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00:00É bom lembrar que começou a valer nesta segunda-feira o decreto de garantia da lei da ordem em portos e aeroportos do Rio de Janeiro e São Paulo.
00:08A operação deve durar até 3 de maio de 2024.
00:13A GLL foi autorizada na semana passada pelo presidente Lula.
00:16A medida abrange os portos de Itaguaí, no Rio de Janeiro, Santos, em São Paulo e os aeroportos de Guarulhos e Galeão.
00:25Com o decreto, gente, assinado por Lula, militares das Forças Armadas atuarão nesses locais.
00:32No primeiro dia da GLL, militares da Marinha e agentes da Guarda Portuária montaram postos de fiscalização nos acessos ao porto do Rio de Janeiro.
00:41Na entrada da Avenida Brasil, no Caju, todos os veículos eram inspecionados por integrantes das Forças Armadas.
00:48Homens utilizavam espelhos, por exemplo, para checar por baixo dos carros se havia algum tipo de irregularidade.
00:52Cães e farejadores também estavam postos e foram utilizados.
00:57Para a gente falar um pouco sobre a GLL, estamos aqui ao vivo com o presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara, o deputado Biratan Sanderson.
01:05Deputado, muito boa tarde, seja muito bem-vindo ao Meio Dia em Brasília.
01:08Boa tarde, Wilson.
01:12Sempre, para mim, uma satisfação poder falar com vocês, um antagonista sempre comprometido com o jornalismo idôneo, responsável.
01:23E falando sobre essa GLL, não sei se tu me permite dizer...
01:28Eu já ia começar essa entrevista com a seguinte pergunta, deputado.
01:34Essa GLL é para valer ou é só conversa para boi dormir?
01:38Pois é, porque eu já ia me antecipar.
01:40Eu já ia me antecipar.
01:42Vamos dizer que...
01:44Qual a experiência que eu tenho de mais de 20 anos de Polícia Federal?
01:47Estando no segundo mandato e no mandato anterior, também trabalhei muito forte na questão da Segurança Pública e agora presida a comissão.
01:54Eu posso dizer que é uma GLL de mentirinha.
01:58Um engoto que estão tentando passar, porque os aeroportos do Brasil não precisam de GLL.
02:06Aliás, a Polícia Federal e a Receita Federal fazem um bom trabalho utilizando escâneres, inspeções individuais em bagagens.
02:18Não há histórico de bagunça nos aeroportos.
02:24Então, onde precisa uma GLL, que são nas comunidades ou em toda a região do Rio de Janeiro, na capital, por exemplo, não vai haver GLL.
02:34Por outro lado, o governo de São Paulo não solicitou GLL.
02:39Aliás, eu tive semana passada pela Comissão de Segurança Pública em São Paulo, fazendo algumas visitas técnicas.
02:46Estive na rota, no Batalhão, com Tobias Aguiar.
02:49Estive conversando com o secretário de Segurança Pública, Guilherme de Ritchie, lá na Secretaria de Segurança Pública em São Paulo.
02:57E conheço a estrutura de vários estados, para não dizer de todos, mas de muitos estados do Brasil.
03:05A estrutura de segurança pública de São Paulo é exemplar, é paradigma para outros estados.
03:11Então, o Rio de Janeiro foi solicitado não para os aeroportos.
03:16São Paulo nem solicitou ir na Bahia, que está numa situação, porque eu também estive na Bahia pela Comissão de Segurança Pública agora há 30 dias.
03:25A Bahia, que precisa infinitamente mais do que São Paulo, não recebeu.
03:31Então, é uma gelióca, na minha observação, para gastar dinheiro público, perder tempo e causando empecilhos para a sociedade que utiliza os aeroportos
03:46e provavelmente vai ter filas quilométricas, porque sem fiscalização física, aí ainda vai ser pior.
03:54Encher de militares dentro dos aeroportos para não vistoriar de forma efetiva, então, é um segundo erro.
04:02Então, é uma gelió de mentirinha.
04:04Na minha observação, o Flávio Dino quis, entre aspas, mostrar serviço.
04:09O Lula tinha dito na sexta-feira que no governo dele não teria gelió.
04:14Na sexta.
04:15Na quarta-feira, ele vai lá e decreta.
04:18Inclusive, o governador de São Paulo ficou sabendo pela imprensa.
04:20Na quarta-feira...
04:22Foi na sexta que o Lula disse que não teria gelió, em hipótese alguma, quando ele fosse presidente.
04:27Na quarta, vem com essa balela, essa conversa fiada de gelió em aeroportos.
04:33Se for fazer gelió, não é em aeroportos.
04:36Porque as áreas aeroportuárias já são federais.
04:42A gelió serve para o governo federal...
04:44Solicitado pelos estados, o governo federal manda forças federais para apoiar as forças estaduais
04:54a fazer o enfrentamento de uma dada situação, no caso do Rio de Janeiro e da Bahia,
05:00que seria uma situação relativa ao agigantamento do crime organizado.
05:05Então, eu vejo com péssimos olhos, porque vai ser só a gastação de dinheiro público
05:11e tentativa de enrolar a população brasileira dizendo que
05:15nós estamos fazendo um enfrentamento ao crime organizado.
05:19Fazer enfrentamento ao crime organizado dentro de aeroportos só pode ser piada.
05:24Deputado, deixa eu aproveitar que tem...
05:26Acho que já tem, inclusive, comentário do chat nesse sentido.
05:30Eu quero fazer duas perguntas rapidinho para a gente conseguir dar segmento aqui para o programa.
05:34A primeira, a Ana Elisa fez um comentário aqui que ela pergunta
05:38qual é o interesse por trás dessa gelió?
05:40E o segundo, deputado, não lhe parece um contrassenso
05:45o governo Lula sempre criticar a ação dos militares
05:49e agora recorrer justamente aos militares
05:51para dar uma sensação de segurança lá no Rio de Janeiro?
05:55Claro, porque ele provavelmente foi convencido pelo Flávio Dino
05:58que o ministro da Justiça e Segurança Pública é o ministro da pasta.
06:03Deve ter sido convencido de que, mesmo conceitualmente sendo contra
06:09o presidente Lula não gostando de GLO, ele teria que engolir porque politicamente
06:14seria bom.
06:16Por dois motivos.
06:17Primeiro, porque tanto o governador de São Paulo como do Rio de Janeiro
06:20são adversários políticos do atual governo federal.
06:24Segundo, porque o Ministério da Justiça, que tem sido muito criticado
06:28por qualquer cidadão que conheça minimamente segurança pública
06:32o ministro Flávio Dino tem sido criticado
06:34porque 11 meses à frente da pasta do Palácio da Justiça
06:37nada de positivo, de concreto, saiu.
06:41Então, eles viram, vamos matar dois coelhos com uma paulada só.
06:45Nós vamos, ao mesmo tempo, dizer que a segurança pública de São Paulo e do Rio
06:49precisa de apoio federal porque eles não sabem fazer segurança pública.
06:52E, segundo, a pasta da segurança pública federal, no caso do Ministério da Justiça
06:57e Segurança Pública, vai poder passar uma mensagem, que é uma mensagem falsa,
07:02mas passar uma mensagem de que, ó, nós estamos fazendo, né,
07:06vamos enfrentar o crime organizado, enfrentar o crime organizado
07:10numa área que já é federal e que já é muito bem efetivada pela Polícia Federal,
07:17pela Receita Federal.
07:18Por isso eu tenho dito que é uma gelhora e mentirinha.
07:21Vamos ali botar e torrar dinheiro público, perder tempo e dinheiro
07:27numa situação que não tem a menor pertinência e conveniência.
07:36Matheus, traz para cá, Matheus.
07:39Matheus está dormindo ainda.
07:40Ainda está aproveitando ainda, deve estar assistindo aí do Fantástico.
07:44Aqui é um pausa aí para tomar mate.
07:45Eu estou em Porto Alegre aqui e tomando um chimarrão para matar a sede e melhorar a voz.
07:53Não, imagino, imagino, deputado, fica à vontade.
07:56Agora, só para a gente fechar, a linha em relação ao Rio de Janeiro,
08:02para além de uma GLO, o que seria necessário?
08:05Porque durante a crise, nas últimas duas semanas,
08:08muito se falou que o Rio de Janeiro sofre com a falta de investimento em inteligência.
08:12O próprio governador Cláudio Castro, ele falou algo que é pertinente
08:17para a gente trazer para esse debate, que é o seguinte.
08:21Eu poderia até ter conseguido me antever às ações criminosas.
08:28Entretanto, era uma situação em que o Estado ficou um pouco refém
08:35de uma ação criminosa e que não haveria inteligência o suficiente
08:40para você evitar os ataques.
08:42Você acredita que essa declaração do Cláudio Castro tem algum sentido?
08:46Ou você fazendo uma ação integrada de polícia federal, polícia militar,
08:51e entre outros órgãos de inteligência, você já poderia, por exemplo,
08:53evitar o que a gente viu, aquelas cenas lamentáveis que nós vimos no Rio de Janeiro?
08:58Não, essa fala do governador do Rio, ela é oportuna e é conveniente,
09:04e tem pertinência.
09:06Porque, como existe uma decisão do STF chamada DPF 635,
09:13que proíbe ações das polícias nas comunidades do Rio de Janeiro,
09:17a inteligência policial, não só a inteligência do Estado,
09:21a inteligência da Polícia Federal não acessa mais os morros.
09:23Veja que a Polícia Civil do Rio de Janeiro teve que utilizar de drones
09:28para poder buscar algumas informações.
09:31E segurança pública se faz com os chamados três IS,
09:35que é investimento, integração e inteligência.
09:39Não está havendo investimento,
09:42o governo federal, inclusive, cortou agora esse ano,
09:46para o orçamento do ano passado, 31% do orçamento federal
09:49para enfrentamento ao crime organizado,
09:52fez um anúncio agora, semana passada,
09:54dizendo que vai destinar 300 milhões
09:57para Rio de Janeiro e São Paulo,
09:59300 milhões em três anos, isso aí é nada.
10:02Isso aí é nada.
10:04Nem o combustível para as operações em três anos
10:08você vai conseguir pagar com 300 milhões.
10:10Então, investimento zero,
10:12integração muito pequena,
10:15falta a integração das polícias dos Estados,
10:18e não só dos Estados com a União,
10:20dos Estados, entre os Estados.
10:22A integração da Polícia do Rio de Janeiro
10:24com a Polícia da Bahia, de Minas, São Paulo, por exemplo, não existe.
10:28E integração também alijada entre os poderes.
10:33O Poder Judiciário, quando edita essa medida da DPF 635,
10:37ele não está olhando para a segurança pública
10:42com um olhar pragmático,
10:45e está olhando, na minha observação,
10:46com um olhar preconceituoso,
10:48dizendo que os policiais não podem acessar as comunidades,
10:52porque vai haver mortandade, etc.
10:55Só que ali, ali dentro das comunidades,
10:58hoje, estão omiseados os maiores líderes criminosos do Brasil.
11:03As comunidades do Rio se transformaram hoje em bunkers do crime.
11:07Quando eu estive agora na Bahia,
11:08junto com a Comissão de Segurança Pública,
11:10conversamos lá durante o dia inteiro,
11:12conhecemos os sistemas,
11:14fomos lá fazer uma visita técnica,
11:15junto com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia,
11:18com o intuito de ajudar.
11:19Não era o intuito de achar rabo nem nada,
11:22era o intuito de contribuir.
11:23E vimos que a Bahia já identificou
11:25que vários líderes do crime organizado da Bahia
11:29estão omiseados dentro de comunidades do Rio de Janeiro,
11:32porque ali estão seguros.
11:33E inteligência, inteligência policial,
11:38que eu me refiro, obviamente,
11:39a inteligência também é inexistente.
11:42Porque, para ver inteligência,
11:45os agentes de inteligência precisam irem a campo.
11:49Por mais equipamentos que possuam hoje,
11:51Polícia Federal, as próprias Polícias Civis,
11:53sem o homem indo a campo,
11:56se infiltrando,
11:58muitas vezes,
12:00utilizando subterfúgios
12:02que são próprios da atividade policial
12:04para adentrarem as comunidades,
12:07impossível fazer inteligência policial.
12:08E hoje, então,
12:09com essa GLO dentro dos aeroportos,
12:12piorou tudo.
12:13Porque ela teria uma validade
12:16se fosse um reforço federal
12:18para ajudar as Polícias Militares,
12:21ou a Polícia Militar e a Polícia Civil,
12:22no caso do Rio de Janeiro e da Bahia,
12:24São Paulo nem fala.
12:25Porque São Paulo, em grau de prioridade,
12:28está lá em oitavo lugar.
12:30É Rio, Janeiro e Bahia
12:31que teria que ter esse reforço federal,
12:33inclusive na inteligência,
12:35para identificar esses bandidos,
12:38sejam eles de narcotráfico ou de milícia.
12:42Eu não faço diferença, Wilson.
12:43Para mim, miliciano e narcotraficante
12:45é a mesma coisa.
12:46São bandidos, sicários, assassinos
12:49que precisam ser detidos.
12:50Independente de...
12:51Porque, às vezes, usa esses cursos
12:52milicianos, como se tivéssemos...
12:56É, mas hoje no Rio de Janeiro
12:58já virou narcomilícia, né?
13:00Pois é.
13:00Miliciano é bandido
13:01e precisa sofrer todas as consequências
13:05e os rigores da lei.
13:07Narcotraficante, miliciano,
13:09assaltante de banco,
13:11aqueles que fazem o chamado
13:12domínio de cidades,
13:14que é o novo cangás,
13:15são todos criminosos
13:17de alta periculosidade
13:18e precisam ser identificados
13:21pela inteligência policial
13:22e jogados na cadeia
13:25com a integração do Poder Judiciário
13:27para que não soltem os.
13:30Então, eu vejo que a situação
13:31é crítica na segurança pública no Rio,
13:33na Bahia também muito crítica,
13:35mas não são casos perdidos.
13:38Tem solução, né?
13:39Primeiro, tem que ter investimento.
13:41Segurança pública se faz com dinheiro.
13:43Precisa de investimento.
13:45Mais uma vez, os três is.
13:46Investimento, integração
13:48e inteligência policial.
13:49Com isso, tendo seriedade,
13:52e o ministro Falavudino
13:53parando de se preocupar
13:54em lacrar em queda social
13:55e fazer discursinho,
13:57nós sim teremos condições
13:59de fazer com que o Rio de Janeiro
14:01retome o seu papel de Estado,
14:05porque hoje o Estado
14:07sucumbiu frente à criminalidade,
14:10e eu me refiro aqui
14:11ao Rio de Janeiro e ao Estado da Bahia.
14:13É, deputado, mas esse é o problema.
14:16É isso, né?
14:16Para você ter investimento,
14:19integração, inteligência,
14:21você precisa de uma outra letrinha,
14:23P, P de planejamento,
14:25que infelizmente a gente não tem
14:26hoje no Brasil.
14:28Deputado,
14:29o Britano Anderson,
14:30presidente da Comissão de Segurança Pública
14:32da Câmara,
14:33muito obrigado pela atenção,
14:34obrigado pela sua participação
14:35aqui no Meio Dia em Brasília,
14:37espero contar com a sua presença
14:38em outras edições do nosso programa.
14:40Obrigado, um abraço.
14:41Conta sempre comigo, Wilson.
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