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00:00O peronista Sérgio Massa, Sérgio Massa, como a gente fala portuguesando, e libertário Javier Milley, vão disputar o segundo turno da eleição presidencial na Argentina.
00:09Massa, que é ministro da Economia do governo Alberto Fernandes, teve 36,6% dos votos, enquanto Milley teve 30%.
00:17Patrícia Buric ficou em terceiro lugar com 23,8%.
00:22O primeiro turno da eleição presidencial na Argentina teve a maior abstenção da história do país desde a retomada da democracia há 40 anos.
00:30Dos 35 milhões de eleitores aptos a votar, apenas 74% compareceram às urnas.
00:36O segundo turno está marcado para o dia 19 de novembro.
00:41Duda Teixeira, somando aí a votação que teve o Milley no primeiro turno e o eleitorado da Buric, ele é favorito para levar o segundo?
00:52Ele é favorito, mas o jogo está aberto ainda, porque nem todos os votos da Buric, vamos lá, a Buric pegou em terceiro lugar 23% dos votos, nem todos os votos dela vão para o Milley.
01:09A Buric claramente é uma pessoa, toda a formação dela, ministra do Macri, está baseada contra o peronismo.
01:20Mas, por exemplo, tem muita gente dentro da coalizão da Buric, que é da antiga União Cívica Radical, que são os radicais na Argentina, que não são radicais literalmente,
01:32mas são desse partido mais de centro, que é a UCR, que ficou muito tempo muito baqueada.
01:38E o Milley detona os radicais, né?
01:42Então, assim, vamos lá que ela, 60% dos votos dela acabem indo para o Milley, aí a gente tem o Milley realmente como favorito, não como uma super vantagem, mas sim como uma vantagem em relação ao massa.
01:56Greve, deve ocorrer agora aquela velha corrida pelo eleitor de centro, nesse segundo turno, pelo menos é assim que se diz,
02:05quando acontece uma polarização da disputa. Será que vai haver uma moderação, um discurso menos radicalizado para tentar, cada candidatura, captar esse eleitorado da Buric?
02:21Eu acho que não, Felipe. Eu acho que o peronismo na Argentina vai insistir na tática que acabou levando massa para o segundo turno,
02:35que é a tática de reforçar o medo do desconhecido, que, de certa forma, o Milley representa.
02:46Então, eu não acho, não, que vá haver uma atenuação do discurso.
02:53Eu acho que, pelo menos do lado do massa, a tentativa será de rotular com mais força ainda o Milley como um personagem completamente estranho,
03:06completamente dado a maluquices, né?
03:12E que vai jogar a Argentina na direção de uma catástrofe desconhecida.
03:20É uma campanha do medo com fundos de verdade.
03:24Exatamente.
03:26Porque há declarações, evidentemente, para dizer o mínimo, controversas do Javier Milley,
03:32e é claro que é possível explorá-las, como se fez também contra Jair Bolsonaro,
03:38em um momento sem sucesso, em outro com, porque aí havia medidas de governo correspondentes a determinadas declarações.
03:45Então, assim, é certo que vão buscar expandir o seu eleitorado, né?
03:50A questão é como, né?
03:52E é essa questão que eu coloco para você também, Edu.
03:54E é uma questão também que o Milley, ele deixa isso acontecer, né?
03:59Essa campanha do medo funciona com o Milley, porque o Milley, até depois das primárias,
04:05ele até meio que se contém, fica mais moderado, mais presidenciável.
04:09Mas passa um tempo, ele vem falando tudo.
04:12E uma das coisas, por exemplo, o pessoal dele estava falando em cortar relações com o Vaticano, né?
04:18Ele atacando o Papa.
04:19E vamos lembrar que o Papa, na Argentina, é super popular.
04:22Ele rivaliza em popularidade com o Messi.
04:26Então, assim, não é para atacar o Papa, né?
04:29Que ele já chamou de comunista.
04:30Exato.
04:31O Papa é argentino.
04:32E é pop.
04:33E é pop.
04:36Graebi, então...
04:39Houve matéria na Cruzoé sobre a questão dos subsídios, né?
04:42A gente apontou aqui, ao longo do primeiro turno, como o empréstimo também de um bilhão
04:48de reais de dólares, na verdade, né?
04:50Do CAF, aquele em que houve todo um ruído sobre a atuação do Lula nos bastidores, que
04:57a gente também elucidou aqui no Antagonista.
05:00Esse dinheiro pode ter ajudado o governo a distribuir benefícios, a expandir os gastos
05:06públicos, como fazem, em geral, os governos de esquerda.
05:10Então, tem matéria na Cruzoé falando sobre o preço de passagem de trem, não é isso?
05:15De trem.
05:16É, que com o Alberto Fernandes no poder, né?
05:21E o candidato da situação é o Sérgio Massa, está em determinado valor.
05:25Com o Milley e até com a Bullitt, né?
05:26Que estava concorrendo no primeiro turno, ficaria o dobro, me parece.
05:30Muito mais que o dobro.
05:30Mais que o dobro, quer dizer, sem subsídios.
05:33Hoje, a tarifa de trem é 56 pesos.
05:36E o anúncio lá do...
05:38É, bota mais para mil, né?
05:39Mil e cem, é.
05:40É, que esse bota é muito mais do que o dobro, né?
05:45Então, é essa política de mostrar que o governo está oferecendo benefícios, né?
05:52Não é muito diferente do que fazem os governos quando utilizam a máquina pública para buscar
05:57a reeleição no Brasil.
05:58Eu já vi isso em algum lugar, né, Felipe?
06:00Acho que vocês também, né?
06:02É estranho viver num país assim, né?
06:03É.
06:05Um país ao lado da Argentina, parece que costuma agir dessa maneira nas eleições.
06:10Duas coisas, né?
06:14Muita gente chamou de absolutamente surpreendente a ida do massa para o segundo turno.
06:21Mas quem acompanha a eleição com alguma consistência, né?
06:27Já faz tempo e tal, sabe que o poder de atração, a força do cargo é muito grande em qualquer
06:38lugar, no Brasil, na Argentina, nos Estados Unidos, não importa onde seja.
06:42O que é aquilo que os cientistas políticos chamam de incumbente, o cara que está sentado
06:46na cadeira, né?
06:48Tem uma vantagem que é enorme.
06:51E a vantagem, no caso do massa, era justamente essa.
06:54A vantagem de estar, já há algum tempo, financiando um monte de coisa para a população argentina,
07:03mesmo sabendo que isso, a médio prazo e cada vez mais a curto prazo, né, no caso da
07:10Argentina, é uma receita manter essa política de subsídio, de financiamento de todo tipo
07:15de consumo, é uma receita para a catástrofe final, para uma hiperinflação de novo, como
07:20a Argentina já viu em décadas passadas, né?
07:23Então, ele usou, sem vergonha, sem medo de ser feliz, como dizia o Lula, né, essa
07:30ferramenta, e conseguiu chegar lá, afirmando mais uma vez a força que os cargos têm em
07:38eleições, né?
07:39A força que o incumbente tem em eleição.
07:43A Argentina tem um acerto de contas marcado com essa história dos subsídios.
07:48Ela não pode viver disso para sempre, mas, em eleição, é certo que o massa não vai
07:56tocar nesse assunto, não vai sequer levantar a hipótese de cortar ou diminuir esses subsídios,
08:04né?
08:05E vamos ver qual é o peso que isso vai ter na decisão agora no segundo turno, né?
08:12Vamos lembrar que a Argentina hoje é um país com mais de 40% das pessoas na linha
08:16de pobreza, né?
08:17Abaixo da linha de pobreza.
08:19Quer dizer, Duda, o governo Fernandes e o candidato dele, o candidato da situação,
08:25eles estão investindo nessa questão de facilitar a vida da população num futuro imediato.
08:32Agora, no médio e longo prazo, sustentar esse tipo de política me parece bastante complicado.
08:37Agora, é aquela coisa, votem em mim, me elejam e a economia a gente vê depois.
08:43É, a economia, o próximo presidente ou se o massa se reeleger, vai ter um super abacati
08:50na mão.
08:51Em novembro, já, a Argentina tem que pagar de novo ao FMI e também não tem dinheiro.
08:57Então, precisava já ter feito um ajuste de contas, um ajuste fiscal, para aumentar
09:02a arrecadação e reduzir custo, mas o massa está gastando adoidado, como se não houvesse
09:09amanhã, né?
09:11Lembrando aqui, para ilustrar um pouco o que o Graeb falou, a Argentina tem uma população
09:15de 46 milhões de habitantes.
09:18Desses daí, 18 milhões dependem, de alguma maneira, do governo, ou subsídio, ou porque
09:24é aposentado.
09:25Então, é uma parcela gigantesca da população, é entre quase metade aí, e o que o massa
09:33fez, e foi muito estratégico nisso daí, ele falou, olha, se o Millet for vencer, eles
09:39vão cortar todos esses subsídios.
09:41Essa é a campanha do medo que ganhou, fez com que ele ganhasse uns seis pontinhos.
09:45E ainda falando sobre a eleição no país vizinho, separamos um vídeo que mostra Eduardo
09:49Bolsonaro sendo cortado ao vivo durante a entrevista à rede de televisão argentina C5N.
09:54O fato ocorreu no momento em que o deputado, que viajou a Buenos Aires para apoiar Javier
09:58Millet, defendia o porte de armas como legítima defesa.
10:02Vamos acompanhar.
10:03Então, colocar em frente armas de fogo para os cidadãos significa dar condições para
10:09que tenham a legítima defesa, para que não sejam mais...
10:12Obrigada, Mariano.
10:14Demasiada generosa é a Argentina, e somos os argentinos para receber a este tipo de gente,
10:21não?
10:22Sim, está falando da liberdade de disponer de armas, diretamente.
10:26E com o argumento e com o justificativo de que a gente se possa defender.
10:29Não chama a Lautaro, te parece?
10:30Por isso assim ele foi a sua padre que os brasileiros, com lógica, o sacaram do poder.
10:36Por sorte, não?
10:36Olha, ele parece ver o papo antagonista, né?
10:43Porque sempre que eu vou dar voz a uma pessoa que está falando alguma barbaridade, eu falo
10:50esse programa é muito generoso, né?
10:51Então, vamos mostrar.
10:52E ele falou assim, é, esse programa é muito generoso, dar a voz aí para o Eduardo Bolsonaro
10:56e tal.
10:58A gente estava discutindo mais cedo aqui na redação, né, Graebi?
11:02O que os bolsonaristas foram fazer lá na Argentina, né?
11:06E, claro que há vários aspectos aí a serem explorados em torno desse assunto, mas a
11:11primeira coisa que me veio à cabeça, como uma análise, é que os bolsonaristas foram
11:15buscar no Javier Milley a relevância perdida com os holofotes sobre a eleição argentina
11:24nesse momento e dado que ele é colocado como alguém à direita, enfrentando um governo
11:30de esquerda e os bolsonaristas, eles se alimentam dessa guerra ideológica tribal, né?
11:36Porque mesmo a ideologia é bastante questionável em relação a esse tema, mas é a forma de
11:44se vender no sentido de propaganda, né?
11:47Que eu estou falando de discurso para nichos específicos do eleitorado.
11:51Então, você tem uma série de escândalos no governo Bolsonaro, uma série de escândalos
11:54nos gabinetes da família, etc.
11:56Agora, se você é direita contra a esquerda, então, você consegue fazer muita gente esquecer
12:03todo o resto, as condutas individuais.
12:06E o Milley tem um discurso populista à direita e há todo um movimento antigo, sobre o qual
12:16eu já escrevi várias vezes, quem acompanha sabe, é do populismo de direita internacional
12:21capitaneado pelo Steve Bannon, lá o guru bolsonarista americano que foi assessor do Donald Trump,
12:29acabou demitido ali com sete meses de governo, porque nem o Trump ali, nem o partido republicano
12:37acabou aturando o Steve Bannon, que está envolvido aí com processos judiciais relacionados
12:43à fraude, etc.
12:44Mas ele sempre defendeu que houvesse esse movimento de populismo à direita, que era a melhor forma
12:49de derrotar a esquerda e fica sendo o guru de Trump, Bolsonaro, Milley.
12:54A gente, se o Milley, evidentemente, subiu ao poder, a gente vai ver se ele vai pagar
13:00pedágio para todo esse grupo, se ele vai se comportar como Bolsonaro e Trump se comportaram
13:04em determinados pontos em comum, há muitas diferenças entre eles, evidentemente.
13:10Então, tem todo esse contexto aí em que o bolsonarismo se insere, Graebi.
13:14Como é que você analisa essa questão?
13:17Bom, eu começo analisando o vídeo do Eduardo Bolsonaro, né?
13:20Enfim, foi constrangedor o corte que ele levou lá na televisão e até onde eu sei, e corrija
13:29se eu estiver errado, Duda, as armas não são um assunto importante para a eleição na Argentina.
13:38Ou seja, é uma importação lá que o Eduardo Bolsonaro fez que causa ruído na conversa
13:47e que não ajuda em nada o colega de direita lá da Argentina.
14:08E aí

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