- hoje
Ouça O Antagonista | Crusoé quando quiser nos principais aplicativos de podcast.
Ser Antagonista é fiscalizar o poder. Apoie o jornalismo Vigilante:
ttps://bit.ly/planosdeassinatura
Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.
Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo... e muito mais.
Link do canal:
https://whatsapp.com/channel/0029Va2SurQHLHQbI5yJN344
Não fique desatualizado, receba as principais notícias do dia em primeira mão se inscreva na nossa newsletter diária:
https://bit.ly/newsletter-oa
Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br
Ser Antagonista é fiscalizar o poder. Apoie o jornalismo Vigilante:
ttps://bit.ly/planosdeassinatura
Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.
Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo... e muito mais.
Link do canal:
https://whatsapp.com/channel/0029Va2SurQHLHQbI5yJN344
Não fique desatualizado, receba as principais notícias do dia em primeira mão se inscreva na nossa newsletter diária:
https://bit.ly/newsletter-oa
Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br
Categoria
🗞
NotíciasTranscrição
00:00Olá, você assinante da Cruzoé, bem-vindos a mais uma edição do Cruzoé, entrevistas do
00:14Sog Mendes, repórter da revista, ainda de casa, enquanto os nossos estúdios aqui em São Paulo
00:20não ficam prontos. Nessa semana a gente vai falar sobre uma família que é amada,
00:26é odiada, é vista e todos, em todo mundo, tem opinião sobre ela. A gente vai falar sobre a
00:33casa de Windsor, conhecida como a família real britânica, não só a princesa Kate, como o seu
00:39marido William, a princesa Camila e o novo rei Charles. Já nem tão novo, mas o rei Charles.
00:49Para falar um pouco sobre a quase literal crise de imagem que se abateu sobre a família
00:56e sobre a ceder a bolsa desse caso, a gente vai falar com o professor Renato Vieira de Almeida Silva,
01:02que é professor aqui em São Paulo e também consultor sobre a família real britânica. Professor Renato,
01:09muito obrigado por nos atender e bem-vindo ao Cruzoé, entrevistas.
01:12Eu que agradeço por estarmos juntos.
01:14Exatamente. Professor, eu queria começar um pouco do final, a gente falar um pouco sobre a crise de imagem
01:22que se abateu, em um primeiro momento, se chamou uma crise de imagem em relação à família real britânica,
01:30e a reviravolta, que foi o anúncio da Kate Middleton, anunciando que ela está em tratamento de câncer,
01:36e até por isso a reserva, a dita reserva dela a compromissos públicos.
01:43O que era uma crise de imagem dentro da família real britânica? Na sua visão, ela acabou se transformando
01:50em, digamos assim, uma pauta positiva para a monarquia, no caso?
01:58Bom, o fato que nós podemos, numa cronologia rápida, dizer que desde o período, vamos dizer, de dezembro,
02:07que estamos aí sobre as notícias, né, ou comunicados, oficiais tanto do Palácio Buckingham
02:14quanto de Kensington. Sobre as, depois das festividades do Natal, tivemos a internação de Charles
02:23e, na sequência, a Kate. Naquele período, as respectivas casas divulgaram comunicados.
02:32O de Kate foi muito claro. Não podemos dizer que a família real tenha se omitido,
02:39porque o que se disse foi que ela estaria internada por um procedimento na região do abdômen
02:45e que só retornaria depois da Páscoa.
02:52Ocorre que, nesse período, no caso específico de Kate, ocorreram, vamos dizer, noticiários ou divulgações
03:01que não foram realmente muito felizes. Inclusive, é a foto que foi amplamente questionada
03:06pelo mundo afora, demonstrando até bastante amadurismo, né, em relação à forma de divulgação.
03:14Então, isso só contribuiu para um aumento muito grande de especulações.
03:19Especulações dentro do Reino Unido, fora do Reino Unido.
03:23Lembrando que Kate e William ocupam um lugar de destaque na popularidade.
03:28São os primeiros, realmente, de maior popularidade dentro da família real britânica.
03:35Então, e também nós vamos lembrar que o fato de Charles ter sido internado
03:41também para tratar de um câncer, né, que logo em seguida foi comunicado
03:47que o rei entraria num tratamento específico e que se ausentaria de compromissos públicos.
03:55Mas o rei Charles III não ficou fora do, vamos dizer, do noticiário, porque houve algumas divulgações
04:02de eventos, por exemplo, audiências semanais com o primeiro-ministro.
04:07Ele surgiu num vídeo durante o dia da Commonwealth, que é muito importante
04:11para o contexto das relações do Reino Unido com o mundo, especialmente 56 países
04:20que fazem parte da Commonwealth, ou seja, a agenda, ela, de certa forma, foi publicada
04:26mesmo que de uma maneira reservada.
04:29A rainha Camila ocupou também esse espaço, ocupando, vamos dizer assim, os eventos
04:36que, tradicionalmente, Charles também faria parte.
04:40E outras atividades foram sendo ocupadas por outros membros efetivos da realeza.
04:46No caso específico de Willian, ele também tentou, vamos dizer, a continuidade na sua agenda pública.
04:54Em outro momento, ele teve que interromper e voltou para os olhos, para o Palácio do Queijo,
05:00então, ou seja, o que estaria ocorrendo com o Kate, já que o Willian até interrompeu
05:05uma dessas atividades para dar atenção à família.
05:08Tudo isso, muito bem compreensível e explicável, desde que houvesse algum tipo de notícia.
05:15Não precisava, talvez, ser uma notícia motivada sobre o tratamento do câncer,
05:21a descoberta do que ocorreu durante esse procedimento cirúrgico.
05:26Talvez algo, vamos dizer assim, mais, vamos dizer, mostrando a própria Kate junto com os filhos,
05:32já que o comunicado original dizia que ela talvez retornasse as suas compromissas oficiais só após a Páscoa.
05:40Então, e também uma ameaça de vazamentos.
05:44E eu acho que, diante disso, a família real britânica esteve diante de um dilema.
05:49Ou a notícia parte da Casa Real, ou, em breve, teremos, vamos dizer, noticiários
05:57sobre até um possível vazamento de tudo que ocorreu com o Kate.
06:02Então, nesse momento, eles, ao resgatarem, vamos dizer, a comunicação oficial,
06:09e, de fato, encabeçado pela Kate, vamos dizer, detalhando o que ocorreu,
06:15ela traz para os holofotes positivos para a Casa Real,
06:19no sentido de que, nesse momento, eu passo a vocês a verdade dos fatos
06:25e gostaria muito da solidariedade.
06:30Então, nesse momento, já não é mais a Casa Real,
06:33é a pessoa da Kate, junto com sua família, junto com seu marido.
06:38Tudo isso faz com que haja uma reconexão.
06:41Então, só há uma fortaleza nesse tipo de colocação.
06:46E que, de fato, terminou se comprovando.
06:49As pessoas se mostrando solidárias e, ao mesmo tempo, atentas.
06:54Ou seja, eu devo também cuidar da minha saúde
06:58para evitar que algo, vamos dizer, aconteça
07:02sem que eu tenha, talvez, um tratamento adequado.
07:05Lembrando que os serviços de saúde britânicos
07:07são considerados os melhores do mundo.
07:10Então, o olhar, vamos dizer assim, mais compreensivo,
07:13o olhar mais solidário foi o que passou para a opinião pública,
07:18seja ela britânica, para o mundo inteiro.
07:20O que pôde se comprovar.
07:22Então, agora, o que se espera é que Kate possa,
07:25vamos dizer, no ambiente familiar,
07:27e já com essa pressão reduzida da opinião pública
07:31sobre o fato e não fato, os boatos e tudo,
07:36possam redundar no seu tratamento
07:38para que ela possa se dedicar de fato
07:40e poder se recuperar o mais rápido possível
07:44e voltar, realmente, àquilo que ela sempre foi.
07:47Uma pessoa extremamente admirada pela opinião pública,
07:51seja ela britânica ou fora do Reino Unido.
07:54Certo.
07:54Professor, em artigos recentes,
07:57o senhor chegou a definir
08:00a monarquia britânica, a Casa de Windsor,
08:04como uma instituição sólida,
08:06bastante centenária já,
08:08e que ela precisava se adaptar ao futuro.
08:13Que definição o senhor traz
08:16sobre a extensão e o funcionamento
08:22da Casa de Windsor hoje?
08:23Ela é uma instituição completamente funcional
08:26e ela consegue dominar essa comunicação,
08:31como o senhor falou, Aruara, na primeira pergunta?
08:34Mesmo com esses percalços, digamos assim?
08:37Eu vou ter que voltar um pouquinho no tempo,
08:41porque, inclusive, relembrando
08:43a forte atuação de Elisabeth II,
08:46pela sua própria longevidade
08:48e tempo no trono,
08:52ela, na verdade, significou,
08:55vamos dizer assim,
08:56o que foi o Reino Unido
09:00do século XIX,
09:03a passagem para o XX
09:05e um pezinho já no XXI.
09:07Então, dificilmente,
09:09você vai encontrar algo parecido,
09:11você transitar por períodos históricos
09:14tão diferentes
09:15e praticamente com a mesma,
09:18sob a gestão da mesma pessoa.
09:21A gestão de imagem
09:22de uma monarquia não é algo fácil.
09:25A monarquia é, talvez,
09:27o sistema, vamos dizer,
09:29de político,
09:32que melhor
09:33exemplifica
09:35o quanto é necessário
09:37você ter uma sintonia com a população.
09:40Porque, a princípio,
09:41poderia dizer o seguinte,
09:42são dispensáveis,
09:43hoje temos repúblicas,
09:45temos processos eleitorais
09:47que poderiam substituir,
09:50mas, no caso específico
09:51do Reino Unido,
09:53temos um sistema de governo
09:55que já dura mil anos
09:56e está de tal forma
09:59identificado
10:00com a maneira britânica de ser
10:03e a exposição do país ao mundo,
10:05que é muito difícil
10:06você desassociar
10:08a monarquia
10:10do que é o Reino Unido.
10:12Então, vamos dizer,
10:13juntando esse período
10:15elizabetano,
10:16se é que podemos dizer assim,
10:18com essa passagem
10:19para seu filho,
10:20lembrando que Charles
10:21foi preparado a vida inteira
10:22para exercer a função.
10:25E isso é evidente
10:26que ele já está
10:26numa idade mais avançada,
10:28mas ele está fazendo
10:31aquilo que realmente
10:32se comprometeu,
10:33ou seja,
10:34dar uma monarquia,
10:35desenvolver uma monarquia
10:37mais simples
10:38e ele, de fato,
10:39ele tem essa experiência
10:40na parte de gestão,
10:42reduzir muito
10:43os eventos públicos,
10:45principalmente aqueles
10:46que não, vamos dizer,
10:47agreguem tanto
10:48a, de fato,
10:50as funções
10:51de um chefe de Estado
10:52que também tem esse compromisso,
10:54vamos dizer,
10:54com a escala
10:55da população,
10:57introduzir
10:58uma nova pauta
11:00para a monarquia,
11:01que é algo
11:01que Elizabeth II
11:03sempre manteve
11:04maior descrição.
11:05Havia uma divisão
11:06muito exata
11:07entre as atividades
11:08do poder,
11:10vamos dizer,
11:11executivo,
11:11exercido pelo
11:12primeiro-ministro,
11:14como também
11:14a função de chefe
11:16de Estado
11:16hoje
11:17representada
11:18pelo rei.
11:19então,
11:20certos assuntos
11:21não eram tratados,
11:22a não ser
11:23nas audiências públicas
11:25que ela tinha,
11:26no caso de Elizabeth II,
11:27com o seu
11:28primeiro-ministro.
11:29Isso continuou
11:30ocorrendo
11:30com o Charles III,
11:33porém,
11:34ele também
11:35encabeça
11:36algumas causas
11:37que já lhe são,
11:38vamos dizer,
11:39muito familiares.
11:41Há mais de 40 anos
11:42que ele defende
11:43bandeiras
11:44relacionadas
11:45a questão
11:46do meio ambiente.
11:47Ele mesmo
11:48administra
11:50uma série
11:51de propriedades
11:53que talvez
11:54sejam considerados
11:55o maior produtor
11:56de alimentos
11:57orgânicos
11:58do Reino Unido.
12:01Ele também
12:01tem uma fundação
12:02que cuide muito
12:03da questão
12:04da imigração
12:05e particularmente
12:06da gestão
12:07da diversidade
12:08no Reino Unido,
12:09lembrando que
12:10o fato
12:12de o país
12:12ter sido
12:15um grande império,
12:16isso estabelece
12:17conexões
12:17com o mundo inteiro
12:18e são pessoas
12:20vindas
12:21de diferentes
12:21lugares do mundo.
12:23Então,
12:24vamos dizer,
12:24o Reino Unido
12:25hoje
12:25é um
12:26caleidoscópio
12:27de pessoas
12:29de diferentes
12:30países,
12:31religiões,
12:32a religião
12:32anglicana,
12:33por exemplo,
12:33da qual
12:34Charles III
12:35é o seu
12:36chefe,
12:38ela também
12:39perde,
12:40vamos dizer,
12:41uma importância
12:42tão grande
12:42nas preferências
12:43do súdito
12:45e pessoas
12:47que vivem
12:47no Reino Unido.
12:48Então,
12:49muita coisa
12:50foi sendo
12:50introduzida.
12:51Então,
12:52a questão
12:52da liberdade
12:52religiosa,
12:53da diversidade,
12:55a questão
12:55de dar
12:57maior
12:57integração
12:58às pessoas
13:00que vêm
13:00de diferentes
13:01países,
13:02alimentação
13:03saudável
13:04e eu diria
13:05que agora,
13:06mais do que nunca,
13:07em função
13:07até das circunstâncias
13:08pessoais,
13:09tanto de Charles III
13:11quanto também
13:12da Kate,
13:13a questão
13:13da saúde
13:14pública,
13:15que é algo
13:16especialmente
13:17importante
13:18para o Reino Unido
13:20e objeto
13:21de orgulho
13:21nacional,
13:23o chamado
13:23NHS,
13:24que corresponderia,
13:25vamos dizer,
13:26ao nosso SUS,
13:27e até serviu
13:28de inspiração,
13:29vamos dizer,
13:29no momento
13:30que foi criado
13:30aqui no Brasil.
13:31Então,
13:32os cuidados
13:33com a saúde,
13:35por exemplo,
13:35a Kate,
13:36ela já tinha
13:37um apoio
13:39específico
13:40sobre crianças
13:42com câncer,
13:43então,
13:44vamos dizer
13:44que o seu próprio
13:45drama pessoal
13:46com a sua própria
13:47saúde,
13:48também,
13:49de certa forma,
13:50espelha aquilo
13:51que ela também
13:51já realizava.
13:52Então,
13:53o sistema monárquico,
13:54ele é simbólico,
13:56ele é simbólico,
13:57ele tem capacidade
13:58de influenciar,
13:59e isso foi tão importante,
14:01por exemplo,
14:02no momento
14:02que Charles III
14:03anuncia
14:04a sua doença,
14:07o número
14:08de pessoas
14:08que buscou
14:09os serviços
14:10de saúde
14:10para fazer
14:11exames
14:12de próstata,
14:13exames,
14:14vamos dizer assim,
14:15preventivos
14:16em relação ao câncer,
14:18e agora
14:18também com o Kate,
14:20só reforçam
14:21esse poder simbólico,
14:24ou seja,
14:24a capacidade
14:25de influir
14:26as pessoas,
14:27a opinião pública
14:28em torno
14:29de causas
14:30que são importantes,
14:31não só
14:32para o Reino Unido,
14:33como para o mundo
14:34como um todo.
14:35E vamos relembrar,
14:36por exemplo,
14:37também o papel
14:38de Diana,
14:39que desempenhou lá atrás,
14:41vamos dizer,
14:42essa função,
14:44inclusive,
14:45trabalhando,
14:46por exemplo,
14:46como embaixadora
14:47das Nações Unidas
14:49para alguma
14:50das causas
14:51que o mundo,
14:52vamos dizer,
14:53sempre enfrentou
14:53na questão
14:54das guerras,
14:56minas terrestres,
14:57refugiados,
14:58entre outras
14:59tantas bandeiras
15:00que, vamos dizer,
15:01o mundo
15:02sempre passa,
15:03em situações
15:05de guerra,
15:05em situações
15:06de fome,
15:07em situações
15:08de conflitos
15:09localizados,
15:10ou seja,
15:11a monarquia,
15:12ela tem que se fazer
15:13presente cada vez mais
15:14aproveitando
15:16esse momento,
15:18mas, acima de tudo,
15:19passando
15:19a crença
15:20de que essas causas,
15:22essas bandeiras
15:23são importantes
15:23e que merecem
15:25um olhar
15:25da sociedade
15:27ou das sociedades
15:28sobre eles.
15:29professor,
15:31eu queria fazer
15:32aqui um retorno
15:34no tempo
15:34que o Império
15:36Britânico
15:36já foi,
15:37um império
15:39que dominou
15:40grandes extensões
15:41de terra
15:42em todos os continentes,
15:43praticamente,
15:45e dotava-se
15:47do que se chama
15:48de high power,
15:49um poder,
15:50um poderio militar
15:51muito forte,
15:53com armamentos,
15:54com uma esquadra
15:55invejável
15:57no seu tempo.
15:59E, à medida
16:00que o Império
16:02vai encolhendo,
16:03também,
16:03principalmente,
16:04durante o reinado
16:06da rainha Elizabeth II,
16:09há uma transição
16:11do papel
16:13da monarquia
16:14para um soft power,
16:15que é o poder
16:16de influência.
16:18Eu queria que o senhor
16:18falasse um pouco
16:19sobre como é
16:20essa transição,
16:21como foi essa transição
16:22dentro da monarquia
16:24britânica
16:25e como que ela
16:26se situa hoje,
16:27se ela hoje
16:28é exclusivamente
16:29do soft power.
16:32É importante
16:33para a grande massa
16:35de pessoas
16:35que nos assistem,
16:37que participam
16:38das divulgações
16:40da CruzWeb,
16:42lembrar que
16:43o soft power
16:45é uma denominação
16:46utilizada
16:47dentro das relações
16:48internacionais
16:49para exemplificar
16:52ou conceituar
16:53aquilo que nós chamamos
16:54de influência,
16:56vamos dizer,
16:57suave.
16:58Essa influência
16:59pode se dar
17:00em diferentes campos,
17:02entre eles,
17:03a própria cultura.
17:04Nós tivemos,
17:05no caso da história
17:06brasileira,
17:07uma situação,
17:09especialmente,
17:11vamos dizer,
17:11nas primeiras décadas
17:12do século XX,
17:14e quem muito bem
17:15representou isso
17:16foi Carmen Miranda.
17:18Carmen Miranda
17:18se tornou
17:19a grande embaixatriz,
17:20ou embaixadora,
17:21melhor dizendo,
17:22da cultura brasileira
17:25levando um jeito,
17:26vamos dizer,
17:27vamos dizer,
17:29brasileiro
17:30de ser para o cinema,
17:31para a música,
17:33e isso,
17:34de certa forma,
17:34era entendido
17:35pelo Departamento
17:36de Estado americano
17:37como algo importante
17:38para estabelecer pontes,
17:42especialmente com países
17:43como o Brasil,
17:44da América Latina,
17:45como um todo
17:45e outros tantos.
17:47Então,
17:48a cultura é uma das formas,
17:49a música também,
17:51que volta um exemplo
17:52no caso brasileiro,
17:54especialmente no final
17:56da década de 50
17:57e o início de 60,
17:59através da música,
18:00o espírito da Bossa Nova,
18:02que contagiou
18:04muitas pessoas.
18:05Então,
18:06naquele momento,
18:07era o cinema,
18:08era o teatro,
18:10era,
18:10vamos dizer,
18:11a música brasileira
18:13que explodia
18:14para o mundo
18:14como um todo.
18:15Eu estou dando
18:16alguns exemplos,
18:17no caso específico,
18:18para estabelecer
18:19essa correlação
18:21entre aquilo
18:22que acontece
18:22num país,
18:23inclusive como o Brasil,
18:25e como também
18:25pode se dar
18:26em países
18:27como, no caso,
18:28o Reino Unido.
18:29No caso específico
18:30do Reino Unido,
18:31temos um passado colonial
18:33que muito,
18:34das vezes,
18:35questionava.
18:36Nós tivemos
18:37guerras,
18:38nós tivemos
18:39pressão militar,
18:40nós tivemos
18:41presença,
18:42domínio,
18:43sobre,
18:44se calcula
18:45alguma coisa
18:45de 27%
18:46do mundo conhecido
18:48entre o século XIX
18:50e o XX,
18:50estávamos sob
18:51domínio
18:52e influência britânica.
18:53Isso não era pouco,
18:55isso não estava falando
18:55de exército,
18:57a marinha,
18:58especialmente,
18:59que tinha uma presença
19:00muito mais forte
19:01na passagem
19:03do século XIX
19:04para o XX,
19:06ou seja,
19:07os domínios britânicos
19:09no mundo
19:10sempre foram
19:11muito acentuados
19:12em todos os países,
19:14sendo que
19:15um exemplo
19:16que é interessante
19:17a gente citar
19:18foi o caso
19:19de Hong Kong,
19:20que em 97,
19:21que era um protetorado
19:23britânico
19:24dentro da China,
19:26volta para
19:27a administração
19:28chinesa
19:29e sempre representou
19:30algo muito
19:32importante
19:33para o conjunto
19:34da economia
19:35e da sociedade
19:36chinesa,
19:37até hoje,
19:38vamos dizer assim,
19:39e que recebeu
19:41muita influência
19:42também britânica.
19:44A chamada
19:45commonwealth,
19:46que é o quê?
19:47Depois desses domínios,
19:49conforme houve
19:51guerras de independência,
19:52processos de,
19:54vou dizer,
19:55que os britânicos
19:57não estavam mais
19:57envolvidos
19:58na administração local,
20:00os processos
20:01chamados
20:02descolonização
20:03pelo mundo,
20:04que se deu em vácuo
20:05em todos os continentes,
20:07os britânicos
20:08criaram algo
20:09chamado
20:10commonwealth,
20:11ou seja,
20:11uma comunidade
20:12de países
20:13que estavam
20:14direta
20:15ou indiretamente
20:16associados
20:17a todo esse período
20:18em que
20:19os britânicos
20:21estabeleceram
20:22relações
20:23que, por vezes,
20:24eram tensas,
20:24complicadas,
20:25difíceis,
20:26inclusive sobre guerra,
20:28mas,
20:29vamos dizer,
20:30é uma forma
20:30que foi considerada
20:32engenhosa na época
20:33e colocaram quem?
20:35O rei,
20:36o arraim,
20:36no caso,
20:37dependendo do momento,
20:39e para,
20:39vamos dizer,
20:40presidir
20:41essa chamada
20:42comunidade
20:42de nações
20:44que estavam
20:45direta ou diretamente
20:46ligadas
20:47à história comum
20:48do Reino Unido.
20:50Desses países,
20:5116 países
20:52ainda atualmente
20:54têm
20:54o rei Charles III
20:56como
20:57o seu chefe
20:58de Estado.
20:59E não estamos falando
20:59de países importantes
21:00como o Canadá,
21:02como a Austrália,
21:03Nova Zelândia,
21:04poderíamos citar
21:04mais alguns.
21:06Tivemos
21:06recentemente
21:07a saída
21:08de um deles,
21:09que seria o 17º,
21:10que é o caso
21:11de Barbados,
21:12que optou
21:13por não ter mais,
21:14vamos dizer,
21:16naquele momento
21:16a rainha ainda
21:17estava viva,
21:19de ter a rainha
21:20como a sua
21:21chefe de Estado.
21:23Então,
21:24temos esse laço,
21:27mas, ao mesmo tempo,
21:28você tenta
21:29preservar
21:31as ligações
21:32históricas,
21:33culturais,
21:35artísticas.
21:36Muitas das vezes,
21:37também,
21:37você tem
21:37o apoio econômico,
21:40investimentos britânicos,
21:42apesar do Reino Unido
21:44não ter,
21:45vamos dizer,
21:45aquela presença
21:47que já teve
21:48há décadas atrás,
21:49é um país
21:50considerado importante,
21:52um país
21:52que tem uma presença
21:53ainda
21:54bastante considerável
21:56nos grandes
21:57fóruns
21:58de decisão,
21:59mas
22:00que encontrou,
22:01eu diria,
22:02na família real,
22:05a sua grande bandeira
22:07para exercer
22:08o soft power,
22:10ou seja,
22:10o chamado
22:11poder suave,
22:12o poder de influenciar,
22:14mas não de uma forma,
22:16vamos dizer,
22:17belicosa,
22:18não de uma forma violenta,
22:20ou seja,
22:21ou através de apenas
22:22relações econômicas,
22:24mas fazer com que
22:25os olhos do mundo
22:26se voltem hoje
22:27para o Reino Unido.
22:28Isso é tão evidente
22:30que,
22:31mesmo que o mundo
22:32esteja
22:33atravessando uma fase difícil,
22:35inclusive,
22:35aqui no Brasil,
22:37também,
22:37a pauta,
22:39vamos dizer,
22:39da doença,
22:40o anúncio
22:41da doença
22:42da princesa Kate,
22:45foi de tal forma
22:46divulgado
22:47que disputou
22:48o mesmo espaço
22:50com situações
22:51extremamente graves
22:52que nós estamos
22:53enfrentando
22:53no mundo atual.
22:54Agora,
22:55o que a monarquia
22:57britânica tem?
23:00Tem o lado charmoso?
23:02Tem.
23:02Tem o lado
23:02dos grandes eventos
23:04promovidos?
23:04Tem.
23:05Tem um ideal romântico
23:06em torno disso?
23:07Tem.
23:08Porque aquela cena
23:09famosa do casamento
23:10de William e Kate,
23:12onde a família real
23:14se reúne
23:15no balcão
23:16do Palácio
23:17e Bunker
23:17para falar
23:18com aquela multidão,
23:20ali estava
23:20a junção
23:22de todo
23:23o ideal
23:25romântico
23:25que perdura
23:27desde o século XIX.
23:29Lembrando que
23:29a Rainha Vitória
23:30foi a primeira
23:31a se casar
23:33de branco,
23:34que não era comum,
23:36usando a cor branca.
23:38E isso se transformou
23:39quase em um padrão
23:40para todas as noivas
23:42do mundo inteiro.
23:43Então,
23:43o fato de você
23:44buscar um príncipe
23:46ou uma princesa,
23:47isso faz parte
23:48do encantamento.
23:50Então,
23:50você tem
23:51um lado simbólico,
23:53as imagens
23:54que são produzidas,
23:55os eventos,
23:56tudo aquilo
23:57que corre
23:57em torno
23:58da realeza britânica,
24:01que era fantástico
24:03e hoje se torna magnífico,
24:05ganha um espaço
24:06todo especial
24:07na mídia,
24:08porque hoje
24:09com as mídias digitais
24:10você divulga
24:11realmente
24:11todos esses acontecimentos
24:14no mundo inteiro,
24:15lembrando
24:15que o casamento
24:16de Kate e William
24:17foi assistido
24:19naquele momento
24:20em que se realizou
24:21por uma audiência
24:22calculada
24:24em torno
24:25de 2 bilhões
24:26e 800 milhões
24:27de pessoas.
24:28Lembrando
24:28que o mundo
24:29tem um pouco
24:30mais de 7 bilhões
24:31de habitantes.
24:32Então,
24:32não é algo
24:33desprezível.
24:36Então,
24:37nos artigos
24:39que eu escrevo
24:40na minha própria
24:41tese de doutorado,
24:43eu coloco
24:43que a maior marca
24:45que o Reino Unido
24:48possa sustentar,
24:51manter,
24:52cultivar
24:52hoje
24:53é,
24:53sem dúvida alguma,
24:55a sua monarquia.
24:57Lembrando
24:57que a monarquia
24:58é um sistema
24:59de governo
25:01que lá
25:02no Reino Unido
25:03consegue,
25:04vamos dizer,
25:05ser uma espécie
25:06de cimento
25:07social,
25:08já que
25:09a gente fala
25:10Reino Unido,
25:11mas é reunião
25:12de Inglaterra,
25:13da Escócia,
25:14da Irlanda,
25:15do país de Gales
25:16e também
25:17daqueles países
25:19que tem
25:20o rei
25:21Charles III
25:22como seu chefe
25:23de Estado.
25:24Então,
25:25você tem
25:26uma solidez
25:27política,
25:29você tem
25:29uma imagem
25:30pública
25:31extremamente
25:32forte
25:32e que faz
25:33com que o país
25:34tenha destaque
25:35no cenário
25:37internacional.
25:40Excelente.
25:41Professor,
25:41já encaminhando
25:42para o final,
25:42tem uma última
25:43pergunta
25:44que é no seguinte
25:45sentido.
25:46A gente vê
25:47o mundo
25:47cada vez mais
25:48tenso
25:48com a inclusão
25:50de guerras
25:50em diversos
25:51pontos,
25:53a ascensão
25:54de líderes
25:55autoritários
25:56e a ameaça,
25:59inclusive,
25:59de uma nova
26:00guerra nuclear,
26:02inclusive,
26:02com potências
26:04militares
26:05se ameaçando,
26:07digamos assim.
26:08E já não é de hoje
26:10que existe um debate
26:11sobre a utilidade
26:13das monarquias,
26:14não só no Reino Unido,
26:16como em outros países,
26:18outros países da Europa,
26:19tragam o mesmo debate
26:21sobre o que fazer
26:22e qual a utilidade
26:23de suas famílias reais.
26:27A pergunta
26:28que eu queria deixar
26:29para o senhor
26:29com uma pergunta final
26:31é que utilidades
26:32as famílias reais
26:33e principalmente
26:34a família real
26:35do Itali,
26:35que o senhor já explicou,
26:37mas que utilidade
26:38uma família real
26:39tem no século XXI
26:41para a política mundial
26:43e principalmente
26:43para os seus países?
26:46Bom,
26:46o sistema monárquico
26:47ele é o mais antigo
26:49sistema político
26:49do mundo.
26:50Vários países
26:51presenciaram,
26:53vamos dizer,
26:54vivenciaram
26:55o regime monárquico.
26:57Inclusive,
26:59nós temos ainda
27:00em vários países
27:03da África,
27:04nós temos
27:04dentro
27:05de estruturas
27:08republicanas,
27:09pequenas comunidades
27:10que seguem ainda,
27:12vamos dizer,
27:13também um direcionamento
27:14monárquico.
27:15as monarquias
27:17evidente,
27:17elas perderam
27:18o seu espaço
27:20no universo político,
27:22especialmente
27:23nessa passagem
27:24do século XIX
27:25para o XX
27:26e hoje
27:27muitos
27:28se questionam
27:29porque
27:30a efetividade
27:31de um
27:32sistema monárquico
27:34de governo.
27:35Temos que lembrar
27:36também
27:36que existem
27:37vários tipos
27:38de modelos
27:40de monarquia.
27:41Temos que ter
27:41aquelas monarquias
27:42que são
27:43absolutistas
27:44onde,
27:45vamos dizer,
27:46o rei,
27:48principalmente o rei,
27:49na maioria das vezes,
27:52são,
27:53vamos dizer,
27:54representados
27:55apenas pelo elemento
27:56masculino,
27:57não tem a figura
27:58da rainha.
27:59São regimes
27:59absolutistas.
28:00Absolutistas
28:01porque
28:01cabe ao rei,
28:03vamos dizer,
28:04a última palavra.
28:06E muitas das vezes
28:07você não tem
28:07sequer
28:08uma participação
28:10democrática.
28:10as chamadas
28:12monarquias
28:14democráticas
28:15representadas
28:16pelo Reino Unido,
28:18eu vou usar
28:18apenas alguns
28:19exemplos,
28:20no caso da Suécia,
28:21da Dinamarca,
28:22aliás,
28:23no caso da Suécia
28:23temos,
28:24inclusive,
28:25uma rainha
28:26de origem brasileira
28:28que viveu
28:29em São Paulo
28:30até a adolescência,
28:33ela tem
28:34outras,
28:35poderíamos citar,
28:36a Holanda também,
28:37são monarquias
28:38que representam
28:39que a estabilidade,
28:40são países ricos,
28:42cujo padrão
28:43de vida
28:44é muito alto
28:45e tem
28:46nesse modelo
28:46uma forma
28:48de sucesso.
28:50Então,
28:50nada impede
28:52que os primeiros
28:53ministros,
28:54o parlamento,
28:56sejam eleitos,
28:59você tem
29:00alternância
29:00dessas figuras
29:01na administração
29:02como um todo,
29:03mas a monarquia,
29:04ela tem uma
29:05representação
29:06da estabilidade,
29:08e isso é algo
29:09que no mundo
29:10contemporâneo
29:11as pessoas
29:12também se perguntam,
29:13quem sabe
29:14um regime monárquico
29:15não poderia,
29:16vamos dizer,
29:17causar um pouco
29:18mais de,
29:19vamos dizer,
29:20de estabilidade,
29:21de continuidade,
29:22então,
29:22a monarquia tem isso,
29:24é como se fosse
29:24uma âncora
29:25ou uma boia,
29:26onde as pessoas,
29:28vamos dizer,
29:28se sustentam
29:29em períodos,
29:30inclusive,
29:30de crise,
29:31é porque
29:32a família real
29:33representa
29:34o conjunto
29:35das famílias
29:36de um país,
29:38então,
29:38isso,
29:39dentro do universo
29:40político,
29:41simbólico,
29:42tem um valor
29:42muito grande,
29:44daí,
29:44se é muito difícil,
29:46você simplesmente
29:46mudar,
29:47olha,
29:47vamos alterar,
29:48no caso do Reino Unido,
29:50para uma república,
29:51vamos passar a eleger
29:52o nosso chefe
29:53de Estado,
29:55como é que você
29:55apaga o passado
29:56e aquilo
29:58que faz parte
30:00do imaginário
30:01coletivo?
30:02Com certeza,
30:03vai criar instabilidade,
30:04então,
30:05essa é uma forma
30:06que se criou,
30:07principalmente,
30:08em vários países,
30:09a maneira
30:10de administrar
30:12com segurança
30:13e estabilidade
30:15a continuidade
30:17desse país,
30:18eu vou citar
30:19mais um,
30:20no caso específico
30:21do Vaticano,
30:22também,
30:23o regime
30:24é monárquico,
30:26porém,
30:26existe uma eleição,
30:28ou seja,
30:28você tem um colégio
30:29de cardeais
30:30e que elege
30:31um Papa
30:31e que passa a ser
30:32durante aquele
30:33período de vida
30:34o, vamos dizer,
30:35o soberano absoluto,
30:37porque o Vaticano
30:38também é um país.
30:39Então,
30:39há situações
30:40e situações,
30:42mas algumas pessoas
30:44olham
30:44sob o olhar
30:45apenas do lado
30:47dos rituais,
30:48a parte mais
30:49do embelezamento
30:49estético,
30:51alguns dizem
30:51que aquilo lá,
30:52tudo aquilo
30:53não passa
30:54de uma fantasia,
30:56uma alegoria
30:56e que não tem
30:58nenhum,
30:59faz nenhum sentido
31:00nos tempos
31:01que a gente vive,
31:02mas a gente tem
31:03que lembrar também
31:04que vida é sonho.
31:05Então,
31:06eu acredito
31:06que a monarquia
31:07também representa
31:08muito esse lado,
31:09o lado lúdico,
31:10o lado espetacular,
31:12o lado,
31:13e às vezes,
31:15por ser uma família,
31:16lembra também
31:16uma história de novela,
31:18como nós estamos
31:18acostumados aqui
31:19no Brasil a ver.
31:21Crises acontecem,
31:22situações como essa
31:23acontecem,
31:24todo mundo tem um caso
31:25para contar de problemas
31:26de saúde familiar,
31:28em que a família,
31:29de repente,
31:30se junta mais,
31:31em função dessas circunstâncias,
31:33quem sabe,
31:33no caso da família real,
31:35agora,
31:36talvez Harry,
31:37possa se reconciliar.
31:38Tudo isso é possível
31:40dentro desse universo.
31:43Excelente,
31:44eu queria agradecer
31:45demais a presença
31:46do professor Renato
31:47de Andrade Veres Silva
31:48nessa conversa
31:50com a gente
31:50sobre a família real.
31:52Professor Renato,
31:53muito obrigado,
31:54fico com o convite
31:55para as próximas conversas.
31:57Eu agradeço
31:58e sempre à disposição
32:00de você.
32:03Excelente,
32:04esse foi o Cruzói
32:05Entrevistas da Semana,
32:06nós voltamos
32:07na semana que vem.
32:08Até lá.
32:09Até lá.
32:10Tchau.
32:11Tchau.
32:12Tchau.
32:12Tchau.
32:12Tchau.
32:13Tchau.
32:13A CIDADE NO BRASIL