sendo mal utilizada.
08:22E eles têm algum espaço para argumentar isso?
08:26Eles têm.
08:27Por quê?
08:28Por exemplo, a ex-presidente Dilma Rousseff, quando foi empichada,
08:32deram um jeito de não inabilitá-la politicamente, eleitoralmente.
08:37O senador Renan Calheiros, junto com o ministro do STF,
08:44então o ministro do STF, Carlos Lewandowski,
08:45deram um jeito de que ela pudesse concorrer na eleição seguinte.
08:48Foi até ruim para ela, porque ela perdeu a eleição.
08:51Ela passou pela humilhação de perder uma eleição,
08:54logo na sequência de ter sido empichada.
08:57E aí também o Bolsonaro usa o caso do Lula.
08:59Só que tem um detalhe nesse caso do Lula,
09:01e é por isso que esse argumento do bolsonarismo não é tão bom assim.
09:05Porque o Lula foi inabilitado pela ficha limpa em 2018.
09:09Ele não pôde concorrer na eleição de 2018, porque ele estava preso.
09:12Ele foi condenado em segunda instância e preso.
09:14Aí depois o STF deu um jeito de livrá-lo,
09:16e ao cancelar a condenação,
09:18aí ele já não estava mais impactado pela lei da ficha limpa,
09:22e portanto pôde concorrer em 2022 e ser eleito.
09:27Agora, o problema grande, o maior problema desse argumento
09:30do pessoal dos aliados do Bolsonaro,
09:32é de que a melhor forma de combater o erro de usar a ficha limpa,
09:39que é alegado por eles,
09:40de forma a pegar só um espectro político,
09:44é tentar fazer que essa lei pegue todos os espectros políticos,
09:47e não simplesmente cancelá-la.
09:50Que é, inclusive, o que o Bolsonaro chegou a dizer
09:52ao publicar um vídeo,
09:53alegando tudo isso,
09:56e dizendo, olha, eu sou até mais radical,
09:58eu cancelaria tudo,
09:59derrubaria a lei completamente,
10:02o que seria um absurdo.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado