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  • 27/06/2025
Apresentado por Wilson Lima

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Notícias
Transcrição
00:00Acesse o nosso canal!
00:30Acesse o nosso canal!
01:00Que o Brasil valoriza, aplaude e demanda jornalismo independente.
01:05Você sabe que o Antagonista te representa.
01:07A gente merece esse prêmio, né?
01:30Olá, muito boa tarde!
01:33E começa mais uma semana em Brasília.
01:36Até quinta-feira, a classe política estará em Nova Iorque,
01:40participando da Assembleia Geral da ONU.
01:43Ainda nesta semana, teremos a conclusão do julgamento dos quatro primeiros réus
01:48acusados de participação nos atos de 8 de janeiro.
01:54Também teremos aí avanços, avanços vírgula, não é?
01:58Em relação ao PEC, né?
02:01Da Anistia, aquela proposta de emenda constitucional
02:04que isenta os partidos políticos de pagamento de multa.
02:07e teremos também, esta semana, a retomada do julgamento
02:12do marco temporal das terras indígenas.
02:15Vem comigo agora, aqui com o Meio de em Brasília,
02:19programa com muita informação, análise, bastidor.
02:22Muito material para você que nos acompanha.
02:24Então, gente, deixa eu começar o programa de hoje.
02:45Vocês estão percebendo que temos aqui um cenário um pouco diferente,
02:49mas temos uma explicação.
02:50Como eu já falei para vocês na semana passada,
02:52durante o Papo Antagonista,
02:54nós estamos de mudança.
02:56Então, enquanto nós fazemos aí os últimos ajustes
02:59na nova sede, para deixar tudo bonitinho,
03:02estamos aqui numa...
03:04fazendo ainda o programa em regime de home office.
03:08Peço a compreensão de todo mundo,
03:09mas na semana, ainda durante a semana,
03:11nós já estaremos com o estúdio novo,
03:14com tudo organizado, lindo, maravilhoso para você.
03:17Afinal de contas, esse trabalho que nós fazemos diariamente
03:20é um trabalho justamente pensando em entregar para você.
03:24que é o nosso patrão.
03:25Um conteúdo melhor, mais dinâmico,
03:27e um conteúdo mais qualificado.
03:29Tá bom?
03:30E deixa eu aproveitar também já para começar o programa de hoje,
03:32fazendo aquele pedido tradicional.
03:35Por favor, dê o seu like,
03:36acione as notificações,
03:38mostre para o Google que esse conteúdo é importante,
03:41ele é relevante,
03:42ele ajuda a construir a sua cidadania.
03:45Tá bom?
03:46Afinal de contas, estamos aqui fazendo jornalismo independente,
03:49isento, sem amarras, com absolutamente ninguém.
03:53Tá bom?
03:55Bem, eu quero começar essa semana,
03:58quero começar o programa dessa semana com algo um pouco diferente.
04:02Nas segundas-feiras, nós vamos trazer para você,
04:05que nos acompanha nesse momento,
04:07uma agenda da semana.
04:09Espero que você fique mais ou menos bem informado,
04:11para que você já tenha uma ideia do que vai acontecer ao longo da semana na área política.
04:17Então, só para a gente dar um apanhado rápido sobre isso,
04:23é bom lembrar e já, deixando o caderninho anotado,
04:26é bom que dependendo do assunto você já pode ir lá,
04:29cobrar teu parlamentar,
04:30enfim, fazer esse trabalho de cidadania,
04:33que é tão importante para que a gente tenha um país cada vez melhor.
04:35Tá bom?
04:37O presidente Lula,
04:39o presidente da Câmara, Arthur Lira,
04:41e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco,
04:43estão lá nos Estados Unidos, né?
04:45Mais precisamente, em Nova Iorque,
04:47participando da Assembleia Geral da ONU.
04:50Na terça-feira, dia 19,
04:51o presidente da República fará o tradicional discurso de abertura no evento.
04:56Essa será a primeira vez que Lula falará na ONU.
05:00E aí, esse discurso é importante,
05:02porque a gente já vai ter uma ideia
05:04se o petista vai discursar para o mundo
05:06ou especificamente para a sua claque, tá?
05:09Em relação ao poder legislativo,
05:13o destaque é a votação do projeto de lei
05:15das debêntures, da infraestrutura,
05:18ou o PL 2646 de 2020.
05:21O que esse projeto fala, basicamente?
05:23Esse projeto, ele autoriza o poder público
05:25a liberar para a iniciativa privada
05:28a captação de recursos por meio de ações
05:30para que esses recursos sejam aplicados
05:33em obras de infraestrutura ou de tecnologia.
05:35Então, é mais uma ferramenta que a União vai ter
05:39para conseguir tocar obra de investimento,
05:42para facilitar a ampliação da estrutura pública, tá?
05:48Na Câmara, a expectativa é que essa semana
05:51seja votada a PEC da Anistia.
05:53Isso na comissão especial, tá, gente?
05:55Então, essa PEC, ela está em uma comissão especial,
06:00a tendência é que ela seja aprovada, há acordo, né?
06:04E a ideia do presidente da Câmara, Arthur Lira,
06:06é que esse projeto já vá para plenário,
06:09pelo menos para discussão.
06:11Não há ainda a previsão de que esse projeto
06:13seja votado em plenário essa semana.
06:15A expectativa é que essa votação ocorra
06:17na semana que vem, quando todo mundo já estará
06:19de volta ao país, né?
06:20Lira, Pacheco, Lula, enfim.
06:22Já no Poder Judiciário, o STF deve terminar
06:27o julgamento relacionado àqueles, aos primeiros réus, né?
06:32Envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
06:35É bom lembrar que 3 réus já foram julgados,
06:39falta aí o quarto réu, tá?
06:42O STF também deve retomar o julgamento
06:44sobre o marco temporal das terras indígenas.
06:47O placar no STF, nesse momento,
06:48está em 4 a 2 para invalidar a tese.
06:51Até o momento, votaram contra a tese do marco temporal
06:54os ministros Edson Fachin, que é o relator,
06:57Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Luiz Roberto Barroso.
07:01Nunes Marques e André Mendonça votaram a favor da tese.
07:06Então, o STF deve se debruçar sobre isso.
07:09E ainda, na seara judicial, o TSE deve julgar, essa semana,
07:14no Plenário Virtual, os recursos apresentados pela defesa
07:17do ex-presidente Jair Bolsonaro.
07:19É importante lembrar que o TSE condenou o ex-mandatário
07:23à ineligibilidade de 8 anos,
07:26após ele ter realizado aquela reunião com embaixadores
07:29na qual ele criticava,
07:31ele atacava o sistema eleitoral.
07:35Ufa!
07:36É isso, gente.
07:37Essa é a agenda da semana,
07:38são os principais fatos da semana.
07:40E, Freitas, vamos para o próximo bloco,
07:43porque temos entrevista especial.
07:46O Antagonista
07:47Gente, como eu falei há pouco,
07:53nessa semana, o STF deve retomar o julgamento relacionado
07:56à demarcação das terras indígenas.
07:59E, aproveitando esse tema,
08:01eu tenho uma entrevista aqui especial
08:02para falar de um assunto correlato,
08:05que é a aprovação dos estudos de identificação
08:08e delimitação da terra indígena Capot-Mignore,
08:13localizada nos estados do Pará e Mato Grosso.
08:17A questão envolve uma área de 362 mil hectares
08:23entre as cidades de Vila Rica e Santa Cruz do Xingu,
08:27no Mato Grosso,
08:28e São Félix do Xingu, no Pará.
08:32É uma questão controversa, por quê?
08:34Porque os produtores da região,
08:35eles reclamam que a FUNAI não tem sido transparente
08:39na análise desses estudos.
08:42E esses estudos antropológicos,
08:43eles são importantes justamente para você fazer
08:45a demarcação daquela área indígena.
08:47Então, há uma reclamação ali dos produtores
08:49de que a FUNAI acelerou esse processo justamente
08:51de olho no julgamento
08:53lá do Supremo Tribunal Federal.
08:56E para falar sobre esse assunto,
08:58vamos exibir hoje uma entrevista
08:59com o Paulo Sérgio Aguiar,
09:02que é vice-presidente da Associação Brasileira
09:04dos Produtores de Algodão,
09:06e Jacinto Colombo,
09:07que ele é presidente do Sindicato Rural
09:09de Santa Cruz do Xingu.
09:11Freitas, solta a entrevista, por gentileza.
09:14Olá, amigos do meio-dia, tudo bem?
09:35Eu sou o Wilson Lima,
09:36e hoje trago para vocês um debate,
09:38um assunto um pouco diferente,
09:41que afeta principalmente algumas fazendas
09:46e que afeta a comunidade indígena ali da região
09:49ali do Pará e do Mato Grosso.
09:52Foi publicado ali no final de julho
09:56um estudo antropológico sobre a demarcação
09:59da terra indígena Capóxinhori,
10:03localizado no município de Vila Rica,
10:06Santa Cruz do Xingu e São Félix do Xingu,
10:08ali no Pará.
10:10Esse processo de demarcação de terra,
10:13ele afeta diretamente 201 fazendas
10:16que já estão instaladas ali na região.
10:19E para falar um pouco sobre as consequências
10:20desse ato do IBAMA,
10:22que foi publicado,
10:23que já transcorre desde 2004
10:24no governo federal, na FUNAI,
10:28mas ele, de fato, teve um segmento
10:31um pouco mais intenso
10:33nos últimos dois meses,
10:36eu estou aqui com o Paulo Sérgio Aguiar,
10:38que é o vice-presidente da Abrapa,
10:41que é a Associação Brasileira
10:42dos Produtores de Algodão,
10:43e o Jacinto Colombo,
10:45que é o presidente do Sindicato Rural
10:46de Santa Cruz do Xingu.
10:48Senhores, obrigado pela participação.
10:50Boa tarde para você, Jacinto.
10:52Boa tarde para você, Paulo Sérgio.
10:55Boa tarde, tudo bem?
10:59Boa tarde, Jacinto.
11:00Boa tarde, boa tarde, tudo bom?
11:01Boa tarde, boa tarde, tudo bem?
11:04Só para a gente entender,
11:06porque é um assunto muito complexo,
11:08eu queria ver se ou Jacinto
11:09ou Paulo Sérgio Paul,
11:11se algum dos dois podem explicar isso para a gente,
11:14é que a FUNAI,
11:15ela publicou, no final do dia de julho,
11:19esse estudo antropológico,
11:20que, na verdade, é um passo
11:21anterior ao processo de demarcação
11:25dessas áreas indígenas.
11:27Na prática, o que a FUNAI tem feito?
11:29Ela demarca essa terra indígena
11:31e aí dá um prazo para o produtor rural
11:35se defender para saber,
11:37para que ele não seja acusado
11:39de simplesmente ter invadido uma terra indígena.
11:42Em linhas gerais, é isso, Paulo Sérgio?
11:45É isso, Jacinto?
11:46E outra coisa,
11:47como é que esse processo,
11:48de forma atrapalhada,
11:49como é que ele atrapalha a produção rural,
11:51como é que ela atrapalha o agro-brasileiro?
11:54Bom, boa tarde a todos.
12:00Deixa eu começar a dar uma introdução,
12:01depois o Jacinto pode até dar uma continuidade,
12:05pelo que ele está sentindo na pele,
12:07às vezes lá na região,
12:09porque ele é da região de Santa Cruz do Xingu,
12:11e ele está lá sentindo na pele o que está acontecendo.
12:14Esse processo começou lá em 2004,
12:20com a publicação de uma portaria,
12:22onde eles determinam um ponto de estudo
12:25para delimitar uma determinada área indígena.
12:29E esses estudos começaram lá em 2004.
12:32Quando chega agora que eles fazem a publicação
12:35desse estudo antropológico,
12:38na verdade, eles já estão dizendo que aquela área,
12:44pelo entendimento do grupo técnico e do antropólogo,
12:48era uma área indígena.
12:49Já solta os limites da área,
12:52e essa área já está marcada.
12:54A partir desse momento,
12:55o produtor rural está totalmente inviabilizado.
13:01Nenhum banco, nenhuma instituição financeira
13:04vai aceitar a sua matrícula como garantia
13:08para pegar empréstimos para fazer a produção agrícola.
13:12Ok.
13:12Ele já vai ter dificuldade para vender seus produtos
13:15que ele está produzindo dentro da sua fazenda,
13:19porque a partir desse momento,
13:20muitas empresas vão querer se abster
13:23de comprar os seus produtos agrícolas,
13:25devido ao entendimento de que,
13:28se a Funai falou que é uma área indígena,
13:32eles estão ilegalmente lá dentro.
13:35Apesar desses produtores ter comprado
13:38e ter matrícula e comprado essas terras
13:41e pago ao Intermate,
13:43que é o Instituto de Terras do Estado do Mato Grosso,
13:47pago por essas terras
13:48e lá se estabelecido
13:50para fazer o desenvolvimento da sua atividade.
13:53Então, a partir desse momento,
13:55o produtor,
13:56que antes estava totalmente legal
13:59trabalhando e produzindo,
14:02de repente é jogado como uma pessoa
14:05que faz uma invasão
14:08sem saber que tinha feito uma invasão,
14:11porque agora estão falando
14:12que aquilo era uma área indígena
14:14e, na verdade,
14:15nunca foi encontrado índio ali.
14:18Eles não estavam ali estabelecidos,
14:22realmente.
14:22as terras estavam devolutas lá no passado,
14:27os primeiros que compraram essas áreas
14:29e reivindicaram isso no Intermate,
14:31pagaram por elas.
14:33E agora esses produtores que estão ali
14:35fazendo a sua produção
14:36vão ter N dificuldades.
14:39E essas dificuldades financeiras
14:41vão acabar inviabilizando totalmente
14:43a sua atividade agrícola,
14:46chegando a ter que demitir seus colaboradores
14:49e mesmo sair da área,
14:52porque como é que ele vai fazer
14:54se ele não consegue recursos
14:55para poder fazer a produção?
14:57Se ele não consegue vender seus produtos?
15:00Então, praticamente, inviabiliza totalmente.
15:05Ótimo.
15:07Só para a gente entender,
15:09e aí eu quero, só para trazer,
15:10porque como eu fiz uma introdução muito breve,
15:13então, para quem caiu de paraquedas
15:15no debate agora,
15:15pode se achar um pouco perdido.
15:17Então, só para ficar muito claro,
15:19no dia 28 de julho,
15:21um estudo para a demarcação
15:23da terra indígena Capote Ninhore,
15:25é isso mesmo, né?
15:26Acho que é assim que se pronuncia.
15:27Perfeito.
15:28Capote Ninhore,
15:29localizado no município ali de Zivila Rica,
15:31em Mato Grosso,
15:32Santa Cruz do Xingu,
15:34Mato Grosso e São Félix do Xingu, no Pará,
15:37foi apresentado durante um evento,
15:40inclusive, que teve a participação
15:42de vários indígenas.
15:43Essa área,
15:45ela é uma área que equivale
15:47a aproximadamente 362 mil hectares,
15:51que seria uma área pertencente
15:53aos povos Caiapó,
15:56Mebengorê,
15:57Mebengorê,
15:59e Yudjá,
16:01se não me engano.
16:02Eu preciso,
16:03eu acredito que eu falei correto
16:04a pronúncia dos três.
16:06Os Caiapós já reivindicam essa área
16:08desde 1980.
16:12E, de fato,
16:12houve a publicação
16:14desse estudo de demarcação de terra
16:17no final do mês de julho,
16:20e o ato foi publicado
16:22pela presidente da FUNAI,
16:24que é a ex-deputada federal,
16:26Joênia Wapichana,
16:28com uma articulação direta ali
16:31com a ministra dos povos indígenas,
16:33a Sônia Guajajara.
16:36Explicada mais ou menos a situação,
16:38como o Sérgio falou,
16:40então, na prática,
16:40você tem processo de demarcação
16:42de terras indígenas,
16:43e a partir daí,
16:44quer dizer,
16:44a publicação do Instituto Antropológico,
16:47e aí os fazendeiros são intimados
16:48a se pronunciar
16:50em um prazo de 90 dias
16:51para que eles,
16:53enfim, falem
16:54se eles ocuparam ou não,
16:56se eles estavam naquelas terras
16:57antes desses anos 80 ou não,
16:59há todo esse embrólio, né?
17:01Porque esse é o passo prévio
17:03para a demarcação da terra indígena.
17:05Voltando para as consequências,
17:07eu acredito que eu consegui ser claro
17:08para deixar um assunto que é complexo,
17:11um pouco mais palatável.
17:13Jacinto,
17:14você que é produtor rural,
17:16como isso te atrapalha?
17:19Isso te atrapalha?
17:20E como é que é o dia a dia
17:22da região?
17:24E isso, de fato,
17:26essa decisão,
17:28de forma até unilateral ali da FUNAI,
17:30isso colabora para você ter conflitos
17:33de caráter indígena ali no campo
17:36e para você não ter uma segurança jurídica
17:40sobre as propriedades que estão ali naquela região, Jacinto?
17:43Olha, é que nem o Paulo falou, né?
17:49Já habilita totalmente o nosso segmento, né?
17:53A região aqui é extremamente agrícola,
17:56ela vive do agro,
17:58do agronegócio,
18:01e isso impacta diretamente
18:02na produção,
18:05na sustentabilidade das famílias,
18:08porque na sua grande maioria
18:10quem está aqui dentro dessa reserva
18:11vive do que produz
18:13da reserva, não,
18:16dessa possível reserva ser demarcada,
18:19todos que vivem aqui dentro
18:21produzem
18:21para sobreviver
18:25dessa renda que está aqui dentro.
18:29Hoje atinge
18:3137% do município de Santa Cruz,
18:36ela não é muito chamativa
18:37a atenção da área produtiva,
18:40mas atinge
18:40uma boa quantidade
18:42da produtividade
18:43tida na região aqui,
18:46mas é que nem eu falei antes,
18:48a sua grande maioria
18:49que são afetados aqui
18:52vivem daqui
18:53diretamente
18:55e tem muitas famílias
18:56e colaboradores
18:57que trabalham aqui
18:58dentro dessas fazendas também
18:59e que vem causar
19:02um grande transtorno
19:04e está causando
19:04um grande transtorno
19:06para nós aqui na região
19:07e na cidade.
19:07É bom lembrar,
19:10já cito,
19:10que o ato,
19:11a publicação
19:12desse estudo antropológico,
19:13ele afeta diretamente
19:14201 fazendas
19:16na região,
19:17quase que eu falei famílias,
19:18mas 201 fazendas
19:20na região,
19:21porque são fazendas
19:22que tem algum
19:23pedacinho
19:24dentro dessa área
19:26indígena reviscada
19:27ali
19:27pelos caiapós.
19:31Paulo Sérgio,
19:32falando de consequências
19:35econômicas,
19:37durante os últimos anos
19:39se falou muito
19:40que o Brasil
19:40ele é o grande
19:42produtor de alimentos
19:43do mundo,
19:43o agro tem crescido
19:45nos últimos anos
19:45e hoje você tem
19:49esse tipo de situação
19:50que você não tem
19:51uma segurança jurídica
19:54em relação aos investimentos
19:55que foram feitos
19:56pelos agricultores
19:56em áreas que têm
19:58esse tipo de peculiaridade.
20:01Como é que você,
20:03como produtor,
20:04e no caso específico
20:05do agro,
20:06como é que você,
20:07como produtor,
20:08consegue minimizar
20:09esse tipo de impacto?
20:10Porque,
20:11trocando em miúdos,
20:12é como se hoje
20:13você tivesse uma propriedade,
20:14você produz
20:15e amanhã
20:16você não tem mais
20:17essa propriedade
20:17porque o governo
20:18simplesmente vai tomar
20:19essa propriedade
20:20porque reconheceu
20:23que aquela propriedade
20:24não é do produtor rural,
20:26mas é de um povo indígena.
20:28Como é que você
20:29equaciona isso,
20:30Paulo Sérgio?
20:31É muito difícil
20:32porque a insegurança jurídica
20:33que nos traz
20:34no campo
20:35é muito grande.
20:36Veja bem,
20:37nós,
20:38ao mesmo tempo
20:39que estamos lá
20:39produzindo,
20:41não viemos aqui
20:42e tomamos essas terras
20:43à força.
20:45Isso daí
20:45nos foi
20:46outorgado
20:49essas terras
20:49através de documentos
20:51que teve
20:52todo um processo.
20:55Dentro
20:55da composição
20:57da nossa
20:59federação
21:01brasileira,
21:02a União
21:03tinha todas
21:04as terras
21:04em seu nome.
21:08Todas as terras
21:09eram da União.
21:10Em um determinado
21:11momento,
21:12a União
21:12passou
21:13essas terras
21:14para o Estado
21:15titular
21:16as pessoas
21:17particulares,
21:19entregar documentos
21:20para que essas pessoas
21:20ocupassem
21:21os territórios
21:22e fizessem
21:24essas áreas
21:25serem produtivas.
21:27Então,
21:28teve toda
21:28uma sequência
21:29jurídica
21:30ilegal
21:31nesse processo.
21:32Não foi nada
21:33assim,
21:34ah,
21:34o não índio
21:36chegou,
21:37tomou conta,
21:38empurrou o índio.
21:39Não,
21:39não é isso.
21:40Nós chegamos
21:41aqui no território.
21:44Esse
21:44foi feito
21:46todo,
21:47pelo Estado
21:48do Mato Grosso
21:48e pela União,
21:50foi feito
21:50todo um levantamento
21:52das áreas,
21:53foi feito
21:54títulos
21:54dessas áreas
21:55e esses títulos
21:56ficaram à disposição
21:57de quem quisesse
21:58comprar.
21:59Então,
22:00as pessoas
22:01que vieram,
22:02muitos daqui
22:02são do Sul,
22:03muitos produtores
22:04daqui são do Sul,
22:05vieram aqui,
22:07olharam
22:07essas áreas,
22:09visitaram,
22:10acharam
22:10que tinha potencial
22:11e investiram nisso,
22:13compraram
22:14essas áreas
22:15a justo título
22:17e entraram
22:17para cima
22:18dessas áreas
22:18e começaram
22:19a fazer
22:20todo um trabalho
22:21em cima dela.
22:22Porque o trabalho,
22:23às vezes,
22:23o pessoal pensa assim,
22:24ah, não,
22:24mas é um silo,
22:25é um barracão,
22:26é uma casa.
22:27Não,
22:27o investimento
22:30do produtor,
22:31o maior investimento
22:32do produtor
22:33é na terra.
22:35Aqui,
22:35por exemplo,
22:36no Estado
22:36do Mato Grosso,
22:37se nós não
22:38adubarmos,
22:39calcariar
22:40corretamente
22:41o solo,
22:42ele não produz
22:43praticamente nada.
22:45Nós temos
22:46que fazer todo
22:46um trabalho
22:47de abertura
22:49diária,
22:50limpeza,
22:50retirada desse
22:51material vegetal,
22:53preparação do solo
22:55para deixar ele
22:55equalizado,
22:57para você ter
22:57uma agricultura
22:58mecanizada
22:59de alto potencial,
23:01tem que vir
23:02fazer todo
23:02um trabalho
23:03de correção
23:04do solo
23:05com calcário,
23:06com fertilizantes,
23:07com adubo,
23:08então você investe
23:09muitos recursos,
23:11inclusive recursos
23:12que a própria União
23:13nos financiou
23:15no começo
23:16aqui para fazer
23:17essa produção
23:18que hoje existe.
23:20E nós não jogamos
23:20esses recursos fora,
23:22nós colocamos
23:22ele na terra,
23:24nós somos
23:24o que somos
23:25hoje graças
23:26a toda
23:27uma estruturação
23:29que foi feita
23:31legal
23:31de investimentos,
23:33inclusive públicos,
23:35para que nós
23:35chegássemos a isso.
23:36agora,
23:38a própria União
23:40que veio,
23:41me incentivou,
23:42me impulsionou
23:44para chegar
23:45onde nós
23:46chegamos,
23:47ela vem
23:48em um determinado
23:48momento,
23:49por um outro órgão,
23:51não o Ministério
23:52da Agricultura,
23:53não o Ministério
23:54da Fazenda
23:55e não o BNDES,
23:57as instituições,
23:58mas vem pela FUNAI
23:59e fala,
24:00olha,
24:00onde você está
24:01não era disponível
24:04essa terra,
24:05essa terra,
24:06ela era dos índios,
24:08apesar de eu não ter
24:09encontrado nenhum índio
24:10aqui quando eu cheguei,
24:11mas ela,
24:12eles vêm e falam
24:13essa área é dos índios,
24:15é necessária
24:16para os índios
24:17e agora,
24:18tudo isso que você fez,
24:20todo esse investimento
24:21que você colocou,
24:23toda essa tecnologia
24:24que você desenvolveu
24:25e todos esses empregos
24:27que você gerou,
24:28eles vão ser excluídos
24:30do mundo jurídico,
24:31nós vamos passar um X
24:32em cima dele,
24:33certo?
24:34e nós vamos entregar
24:35essas áreas
24:35para os índios.
24:37Aí,
24:37o que eles pensam
24:38em nos indenizar?
24:41O silinho,
24:42a casa,
24:43o armazenzinho
24:44que você fez
24:44lá na propriedade
24:45para poder dar
24:46seguimento,
24:48mas todo o investimento
24:49em serviço,
24:51todo o investimento
24:52em fertilidade,
24:54todo o investimento
24:55em desenvolvimento
24:56da terra,
24:57eles não nos indenizam.
24:59Então,
24:59praticamente,
25:00o produtor,
25:01depois,
25:02às vezes,
25:02precisa de trabalhar
25:03uma vida toda,
25:04está lá com 70 anos de idade,
25:0660 e poucos anos de idade,
25:08tem que sair com uma mão
25:09na frente e outra atrás
25:10e tentar ganhar a vida
25:12de outra forma.
25:13é,
25:16porque a gente precisa
25:17também entender
25:18que nessa discussão,
25:19nesse processo,
25:21fala assim,
25:22não,
25:22o Estado vai te indenizar
25:24porque,
25:25só que,
25:27mesmo em uma propriedade
25:28simples,
25:29se for uma indenização,
25:31mesmo que seja
25:31aquela indenização simples
25:32para a construção
25:34de uma estrada,
25:36o teu imóvel
25:36sempre é subvalorizado.
25:38quem dirá
25:40quando a gente fala
25:41de propriedade rural?
25:43O Jacinto,
25:45aconteceu também
25:46algo parecido
25:46com você?
25:48Você ocupou,
25:49você comprou
25:51uma área,
25:51ocupou,
25:52você comprou uma área,
25:53não tinha informação
25:54nenhuma se havia,
25:56se era uma área indígena,
25:58e aí,
25:59agora,
25:59foi praticamente
26:00pego de surpresa
26:01com esse estudo
26:02antropológico
26:02da FUNAI.
26:04Como é que foi
26:05esse processo?
26:05Conta para a gente
26:06como é que o produtor rural
26:08ele se sente
26:09quando tem
26:10uma surpresa dessa,
26:12quando uma surpresa dessa
26:13é publicada
26:14no Diário Oficial da União?
26:15Porque a sensação
26:16que eu tenho,
26:17estou aqui pensando
26:18de forma muito
26:19simplória,
26:21e me perdoem
26:23se eu estou fazendo
26:23uma comparação simplória,
26:26é que me parece
26:26que aquela situação
26:27do camarada
26:27que chega na concessionária,
26:29compra um carro,
26:31compra um carro
26:33em uma loja de usados,
26:34digamos assim,
26:35e aí,
26:36quando vem
26:37na primeira blitz,
26:38quando o policial
26:40pega no documento,
26:41o cara fala,
26:41não,
26:42mas esse carro aqui
26:42é um carro,
26:44tem outro dono,
26:46né?
26:46Esse teu blitz aqui
26:47já não vale,
26:48esse carro aqui
26:49não é seu.
26:50E parece um pouco isso,
26:51né?
26:52Ou eu estou fazendo
26:52uma comparação simplória,
26:53já sei.
26:56Assim?
26:57Não,
26:57bem isso,
26:57bem isso mesmo.
26:58O senhor Paulo
26:59explicou,
27:00explanou muito bem
27:01aí a...
27:02o estado
27:04nos vendeu
27:05uma propriedade,
27:06eu não comprei
27:06diretamente do estado,
27:08mas se eu puxar
27:09a cadeia
27:12domineal da área,
27:13vai chegar lá
27:14que alguém
27:15comprou do estado.
27:17Eu comprei a minha área
27:18aqui há 20 anos atrás,
27:20exatamente 20 anos atrás,
27:22eu vim para cá,
27:24a gente entrou aqui,
27:25desbravou,
27:27formou a propriedade toda,
27:29com custo alto,
27:31porque hoje nós estamos,
27:34nossa logística
27:34não é muito favorável
27:36e a gente puxou
27:37o calcário nosso
27:39cheguei a uma distância
27:40muito grande
27:41e para a gente conseguir
27:42essa fertilidade
27:43que o Paulo falou aí,
27:45não é fácil
27:46para a gente conseguir
27:46essa fertilidade,
27:48inclusive,
27:49assim,
27:49eu por dois,
27:50três anos seguidos
27:51agora,
27:51eu venho sendo
27:52o maior produtor
27:54de soja
27:54da região
27:55e esse ano
27:57ganhei um prêmio
27:57de maior produtor
27:59de soja
27:59a nível nacional
28:00aqui da minha propriedade.
28:03Então, assim,
28:03não é fácil
28:04fazer um perfil,
28:05fazer um solo desse
28:06para a gente
28:08largar tudo isso
28:09para trás
28:10e começar em outro lugar,
28:11não sei se a gente
28:11tem ano para isso
28:12e também não sei
28:14se a gente vai ser
28:15indenizado para isso,
28:16porque a gente já vê
28:18muitas áreas aí
28:19que aconteceu
28:21essa retirada
28:22dos produtores
28:23e até hoje
28:24pessoas não
28:25não conseguem receber
28:27essa tal
28:28de indenização aí.
28:29Então,
28:30a gente não quer
28:31contar com isso,
28:32não pretende,
28:34nós pretendemos
28:35continuar com a nossa
28:36propriedade aqui.
28:37Mas, assim,
28:38como eu vinha falando,
28:38eu cheguei aqui
28:39em 2013,
28:40a gente abriu
28:42a propriedade
28:42aos poucos,
28:43criou a família aqui,
28:44vim com uma criança
28:45de dois anos de idade,
28:47hoje já está formada
28:49e constituí
28:50a família aqui
28:51e todos que estão
28:55aqui dentro
28:56dessa pretensão
28:58de área aqui,
28:59a história é
29:00bastante idêntica.
29:02Tem pessoas
29:04com 60 anos
29:06aqui dentro
29:07da propriedade
29:08que chegaram aqui
29:10na época,
29:11nunca ouviram
29:12falar em
29:13povos indígenas,
29:15não tem relato
29:16na prefeitura,
29:18na saúde
29:19da prefeitura,
29:20desde então
29:21que ela se tornou
29:22município aqui,
29:24até então
29:25ela era distrito,
29:27desde que ela
29:27se formou
29:28município aqui,
29:28não tem relatos
29:29dentro da saúde
29:31do município
29:31que um indígena
29:33foi atendido.
29:34Não tem alunos
29:36indígenas
29:37matriculados
29:38nas escolas
29:39e se pegar o censo
29:41aí,
29:41eu acredito
29:42que agora
29:42apareceu
29:43uns índios
29:44aí no censo
29:45desse último ano,
29:45mas, assim,
29:46são indígenas
29:48que vieram
29:49de outros estados
29:50e nem faz
29:51parte dessa etnia
29:51que está
29:52próxima aqui.
29:54E esse aumento
29:56dessa área
29:56com 362 mil
29:59hectares aí
29:59que estão
30:00pretendendo,
30:02tem que
30:02salvar um
30:03ponto aqui,
30:04porque ao lado
30:05dessa área
30:06tem mais de
30:08nove milhões
30:08e meio
30:09de hectares,
30:10que é o parque
30:11do Xingu.
30:13Nove milhões
30:14e meio
30:15de hectares.
30:15e, assim,
30:17acredito
30:18que não
30:19seria
30:19a área
30:20que esses
30:21indígenas
30:21estariam
30:21precisando.
30:23Eu tenho
30:23quase a certeza
30:24que ia ser
30:25trabalho
30:25de algumas ONGs,
30:26algumas instituições
30:27internacionais
30:28aí,
30:29que talvez
30:30não tiveram
30:31capacidade
30:32de manter
30:34a floresta
30:35deles de pé
30:35nos países
30:37deles
30:37e aí querem
30:38que a gente
30:39mantenha a floresta
30:40de pé.
30:41Nós estamos
30:41trabalhando
30:42num regime
30:43ambiental
30:46muito,
30:47muito forte,
30:49um dos mais
30:50rígidos do mundo
30:51e nós estamos
30:52cumprindo esse regime
30:53ambiental
30:56dentro da risca.
30:58Assim,
30:59e os outros países
30:59não conseguem
31:00e eles querem
31:01que nós
31:02mantivés
31:02nossas
31:03matas de pé.
31:05Não tem problema
31:05nas mantinhas de pé,
31:06mas desde que nos
31:07paguem por isso.
31:08e dentro
31:10dessas áreas
31:11aqui atingidas
31:11hoje,
31:12não vou saber
31:13responder agora
31:14a quantidade
31:14e o nome
31:15das pessoas
31:16que têm
31:17projetos
31:18justamente
31:19de crédito
31:19de carbono
31:20aqui em cima
31:20dessas áreas
31:21que estão
31:22intactas aqui.
31:23Então,
31:24assim,
31:24uma grande
31:24covardia,
31:26uma grande
31:26atrocidade
31:27que estão
31:27fazendo
31:28com a
31:29população
31:30do município
31:31e assim,
31:32e em outros
31:33municípios,
31:33outras regiões
31:34que já aconteceu
31:35essas
31:35demarcações aí.
31:38É,
31:39vou lembrar
31:39que pelas
31:40informações
31:40que chegam,
31:42só o município
31:44de Santa Cruz
31:45do Xingu,
31:46o município
31:48ali no Mato Grosso,
31:49ele fica ali
31:52a 900 quilômetros
31:53de Cuiabá,
31:55não é,
31:55Jacinto?
31:55Mais ou menos isso,
31:56né?
31:571.300 quilômetros
31:59de Cuiabá.
32:00Enfim,
32:01então,
32:01só Santa Cruz
32:02do Xingu
32:02perderia
32:03aproximadamente
32:0340%
32:04da sua área
32:05territorial
32:06para essa
32:07reserva,
32:08né?
32:08Então,
32:09e também
32:09algo que
32:10os ruralistas
32:12argumentam também
32:14é que
32:14esse tipo
32:15de demarcação
32:16você pode,
32:17ok,
32:17você,
32:18por um lado,
32:20você
32:21destina uma área
32:22para as comunidades
32:24indígenas,
32:25mas você perde
32:25arrecadação,
32:26aumenta desemprego,
32:28a produção
32:28agrícola como
32:29toda,
32:30ela é sacrificada
32:31e dependendo
32:33da região,
32:34dependendo das cidades,
32:34daquelas cidades menores
32:35que têm uma dependência
32:37maior da produção
32:38agrícola e das grandes
32:39fazendas,
32:39nessas cidades menores
32:40você pode ter até
32:41convulsão social,
32:43enfim,
32:43você pode ter um
32:45processo de empobrecimento
32:47geral.
32:49É mais ou menos isso,
32:49né, Jacinto?
32:50Ou eu estou exagerando?
32:51Isso.
32:52Não, não, não,
32:53está certo,
32:54é isso aí.
32:56Sem contar, assim,
32:57que, assim,
32:58aqui não existe indígena.
32:59Esses 60,
33:0260 indígenas
33:03que falam no processo
33:05aí são pessoas
33:06que moram,
33:07pessoas que se
33:08autodeclararam indígenas
33:10e moram,
33:11todos moram
33:11na cidade de Confresa,
33:13todos têm seu serviço,
33:15trabalham em escritório,
33:16têm seu carro,
33:17têm sua casa,
33:18vivem na cidade.
33:19Será que se formasse
33:21a reserva indígena aqui,
33:22se se concretizasse,
33:23homologasse aqui,
33:24será que esse pessoal
33:25vai sair da cidade,
33:26vai vir aqui,
33:27vai morar aqui,
33:28vai sair do conforto?
33:29Não vou falar
33:30que aqui é ruim,
33:31a gente está ganhando
33:33a vida aqui,
33:35a gente está tratando
33:35de famílias aqui,
33:37não só a minha,
33:38como de meus colaboradores,
33:40e a gente está
33:41produzindo alimento
33:41para o mundo.
33:42E aí,
33:43será que essas pessoas
33:44vão vir aqui?
33:45Não estou duvidando
33:46da capacidade deles,
33:47mas eu estou duvidando
33:48se eles vão querer
33:49sair do conforto
33:50e vir aqui.
33:51E se a FUNAI
33:51vai dar suporte
33:52para eles virem
33:53viver aqui
33:54no meio da floresta,
33:55porque a gente conhece
33:57outras realidades.
33:58outras realidades
34:00que existem
34:01e índios
34:02morrendo de fome
34:04hoje por falta
34:05da assistência
34:06da FUNAI,
34:07falta de interesse
34:09dessas ONGs
34:10que querem proteger
34:11tanto índio
34:12e por que não vão
34:13tratar dos que estão
34:14morrendo.
34:14é bem isso.
34:19Olha,
34:19te agradeço muito
34:20já sempre pela entrevista,
34:21pela conversa,
34:22Paulo Sérgio também,
34:22te agradeço muito
34:23pela conversa.
34:25Paulo Sérgio,
34:25quer fazer alguma
34:26consideração final
34:27para a gente encerrar?
34:28Eu só queria,
34:30assim,
34:31dentro do que você falou,
34:33o Santa Cruz do Xingu
34:34vai perder 80%,
34:3540% do seu território.
34:37O seu território
34:38vai ficar pequeno, né?
34:39Santa Cruz do Xingu
34:41já tem uma boa parte
34:42da sua área
34:43inserida dentro
34:45do bioma amazônico, né?
34:47Então,
34:48só pode,
34:49o produtor só pode
34:50abrir 20%
34:50da sua propriedade,
34:51tem que deixar
34:52os outros 80% intactos,
34:53ou seja,
34:54preservados.
34:55Então,
34:56significa o seguinte,
34:57que ali vai produzir animais,
34:58ali vai produzir peixe,
35:00ali vai produzir tudo
35:00e vai
35:01para os rios maiores,
35:03que é onde os índios
35:04estão, né?
35:05Então,
35:06o cara vai poder
35:07abrir só 20%
35:08da sua propriedade.
35:10E em cima desses 20%,
35:11ele vai gerar emprego,
35:13renda,
35:13para desenvolver o município.
35:15Quando o município
35:16perde uma área
35:17dessa total
35:18que não tem,
35:19ele praticamente
35:20fica altamente
35:21dependente
35:22dos repasses
35:24de dinheiro
35:24do Estado
35:25e da União.
35:28E aí,
35:28esses indígenas
35:29vão chegar lá,
35:29eles vão precisar
35:30de escola
35:31dentro da aldeia indígena,
35:33eles vão precisar
35:34de saúde,
35:34e quem é responsável
35:36por entregar isso?
35:38É o município.
35:39Aí você pega
35:39e tira 40%
35:40do território
35:41do município
35:42para poder desenvolver,
35:43que desenvolveria
35:44o município,
35:45traria prosperidade,
35:46traria receita
35:48para o município
35:49e entrega
35:50para ele
35:50uma obrigação
35:55que agora
35:56ele vai ter que cuidar,
35:57vai ter que manter
35:58estrada transitável
36:00para essas aldeias
36:01que se forem
36:03se formar,
36:04se isso realmente
36:05chegar a se transformar
36:06numa aldeia indígena,
36:07vai ter que montar,
36:08deixar essas estradas
36:09trafegadas
36:10porque o índio
36:10vai ficar doente,
36:12tem que ir lá
36:12buscar ele
36:12para levar para a cidade,
36:14vai buscar como?
36:15Tem que ter estrada,
36:16tem que ter energia,
36:18tem que ter posto de saúde,
36:19tem que ter escola.
36:22Então,
36:23você joga
36:24um município
36:25numa dependência
36:27nacional
36:28da população
36:30como um todo,
36:30nós não somos
36:31um país rico,
36:32nós somos
36:32um país pobre,
36:34o que nós arrecadamos
36:35já não dá conta
36:36de fazer frente
36:37ao que a população
36:39precisa.
36:41Então,
36:41quanto mais
36:42a gente tira
36:42da produção,
36:43tira
36:44sistema produtivo
36:46do coisa,
36:47mais nós
36:48penalizamos
36:49a população
36:50como um todo.
36:51Então,
36:51nós temos
36:52que ser muito
36:52práticos,
36:53assim,
36:54muito,
36:54não digo prático,
36:55mas muito conscientes
36:56e muito responsáveis
36:59pelas atitudes
37:00que nós vamos tomar
37:01no desenvolvimento
37:03desse país.
37:04Então,
37:05eu não digo
37:06que os índios
37:06não precisam
37:07ser vistos
37:08ou olhados,
37:09mas,
37:10assim,
37:10essas grandes
37:11extensões diárias
37:12para poucas pessoas,
37:15isso não cabe
37:16mais no país,
37:18isso tem que ser revisto.
37:19Nós temos
37:20que fazer uma coisa
37:20muito mais moderna,
37:23não é acabar
37:23com a tradição
37:24do índio,
37:25não é acabar,
37:26que ele tenha
37:27o seu território,
37:28uma área pequena,
37:29para que ele possa
37:29manter a sua cultura
37:30em pé,
37:31mas ele precisa
37:32de outras coisas
37:33a não ser
37:34as áreas
37:35produtivas.
37:38É assim,
37:38suas considerações
37:39finais.
37:41É isso aí,
37:42muito boas palavras
37:44do senhor Paulo aí,
37:46é realmente isso aí,
37:47só queria fazer
37:48uma outra
37:49colocaçãozinha aqui,
37:51no início da fala
37:53do Paulo,
37:54conforme foi
37:57feito,
37:58tudo veio assim
37:59jogado,
38:02meio que
38:03goela abaixo
38:04todos esses estudos aí,
38:06inclusive
38:07esse mapa,
38:09exceto
38:10o que faz
38:10margem
38:12com rios,
38:14a outra linha
38:15que é desenhado
38:17o mapa,
38:18essa pessoa
38:20que veio aqui,
38:20esse antropólogo,
38:22o antropólogo,
38:23não sei,
38:24ela tirou os pontos
38:25da estrada,
38:27teve um lugar
38:28que ela pernoitou
38:29uma noite,
38:29que ela posou
38:30num caminho
38:31onde estava se abrindo
38:32uma estrada
38:32para dar acesso
38:33a uma propriedade,
38:34ela posou
38:36atolada
38:37lá,
38:37num barreiro lá,
38:39e aí ela tirou
38:40um ponto,
38:40e todos os pontos
38:41foram tirados
38:42de estradas
38:43feitas por nós
38:44produtores
38:45que estávamos
38:46abrindo as propriedades,
38:47limitando divisas
38:48aqui,
38:48tão
38:49mais esse
38:53absurdo
38:54também
38:54dentro
38:55do processo
38:56aí.
38:56Mas no mais,
38:57assim,
38:57o que eu tenho
38:58para falar,
39:00vamos
39:01ter fé
39:03em Deus
39:04e que
39:05Deus
39:05olhe
39:06para
39:07esses nossos
39:09governantes
39:09aí,
39:10e abençoe eles,
39:11e coloque a mão
39:12no coração
39:13deles e
39:14veja
39:15o que pode ser
39:16feito,
39:17porque
39:17não adianta
39:18cobrir a cabeça
39:20e destampar o pé,
39:21né?
39:21Se tiver frio,
39:22não vai resolver nada.
39:24Então,
39:24eu acredito que
39:25nada contra
39:27o povo indígena,
39:28são pessoas
39:30que merecem
39:31o nosso respeito,
39:33a gente convive
39:34com indígenas
39:35em outras propriedades
39:36que a gente tem
39:36no
39:38Mato Grosso do Sul,
39:40e,
39:40assim,
39:41no caso,
39:41o meu irmão tem lá
39:42no Mato Grosso do Sul,
39:43e são vizinhos nossos lá,
39:45trabalham,
39:47operam máquinas
39:48nossas,
39:48sem problema nenhum.
39:50E aqui não é diferente,
39:51mas,
39:52assim,
39:52hoje nós não temos
39:53indígenas aqui na região,
39:54e a gente tem o maior
39:55respeito por eles,
39:56mas,
39:57assim,
39:57o que estão tentando
39:59fazer aqui,
40:00usando certos
40:02indígenas,
40:04aí,
40:04eu acho que é uma grande,
40:05grande sacanagem
40:06com nós aqui.
40:08Tá certo.
40:09Jacinto,
40:10obrigado pela atenção,
40:11Paulo Sérgio,
40:12Aguiar,
40:12muito obrigado pela,
40:13pela participação,
40:14e obrigado a você
40:15que nos acompanhou
40:17em mais um debate
40:17aqui no Meio Dia
40:18em Brasília.
40:20Até a próxima.
40:28Bom,
40:30agora que você já sabe
40:31um pouco sobre essa
40:32confusão,
40:33sobre essa celeuma
40:34relacionada ali
40:35naquela região,
40:37vamos agora
40:37ao nosso giro
40:38de notícias,
40:39O presidente da Câmara,
40:42Arthur Lira,
40:43disse em entrevista
40:44para a Folha de São Paulo
40:45que o governo federal
40:46precisa ter cuidado
40:47com excessos
40:49no âmbito
40:51de algumas investigações
40:52da Polícia Federal.
40:53Para ele,
40:54entre aspas,
40:55tem policiais
40:56indo além
40:57do que deveriam
40:58deixar.
40:59O deputado ainda
41:00critica o instrumento
41:01da delação premiada,
41:03como aconteceu
41:04com o tenente
41:05coronel Mauro Cid,
41:06porque,
41:07segundo o Lira,
41:08você não pode forçar
41:09uma delação
41:10se a pessoa ainda
41:10está presa,
41:11então isso contaminaria
41:12todo o processo.
41:14Abre aspas.
41:15Emitir juízo de valor
41:16sobre a questão
41:17do mérito
41:17não vou fazer.
41:19Não conheço
41:19o conteúdo
41:20da delação.
41:21Agora,
41:22ponto pacífico
41:23é que delação
41:24de réu preso
41:24é impossível.
41:26Fecha aspas.
41:27É bom lembrar
41:28que o Lira também
41:28foi alvo
41:30de investigações
41:31da Polícia Federal,
41:32então,
41:32essa questão também
41:33da delação premiada
41:34por Arthur Lira
41:35também é algo
41:36sensível,
41:38que pode afetar
41:38aí também
41:39o presidente
41:39da Câmara,
41:40tá bom?
41:42Ele também
41:42fez uma pontuação
41:43em relação
41:44ao Flávio Dino,
41:46que é o
41:47ministro da Justiça.
41:50Aí,
41:51numa suspeita
41:52de alguns
41:53aliados de Lira,
41:55de que a Polícia Federal
41:56passou a trabalhar
41:57um pouco mais,
41:58passou a ser mais
41:59incisiva
41:59nas investigações
42:00relacionadas
42:01ao Arthur Lira,
42:01justamente como forma
42:03de pressão política
42:04contra o presidente
42:05da Câmara.
42:06Sobre o Flávio Dino,
42:07o Lira disse
42:08basicamente o seguinte,
42:09abre atas.
42:10A questão do ministro
42:11Flávio Dino
42:12comigo
42:13é uma relação
42:14muito boa.
42:15No parlamento,
42:16ele tem lá
42:16suas dificuldades
42:17com a oposição,
42:19é normal
42:20do processo.
42:21O que não deve ter
42:22é uma polícia
42:23política.
42:25Isso é o pior
42:26dos mundos.
42:27Nenhuma polícia
42:28com autonomia
42:29para fazer
42:30o que não pode.
42:32Nós não queremos isso.
42:33E também
42:34a polícia
42:34para ele
42:35é um órgão
42:35de Estado
42:36que deve
42:36cumprir
42:37determinações
42:38legais.
42:39Então,
42:40aí alguns
42:41recados
42:41do Arthur Lira
42:42em relação
42:43ao uso
42:44político
42:44da Polícia Federal.
42:54E o governo Lula
42:56pretende
42:56reservar
42:57um valor recorde
42:59para turbinar
43:00a publicidade
43:01oficial
43:02em 2024.
43:04Isso mesmo,
43:04gente.
43:05A previsão
43:06de despesa
43:07nessa área
43:08para o próximo ano,
43:09segundo a lei
43:09de diretrizes
43:10orçamentárias,
43:12será de
43:12647 milhões
43:15de reais.
43:17Em 2023,
43:18essa cifra
43:19foi de
43:19359 milhões
43:22de reais.
43:22Quer dizer,
43:23você vê que é um
43:23aumento expressivo
43:25entre dois anos.
43:26Algo
43:26de aproximadamente
43:28300 milhões de reais
43:29de um ano
43:29para o outro.
43:30O aumento
43:31na verba
43:31para comunicação
43:32institucional
43:33foi inserido
43:34na Lua
43:35e, se aprovado,
43:37ele vai coincidir
43:38com as eleições
43:39municipais.
43:41É bom lembrar
43:42que, no último pleito,
43:43o PT conquistou
43:45o menor número
43:45de prefeituras
43:46nos últimos 20 anos
43:47e amargou
43:49uma derrota
43:49sem precedentes
43:50em São Paulo,
43:52onde seu candidato,
43:53o Gilmar Tato,
43:54ficou em um distante
43:55sexto lugar.
43:56Ou seja,
43:57é muita coincidência,
43:58não é?
43:58Quer dizer,
43:58o PT aumentar
43:59os seus gastos
44:00com publicidade oficial
44:01justamente em um ano
44:02eleitoral,
44:03em um ano
44:03que o partido
44:04precisa reverter
44:06esse cenário
44:06de queda
44:08no número
44:09de prefeituras.
44:10Só para lembrar,
44:12quanto maior
44:12o número
44:13de prefeituras
44:13que o partido tem,
44:14maior é a capacidade
44:15que ele terá
44:16de fazer deputados federais
44:17e assim ele vai crescendo
44:18na sua estrutura,
44:19nas suas bancadas
44:20e também ele terá
44:22maior capacidade
44:23para ter
44:24um volume maior
44:27de recursos
44:27do fundo partidário.
44:36O presidente Lula
44:37pretende anunciar
44:39o nome do novo PGR
44:41na volta
44:42de sua viagem
44:43dos Estados Unidos.
44:44A expectativa inicial
44:46era que o petista
44:46anunciasse esse nome
44:48na semana passada,
44:49mas agora
44:50o presidente da República
44:52vai aproveitar
44:52essa viagem,
44:54que ele vai dividir
44:54o mesmo avião
44:55com a Artulira,
44:56Rodrigo Pacheco,
44:56entre outros parlamentares,
44:58para discutir,
44:59para sentir o clima
45:00em relação
45:02aos principais
45:03postulantes
45:04ao cargo.
45:05É bom lembrar
45:05que hoje
45:06o procurador-geral
45:07eleitoral,
45:08quer dizer,
45:08o vice-procurador-geral
45:09eleitoral,
45:10Paulo Goné,
45:10é apontado
45:11como favorito
45:12para suceder
45:13Augusto Aras
45:14na PGR.
45:22E um levantamento
45:24feito pelo Estadão
45:25revela que pelo menos
45:2613 senadores
45:27usaram uma brecha
45:29no regimento interno
45:30da casa
45:30para multiplicar
45:32o número de cargos
45:33comissionados
45:33em seus respectivos
45:34gabinetes.
45:35Estes parlamentares
45:37conseguiram empregar,
45:38vejam só,
45:38mais de 50
45:40assessores
45:41legislativos.
45:43Tudo com dinheiro
45:44público,
45:44para variar,
45:45não é?
45:46Só o senador
45:46Eduardo Gomes,
45:47do PL de Tocantins,
45:48que foi líder
45:49do governo Bolsonaro
45:50no Congresso,
45:51conseguiu emplacar,
45:53vejam só,
45:5482 assessores
45:56parlamentares.
45:57O Randolph Rodrigues,
45:58que é o atual líder
45:59do governo
46:00do Congresso,
46:01emprega
46:0267 pessoas
46:05em seus gabinetes.
46:06o regimento interno
46:07permite que esses líderes
46:09possam utilizar
46:10a sua estrutura
46:11de gabinete,
46:12possam somar
46:13com a estrutura
46:14destinada
46:15às lideranças
46:16parlamentares.
46:16Então,
46:16por isso que há
46:17essa multiplicação
46:18de cargos
46:19lá no Senado.
46:20Tá bom?
46:21E com essa informação
46:23termina essa edição
46:24aqui do Meio Dia
46:26em Brasília.
46:27Muito obrigado
46:28pela atenção
46:28e agora
46:29vocês estão
46:30muito bem informados.
46:31Então,
46:32uma boa segunda-feira
46:32para vocês,
46:33uma boa semana
46:34e até amanhã.
46:35Tchau, tchau.
46:36Transcrição e Legendas Pedro Negri
46:38Transcrição
46:40Legenda Adriana Zanotto

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