- 26/06/2025
O Latitude deste sábado (25) conversa com Carlos Gustavo Poggio, professor de ciência política e relações internacionais do Berea College. Ele fala sobre as eleições para a Casa Branca, já no ano que vem. Donald Trump vai ser preso? Há alternativas ao nome de Joe Biden entre os democratas? A imigração será um tema importante? Como os americanos veem a aproximação entre Lula e a China? Todas essas respostas e outras mais podem ser conferidas neste sábado, às 18h, em nossos canais no YouTube, Spotify e Apple Podcasts. Não percam!
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NotíciasTranscrição
00:00Olá, eu sou o Duda Teixeira e esse é o 18º episódio do podcast Latitude.
00:19Todo sábado, às seis da tarde, nós estamos aqui falando sobre assuntos do mundo
00:24e também conversando sobre a diplomacia brasileira.
00:28Aqui do meu lado, Rogério Ortega, que vocês já conhecem,
00:33o Ortega que escreve no Antagonista e também publica os textos do Rui Goiaba na Cruzoé.
00:41Ortega que também é o criador do bordão do Latitude, então, Ortega, por favor.
00:46Vamos lá, Latitude, um podcast para situar você no mundo.
00:51Boa tarde, Duda.
00:52Boa tarde, e Ortega, então agora eu te passo para você comandar o programa.
00:57Vamos lá. Hoje nós trouxemos para conversar conosco no Latitude
01:02o professor de Ciência Política e de Relações Internacionais, Carlos Gustavo Podio.
01:09Podio é brasileiro e está lecionando agora no Berea College,
01:13que é uma universidade em Kentucky, nos Estados Unidos.
01:17Nós vamos conversar com ele sobre as eleições nos Estados Unidos,
01:20que já são no ano que vem, em 2024,
01:23as perspectivas para republicanos e democratas,
01:26e um pouco da relação do Brasil com os Estados Unidos.
01:30Boa tarde, Podio. Bem-vindo.
01:32Boa tarde, Ortega. Duda. Prazer em conversar com vocês.
01:35Primeiro de tudo, primeira pergunta que a gente acredita
01:39que os nossos leitores e espectadores querem saber.
01:43Donald Trump vai ser preso?
01:44Bom, aí nós...
01:48Essa é uma pergunta difícil,
01:49porque a gente está entrando num terreno desconhecido, né?
01:52Nunca na história dos Estados Unidos,
01:55são mais de 250 anos de democracia de Constituição americana,
02:00nós nunca tivemos um presidente americano
02:02que conheceu o lado de dentro da cadeia, né?
02:06Então, isso seria, de fato, algo bastante inédito,
02:09notadamente agora no período pós-século XX, né?
02:14Tivemos alguns...
02:15Tem algumas anedotas aí do século XIX, né?
02:18Tem uma história que diz que o Ulisses Grant,
02:21uma vez, foi rapidamente preso
02:23porque estava andando muito rápido com o seu cavalo.
02:26Uma outra história que diz que o Martin Van Buren
02:29teria sido preso depois de pisar na grama.
02:32Enfim, tem algumas questões,
02:33algumas pequenas...
02:34Isso tudo no século XIX, né?
02:36Graves delitos.
02:38É, exato.
02:38São pequenos delitos aí.
02:39No caso do Trump, seria algo absolutamente inédito, né?
02:42Não tivemos...
02:42Quer dizer, talvez o presidente que mais tenha chegado perto
02:44de alguma questão nesse sentido
02:45seja o Richard Nixon, né?
02:47Mas ele acabou sendo perdoado,
02:49não teve nenhuma questão nesse sentido.
02:52Então, seria, de fato, mais uma das coisas, né?
02:55O Trump foi o primeiro presidente
02:57a ser impeachment duas vezes,
02:58o primeiro presidente a ter a sua conta suspensa
03:01em redes sociais,
03:02o primeiro presidente a não aceitar o resultado de uma eleição,
03:05seria também o primeiro presidente a ser preso.
03:09Agora, o que pode acontecer, na verdade,
03:11ele não vai...
03:12Por mais que seja indiciado, né?
03:15Não há nenhuma expectativa que o Trump
03:17seja imediatamente preso, né?
03:19Ele vai ter que responder ao juiz
03:22e depois responde ao processo em liberdade, né?
03:25Ele vai ter, ele pode voltar depois
03:26para a casa dele na Flórida, onde ele esteja,
03:28mas ele estará respondendo a um processo
03:31e lá na frente, caso seja condenado,
03:33é possível que ele venha a sofrer algum tipo de pena
03:37que inclua prisão, né?
03:39Mas não há nenhuma expectativa
03:41de que a gente veja o Trump na prisão,
03:44pelo menos no curto prazo.
03:45É possível que ele seja algemado,
03:47digamos assim,
03:48para ir até conversar com o juiz,
03:50ou algum tipo de imagem um pouco,
03:52de novo, inédita na história da política americana,
03:55mas preso, de fato, ainda não há esta perspectiva.
04:01Só para dar um pouco de contexto para os espectadores,
04:04o Trump pode ser indiciado
04:05por um promotor de Manhattan
04:07por estar sendo acusado
04:10de pagar 130 mil dólares
04:12a uma atriz pornô, Stormy Daniels,
04:15para que ela ficasse calada na eleição de 2016
04:18e não falasse sobre o alegado caso extraconjugal
04:21que eles tiveram.
04:23Esse dinheiro teria sido pago
04:25por meio de um assessor do Trump,
04:27o Michael Cohen,
04:28e depois reembolsado ao Cohen pelo Trump
04:31quando ele já era presidente,
04:33quando ele já estava na Casa Branca.
04:34Então, esse é o contexto das acusações
04:38que, como disse,
04:38podem levar o Trump
04:40não necessariamente a ser preso,
04:43fisicamente preso,
04:44mas a ter esses problemas
04:45judiciais, criminais inéditos
04:48para um ex-presidente americano.
04:50O que você escreveu muito bem,
04:53para deixar claro também para quem nos assiste,
04:54o crime, na verdade,
04:56não é ele ter pago esse dinheiro
04:58para uma ex-atriz pornô,
04:59o crime é justamente
05:00essa segunda etapa que você falou,
05:02a forma como isso foi contabilizado,
05:04é um crime contábil.
05:06Então, é mais ou menos aquela história,
05:09mas me lembro imediatamente,
05:11muita gente tem falado
05:12sobre a história do Al Capone,
05:13o Al Capone que fez toda uma série
05:15de crimes,
05:16acabou sendo preso
05:17por questões também de imposto,
05:20sonegação de imposto,
05:22ou seja,
05:22você acaba pegando
05:23por um crime menor
05:25que pode ser classificado,
05:27enfim,
05:27essas questões
05:28normalmente são assim
05:30que elas ocorrem.
05:32O Raul Seixas já dizia,
05:34Al Capone,
05:35investimento,
05:35já sabem do seu...
05:37Do seu furo no imposto de renda.
05:39Mas o motivo é interessante,
05:41porque,
05:43quer dizer,
05:44não foi problema
05:45ele ter pago o valor,
05:46mas a questão é que
05:49ele deduziu isso
05:51como uma despesa
05:52com advogado,
05:53não é isso?
05:54E ele deveria ter colocado
05:55isso como uma despesa
05:55de campanha?
05:57É, não,
05:57eu acho que é justamente isso.
05:59Me parece que ele colocou
06:01isso como uma despesa
06:02de campanha
06:02e isso entraria
06:04num tipo de ilegalidade
06:07que a partir da legislação
06:10nova-iorquina também
06:11é considerada
06:12uma infração
06:13passível de prisão.
06:15Então é uma questão
06:16muito técnica,
06:16muito específica,
06:17que tem a ver, de novo,
06:18com a forma como ele
06:19contabilizou
06:20esse dinheiro
06:21que ele teria pago
06:22a uma atriz pornô
06:23para não falar
06:24às vésperas das eleições
06:25sobre os casos
06:26extra-conjugais
06:27que ele teria tido.
06:28Eu acho interessante também
06:30que essa questão
06:31do Trump
06:31com as mulheres
06:32isso não teve
06:34nenhum impacto
06:35eleitoral, né?
06:37Eu lembro que
06:37na eleição de 2016
06:39ele falava,
06:41ele,
06:41apareceram os vídeos dele
06:42falando uns absurdos,
06:44né?
06:44De pegar a mulher
06:45daquele jeito,
06:46tal,
06:46não sei o quê.
06:47Achava-se que isso ia ter
06:48um impacto eleitoral
06:50e não teve, né?
06:51Na verdade,
06:52é puramente
06:52uma questão burocrática
06:54que realmente pode
06:55agora
06:56causar problemas
06:59para ele, né?
07:00É,
07:01o Trump provou
07:02já há alguns anos
07:04uma teoria
07:05que ele mesmo
07:06acabou depois falando
07:07que ele pode ser
07:09filmado
07:10matando uma pessoa
07:11no meio da quinta avenida
07:12e que não vai mudar
07:13absolutamente nada
07:14para as pessoas
07:15que o apoiam.
07:16Ou seja,
07:16não há crime,
07:17não há questão,
07:18não há nada
07:19que o Trump
07:19possa fazer
07:20que muda
07:21a opinião
07:22daqueles seus
07:23apoiadores
07:24mais próximos, né?
07:26De certa medida,
07:27isso reflete aí,
07:28digamos,
07:29um repachamento moral
07:30da sociedade americana,
07:32né?
07:32Que ele costumava
07:33ser muito sensível
07:34a esses temas, né?
07:35Então,
07:36quando você disse,
07:38mencionou esta fita,
07:39né?
07:39As gravações
07:40que saíam do Trump
07:41durante as eleições
07:43de 2016,
07:44achou-se a época,
07:45interpretou-se a época
07:46a partir do olhar
07:47que se tinha até então
07:48que isso seria algo
07:49mortal
07:50para a campanha do Trump.
07:52Não foi, né?
07:53A gente viu
07:53que não há nada
07:55que possa acontecer
07:57com o Donald Trump
07:58que faz com que ele
07:59perca a parcela expressiva
08:01dos seus apoiadores,
08:02porque isso tem a ver
08:03com o processo
08:04de tribalização
08:05da política americana, né?
08:07Quer dizer,
08:07a política americana
08:07tornou-se
08:08não uma questão
08:09de você votar
08:10nesse ou naquele candidato
08:11porque acreditando
08:12na política,
08:13mas porque tem
08:14uma questão
08:14de identidade, né?
08:16Imediatamente,
08:17se a pessoa fala
08:17ser democrata
08:18ou republicano,
08:19você já gosta
08:19ou não gosta
08:20sem sequer saber
08:22quais são as opiniões
08:23políticas dela,
08:24mas porque você
08:24identifica isso
08:25com uma determinada
08:27identidade, né?
08:28Isso é um processo
08:29relativamente recente
08:31da política americana.
08:33Pode,
08:33e o Brasil
08:34meio que imitou, né?
08:35Os Estados Unidos
08:35nessa coisa
08:36da identidade.
08:37E a gente teve
08:38no Brasil
08:39um caso parecido
08:40que era o Bolsonaro
08:42lá com a...
08:43falando daquela coisa
08:43que pintou um clima
08:44com as venezuelanas,
08:46também se achou
08:46que aquilo ia ter um impacto
08:48e também não teve, né?
08:50O Bolsonaro,
08:51assim como o Lula,
08:52também, né?
08:53São dois políticos
08:54que também podem
08:55eventualmente matar
08:57alguém no meio
08:57da Avenida Paulista
08:58que eu creio
08:59que não deve mudar
09:00muito a posição
09:02de alguns
09:02de seus apoiadores
09:03mais fanáticos.
09:06Pode.
09:07Voltando um pouco
09:08aos Estados Unidos,
09:12imaginando que o Trump
09:13tem algum problema
09:14para concorrer
09:15em 2024,
09:16problema legal
09:18ou outros
09:20de natureza política.
09:22Quem você acha
09:22que seriam os nomes
09:23republicanos
09:24para disputar
09:25a eleição no ano que vem
09:26no caso de o Trump
09:27não concorrer?
09:28Fala-se bastante
09:29no Ron DeSantis,
09:30o governador
09:31conservador da Califórnia.
09:34Queria saber de você
09:35se há outros nomes
09:36aí circulando
09:37e sendo considerados
09:39viáveis
09:40como candidatos
09:41do partido.
09:42O que todas
09:43as pesquisas
09:44indicam
09:45muito fortemente
09:46tinha uma liderança
09:46bastante consolidada
09:48do Donald Trump
09:49entre os republicanos.
09:51Quanto a isso,
09:52não há menor dúvida.
09:53O que aconteceu
09:53alguns meses atrás
09:55foi que algumas pesquisas
09:57chegaram a dar
09:58o Ron DeSantis
09:59na frente.
10:00Mas quando você olha
10:00aqui nos Estados Unidos
10:02tem muito
10:02esse agregado
10:04de pesquisas,
10:05no agregado
10:05de pesquisas
10:06o Trump
10:07tem mantido
10:08uma liderança
10:08bastante folgada,
10:09inclusive nas últimas semanas
10:10ampliado esta liderança.
10:12ele aprendeu
10:13muito bem
10:14que a questão
10:15do falem mal
10:16mas falem de mim
10:17sempre funcionou
10:18para ele.
10:19Então está aqui,
10:20nós estamos em 2023,
10:22o mandato do Trump
10:23acaba em 2021
10:25e nós ainda
10:25estamos falando dele,
10:26ou seja,
10:27ele tem essa capacidade
10:28de conseguir atrair
10:29atenção,
10:30mobilizar e sugar
10:31o oxigênio
10:31político
10:32do país.
10:34Então ele ainda
10:34é muito forte
10:35do partido republicano,
10:36ainda que haja
10:37algumas vozes do partido
10:38que queiram
10:38um sangue novo.
10:39Então, como você disse,
10:41o candidato
10:41que atualmente
10:42está em segundo lugar
10:44e tem alguma expectativa
10:46neste momento
10:47é o governador
10:48da Flórida,
10:49o Ron DeSantis,
10:50que ainda não declarou
10:51a candidatura,
10:52ainda não disse
10:53que será candidato.
10:54A outra pessoa
10:54do Trump
10:55que declarou a candidatura
10:56foi a Nick Halley,
10:58que também está
10:59num distante
11:00terceiro lugar,
11:01não parece alguém
11:02que tem muita adesão.
11:03O Mike Pence,
11:04ex-vice do Trump,
11:05também tem muita dificuldade.
11:07O Pence,
11:08quem,
11:08a gente que acompanha
11:10também a política brasileira,
11:11existe uma certa postura
11:12que se você não está
11:13de um lado ou do outro
11:14é muito difícil
11:14você achar um espaço.
11:16Quer dizer,
11:17as eleições brasileiras
11:18do último ano
11:20deixou isso muito claro,
11:21tem muito pouco espaço
11:22com a terceira via.
11:23E o Mike Pence
11:24tentou dar uma postura
11:26de distanciamento
11:26do Trump,
11:27mas o do tempo
11:27não se distanciou muito,
11:29ou seja,
11:29não está muito claro
11:30que espaço
11:30que ele vai ocupar
11:32e isso tem gerado
11:33no Mike Pence
11:34uma rejeição
11:34tanto daqueles
11:35que apoiam o Trump
11:36quanto de uma outra
11:37parcela do partido republicano.
11:38Então,
11:39tem pouco espaço
11:40para ele
11:40e parece conseguir
11:41uma adesão
11:43um pouco mais forte.
11:44Então,
11:44no cenário de hoje,
11:46os dois candidatos
11:47que se colocam,
11:48que se consolidam
11:49muito fortemente,
11:50a não ser que a gente
11:50tenha uma surpresa
11:51lá na frente,
11:52e é possível
11:53que a gente comece
11:54a ter um cenário
11:55um pouco mais claro
11:56a partir do final
11:56desse ano,
11:57é de fato
11:58o Donald Trump
11:59e o Ron DeSantis.
12:00Esses são os dois candidatos
12:01que estão sendo
12:02mais falados,
12:03o que de alguma forma
12:04mostra
12:04a transformação
12:06do partido republicano
12:07com o trumpismo
12:08desde 2016.
12:10São dois candidatos
12:11que têm um perfil
12:13muito ligado
12:15àquilo que
12:16os eleitores
12:17do partido republicano
12:19pós-2016
12:19passaram
12:20a se preocupar.
12:21não é mais
12:22o partido
12:22do Ronald Reagan
12:23ou do John McCain
12:24ou do Mitt Romney.
12:26É um partido
12:27agora
12:27que se identifica
12:28muito com
12:29algumas pautas
12:30que tanto
12:32o Trump
12:32quanto o DeSantis
12:33defendem.
12:34Uma das grandes
12:34coisas do DeSantis
12:35é esse combate
12:38à cultura
12:39da lacração,
12:40esse tipo de coisa
12:40que aqui nos Estados Unidos
12:42já se chama
12:42de cultura woke.
12:44Então,
12:44também é um elemento
12:45que tem sido importante
12:47na plataforma
12:48do Ron DeSantis.
12:50Então,
12:51o cenário hoje
12:52é esse.
12:52São esses dois candidatos
12:54que parecem
12:55mais consolidados
12:56para conseguir
12:57a nomeação
12:57do partido.
12:59Pode,
12:59você comentou
13:00que o Trump
13:01gosta de aparecer,
13:03falem mal,
13:04mas falem de mim.
13:06Agora,
13:07também parece
13:08que a imprensa
13:08gosta muito do Trump,
13:10porque parece
13:11que eu entrei
13:12no New York Times,
13:13que é um jornal
13:13agora mais de esquerda,
13:15e basicamente
13:16estão dando
13:16uma super atenção
13:18para o Trump.
13:19Acho que eles estavam
13:20meio
13:20enfadões
13:22com o Joe Biden,
13:23não?
13:24Acho que são
13:25duas coisas.
13:26Uma,
13:26primeiro,
13:27ele vende,
13:27o Donald Trump vende,
13:29não tenho dúvida nenhuma,
13:30ele sabe muito bem
13:31manipular
13:32essas emoções.
13:34E a segunda questão,
13:35que é um pouco mais
13:36especulativa,
13:39a impressão
13:40que eu tenho,
13:41inclusive conversando
13:42com muita gente
13:42ligada ao Partido Democrata,
13:44é que é um desejo
13:45dos democratas
13:45que o Trump
13:46seja o candidato
13:47pelo Partido Republicano.
13:48talvez o Trump
13:49seja o adversário
13:50dos sonhos
13:51do Joe Biden.
13:52Novamente,
13:52o Trump é alguém
13:53que se mostrou
13:54capaz de ganhar
13:55uma eleição
13:56muito apertada,
13:58perdeu no voto popular
13:59com a Hillary Clinton
14:00e ganhou por uma
14:00diferença pequena
14:01em alguns estados,
14:03perdeu a reeleição,
14:05o que é algo raro
14:05para presidentes americanos,
14:07foi mal nas eleições
14:08de meio de mandato
14:08dos candidatos
14:09que ele apoiou.
14:10Então,
14:10o Trump,
14:11ainda que mobilize
14:12um apoio muito grande
14:13dentro do Partido Republicano
14:14e numa parcela
14:15importante,
14:16expressiva
14:16da população americana,
14:17ele também mobiliza
14:18muita gente contra ele.
14:20A eleição do Joe Biden
14:22é produto
14:23do Donald Trump.
14:24Muita gente que votou
14:24no Biden
14:25votou contra o Donald Trump.
14:27A candidatura do Biden
14:28se viabilizou
14:29porque ele começou
14:31a perceber
14:31em torno dele
14:32que ele seria
14:33a pessoa mais viável
14:34para combater o Donald Trump.
14:35Não há muita animação
14:37entre o eleitor democrata
14:38com relação ao Joe Biden.
14:40Ele é visto
14:41como uma figura
14:41de transição,
14:43mas me parece
14:44que dentro
14:44do Partido Democrata
14:45existe um pouco
14:46essa percepção
14:47de que o melhor candidato
14:49para as eleições gerais
14:51da ponto de vista
14:52dos democratas,
14:53inclusive muitos democratas
14:54apoiaram candidatos
14:56republicanos mais malucos
14:57nas eleições legislativas
15:00que houve agora recentemente
15:02e foi uma estratégia
15:03bem sucedida.
15:04Esses candidatos
15:04mais malucos
15:05venciam as primárias
15:06mas não conseguiam
15:07vencer as eleições gerais.
15:10E me parece
15:11que é uma estratégia
15:11que está sendo pensada
15:13pelos democratas
15:14também nas próximas eleições.
15:16Então seria
15:16uma candidatura
15:17muito bem-vinda
15:18do ponto de vista
15:19democrata.
15:20Talvez isso explique
15:20também o fato
15:21de jornais como
15:22o New York Times
15:23e outros
15:23parecem que não estão
15:25muito preocupados
15:26em dar toda essa atenção
15:27para o Donald Trump.
15:28Deixa eu aproveitar
15:29então, pode,
15:30falar dos democratas
15:32já que você definiu
15:33o Biden
15:34como um presidente
15:35de transição.
15:37O Biden fez 80 anos
15:38agora em novembro
15:39vai fazer 81
15:41no final deste ano.
15:43A minha pergunta
15:44é se ele vai tentar
15:46se reeleger
15:48ou se é possível
15:50que surja
15:52uma outra candidatura
15:53dos democratas.
15:54Talvez a Kamala Harris
15:55se a esquerda democrata
15:57vai insistir
15:57numa figura
15:58como o Bernie Sanders
15:59que é ainda um ano
16:00mais velho
16:00que o Biden.
16:03Enfim,
16:03os democratas
16:04conforme a sua descrição
16:06parecem mais
16:07empenhados em ter o Trump
16:09do lado oposto
16:10do que ter um candidato próprio.
16:12É isso?
16:12Como você vê?
16:14É, eu acho que está
16:15muito claro
16:16que existe um problema,
16:17aliás,
16:17o fato de estar sendo
16:19seriamente considerado
16:20uma nova candidatura
16:21do Biden
16:22demonstra
16:23uma ausência
16:24de lideranças
16:25do Partido Democrata.
16:26Não há
16:27nenhum nome
16:28do Partido Democrata
16:29neste momento
16:31que parece forte
16:32o suficiente
16:32para disputar as eleições.
16:34A Kamala Harris
16:35tinha uma esperança
16:36muito grande
16:37com relação a ela,
16:38mas ela não tem
16:39muita adesão.
16:40Ela não é
16:41muito bem vista
16:43do ponto de vista
16:43nacional,
16:45não se mostrou
16:46como uma vice-presidente
16:47que tem algum
16:48destaque importante
16:49e o seu capital político
16:51não aumentou tanto
16:53com relação
16:53a quando ela foi
16:54selecionada
16:55como vice-presidente.
16:56É uma percepção
16:57que ela teria
16:57muitas dificuldades
16:58numa eleição geral,
17:00então, portanto,
17:01não há muita animação
17:02também com os democratas
17:03com uma candidatura
17:04da Kamala Harris
17:05que, aliás,
17:07nas primárias
17:07das últimas eleições
17:08teve muitas dificuldades
17:10com algumas posições,
17:11ia e voltava
17:12em algumas posições,
17:13algumas um pouco indecisem,
17:15algumas questões importantes
17:17e parece que não conseguiu
17:18consolidar um capital
17:20político suficiente
17:21para poder ser candidata
17:23agora novamente.
17:24Então, não há nenhum nome.
17:26Essa é a grande questão.
17:27Os democratas sofrem
17:27um problema muito grande,
17:28como você disse.
17:29Quer dizer,
17:30isso foi o que aconteceu
17:31nas últimas primárias
17:33democratas.
17:33Os dois candidatos
17:34a irem para frente
17:35foi o Biden
17:36e o Bernie Sanders.
17:37O Bernie Sanders,
17:38novamente,
17:39porque em 16 também
17:40com a Hillary Clinton,
17:41ele também foi
17:42Hillary Clinton
17:43e o Bernie Sanders.
17:44Então, parece que ele
17:46é a única alternativa
17:47em termos de um outro nome
17:49para o partido,
17:49mas é alguém também
17:50que já cuida
17:51de bastante avançada.
17:53O Sanders já disse
17:54que se o Biden
17:54for candidato,
17:55ele não desafiaria
17:57a candidatura do Biden.
17:58Então, é um cenário,
18:01a situação dos democratas
18:02é muito preocupante,
18:03porque ao mesmo tempo
18:04que não há muita animação
18:05com uma candidatura
18:07novamente do Biden,
18:08não há um consenso
18:11sobre qual seria o nome
18:12que poderia disputar
18:13no lugar do Joe Biden.
18:16Pô, Diogo,
18:17agora entrando um pouco
18:18nos temas da eleição,
18:21uma das coisas
18:22que o Biden incumbiu
18:24à Kamala Harris
18:25de cuidar
18:27era a questão
18:28da imigração.
18:30E os republicanos
18:31toda hora estão falando
18:32que a gente está
18:33com a fronteira aberta
18:35e está entrando
18:35muito imigrante.
18:38Você que está aí
18:39nos Estados Unidos,
18:40você acha que a imigração
18:42vai ser um tema importante
18:44na eleição?
18:46Como é que você vê?
18:47Eu acho que isso vai
18:48depender muito
18:49de quem que vai ser
18:51o candidato republicano,
18:53principalmente.
18:53A questão da imigração
18:54é um tema que o Trump,
18:56principalmente,
18:57soube usar muito bem
18:59em seu benefício.
19:01Certamente,
19:02essa é uma questão
19:02que tem sido falada,
19:03se você vê na Fox News,
19:04em outros canais
19:07ou a mídia
19:08mais ligada
19:09ao Partido Republicano,
19:10esse é um tema
19:11que aparece.
19:13As pessoas que vêm
19:14cruzando a fronteira
19:15do México
19:15nos Estados Unidos
19:16nos últimos anos
19:17vêm atingindo
19:18recordes históricos.
19:19Todo mês
19:20é um recorde
19:21atrás de recordes.
19:22então isso certamente
19:24pode vir a ser
19:25a depender
19:26de um candidato
19:28habilidoso
19:29tornar-se
19:29um tema central.
19:30Qualquer questão,
19:31veja,
19:31qualquer tema
19:32pode ser transformado
19:33em um tema de campanha.
19:34Tudo depende
19:34da habilidade
19:36do candidato
19:36de transformar
19:37esse tema
19:38ao seu favor.
19:39Os republicanos
19:40perceberam
19:40que a questão
19:41da imigração
19:41é um tema sensível,
19:42importante,
19:43que mobiliza
19:43uma parcela expressiva
19:46dos eleitores
19:47norte-americanos.
19:48Então é possível
19:49que se explore isso
19:50porque essa é
19:51uma das áreas
19:54que o Biden
19:56é visto
19:56como não tendo
19:57sido bem sucedido.
19:59De certa forma
19:59isso afeta
20:00como você falou
20:01também a imagem
20:02da própria Kamala Harris
20:03que foi alguém
20:04colocado como sendo
20:05responsável
20:06por supervisionar
20:07essa área.
20:08E não há muito
20:09o Biden
20:10não tem muito
20:11o que mostrar
20:11nesta questão
20:13da imigração.
20:14Isso pode ser
20:15de fato
20:16algo explorado
20:16politicamente
20:17durante as eleições.
20:20Pode só,
20:21agora eu tenho amigos
20:23que foram
20:23para os Estados Unidos
20:24e voltaram
20:24dizendo que tem
20:25muita vaga
20:26de emprego aberta
20:27apesar da imigração.
20:29É isso que você
20:30está vendo aí?
20:31Difícil, por exemplo,
20:32de arrumar
20:33gente para ser garçom,
20:34para faximeiro,
20:36esse tipo de coisa?
20:37Não, tem,
20:38de fato tem.
20:39Se você olhar
20:39a taxa de desemprego
20:40dos Estados Unidos
20:41está atingindo
20:42baixas históricas.
20:44Então é um país
20:44que mostra
20:45um poder
20:47de adaptação,
20:48uma saúde econômica
20:49muito grande
20:50que inclusive
20:51destaca os Estados Unidos
20:52de outras
20:53democracias avançadas.
20:55Uma das grandes,
20:56aliás,
20:56o que se conecta
20:57com a questão
20:58da imigração,
20:59uma das grandes
21:00vantagens econômicas
21:01dos Estados Unidos
21:02é o fato
21:03de ser um país
21:03muito aberto
21:04para a imigração.
21:07Democracias avançadas,
21:08um dos grandes problemas
21:09das democracias avançadas
21:10do mundo,
21:11veja o caso
21:11do Japão,
21:12por exemplo,
21:12que está estagnado
21:13há cerca de 20 anos,
21:14é justamente
21:15a questão populacional,
21:16o envelhecimento populacional,
21:18a queda na taxa
21:18de natalidade,
21:20a queda da população,
21:21a população do Japão
21:22é a mesma,
21:23é menor hoje
21:23do que era
21:24há 10 anos atrás,
21:25mesma coisa
21:26ocorrendo com
21:27outros países europeus,
21:28Itália,
21:28Alemanha,
21:29passando por problemas
21:30semelhantes,
21:30a França,
21:31mais ou menos
21:31também na mesma situação,
21:33mas também com um pouco
21:34mais de imigração
21:34que compensa
21:36essa queda
21:36na taxa de natalidade.
21:38Então tem uma questão
21:38econômica aí
21:39que é saudável
21:40para os Estados Unidos
21:42do ponto de vista
21:42econômico,
21:44a questão da imigração,
21:45porém,
21:45justamente,
21:46o outro lado da moeda
21:47é a questão política
21:48da imigração,
21:50esses países
21:50com altas taxas
21:51de imigração,
21:52por outro lado,
21:53viram surgir
21:54a questão
21:56da direita populista
21:58que explora
21:59essa questão
21:59da imigração
22:00através da via
22:00do nacionalismo.
22:01Você não tem
22:02uma direita populista
22:03no Japão
22:03porque você não tem
22:04imigração no Japão,
22:06mas em compensação
22:07é uma escolha
22:08que a sociedade japonesa
22:09fez de menos imigração
22:10e menos crescimento
22:11econômico.
22:14Vamos lá.
22:15Queria entrar
22:16no assunto
22:16guerra na Ucrânia,
22:18Podio.
22:20Eu noto
22:21desde já
22:22em discursos
22:24da oposição republicana,
22:25o próprio governador
22:26DeSantis
22:27falou nisso,
22:28que os gastos
22:29com a guerra
22:30na Ucrânia
22:30que estão sendo
22:31empreendidos
22:31pelo governo
22:32Joe Biden,
22:33apoiando os ucranianos
22:35contra a invasão
22:36russa,
22:37estão sendo contestados.
22:38Existe um discurso
22:39já se formando
22:40na oposição
22:41de que
22:42esses gastos
22:44seriam mais
22:45bem empregados
22:46internamente,
22:47que os Estados Unidos
22:48precisam,
22:49e é uma coisa
22:49que também
22:50condiz com
22:52o isolacionismo
22:53que o Trump
22:54defendia
22:55na política externa
22:56na época em que
22:57era ele o presidente.
22:58No caso
22:59do Biden,
23:00parece haver
23:01um compromisso
23:02firme
23:02de dar ajuda
23:03militar
23:04à Ucrânia
23:05e eu queria
23:07saber de você
23:07como você acha
23:09que isso
23:11pode se refletir
23:12na eleição,
23:13se esse tema
23:13da ajuda
23:15militar à Ucrânia
23:15pode ser explorado,
23:17se é uma vantagem
23:18ou uma desvantagem
23:19para o Biden,
23:20como você vê?
23:22Isso é uma outra
23:23questão que mostra
23:23como o Partido
23:24Republicano
23:25mudou.
23:26Você imagina
23:26o partido
23:27de Ronald Reagan,
23:28o partido
23:29de George Bush,
23:30dizendo que nós
23:31não temos que
23:32ajudar
23:33os aliados
23:35americanos
23:36numa luta
23:36contra
23:37uma potência
23:38agressiva
23:38no caso
23:39da Rússia.
23:40Então,
23:40isso mostra
23:41que há uma
23:41parcela
23:42expressiva
23:43principalmente
23:44entre os
23:45trumpistas,
23:46os apoiadores
23:46do Donald Trump
23:47no Congresso
23:47Nacional,
23:48aqueles mais
23:49vocais
23:49contra a Ucrânia
23:51são aqueles
23:52que são mais,
23:53aqueles que apoiam
23:54mais fortemente
23:55o Donald Trump.
23:56Então,
23:56há uma coincidência
23:56nesse sentido.
23:58A postura
23:58republicana
23:59tradicional
23:59até 2016
24:01seria justamente
24:02uma postura
24:03de enfrentamento
24:04à Rússia.
24:05Eu lembro
24:05um debate
24:08na reeleição
24:09do Barack Obama
24:10em 2012.
24:11O Barack Obama
24:12discutia com o Mitt Romney
24:13e o Mitt Romney
24:13disse que
24:14o principal adversário
24:17geopolítico
24:17dos Estados Unidos
24:18era uma Rússia
24:19e o Barack Obama
24:20deu risada
24:20do Mitt Romney.
24:22Falou assim,
24:23olha,
24:23você está vivendo
24:23uma guerra fria.
24:25Claro que depois
24:26com a invasão
24:27da Crimea,
24:27a invasão da Ucrânia,
24:28isso tudo acabou
24:29mudando bastante.
24:31Então,
24:31o que mostra,
24:32de novo,
24:33como foi uma trajetória
24:33muito longa
24:35do Partido Republicano,
24:36muito rápida
24:36entre o Mitt Romney,
24:38que tinha essa visão
24:39mais internacionalista,
24:40até o isolacionismo
24:41do Trump,
24:42e isso tem contaminado
24:43também, claro,
24:44do Congresso Nacional.
24:45Então,
24:46pode sim,
24:46claro,
24:47ser um problema
24:48se essa guerra
24:50na Ucrânia
24:50continuar
24:51no longo prazo,
24:53também pela experiência
24:54histórica
24:54que nós temos
24:55nos Estados Unidos.
24:56Os Estados Unidos
24:57são uma nação
24:57que não tem
24:58muita paciência
24:59para guerras longas.
25:00Quanto mais
25:01as guerras
25:01vão se estendendo,
25:02pegar o exemplo
25:04da guerra
25:04do Vietnã,
25:05guerra do Afeganistão,
25:06do Iraque,
25:07são guerras que começaram
25:08com um apoio público
25:10popular muito grande
25:11e foram pedindo apoio
25:11conforme elas foram
25:13se estendendo.
25:14Então,
25:14essa é uma questão
25:15relevante
25:16que vai ser fundamental,
25:18porque a questão
25:19da Ucrânia
25:20é crucial
25:20na visão de política
25:21externa
25:22do Joe Biden,
25:22que enxerga
25:23a política externa
25:24como esse atual
25:25do século XXI,
25:26as relações internacionais,
25:27como sendo um embate
25:28entre democracias
25:29e autocracias.
25:31E a vitória
25:32da Rússia
25:33na Ucrânia
25:34não seria ruim
25:35apenas para a Ucrânia,
25:36a partir desse ponto
25:37de vista,
25:38mas seria ruim
25:38para toda a ordem
25:40internacional
25:40que os Estados Unidos
25:42construiu
25:42desde o final
25:43da Segunda Guerra Mundial.
25:45Ocorre que o Trump
25:46é o primeiro presidente
25:48desde o final
25:49da Segunda Guerra Mundial
25:50a se colocar
25:51abertamente
25:52contra essa ordem,
25:53que é uma ordem
25:54que envolve o quê?
25:55Mercados abertos,
25:57instituições,
25:58democracia,
25:59direitos humanos, etc.
26:00O Trump se colocou
26:01contra absolutamente
26:02tudo isso.
26:03Era alguém que defendia
26:04protecionismo,
26:04isolacionismo,
26:05contra a ONU,
26:06contra a OTAN,
26:08que mesmo no discurso
26:10não tinha...
26:11Claro que há muita hipocrisia,
26:12às vezes,
26:12o discurso americano
26:13de direitos humanos,
26:14mas o Trump nem no discurso
26:15colocava isso
26:16como um elemento
26:17da política externa americana.
26:19Então ele se destacou muito,
26:20ele representa uma mudança
26:21muito importante
26:22nesse sentido.
26:22Podio,
26:25agora você acha
26:25que o presidente
26:26da Ucrânia,
26:27o Volodymyr Zelensky,
26:29deveria se preocupar
26:31no caso de uma eleição
26:32do Trump
26:33ou do Ron DeSantis?
26:35Acho.
26:36Eu acho que se o Trump
26:37for eleito,
26:38certamente,
26:40se eu sou o Zelensky,
26:41eu ficaria bastante preocupado.
26:43Uma eleição do Trump
26:44no meio de uma guerra
26:45com a Ucrânia,
26:46seria muito interessante
26:47ver como é que reagiriam
26:48os aliados europeus.
26:49Eu acho que aí
26:50seria de fato
26:51sacramentaria
26:52uma certa divisão
26:55nessa aliança
26:57que é a aliança fundamental
26:58do pós-segunda guerra,
27:00que é a chamada
27:00aliança atlântica
27:01entre europeus
27:03e norte-americanos
27:04que respiraram
27:06de certa forma
27:07aliviados
27:07com a derrota
27:08do Donald Trump,
27:09mas que ficou sempre
27:10esse fantasma.
27:10Ou seja,
27:11se os Estados Unidos
27:12elegeram um Trump
27:12uma vez,
27:13por que não podem
27:14eleger novamente?
27:15Então isso talvez
27:16obrigue a Europa
27:16a retomar um certo
27:18protagonismo.
27:19Quer dizer,
27:19quem é que vai ser
27:20responsável
27:21caso os Estados Unidos
27:22abdiquem
27:22da sua função
27:23de liderar
27:25a ordem internacional,
27:26quem é que se responsabilizaria
27:28por isso?
27:28Se ninguém se responsabiliza,
27:30nós temos uma nova ordem,
27:31a ordem essa
27:32provavelmente liderada
27:33pela China
27:33com a Russia
27:35como um anexo chinês
27:37praticamente.
27:39Podio,
27:40você acha que
27:41falando da postura
27:43do Biden
27:44em relação à Ucrânia,
27:45você acha
27:46que houve
27:46alguma influência
27:47da situação
27:48do Afeganistão
27:49nisso?
27:50Porque o Biden
27:51na prática
27:51retirou,
27:52concluiu
27:53a retirada
27:54das forças americanas
27:56do Afeganistão
27:56e deixou o país
27:57na mão do Talibã.
27:59A gente viu
27:59aquelas cenas
28:00dos afegãos
28:01meio desesperados
28:02no aeroporto de Kabul
28:03tentando embarcar
28:05nos aviões americanos
28:08e tal.
28:08Em que medida
28:09isso que foi visto
28:11como um,
28:12logo no início
28:13do mandato do Biden,
28:14como um fiasco
28:14da política externa dele,
28:16embora fosse
28:17uma situação
28:18já que se desenrolava
28:20havia muitos anos,
28:21como é que isso
28:22informou
28:23ou influiu
28:23a postura
28:25bastante diferente
28:26que ele está tomando
28:27em relação
28:27à Ucrânia
28:28e à invasão
28:29da Rússia agora?
28:31De fato,
28:31o Afeganistão
28:32foi aí,
28:33talvez,
28:33o principal fiasco
28:34da política externa
28:35do Joe Biden
28:36em termos
28:37de como foi
28:37operacionalizada
28:38essa saída,
28:39mas também
28:40representa
28:40uma visão
28:41que foi a visão
28:43com a qual
28:43o Joe Biden
28:44entrou na Casa Branca
28:45e o secretário
28:46de Estado
28:46Antony Blinken
28:48confirmou
28:48essa visão
28:49de que os Estados Unidos
28:50não mais fariam
28:52um tipo de intervenção
28:53que foi vista
28:54no Iraque
28:55e no Afeganistão
28:56reconhecendo o erro,
28:57principalmente na intervenção
28:58do Iraque
28:59e os certos limites
29:00do poder norte-americano.
29:02Então,
29:02os Estados Unidos
29:02sairiam
29:05dessas regiões.
29:06Na verdade,
29:06isso é uma postura
29:07que a gente já
29:07começa a ver
29:08desde o Barack Obama.
29:09O Barack Obama
29:10realizou o pivô
29:11para a Ásia.
29:12Então,
29:12a ideia de que os Estados Unidos
29:13aos poucos,
29:14gradualmente,
29:15se retirariam
29:15dessas regiões
29:16mais periféricas
29:17para se concentrar
29:19naquilo que eles enxeram
29:20como a grande disputa
29:21que é a disputa
29:21contra a China.
29:22O Biden teve
29:23um elemento da China
29:24muito importante
29:24durante todo o seu mandato.
29:26inclusive a questão
29:27do plano de infraestrutura
29:29dele,
29:30ele justificava
29:30para dizer
29:31que temos que competir
29:32com a China.
29:33Então,
29:33por conta
29:34das competições estratégicas
29:36com a China,
29:37o Biden acabou
29:37tendo essa visão,
29:40essa grande visão estratégica
29:41dele seria justamente
29:43a retirada desses lugares
29:44para poder se concentrar
29:45nessa competição.
29:45Quando vem a questão
29:47da Rússia,
29:48até desloca um pouco
29:49o eixo do Biden,
29:51que era a competição
29:52estratégica com a China,
29:53para a Rússia
29:53como alguém que é
29:55uma...
29:56Por que essa competição
29:57com a China?
29:57Porque a China era vista
29:58como aquele país
30:00que ainda é visto
30:00que é a principal ameaça
30:02à liderança norte-americana
30:05no que concerne
30:06à ordem internacional
30:06que temos atualmente.
30:08Com a atuação
30:10da Rússia na Ucrânia,
30:11comprovou-se que a Rússia
30:12também,
30:13como potência agressiva,
30:15estaria se colocando
30:15contrariamente
30:17a esta ordem
30:18liderada pelos Estados Unidos.
30:19Então, hoje que nós temos
30:20essa combinação
30:21entre Rússia e China.
30:22Então, a resposta do Biden
30:23na Rússia
30:24é uma resposta que,
30:26na questão da guerra da Ucrânia,
30:27que entra dentro
30:28dessa visão
30:28de política externa dele.
30:29Ou seja,
30:29eu não vejo uma contradição
30:30nesse sentido.
30:31Eu acho que ela,
30:32na verdade,
30:33está dentro daquilo
30:34que ele enxerga
30:35como sendo central.
30:36Ou seja,
30:37deslocar o eixo
30:38daquilo que foi
30:38a política externa americana
30:39que marcou,
30:41principalmente a era Bush
30:42no pós-11 de setembro,
30:44de se focar em Estados-par,
30:45em redes terroristas
30:46transnacionais,
30:47para voltar ao jogo
30:48das grandes potências.
30:49Gradualmente,
30:50esse é o processo
30:50que a gente vê acontecendo
30:51desde o governo Obama
30:53com o Trump,
30:54que se consolida agora
30:55definitivamente com o Biden.
30:57Pode, agora,
30:59uma vez que os Estados Unidos
31:01estão focando
31:04cada vez mais na China,
31:06é claro que acontece agora
31:07a guerra na Ucrânia,
31:09muda um pouco isso,
31:09mais progressivamente
31:11a China,
31:12que estava cada vez
31:13mais chamando a atenção,
31:15o Brasil está
31:16muito próximo da China.
31:17O Lula está indo
31:18agora para Pequim
31:20nesse domingo
31:20e está querendo fazer,
31:23bom,
31:23é uma comitiva enorme
31:24de empresários,
31:26vai anunciar um monte
31:27de projeto,
31:29de pacto bilateral,
31:32e a China,
31:34que também está muito próxima,
31:36cada vez mais próxima
31:37da Rússia.
31:38Como é que os americanos
31:40veem essa aproximação
31:41do Lula com a China?
31:45Na verdade,
31:46não é uma aproximação
31:47do Lula com a China.
31:48A China já é
31:49o nosso principal
31:50parceiro comercial
31:51já há mais de uma década.
31:53Quer dizer,
31:54as questões,
31:55naturalmente,
31:57a China foi se tornando
31:58esse parceiro comercial,
31:59seja pelo crescimento chinês,
32:00seja por negligência
32:01dos Estados Unidos,
32:03mas o fato concreto
32:03é que trata-se
32:04do nosso principal
32:06parceiro comercial.
32:06é curioso que isso
32:07foi algo que
32:08o próprio Bolsonaro
32:09descobriu ao longo
32:10da sua presidência.
32:11O Bolsonaro começa
32:12com uma postura ideológica
32:13com relação à China,
32:14comunista, etc.,
32:15não sei o quê,
32:16e aos poucos,
32:16ao longo da sua administração,
32:18está percebendo
32:18que não tem como
32:19adotar o mesmo
32:20discurso americano
32:21com relação à China,
32:23que é o nosso
32:23principal parceiro comercial.
32:25Cabe ao Brasil,
32:27a política externa brasileira
32:28tem que ser colocada
32:30não no sentido
32:31de alguma forma
32:33participar
32:33dessa disputa ampla
32:34entre Estados Unidos
32:36e China,
32:36mas se aproveitar
32:37dos espaços
32:38que essa disputa
32:38fornece,
32:39das oportunidades
32:40que essa disputa
32:41fornece ao Brasil.
32:42Eu acho que está
32:42perfeitamente dentro
32:43das tradições diplomáticas,
32:45acho que faz todo sentido
32:46uma visita à China,
32:47claro que com algum
32:49certo cuidado,
32:51a partir do momento
32:52que nós estamos
32:52nesta situação,
32:53ou seja,
32:54se o Brasil
32:55começar a ser visto
32:56como alguém
32:56que está fazendo
32:58acordos com a China,
32:59não apenas por questões
33:01comerciais
33:02ou por interesses
33:03do país,
33:04mas que de alguma
33:04forma se coloca
33:05ao lado de China,
33:07ao lado de Rússia
33:08contra os Estados Unidos,
33:09aí é uma outra coisa.
33:11Acho que o que cabe
33:12ao Brasil
33:13é equilibrar-se
33:15dentro desse contexto
33:16de disputa
33:17política mais ampla
33:19sem se afastar,
33:21é equidistante,
33:22mas ao mesmo tempo
33:22sem se jogar
33:23nos braços
33:23de um dos lados
33:25dessa disputa
33:26que é o que o Bolsonaro
33:27também fez
33:28durante o seu governo.
33:29Não vejo como isso
33:30traz benefícios concretos
33:32ao Brasil.
33:33O Brasil é um país
33:34que tem como finalidade
33:36principal
33:37da sua política externa
33:38trazer o desenvolvimento,
33:40trazer aquilo
33:40que ser um benefício
33:41para o país.
33:42E nesse sentido,
33:43não está para brigar
33:44com a realidade.
33:45A China é a segunda
33:46maior economia do mundo,
33:47é o maior parceiro
33:48comercial do Brasil
33:49e o Brasil não tem
33:50como simplesmente
33:51virar as costas
33:52para isso.
33:53Até os próprios
33:54Estados Unidos
33:55têm muitos interesses
33:56comerciais na China
33:58e vice-versa.
33:59a estratégia
34:02acaba sendo
34:02uma relação
34:03um pouco
34:03de inimigos
34:04cordiais,
34:05não é?
34:05Claro,
34:06assim como a China
34:06é o principal
34:07parceiro comercial
34:07do Brasil,
34:09é o principal
34:09parceiro comercial
34:09dos Estados Unidos
34:10também.
34:11Então,
34:12tem uma relação
34:12de interdependência
34:14muito forte
34:14entre China
34:15e Estados Unidos.
34:16A China tem
34:17uma quantidade
34:20bastante expressiva
34:21e de dinheiro
34:22aplicada
34:23nos Estados Unidos,
34:24em tesouro
34:25norte-americano.
34:26então,
34:26uma relação
34:27muito forte
34:29de interdependência
34:30econômica,
34:31que é uma questão,
34:32por exemplo,
34:32quando as pessoas
34:34começam a falar
34:34uma nova guerra fria
34:35entre Estados Unidos
34:36e China,
34:37se há uma nova
34:38guerra fria,
34:39essa é a grande
34:39diferença,
34:40ou talvez uma
34:41das principais
34:42diferenças
34:43em relação
34:43à guerra fria
34:44anterior
34:45entre Estados Unidos
34:45e União Soviética,
34:46porque não existia
34:47entre Estados Unidos
34:48e União Soviética
34:48o grau
34:49de interdependência
34:50econômica
34:50que existe hoje
34:51entre Estados Unidos
34:52e China.
34:54Rody,
34:54agora,
34:54os americanos
34:55são um povo
34:55muito orgulhoso,
34:57você acha
34:58que eles vão
34:58aceitar,
34:59assim,
34:59de boa,
35:00serem ultrapassados
35:01pela China?
35:02Essa,
35:03claro,
35:03não,
35:03de forma nenhuma,
35:04acho que justamente
35:05por não aceitarem
35:07de boa
35:07que nós temos
35:08visto essa reação
35:09do governo
35:09norte-americano,
35:10claramente,
35:12todo dia,
35:12aliás,
35:13imagine você
35:14aqui no Kentucky,
35:16que não é,
35:16digamos assim,
35:17um dos estados
35:17mais importantes
35:18dos Estados Unidos,
35:19vamos ter eleição
35:20para governador,
35:21e eu estava vendo
35:22aqui a propaganda
35:23da candidata republicana,
35:24pré-candidata republicana
35:26a governadora
35:26pelo Kentucky,
35:27ela falava o tempo
35:28inteiro na China,
35:29temos que nos colocar
35:30contra a China,
35:31né,
35:32então mesmo
35:32num tema local,
35:34né,
35:34governo do Kentucky,
35:36esse tema
35:36aparece como um tema
35:37importante,
35:38relevante,
35:39então,
35:39há,
35:40claro,
35:40o aspecto material,
35:42o aspecto em termos
35:43ideológicos,
35:44mas há também
35:45o aspecto psicológico
35:46que você levanta
35:47muito bem, né,
35:47os Estados Unidos
35:49após tantos anos
35:50como o número um,
35:51vão se acostumar
35:52no papel de número dois,
35:54então há um elemento
35:55psicológico aí importante.
35:57E um elemento econômico,
35:58eu imagino também,
35:59né,
35:59o discurso,
36:00os chineses estão tomando
36:01nossos empregos,
36:02estamos criando,
36:04estamos gerando empregos
36:05na China,
36:05também me parece
36:06bastante comum já
36:08há algumas eleições
36:09locais e nacionais
36:11nos Estados Unidos.
36:13Claro,
36:13sem dúvida nenhuma,
36:14veja,
36:15olha,
36:15esse tipo de discurso
36:16é um discurso muito similar,
36:18você certamente,
36:19assim como eu,
36:21são velhos o suficientes
36:22para se lembrar disso,
36:23nos anos 80,
36:24o Japão era a grande ameaça
36:26aos Estados Unidos,
36:27econômica aos Estados Unidos,
36:28né,
36:28então o Japão,
36:29o Ronald Reagan
36:30colocou tarifas contra o Japão,
36:32teve guerra comercial
36:32contra o Japão, né,
36:34porque afinal de contas
36:35os japoneses
36:35com esses carros Toyota,
36:37com novas tecnologias,
36:38esses videocassetes,
36:40né,
36:40da Sony,
36:41que estão ameaçando
36:42as indústrias
36:43norte-americanas,
36:45então,
36:45de novo a gente vê isso,
36:47quer dizer,
36:47uma nova potência surgindo
36:49a que representa
36:50uma ameaça
36:51multidimensional
36:52aos Estados Unidos
36:53e entre essas
36:54múltiplas dimensões
36:55a dimensão econômica
36:56é uma dimensão
36:56certamente crucial.
37:00Ótimo.
37:00Pode,
37:01eu acho que é isso,
37:01alguma outra coisa
37:03que você acha
37:03que é curiosa,
37:04gostaria de comentar
37:05aí sobre,
37:06principalmente aí sobre,
37:07mas a minha curiosidade
37:08é mais você aí
37:09nos Estados Unidos,
37:09como é que estão
37:10indo as coisas aí?
37:12É, não,
37:12acho que tá,
37:13eu acho que vai ser
37:14um ano de eleição
37:15muito quente, né,
37:17não vamos,
37:17sem dúvida nenhuma,
37:18já tivemos as eleições
37:20talvez mais violentas
37:21da história recente,
37:23eu acho que nós temos
37:23que voltar
37:24para entender
37:25os Estados Unidos
37:26de hoje,
37:26cada vez mais
37:27a estudar os Estados Unidos
37:28do século XIX,
37:29muitas das questões,
37:31inclusive essa volta
37:31ao protecionismo e tal,
37:33remete
37:33a questões
37:35do século XIX
37:35e esta era
37:36de polarização extrema
37:38e violência política
37:39também remete
37:40a eras passadas
37:41da história americana,
37:43né,
37:44então,
37:44espero,
37:45me parece que vai ser
37:46uma eleição
37:46bastante violenta
37:48nesse sentido,
37:48principalmente a depender
37:49de quem vai ser
37:49o candidato,
37:50né,
37:50o Trump,
37:51basta ver o que o Trump
37:52tem dito
37:52com relação aos próprios
37:54companheiros de partido,
37:56né,
37:56o que ele fala
37:56do DeSantis,
37:57o que ele fala
37:58de candidatos antigos,
37:59outro dia,
37:59mesmo no Twitter,
38:00o filho dele falando mal
38:01do Mitt Romney,
38:02digamos que são vendidos,
38:04né,
38:04para o grano,
38:04vendidos para o globalismo,
38:06esse tipo de coisa,
38:07então,
38:08vai ser interessante a gente ver
38:10como é que vai se dar
38:10essa transformação
38:11do partido republicano.
38:13Localmente,
38:14interessante aqui no Kentucky,
38:15né,
38:15que é um estado
38:16que votou pesadamente
38:17no Donald Trump,
38:19o governador
38:19é um governador democrático.
38:22Você falou do século XIX,
38:23para entender os Estados Unidos
38:25de hoje,
38:25tinha o protecionismo
38:27e tinha também
38:27esse isolacionismo,
38:29né?
38:30Protecionismo,
38:31isolacionismo,
38:32e principalmente
38:33tem umas histórias
38:34em relação a disputas
38:37políticas
38:37muito fortes, né,
38:38houve um certo período
38:40de alguma civilidade,
38:41principalmente ao longo
38:41do século XX,
38:42né,
38:43na política americana,
38:44durante a Guerra Fria também,
38:46que com o final
38:47da Guerra Fria
38:48parece que está tendo
38:49uma volta
38:49ao período pré-segunda
38:52Guerra Mundial
38:53em alguma medida, né?
38:55Então,
38:55acho que vale a pena
38:56a gente explorar,
38:57entender a história
38:58dos Estados Unidos
38:58do ponto de vista
38:59um pouco mais amplo,
39:00para a gente ter
39:01alguma compreensão
39:02para onde esse país
39:03está indo
39:04nesse momento
39:05de transformações
39:06importantes
39:06no cenário internacional
39:07e no cenário
39:08doméstico americano.
39:10Uma última coisa
39:11que eu queria perguntar,
39:12o Duda falou
39:13da visita do Lula
39:15à China,
39:16eu queria entender,
39:17queria saber
39:17se você pode nos dizer
39:18como é a imagem
39:19do Lula
39:20nos Estados Unidos.
39:21A gente sabe
39:22que o Brasil
39:23são uma preocupação
39:24secundária, né,
39:25sempre tem o discurso
39:26diplomático,
39:27grande parceiro,
39:29etc, etc,
39:30mas os olhos
39:31dos Estados Unidos
39:32naturalmente estão
39:33voltados para a China,
39:34para a Rússia,
39:34para a guerra na Ucrânia.
39:35Como você sente
39:37que os americanos
39:38veem
39:39a mudança
39:41do Bolsonaro
39:42para o Lula,
39:43sendo o Bolsonaro
39:44muito explicitamente
39:46identificado com o Trump,
39:47como é que isso
39:47foi registrado
39:49por aí
39:49e o que se espera
39:51mais amplamente
39:52de um terceiro governo
39:54do Lula
39:54no Brasil?
39:56É,
39:56você falou muito bem,
39:57o Brasil
39:58ele é completamente
39:59secundário
40:00em termos
40:01da política
40:02externa americana,
40:03pouquíssimo
40:04se fala
40:05no Brasil,
40:06visto como um país
40:07relativamente distante
40:08e muitas vezes
40:10misturado
40:10naquele conceito
40:11que os americanos
40:12têm de América Latina,
40:13México, Brasil,
40:15basicamente a mesma coisa.
40:17Eu acho que a visão
40:18do Lula
40:18aqui nos Estados Unidos
40:20reflete um pouco
40:21esse período
40:22de polarização
40:23que vivemos
40:23nos dois países.
40:24Então você tem
40:25uma visão
40:26relativamente positiva
40:27do Lula
40:28perante os democratas
40:30e uma visão
40:32negativa
40:32do Lula
40:33visto como uma
40:33ameaça
40:34comunista
40:35na América Latina,
40:37etc.,
40:38a partir da visão
40:39dos republicanos.
40:41Então acaba
40:41refletindo
40:42essa polarização,
40:43como somos duas
40:44sociedades polarizadas,
40:45isso acaba se refletindo,
40:46não passa mais
40:47a ser um líder
40:48americano,
40:49um líder brasileiro,
40:50passa a ser um líder
40:50de esquerda
40:51ou de direita.
40:52Então tudo
40:52passa a ser visto
40:53por essa lente
40:55da ideologia.
40:57Então dentro
40:58do Partido Democrata,
41:00principalmente algumas figuras,
41:00o Bernie Sanders
41:01é um grande fã
41:02do Lula,
41:04e a ala
41:05que é mais ligada
41:06ao Bernie Sanders
41:07também gosta muito
41:08do Lula.
41:09O Biden parece
41:10ter uma relação
41:11bastante positiva,
41:12uma visão positiva
41:13do Lula,
41:13foi o primeiro
41:14presidente,
41:15assim que foi confirmada
41:16a eleição
41:16no Brasil
41:17a congratular o Lula,
41:19então teve um peso
41:20importante nesse sentido.
41:22Então, de novo,
41:23acho que na era
41:24do tribalismo,
41:25para responder
41:26a sua pergunta,
41:26acho que não é
41:27a visão do americano,
41:29é a visão de que americano,
41:30dependendo de qual tribo
41:32que ele faz parte,
41:34ele vai ter uma visão
41:35distinta
41:35do Lula.
41:38Ótimo.
41:39Bom, então,
41:40muito obrigado,
41:42esse foi
41:42Carlos Gustavo Pódio,
41:44Pódio que já era
41:46um craque
41:47para falar
41:48de Estados Unidos,
41:49fiz um curso ótimo
41:50com ele
41:51na época
41:52da eleição,
41:53e agora
41:54que está
41:54já há um ano
41:55nos Estados Unidos,
41:56ainda está entendendo
41:58ainda mais
41:58do país.
42:01Pódio,
42:02muito obrigado.
42:03Obrigadíssimo
42:04por ter aceitado
42:04o convite,
42:05Pódio foi
42:05uma ótima conversa,
42:07esperamos que
42:07os nossos espectadores
42:08também tenham gostado.
42:10E, enfim,
42:11este foi,
42:12posso terminar,
42:12Duda?
42:12Claro.
42:13Vamos lá?
42:13Esta foi a 18ª edição
42:16do podcast Latitude,
42:18podcast para situar
42:19você no mundo.
42:20Todo sábado,
42:21às 18 horas,
42:22nós conversamos
42:24sobre a diplomacia
42:26brasileira
42:26sobre os assuntos
42:28internacionais
42:29de interesse,
42:31e pedimos,
42:32como sempre,
42:33que vocês curtam,
42:34compartilhem,
42:35espalhem a palavra
42:36do Latitude,
42:37façam a internet
42:38saber que nós
42:38temos conversas
42:40com pessoas interessantes
42:41sobre temas interessantes.
42:43É isso.
42:44Muito bem,
42:45é isso aí.
42:46Boa noite,
42:46boa noite,
42:47Pódio.
42:47Obrigado.
42:48Obrigado, pessoal.
42:49Boa noite.
42:50Até.
42:50Até.
42:51Boa noite para todos.
42:56Boa noite para todos.
43:07Boa noite.
43:07Boa noite para todos.
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43:08Boa noite para todos.
43:09Boa noite para todos.
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43:10Boa noite para todos.
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