- há 4 meses
O cientista político Christopher Mendonça diz, em entrevista, que não há uma cristalização considerável da ideologia dos mineiros. Minas Gerais reelegeu Romeu Zema no primeiro turno e, ao mesmo tempo, deu mais votos a Lula do que a Bolsonaro. Mendonça avalia que o presidente poderia conseguir votos colado ao governador reeleito, que já declarou apoio a Bolsonaro, e aos candidatos que o bolsonarismo elegeu com folga para o Congresso em Minas Gerais.
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NotíciasTranscrição
00:00E agora um papo, já vou abrir o nosso programa hoje com uma conversa com o cientista político,
00:07o Christopher Mendonça, com ele e com o Duda Teixeira.
00:12Então, já de cara, eu peço para que vocês pluguem os nossos convidados.
00:18Muito boa noite, Duda, muito boa noite, Christopher, bem-vindo ao Papo Antagonista.
00:23Boa noite.
00:24Boa noite, Claudio.
00:25Excelente. Bom, o Duda vai me ajudar aqui na conversa com o Christopher.
00:31Christopher, você acompanhou aí os resultados eleitorais.
00:35Nós tivemos algumas situações aí que naturalmente nos trazem a reflexão.
00:45Uma delas, eu acho que fundamental do que sai daí dessa eleição de ontem, é um congresso diferente.
00:52Um congresso no qual o Bolsonaro terá bastante apoio, um congresso com um PL muito forte, com um PP forte,
01:02um PP que pode se unir à União Brasil e formar a maior bancada da Câmara.
01:07Você tem ali o PT também ainda forte na Câmara, você tem um Senado com uma bancada bolsonarista mais forte,
01:20conservadora, uma bancada conservadora forte e também até com o Lava Jatissa, o Sérgio Moro aí, agora senador também.
01:29Tem várias questões que decorrem dessa nova configuração do Legislativo brasileiro.
01:38Eu queria a sua avaliação, se a gente pode esperar, o que a gente pode esperar desse Legislativo de 2023?
01:47Bom, antes de mais nada, quero agradecer o convite para poder participar aqui com vocês.
01:50Bom, antes, ontem foi um dia muito turbulento, muito cheio de coisas, porque os resultados saem em vários estados ao mesmo tempo
01:57e acaba que a gente que mexe com dados fica bastante estressado com essa quantidade de coisas que a gente observa na contagem dos votos.
02:07Exatamente como você disse, o Congresso Nacional Brasileiro, ele teve pouca renovação do ponto de vista das suas cadeiras.
02:15Muitos dos candidatos se reelegeram e aqueles novos que entraram, que é a menor parte, são basicamente pessoas de um nível conservador ainda maior.
02:26Então, seja para Bolsonaro ou seja para Lula, a gente vai ter que conversar com essas bancadas que a cada vez se fortalecem.
02:32É importante dizer que nos últimos anos foi regulamentado dentro do Congresso Nacional aquilo que a gente chama de bancada, de emenda de relator.
02:43Então, os relatores têm uma capacidade muito grande sobre o orçamento da União.
02:47Então, nesses termos, esse diálogo entre Executivo e Legislativo, que já era muito importante, se tornou ainda mais central.
02:53O presidente Bolsonaro, nos últimos meses, teve que negociar de forma bastante profunda algumas questões,
03:00porque estavam relacionadas à eleição dos próprios deputados e dos próprios senadores.
03:05E o quadro que se estabelece a partir da legislatura de 2023 é de um aumento desse nível de conservadorismo.
03:12O PP e a União Brasil, dois grandes partidos que têm uma relação muito boa com o presidente Bolsonaro,
03:18estão falando já em unificar-se.
03:20O Arthur Lira, atual presidente da Câmara dos Deputados, e que ganhou ontem as eleições para continuar como deputado,
03:29talvez ele se candidate para continuar também como presidente da Câmara,
03:33ele já anunciou que nos próximos meses haverá um processo importante de junção desses dois partidos,
03:39o que vai gerar uma super bancada de um partido que a gente ainda não sabe o nome,
03:43que vai contemplar o partido União Brasil e mais o PP, que são dois grandes partidos lá dentro da Câmara Federal.
03:48Duda, quer perguntar? Fica à vontade.
03:54Posso falar?
03:55Bom, o Bolsonaro ontem anunciou que vai fazer campanha, começando por Minas Gerais.
04:00O Zema, que foi reeleito governador, você acha que ele pode ajudar o Bolsonaro a virar o jogo na eleição presidencial, segundo turno?
04:07Agora sim.
04:09Acho que sim.
04:11Zema foi um governador aqui em Minas Gerais muito bem avaliado,
04:16todas as pesquisas que observam a representação dele popular,
04:21eles consideram que Zema tem um nível de aprovação muito grande,
04:25e isso foi observado nas urnas, ele conseguiu em primeiro turno se reeleger.
04:30Zema é do partido Novo, um partido que tem muito mais proximidade com os conservadores,
04:35sobretudo com os liberais na economia, do que estritamente com o PT e outros partidos de esquerda.
04:41E aqui em Minas Gerais, o governador Zema fez uma campanha muito baseada em se contrapor ao PT.
04:47Antes dele, nós tivemos aqui um governador petista, o Fernando Pimentel,
04:51que inclusive perdeu agora as eleições para a Câmara Federal,
04:55que fez um estrago nas contas aqui do nosso Estado.
04:58Teve uma dificuldade muito grande, inclusive não estava pagando os servidores em dia,
05:02trazando décimos terceiros.
05:04Ele disputou a eleição contra o Zema em 2018 e perdeu, ele sequer foi para o segundo turno.
05:10E Zema fez uma campanha muito baseada nesse antipetismo,
05:14que me parece, pelos resultados que nós vimos nas urnas ontem,
05:18que ainda está muito presente na nossa sociedade.
05:21Então, nesses termos, até o próprio Zema já anunciou nas suas redes sociais,
05:24e também a partir de interlocutores da imprensa mineira,
05:28de que nos próximos dias, e ele quer fazer isso até quarta-feira,
05:31que haja um encontro com o presidente Bolsonaro,
05:34que foi para o segundo turno, para que já seja alinhada essa questão de uma aliança
05:38entre o governador reeleito de Minas e o presidente da República,
05:42que busca a sua reeleição.
05:45Aqui nós tivemos... Oi, diga.
05:47Oi, não, desculpa, você está concluindo o raciocínio?
05:49Eu queria avançar na questão Minas Gerais,
05:54porque o seguinte, virou até meme aí entre os bolsonaristas,
06:00aqueles mais radicais, para tentar questionar o resultado das urnas.
06:04Então está todo mundo espalhando o que seria o santinho da eleição,
06:09mas na verdade o santinho com o resultado.
06:11Então você tem o Lula, que foi o mais bem votado presidente lá em Minas,
06:16depois você tem o Zema, governador reeleito,
06:19e depois você tem os candidatos ali, o Senado, o Cleitinho, o Nicolas e também o...
06:26Tem um outro rapaz que agora esqueci aqui, que é também da base bolsonarista.
06:32Então você tem uma eleição para o Congresso bolsonarista,
06:36você tem a eleição para o governo, um governador liberal, governador do Novo,
06:41governador que se manteve independente,
06:43e você tem a mesma votação para a presidência e o Lula ganhando.
06:47O que explica esse cenário tão complexo,
06:52esse voto tão complexo do eleitor mineiro?
06:57O que explica essa situação é exatamente a falta de programa
07:00que os nossos partidos políticos têm no Brasil.
07:03Hoje nós temos mais de 30 partidos políticos
07:05que não têm exatamente uma identidade tão definida para a população.
07:09Então nesses termos, a própria teoria de ciência política
07:12nos diz que as pessoas aqui no Brasil não votam em partidos ou em ideologias,
07:15mas votam nas pessoas,
07:17o que em muitas condições fazem com que haja esse voto dividido.
07:21E realmente aqui em Minas Gerais, Lula,
07:23teve uma dianteira importante,
07:25não foi tão grande quanto os institutos de pesquisa apontavam,
07:28com antecipação, foi uma vantagem bastante curta,
07:31mas de forma geral, os candidatos bolsonaristas
07:35tiveram uma maior abrangência na eleição.
07:38ontem mesmo o vereador Nicolas Ferreira,
07:42que foi o vereador, o deputado,
07:44porque ele era vereador e se tornou deputado agora,
07:46ele foi o deputado que mais número de votos teve na história de Minas Gerais,
07:51passando de 1 milhão e 500 votos.
07:54Junto com ele também estava o Bruno Engler,
07:56que é do PRTB aqui de Minas Gerais,
07:59teve meio milhão de votos,
08:00para a Assembleia eles ativam daqui,
08:02então também um recorde muito importante.
08:03O nome dele é esse mesmo.
08:05Isso, o Bruno Engler.
08:06E também tivemos o Cleitinho,
08:08que é alguém que foi preferido pelo governador Romeu Zema,
08:12o Romeu Zema acabou escolhendo o Marcelo Ardo,
08:14que é do PP,
08:15para fazer uma base melhor lá na Câmara,
08:17na Assembleia Legislativa de Minas Gerais,
08:19mas o Cleitinho acabou vencendo esse pleito.
08:22Então essa diferença de votações se dá
08:25exatamente por essa não identificação a partidos políticos.
08:28As pessoas do Brasil votam nas pessoas
08:30e não especificamente na sua ideologia
08:32ou no seu partido político.
08:36O Duda, libera o áudio do Duda, por favor.
08:38Oi.
08:39Essa diferença, essa disparidade que o Cláudio comentou,
08:42faz com que seja mais fácil, então,
08:44para o Bolsonaro garimpar voto aí em Minas Gerais?
08:48Eu acho que sim.
08:49As pessoas, a pedido do governador,
08:51teriam uma maior facilidade em votar no Bolsonaro.
08:54Parece que não há uma cristalização muito grande
08:56sobre a ideologia dos mineiros.
08:59Nós temos aqui um grupo grande de pessoas
09:01que são mais ligadas à esquerda, outros à direita,
09:03mas não há nada de diferente entre esses dois espectros.
09:07Então eu acredito que uma estratégia muito importante,
09:09se eu pudesse aconselhar o presidente Bolsonaro,
09:12é de que viesse muitas vezes a Minas Gerais,
09:14sobretudo no interior,
09:15onde o governador Romeu Zema tem um importante destaque,
09:19e que utilizasse também dessas outras pessoas,
09:22Engler, Nicolas Ferreira e Cleitin,
09:25para conseguir levantar a votação dele aqui em Minas Gerais,
09:28o que, no segundo maior colégio eleitoral do Brasil,
09:31tem um efeito muito importante no ponto geral.
09:33Tem uma pergunta também, Christopher,
09:38porque, enfim, eu publiquei aqui várias matérias
09:41de várias eleições na América Latina,
09:43e se falava aí de uma onda vermelha,
09:46uma maré rosa,
09:48de vários candidatos de esquerda vencendo eleições,
09:52na Colômbia, no Peru, no Chile, na Bolívia.
09:57A gente teve um primeiro turno e o Lula ficou na dianteira.
10:03Essa eleição brasileira, ela conversa com essas outras?
10:07Parece que há uma tendência de esquerda aqui na América Latina.
10:10A gente ainda não...
10:11Eu tenho certo receio ainda de falar que é uma onda rosa,
10:14uma maré rosa, né?
10:15Exatamente porque os países mais importantes
10:18ainda estão passando por processos de escolha
10:20dos seus representantes,
10:23mas ainda assim a gente vê que alguns países importantes
10:25aqui do nosso continente
10:26mudaram o espectro político da direita para a esquerda.
10:30Um exemplo talvez mais recente desse seja a Colômbia, né?
10:33Que nos últimos meses escolheu um presidente, Petro.
10:38Depois de muitos anos, a Colômbia não tinha há muitos anos
10:40alguém de esquerda comandando aquele país
10:42e pela primeira vez ele se elege alguém de esquerda.
10:46Assim que o Petro assume o poder lá na Colômbia,
10:48ele já enfrenta uma grande dificuldade,
10:50porque ele não tem dinheiro em caixa
10:52para cumprir as promessas que havia feito durante a campanha
10:55e também ele teve que aumentar os impostos,
10:57o que atingiu diretamente a população
11:00que está fazendo uma série de manifestações de rua
11:03e estão enfrentando o governo de uma forma bastante incisiva.
11:07Um outro caso foi Boric, o Boric, lá no Chile,
11:12que foi eleito também como representante da esquerda,
11:14inclusive com uma pauta de renovação da Constituição do país,
11:18e ele não conseguiu aprovação nesse Congresso.
11:21Então, há uma dificuldade muito grande.
11:24A esquerda consegue se eleger, mas não consegue governar
11:26diante de uma divisão muito clara que os países estão tendo aqui na América Latina.
11:31E eu acredito que esse também possa ser um caso do Brasil.
11:34Caso o Lula ganhe, haverá uma dificuldade muito grande
11:36de governar os próximos quatro anos.
11:38O Christopher, olha só, eu estou aqui olhando,
11:46voltando à questão do Congresso Nacional,
11:49depois, desculpa, Duda, se quiser voltar para o Internacional,
11:52aí a gente aqui faz uma mesca.
11:54Mas eu queria puxar a bola para o Nacional,
11:56porque, assim, gostaria muito de entender,
11:59você falou, quando você analisou em Minas Gerais,
12:03você falou dessa falta de conteúdo programático,
12:06falta de substância aí nas pautas dos partidos, etc.
12:10Ontem, a gente estava conversando na nossa live,
12:13eu, o Duda e o Graebi,
12:14e a gente mencionava, fazia uma avaliação
12:16justamente do estreitamento da terceira via,
12:20nesse resultado final,
12:22o alargamento dos dois polos,
12:24então, um radicalismo.
12:26Inclusive, até o Marcelo Madureira,
12:28que estava conosco,
12:29é que puxou esse assunto,
12:30falou assim, poxa, a gente está andando para trás,
12:33nós estamos olhando para o passado e acelerando,
12:37porque nós estamos nos tornando
12:38uma sociedade mais radicalizada.
12:41Quando eu olho,
12:42eu gosto sempre de olhar todo o cenário,
12:44para ter uma visão global.
12:45Quando eu olho o Congresso,
12:47eu vejo o seguinte,
12:48o PL cresceu para caramba aqui,
12:50ganhou 66 assentos novos,
12:5399 hoje, na Câmara, só na Câmara.
12:58O PT ganhou 14.
13:00PL disparado,
13:0366, PL agora,
13:05PL, que era um partido secundário aí,
13:07já estava massacrado pelo,
13:09era o PR anterior,
13:11estava massacrado pela Lava Jato,
13:14já tinha o seu passado também de mensalão,
13:18enfim,
13:19mas parece que,
13:20e não tinha nenhum contato com as ruas,
13:23então, de repente,
13:24ele pega essa figura do Bolsonaro,
13:28coloca ali como totem,
13:29e passa a ter esse contato com as ruas,
13:31e elege 90,
13:33agora 99 deputados,
13:3566 mais,
13:36é o líder da eleição no Congresso.
13:38O PT, 14.
13:40Ótimo,
13:40ganhou bastante.
13:41O PP,
13:42que também está na base bolsonarista,
13:43ganhou 9,
13:44agora está com 47.
13:46O MDB ganhou 8,
13:48o PSD ganhou 7,
13:49o republicano ganhou 11.
13:51Vou parar por aqui,
13:52para dizer o seguinte,
13:53União Brasil perdeu 22,
13:55que agora está tentando se unir ao PP.
13:57PDT, PSB e PSDB também derrubaram.
14:02Um perdeu 11,
14:03o outro 18,
14:04o outro 16 deputados.
14:07Eu não sei,
14:08eu não consigo enxergar essa radicalização,
14:14eu não consigo verificar ela nesses dados,
14:17porque o Lula fez uma coligação aqui,
14:21de centro de esquerda,
14:22com esses partidos de esquerda,
14:24e esses partidos se lascaram,
14:25esses partidos perderam,
14:27perderam a opção de cadeira,
14:28apesar do PT ter ganho 14,
14:30que também é uma vitória expressiva,
14:33mas nem se compara com a vitória de 66 do PL.
14:37Como é que você enxerga esse cenário?
14:39Como é que a gente deve fazer essa leitura?
14:41É possível uma leitura que justifique essas perdas,
14:47esses ganhos e essa nova configuração?
14:52Especificamente,
14:53os especialistas têm dividido o Congresso Nacional Brasileiro
14:56em três frentes distintas.
14:58A primeira delas é a frente que eles chamam de progressista,
15:01que são aqueles partidos de esquerda,
15:02principalmente liberados pelo PT,
15:04pelo PSOL,
15:05PCdoB,
15:06PDT,
15:07e que têm diminuído nos últimos anos
15:10em razão dos resultados também no poder executivo.
15:13Então, eles têm sido reduzidos de forma muito drástica.
15:17Existe uma segunda frente,
15:19que é chamada de centro democrático,
15:22são aqueles partidos que,
15:23embora não sejam do centrão,
15:25mas são partidos que têm uma capilaridade muito grande
15:27dentro do Congresso.
15:28Talvez o partido mais representativo desses
15:31sejam o PSDB e o PSDB,
15:33que cresceu bastante nos últimos anos.
15:35O PSDB, é bom a gente informar,
15:38que foi um dos partidos de maior relevância
15:40na democracia brasileira,
15:41já teve o presidente da República,
15:43que foi o Fernando Henrique Cardoso,
15:45eleito e reeleito em primeiro turno,
15:47e que agora perde muitas cadeiras.
15:49E, por fim, nós temos o terceiro grupo,
15:51esse cada vez mais volumoso,
15:52que são os partidos chamados de partidos do centrão.
15:56Estão entre esses partidos,
15:58o PP, o Republicanos,
16:00o Avante,
16:01o próprio MDB,
16:03que é um partido muito grande,
16:04mas que tem alas que participam do centrão,
16:06inclusive agora, recentemente,
16:08eles estão discutindo,
16:10ao redor de Simone Tevich,
16:11qual vai ser a proposta deles para o segundo turno,
16:14se eles vão apoiar Bolsonaro,
16:16se eles vão apoiar Lula,
16:17ou se eles vão abrir para que cada um dos representantes
16:20apoie quem quiser.
16:21A gente sabe que o PMDB é um partido muito grande
16:23e tem diferentes nuances ali dentro.
16:26Então, de forma geral,
16:26o que nós temos observado
16:27é que nos últimos anos,
16:29especialmente nos dois últimos dois anos,
16:30em razão dessa grande capacidade
16:33que os partidos do centrão têm
16:34de mobilizar o orçamento da União,
16:37que ele tem crescido muito.
16:38A gente teve uma janela eleitoral,
16:40alguns meses atrás,
16:41antes mesmo do processo eleitoral,
16:43no qual diversos nomes importantes
16:45dos partidos do Centro Democrático
16:47ou daquele grupo chamado de progressista,
16:50migraram para esses partidos.
16:51Saiu muita gente do PSB
16:53e foi para partidos como o PSD,
16:55algumas pessoas saíram do PSDB
16:57e foram para o PL.
16:59E, nesse sentido,
16:59esses partidos também tiveram,
17:01portanto, um crescimento grande.
17:03Esse aumento do PL
17:04não se deve estritamente
17:06ou exclusivamente à eleição.
17:08Já no momento em que
17:10houve a janela eleitoral,
17:12sabendo que o presidente
17:13tinha se filiado ao PL,
17:15cujo líder central é o Valdemar da Costa Neto,
17:19que já foi deputado,
17:19inclusive tem um envolvimento muito grande
17:22em alguns escândalos
17:23que foram feitos no passado,
17:25inclusive o Mensalão,
17:25ele já imaginava
17:27que ao trazer para o seu partido
17:29o presidente da República,
17:31que ele arregimentaria também
17:32um número grande de deputados
17:34que sabiam da quantidade de dinheiro
17:36e de visibilidade que teriam
17:37diante desse partido presidencial.
17:40É muito comum no Brasil
17:41que o partido do presidente
17:42tenha uma chamativa maior
17:44para deputados.
17:46Isso aconteceu anteriormente no PSL,
17:49que foi o primeiro partido
17:50que o presidente Bolsonaro
17:51disputou as eleições,
17:52no entanto, o PSL acabou se finalizando
17:56e se unindo à União Brasil,
17:58que naquela época era o Democratas
18:00e acabou se unindo
18:01numa mesma label,
18:05numa mesma figura de partido.
18:08Então, tudo isso se deve exatamente
18:09à presença do presidente da República,
18:11que garante maior visibilidade
18:13aos partidos do Centrão.
18:15Cris, eu posso dar uma perguntinha.
18:20Esse PL vitaminado
18:23seria um problema
18:24que impediria
18:26ou atrapalharia muito
18:27a governabilidade
18:28num possível governo do Lula?
18:32Certamente.
18:32O PL é um partido
18:33que está muito ligado
18:35ao presidente Bolsonaro.
18:36Embora eles sejam deputados
18:37que tendem a negociar,
18:39o preço a se pagar
18:40pelas votações desse partido
18:42é muito grande.
18:43Então, caso o Lula seja eleito
18:45e o PL continue com essa bancada,
18:48mantenha essa bancada grande,
18:50certamente,
18:51a espanada dos ministérios
18:53terá que ser dividida
18:54de uma forma bastante ampla
18:56para vários partidos
18:57e aí sim o Lula vai ter que fazer
18:59aquilo que ele tem chamado
19:00de frente ampla.
19:02Até agora,
19:03o Lula não conseguiu
19:03essa frente ampla
19:04que a mídia muitas vezes fala.
19:06Ele está localizado
19:07apenas em partidos de esquerda.
19:09Nem o PDT, que é da esquerda,
19:10está apoiando o Lula até agora.
19:12Quem tem apoiado o Lula
19:13são exatamente pessoas
19:14que já foram seus ministros,
19:15pessoas que têm uma ligação com o PT,
19:17com raras exceções,
19:19como é o caso de Geraldo Alckmin,
19:20que não tinha nenhum tipo
19:21de ligação com o PT
19:24ou o conjunto de partidos
19:26que fazem parte
19:27ali daquela esfera.
19:29E também o ex-ministro da Fazenda,
19:31Henrique Meirelles,
19:32que embora tenha sido
19:34ministro de Lula
19:34e depois ministro de Dilma,
19:36ele não tinha uma conformidade
19:38ou uma ligação tão grande
19:39com o PT.
19:40Mas a frente ampla mesmo
19:41terá que ser construída
19:42no caso de uma vitória de Lula.
19:44E construir essa frente ampla
19:45terá custos muitíssimo altos
19:48que podem, inclusive,
19:49contra a proposta
19:50que o Lula fez
19:51durante toda a sua trajetória
19:52nessa eleição.
19:54É curioso,
19:55essa história de frente ampla aí,
19:57os partidos que entraram
19:59na frente ampla do Lula
20:00se deram mal.
20:02Mais uma vez,
20:03está aí o PDT,
20:04o PSB perdendo 18 cadeiras,
20:08assim como a terceira via.
20:12O PSDB perdeu 16.
20:16O Novo, por exemplo,
20:17o Novo consegue reeleger
20:19um sujeito como o Zema
20:20com essa votação expressiva,
20:26vencendo logo no primeiro turno,
20:28e ao mesmo tempo
20:29não consegue uma votação
20:30significativa no Congresso.
20:32Inclusive, perdeu cinco deputados.
20:37É o quê?
20:38Falta de planejamento?
20:39Falta de estratégia?
20:40Falta de conexão com o eleitor?
20:44O que você acha?
20:45O Novo é um partido
20:46bastante sui generis.
20:48Eles não fazem conexões
20:50com nenhum outro partido,
20:52pretendem não ter um diálogo
20:53muito amplo com outros partidos.
20:55Algumas pessoas são mais ligadas
20:56ao Bolsonaro,
20:57outras são mais críticas a ele.
20:58Então, essa falta de definição
21:00e de identidade ao Partido Novo
21:02é algo que dificulta muito
21:04o seu posicionamento
21:06na hora das eleições.
21:08O Novo já não tinha
21:09tantos deputados assim.
21:11Lançou uma chapa presidencial
21:12que tinha como vice
21:13o Tiago Mitrô,
21:15um deputado mineiro
21:16que foi ser vice
21:16do Luiz Felipe Dávila
21:18e que perdeu.
21:19Então, acaba tirando
21:20uma das cadeiras importantes
21:21que tinham no Congresso.
21:23O Guilherme da Cunha,
21:24que também é mineiro
21:25e que ficaria na cadeira
21:26do Tiago Mitrô,
21:27também não conseguiu lograr isso,
21:29ele não conseguiu
21:29os votos necessários.
21:30Então, nesse sentido,
21:32o Novo acaba se especializando
21:33muito mais no Executivo
21:35e com uma experiência exitosa.
21:37No entanto,
21:38me parece que Zema
21:39não está tão colado
21:40no Partido Novo
21:41e é por isso que talvez
21:41nós possamos olhar
21:42para o futuro
21:43e verificar que o Zema,
21:44caso queira,
21:45ter uma projeção nacional,
21:47ele vai ter que mudar
21:48de partido
21:49e ir para um partido
21:50que, embora tenha
21:50algumas características próprias
21:52do seu discurso,
21:53ser um partido mais liberal,
21:55contra, sobretudo,
21:56os privilégios dos políticos,
21:58não seja o Partido Novo
21:59que não conseguiu
22:01uma capitalidade tão grande,
22:02nem no Congresso,
22:03nem na sociedade.
22:04Há pouquíssimos prefeitos
22:05espalhados pelo Brasil
22:07do Partido Novo,
22:08pouquíssimos deputados estaduais
22:10e também muito poucos
22:11deputados federais.
22:13Não há nenhum senador
22:14do Partido Novo.
22:15Não sei se parte da explicação
22:18aí também, Christopher,
22:19é que o Novo,
22:20ele renunciou
22:22a usar os recursos
22:24do fundo eleitoral, né?
22:26E acho que uma das principais
22:27coisas que ajudam a predizer
22:30se o partido vai conseguir voto
22:32ou não
22:33é gastar dinheiro
22:34numa campanha, né?
22:35Se você tem menos recursos,
22:37você vai ter menos votos, não?
22:39Com certeza.
22:40A questão do financiamento
22:41de campanha,
22:42ela está muito atrelada
22:43aos resultados das urnas.
22:44A gente vê que pessoas,
22:46principalmente no legislativo, né?
22:48Pessoas que tiveram
22:49um orçamento importante
22:50para fazer a campanha
22:51foram aquelas que exatamente
22:52conseguiram a sua eleição
22:54ou a sua reeleição.
22:55O Partido Novo tem no seu estatuto
22:57uma diretriz que é fixa,
22:58que não pode ser mudada,
23:00de que eles não utilizam
23:01dinheiro público
23:01para fazer nenhum tipo de campanha,
23:04nem para o legislativo
23:04e nem para os executivos,
23:06seja ele nacional ou estatal,
23:08ou nos estados estaduais.
23:10No entanto,
23:11o Novo tem um incentivo
23:12muito grande de pessoas
23:13que são muito ricas, né?
23:15Então,
23:15há uma crítica que tem sido feita
23:17ao Partido Novo
23:18de que os candidatos,
23:19por não usarem o dinheiro público,
23:20são candidatos que precisam
23:21de um incentivo
23:23de grandes empresas,
23:24de empresários
23:25bastante importantes
23:28dentro da estrutura
23:29econômica brasileira.
23:30e isso faz com que o partido
23:32seja observado, né,
23:34de forma geral,
23:34pela população
23:35como um partido elitista,
23:37longe da população
23:38e tem pedido,
23:39inclusive,
23:39que as pessoas
23:40possam dialogar
23:41com maior proximidade
23:43daqueles candidatos
23:44que são do Partido Novo.
23:45Está certo.
23:49Christopher,
23:50muito obrigado
23:50pela tua participação
23:51aqui no Papo Antagonista.
23:52O programa permanece aberto
23:53para futuras colaborações.
23:56Eu que agradeço,
23:57estou disponível também
23:57para estar aqui no futuro.
23:59Obrigado.
24:00Obrigado.
24:00Duda, obrigado.
24:02Obrigado, Claudio.
24:03Boa noite, um abraço.
24:04Valeu.
24:05Tchau, tchau.
24:05Tchau, tchau.
24:05Tchau, tchau.
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