- 21/06/2025
A consultora econômica e ex-economista-chefe da XP explica que o regime fiscal brasileiro e o tipo de gasto durante a pandemia dão falsa sensação de melhora econômica contínua no Brasil: “O patamar de R$ 5 por dólar ainda é levado em relação ao que sugeriria esse ciclo do Dólar no mundo. Os resultados dos últimos indicadores ajudaram mercado a perder um pouco da tensão que havia antes. Mas o fôlego é limitado porque, apesar do resultado do PIB brasileiro no 1º trimestre, vemos, no detalhamento dos dados, que não é tudo isso”.
--
Cadastre-se para receber nossa newsletter:
https://bit.ly/2Gl9AdL
Confira mais notícias em nosso site:
https://www.oantagonista.com
Acompanhe nossas redes sociais:
https://www.fb.com/oantagonista
https://www.twitter.com/o_antagonista
https://www.instagram.com/o_antagonista
--
Cadastre-se para receber nossa newsletter:
https://bit.ly/2Gl9AdL
Confira mais notícias em nosso site:
https://www.oantagonista.com
Acompanhe nossas redes sociais:
https://www.fb.com/oantagonista
https://www.twitter.com/o_antagonista
https://www.instagram.com/o_antagonista
Categoria
🗞
NotíciasTranscrição
00:00O antagonista entrevista hoje, a consultora econômica Zena Latifi.
00:04Senhora Latifi, muito obrigado pela entrevista, é um prazer conversar com a senhora.
00:08O prazer é meu, agradeço o convite.
00:11Senhora Latifi, a primeira pergunta que eu faço é a seguinte,
00:15muito se falou ao longo dessa última semana sobre a valorização do real,
00:19a queda do dólar, um pouco da influência desse ciclo, desse novo ciclo das commodities.
00:24A senhora podia explicar, por favor, para o nosso leitor, quais que são as influências disso
00:29e como que elas se interligam para movimentar a economia, seja no Brasil ou seja no exterior?
00:36Muito bem, primeiro é importante a gente ter clareza que a cotação do dólar,
00:41a taxa de câmbio, é um preço de um ativo, não é uma mercadoria qualquer.
00:47E, portanto, tem muitas variáveis impactando.
00:50É muito difícil, por isso que é tão difícil para os economistas fazerem previsão
00:55e até às vezes ter diagnósticos do que está acontecendo,
00:58porque são muitas variáveis econômicas, financeiras que atuam.
01:03O que a gente observa é que a moeda americana tem lá seu ciclo,
01:07olhando não a cotação no Brasil,
01:10mas a cotação em relação a uma ampla cesta de moedas no mundo.
01:17Ela tem seu ciclo.
01:18Então, por exemplo, quando eclodiu a pandemia,
01:23houve ali um ciclo de valorização da moeda americana,
01:28porque os investidores estavam procurando segurança,
01:32era um mundo muito desconhecido, um risco muito elevado,
01:37então os investidores procuraram um porto seguro, né?
01:42E aí a moeda americana se fortaleceu.
01:45Rapidamente, o que a gente viu é que esse movimento se reverteu.
01:50No mundo, não aqui no Brasil.
01:52Por quê?
01:53Porque a China lidou com a doença muito rapidamente.
01:57Os mercados financeiros, os bancos centrais, na verdade,
02:02agiram muito rapidamente, injetando liquidez, socorrendo a economia.
02:07Tudo isso fez o comércio mundial voltar muito rapidamente.
02:10Teve a tal recuperação em vez do comércio mundial.
02:14Então, o que aconteceu?
02:14A China puxando o comércio,
02:17puxando, depois de uma queda muito grande, é claro,
02:20mas puxando também preços de commodities.
02:23Tudo isso fez, no relativo, a economia americana perder força.
02:31No relativo, o que importa é o relativo.
02:33Vamos lembrar que tivemos ali momentos ainda no governo Trump
02:37de muita negação em relação ao problema da pandemia.
02:41Tudo isso acabava gerando uma tendência de enfraquecimento da moeda americana.
02:48Bom, esse movimento vai, né, varia a razão, mas, enfim,
02:55uma hora é porque a China foi melhor,
02:57outra hora é porque preocupações dos investidores
03:02em relação à política fiscal dos Estados Unidos.
03:06O fato é que teve até algum soluço,
03:09teve alguns momentos que a moeda americana
03:11ameaçou uma valorização,
03:14mas aí o que a gente observou no último mês aí
03:17é uma tendência, de novo,
03:19ou, de novo, a gente teve um enfraquecimento da moeda americana.
03:23Difícil saber, colocar um fator ali, né,
03:28mas eu acho que dá para a gente dizer
03:30que é uma combinação de bons indicadores
03:32da economia chinesa e, portanto, do comércio mundial.
03:36A China puxando o comércio,
03:38até porque fica muito claro que tem ali um processo de recuperação
03:44ou até elevação de estoques,
03:46acho que em meio a essa guerra comercial,
03:49enfim, a China vem aumentando estoques.
03:52Agora, tem também as preocupações com a economia,
03:56no caso política fiscal dos Estados Unidos,
03:57as consequências disso.
04:00Qual o fôlego?
04:02Difícil dizer.
04:03O que os economistas fazem
04:05é olhar esses vetores todos,
04:08tentar dar peso para eles,
04:10tentar analisar para onde eles vão.
04:12Eu, pessoalmente, acho que há limites
04:15para mais valorização da nossa moeda
04:18ou de desvalorização da moeda americana.
04:22Eu vejo limites,
04:23porque, bem ou mal,
04:24é um país que tem uma dinâmica muito forte,
04:29eventuais excessos do lado fiscal,
04:32não é que isso vai gerar uma perda de crescimento rapidamente,
04:36a não ser que realmente o FED seja forçado a elevar juros,
04:41mas você fala,
04:41mas aí se eleva juros,
04:43também valoriza a moeda,
04:45qual o vetor que vai pesar mais,
04:47os juros elevados,
04:49ou alguma consequência na economia?
04:51Então, veja que é um terreno pantanoso aqui.
04:54Mas o meu ponto é que,
04:55como eu acho que existe uma tendência
04:58natural de acomodação
05:00ou de desaceleração da economia chinesa
05:03depois desse impulso mais forte.
05:05A gente olha, por exemplo,
05:06os dados recentes de crédito na China,
05:10já deram uma acomodada,
05:11quer dizer, não dá para ficar
05:12com aquele artificialismo por muito tempo.
05:15Tem outras questões associadas
05:17ao modelo de crescimento chinês
05:18que também eu acho que devem gerar uma acomodação.
05:21E, por outro lado,
05:22vejo muito vigor na economia americana.
05:25Então, tudo isso para dizer
05:26que esse movimento de enfraquecimento
05:29da moeda americana,
05:31eu vejo limites para ele prosseguir.
05:34Agora, é claro, como eu disse,
05:36são muitos vetores e a gente...
05:38Porque é difícil avaliar o que vai pesar,
05:40por isso a incapacidade nossa,
05:43dos economistas, eu digo,
05:46faltam instrumentos aí,
05:48instrumentos para a gente, de fato,
05:49conseguir fazer previsões.
05:51Agora, claro que tem os fatores domésticos
05:55impactando aqui.
05:56Quando a gente olha o comportamento
05:58do dólar no Brasil
05:59e compara com outras moedas,
06:03mesmo esse alívio com o câmbio
06:06pouco acima de R$ 5,00 por dólar,
06:10mesmo esse patamar ainda é um patamar elevado
06:14em relação ao que sugeriria
06:16esse ciclo lá fora do dólar.
06:18Então, mostra que tudo bem,
06:20teve esse alívio,
06:22mas ainda tem preocupações
06:24com as questões internas.
06:26Acho que o mercado,
06:31em função de indicadores recentes,
06:33do lado fiscal,
06:34os próprios dados de atividade econômica,
06:37pegando no caso do PIB,
06:39que havia aquela grande aposta
06:41que o PIB do primeiro trimestre
06:42teria um recuo,
06:43ele não teve,
06:44teve um bom resultado.
06:46Enfim, todo esse movimento
06:48no início,
06:48ou nos últimos meses,
06:51tirou um pouco
06:52uma tensão ali dos mercados
06:56e isso ajudou
06:57a reduzir a cotação do dólar.
07:01Aqui também eu vejo
07:03como um fôlego limitado
07:05desse movimento.
07:06Por quê?
07:07A gente tem, de fato,
07:10um primeiro trimestre do PIB
07:12que foi melhor do que esperado,
07:13mas quando a gente olha
07:14a abertura dos dados,
07:17vê que não é tudo isso.
07:19Primeira coisa.
07:20Segunda coisa é que
07:21a vida não é fácil,
07:23a vida é dura.
07:24O fato de a sociedade
07:26ter feito,
07:28ter aderido menos
07:31a isolamentos,
07:33enfim,
07:33e a gente ter
07:34a questão de saúde
07:36ainda tão preocupante,
07:39isso pode cobrar ainda
07:40um preço do Brasil,
07:41no sentido de a gente
07:43ficar ainda muito mais tempo
07:45que outros países
07:46respirando esse clima
07:48de incerteza
07:49em relação à saúde.
07:50Ah, vai ter terceira onda?
07:51Não vai ter.
07:51Se vai ter,
07:52tem esses profissionais
07:56da área
07:57falando que vai ter
07:58uma questão
07:58é só discutir o tamanho.
08:00Então, é claro,
08:02tudo isso
08:02é fator de incerteza
08:05para o Brasil.
08:05Quando é mesmo
08:06que a gente vai ter
08:07imunidade de rebanho
08:08pela vacina,
08:10será que a gente consegue
08:12esse ano mesmo?
08:13Será que não é só
08:14para o ano que vem?
08:16Enfim,
08:16tem uma aceleração
08:17da vacinação,
08:18mas também tem uma aceleração
08:20das mutações,
08:22né?
08:22Então,
08:23tudo na vida,
08:25quer dizer,
08:25foi feito ali,
08:27uma menor adesão
08:28ao isolamento,
08:31isso de alguma forma
08:32ajuda o PIB
08:33do curto prazo,
08:35não tem milagre aqui.
08:37Então,
08:37esse é um fator
08:38de preocupação.
08:39Agora,
08:39o que eu queria mais
08:40colocar era,
08:41quer dizer,
08:41tem detalhes aí
08:43desse crescimento
08:44que foi tudo isso,
08:45teve formação
08:45de estoques,
08:47provavelmente o PIB
08:48do segundo trimestre
08:49deve vir
08:50no campo negativo,
08:51e do lado fiscal,
08:54esses números
08:55mais positivos,
08:56claro,
08:56que bom que veio,
08:57melhor isso
08:58do que o contrário,
09:00mas também
09:00muito frágil.
09:02Não dá
09:02para a gente dizer
09:03que essa melhora
09:04dos indicadores
09:05fiscais,
09:07de fato,
09:08estão refletindo
09:09uma melhora
09:10no regime fiscal.
09:12não vejo
09:15essa melhora.
09:16O que a gente
09:16está vendo é,
09:18até em função
09:18da pandemia,
09:20gastos aumentando,
09:22extra-teto,
09:23porque pode,
09:24mas o fato
09:25de poder
09:25não quer dizer
09:26que seja a coisa
09:27mais saudável
09:28para as finanças
09:29públicas.
09:30O fato
09:30da lei permitir
09:32que gastos
09:34associados
09:35a eventos
09:36como uma pandemia,
09:38você pode fazer
09:38esse gasto
09:39sem ter que respeitar
09:40a regra do teto,
09:41tudo bem,
09:42está previsto em lei,
09:43mas isso não quer dizer
09:44que o risco fiscal
09:45foi embora.
09:46E eu fico muito
09:47preocupada
09:48com a qualidade
09:49do gasto público,
09:51porque não é
09:51que a gente está,
09:53não é que foi feito
09:54ali um gasto
09:56para fortalecer
09:57a economia
09:58no pós-pandemia.
09:59Foram muito mais
10:00políticas de socorro
10:01que tem que fazer,
10:02não há dúvida,
10:04mas tudo é uma questão
10:05de calibragem,
10:06não é à toa
10:06que se fala
10:07um diabo mora
10:08nos detalhes.
10:09Só ficar
10:10nesse socorro
10:11de curto prazo
10:12e não pensar
10:13no dia seguinte
10:14não é sábio.
10:15Então, a gente tem,
10:16por exemplo,
10:17como que vai ser
10:18a retomada
10:19das aulas?
10:21As crianças
10:23estão sem aulas,
10:24os jovens
10:24estão sem aulas,
10:24isso tem um custo
10:25terrível para o país,
10:27terrível,
10:28do ponto de vista
10:29social e do ponto
10:29de vista de crescimento
10:31de longo prazo.
10:33Não houve
10:34políticas
10:34direcionadas
10:36para isso,
10:36tanto para
10:37encolher
10:38o máximo possível
10:40o período
10:40sem aula
10:41e o Brasil
10:41é o destaque
10:42de país
10:42que está
10:43mais tempo
10:44sem aula.
10:45Então,
10:45isso mostra
10:47que a nossa
10:47política pública
10:48falhou e muito,
10:50não é que falhou pouco,
10:51falhou muito,
10:54sem contar
10:54a própria vacina.
10:55Quer dizer,
10:56não faltaram
10:56recursos,
10:58não faltaram
10:58recursos.
11:00Então,
11:00a nossa
11:01política pública
11:02de baixa
11:03qualidade,
11:04ela também
11:05cobra um preço.
11:06Então,
11:06por isso que eu acho
11:07que quando a gente
11:07junta tudo,
11:08a gente vai olhar
11:09no pós-pandemia
11:10um país com
11:11baixa capacidade
11:12de crescimento
11:13e isso tem
11:16um peso.
11:17Aí,
11:18entra a questão
11:19das eleições,
11:20já que você comentou
11:21a questão política.
11:22Aí,
11:22o efeito,
11:23ele não é claro,
11:26mas um fator
11:27para
11:27dificultar
11:30projeções.
11:31Por exemplo,
11:31digamos,
11:32um cenário,
11:33que hoje não é
11:33o cenário mais provável,
11:35não,
11:35não é.
11:36Mas,
11:36digamos,
11:37que apareça
11:38um nome de centro,
11:41perfil reformista,
11:43agregador,
11:45o mercado
11:45vai antecipar
11:47e aí a taxa de câmbio
11:49provavelmente vai ter
11:50uma performance
11:50benigna,
11:52ou seja,
11:52a nossa moeda
11:53vai se fortalecer.
11:54Você fala,
11:54mas está tudo ruim
11:55e o dólar está caindo?
11:57É,
11:57porque o mercado
11:58está precificando
11:59a vitória
12:00ou as chances
12:01de vitória
12:02de uma candidatura
12:03de centro
12:03com perfil reformista.
12:05não é?
12:06Então,
12:07essa questão política,
12:09ela também,
12:10ela pesa.
12:11Então,
12:11dependendo do como
12:12for o debate
12:14eleitoral,
12:16claro que isso
12:17faz diferença.
12:18Uma coisa que eu noto
12:19é o seguinte,
12:21com taxa de juros
12:23tão baixa,
12:24com tanta liquidez,
12:26o mercado,
12:27ele busca mesmo
12:28notícias positivas.
12:29já começa a ver
12:33vários sinais,
12:34assim,
12:34não,
12:34mas se por acaso
12:36houver a vitória
12:38do Lula,
12:39o Lula vai ter
12:40um governo de centro,
12:43ele vai tentar,
12:44vai procurar repetir
12:45o que foi
12:46o seu primeiro mandato,
12:49que teve
12:49uma gestão
12:51econômica
12:52responsável,
12:54com algumas reformas
12:55importantes.
12:57Então,
12:57desculpe interrompê-la,
12:59mas,
13:00a gente pode dizer
13:01que o mercado,
13:02ele,
13:03uma parte dele,
13:04pelo menos,
13:05ainda precifica
13:07uma eventual eleição
13:08do PT em 2022,
13:10como uma eleição
13:11do Lulinha,
13:12Paz e Amor,
13:13da Carta aos Brasileiros
13:14em 2020.
13:14Eu acho que é possível
13:16que isso aconteça.
13:18Veja,
13:18é muito comum,
13:19na verdade,
13:20mais do que a gente imagina,
13:21acho que isso não aconteceu
13:22na campanha de 2002,
13:24mas nas seguintes
13:25aconteceu,
13:27que é o mercado
13:27dar o benefício
13:28da dúvida
13:29para os candidatos.
13:31A gente viu isso acontecer
13:31com o próprio Bolsonaro.
13:34Nós tivemos
13:35um ano
13:36de 2018
13:37que até teve
13:38turbulências,
13:40mas que estavam
13:40muito mais,
13:41turbulência no mercado financeiro,
13:43principalmente no primeiro semestre,
13:45mas que estavam
13:45muito mais associados
13:47à greve de caminhoneiros
13:49e às consequências
13:51que aquilo trouxe
13:52para a atividade,
13:53para a inflação.
13:55O ambiente lá fora
13:57foi um período também
13:58que a gente viu
13:59a moeda americana
14:00se fortalecendo,
14:01teve também ruído lá fora.
14:05Quando a gente olha
14:06o que foi
14:07o período mesmo
14:08de campanha,
14:10não dá para a gente dizer,
14:11aliás,
14:12isso não,
14:13não aconteceu
14:13da nossa moeda
14:15ter uma performance
14:16muito pior
14:17ou pior
14:17do que era o esperado
14:19diante do cenário internacional.
14:22Conforme
14:23o Bolsonaro
14:24foi crescendo
14:25nas pesquisas,
14:27a gente viu
14:28o mercado celebrar.
14:29O mercado
14:29deu o benefício
14:30da dúvida.
14:31O mercado
14:32comprou
14:33a agenda
14:34Paulo Guedes.
14:35Então,
14:36eu vejo
14:36essa tendência
14:37dos mercados.
14:38Dão o benefício
14:39da dúvida.
14:39Se a gente for olhar,
14:40isso aconteceu também
14:41com a Dilma.
14:44As campanhas
14:45eleitorais,
14:46elas tiveram muito,
14:47as volatilidades
14:48que a gente observou,
14:50quando você olha
14:51o entorno,
14:53o que estava acontecendo
14:54de uma forma geral,
14:56fora do país,
14:58o que era
14:58o comportamento
14:59do mercado financeiro,
15:00a gente não teve,
15:01não estourou muito,
15:02não.
15:03então,
15:05eu acho
15:06que tem essa,
15:07acho que o mercado
15:08costuma dar o benefício
15:09e vamos lembrar
15:10que no Brasil
15:11a nossa classe política
15:14sabe
15:14que o discurso
15:15responsável,
15:17o discurso moderado,
15:19responsável
15:20na economia,
15:21ele,
15:21ele,
15:22é ele que,
15:23né,
15:23que faz mais sentido,
15:26vamos dizer assim.
15:27Então,
15:27a gente também não vê
15:28coisas muito,
15:30né,
15:30debates irresponsáveis,
15:32a gente vê debate político
15:33de baixa qualidade,
15:35mas irresponsável,
15:36olha,
15:36vamos rasgar todos os manuais,
15:38vamos,
15:38não é isso.
15:40E o mercado,
15:41enfim,
15:41dá esse benefício.
15:42Eu acho que,
15:43nesse contexto,
15:45minha percepção,
15:46enfim,
15:47de juros baixos,
15:49de liquidez,
15:50em que os investidores
15:51precisam colocar mais risco
15:53na carteira
15:54para ter retorno,
15:57aumenta essa boa vontade.
15:59Então,
15:59isso que eu falei
16:00em relação
16:01ao Lula,
16:03eu estou falando isso
16:04em função das perguntas
16:05que eu escuto,
16:07né,
16:07de investidores,
16:09né,
16:09mais que perguntas,
16:11afirmações,
16:12não,
16:12o Lula,
16:13se ganhar,
16:15vai,
16:16ou na campanha já,
16:19né,
16:19vai se mover
16:21para o centro.
16:22Vai seguir
16:23as regras do jogo
16:24na política fiscal,
16:25é isso que a senhora
16:25quer dizer?
16:26Exato,
16:27ele fortaleceria,
16:28ele não teria
16:30uma gestão irresponsável,
16:31e daí as pessoas
16:32lembram do que foi
16:33o seu,
16:35o seu primeiro mandato.
16:38Então,
16:38veja,
16:39eu,
16:40isso tudo
16:41vai ter impacto
16:43na moeda lá na frente.
16:44Claro que,
16:44se a gente tiver
16:45um quadro diferente,
16:47né,
16:47em que o debate eleitoral
16:50venha a preocupar,
16:52aí vai ter mais pressão,
16:53claro,
16:54né,
16:54ou digamos,
16:55por exemplo,
16:55que a gente tenha
16:56daqui para frente
16:59uma deterioração
17:00adicional
17:01do regime fiscal,
17:02né,
17:03a gente tem visto
17:04os movimentos
17:05do governo
17:07na direção
17:07de aumentar gastos.
17:10As declarações
17:11estão sendo
17:12nesse sentido,
17:12a gente está vendo
17:13algumas agendas
17:14de um governo
17:15que se prepara
17:16para a campanha eleitoral.
17:19Claro que isso também,
17:20isso pode dar
17:21dor de cabeça,
17:22né,
17:23Mas só para colocar
17:24que essa ideia
17:27de que, olha,
17:27vem uma campanha eleitoral
17:29e necessariamente
17:30é de pressão cambial,
17:32não é bem assim
17:33e não é o que a história
17:34mostra tirando 2002.
17:36E aí sim,
17:38foi um período
17:39de muita turbulência,
17:40a gente sabe disso.
17:42Entendi.
17:43A senhora comentou
17:45que o mercado
17:45na eleição de 2018
17:47comprou a agenda
17:48Paulo Guedes, né.
17:50Nós vemos hoje,
17:51depois de um pouco
17:52mais de dois anos
17:54de governo,
17:55né,
17:56que algumas partes
17:59dessa agenda
18:00caminharam,
18:02as privatizações
18:03não andaram
18:04como o ministro
18:05da economia gostaria
18:06e, por outro lado,
18:08nós vemos
18:08um ministro
18:09da economia
18:10ainda
18:11preocupado
18:12com o teto fiscal,
18:14mas um pouco mais,
18:16vamos dizer assim,
18:16desinibido
18:17em relação
18:17aos gastos.
18:18por exemplo,
18:19ele já admite
18:20prorrogações
18:21do auxílio emergencial
18:22enquanto perdurar
18:23a pandemia.
18:24Como é que o mercado
18:25tem visto isso?
18:27E mais,
18:28o próprio
18:29Paulo Guedes
18:30veio do mercado
18:31para a política, né.
18:33A gente viu
18:33essa,
18:34eu não vou chamar,
18:34essa metamorfose,
18:36vamos chamar assim,
18:37de um homem
18:37totalmente para o mercado
18:39para um ministro
18:40que começou
18:41a entender a política.
18:42como é que a senhora
18:43vê tudo isso?
18:45Olha,
18:46eu penso assim,
18:51a credibilidade
18:53do ministro
18:56é a mesma
18:57lá de trás?
18:58Não.
19:00Ele,
19:02colocando da seguinte forma,
19:04lá atrás
19:04a gente via
19:05realmente
19:07uma
19:08confiança
19:10muito grande
19:11sendo depositada
19:12na chamada
19:13agenda liberal.
19:16Hoje,
19:16as falas do ministro
19:18não têm mais
19:19o mesmo impacto
19:20em preços de ativos
19:21como tinha lá atrás.
19:25Quando o Paulo Guedes
19:26fala,
19:27olha,
19:28é mais difícil
19:28do que eu pensava,
19:30é isso,
19:30é o que o mercado
19:31percebe,
19:32olha,
19:32ele está,
19:33ele está colocando
19:34que é mais difícil,
19:35é isso mesmo,
19:36é mais difícil,
19:37então,
19:38por esse aspecto,
19:41a capacidade dele,
19:42a credibilidade
19:43junto aos mercados,
19:44credibilidade no sentido
19:46de conduzir
19:48políticas liberais,
19:49é claro,
19:50é claro que foi afetada,
19:52é claro que foi afetada.
19:53Agora,
19:54não acho
19:55que também,
19:57ainda mais depois
19:58desses indicadores
19:59fiscais,
20:01eu acho que
20:01na margem
20:03o Paulo Guedes
20:06teve,
20:08conseguiu recuperar
20:09um pouco do terreno
20:10perdido,
20:11né,
20:11a gente viu momentos
20:12muito mais tensos
20:13do mercado
20:14em relação
20:16à gestão
20:17da política econômica,
20:19em relação
20:19à agenda
20:20de reformas,
20:22muito,
20:23muito se discutiu
20:24se ele chegaria
20:25até o final
20:26do mandato,
20:28muito se discutiu,
20:29mas quem seria
20:30o substituto,
20:31e essa,
20:32esse tipo
20:33de questionamento
20:34não se vê mais,
20:36não se vê mais,
20:36né,
20:37então acho que
20:39esses indicadores
20:40recentes
20:41e avanços
20:43de algumas pautas,
20:45acho que isso
20:46deu,
20:47deu uma capacidade
20:48dele,
20:49como eu disse,
20:49recuperar um terreno
20:50perdido aqui,
20:51né,
20:52ele vai se adaptando
20:54também
20:54ao momento,
20:56vai se adaptando
20:57ao momento
20:58como você falou.
20:59Agora,
21:00veja,
21:01por mais que um ministro
21:03seja técnico,
21:05ele é,
21:07quer dizer,
21:08não tem jeito,
21:09tem,
21:09a política,
21:10ela envolve,
21:11né,
21:12lidar com
21:14o jogo político,
21:16não vou dizer
21:16que é atribuição,
21:17mas é inevitável,
21:20então,
21:20esse envolvimento,
21:21apesar de,
21:23assim,
21:23eu,
21:23eu como,
21:24como analista,
21:26como cidadã,
21:27quando eu vejo
21:28a fala
21:28do,
21:29do,
21:29do ministro Paulo Guedes
21:30falando,
21:31olha,
21:31agora nós vamos
21:32para o ataque,
21:33isso me traz
21:34preocupação?
21:35Me traz.
21:36Acho que não é
21:37uma fala adequada?
21:38Não,
21:38não acho que é
21:39uma fala adequada,
21:41mas ao mesmo tempo
21:44não chega a ser
21:44surpresa,
21:45né?
21:47Entendi.
21:48Alguns projetos
21:49do,
21:50do governo
21:51Jair Bolsonaro
21:52tem caminhado,
21:53principalmente depois
21:54da entrada
21:55de Arthur Lira
21:56na presidência
21:57da Câmara
21:57e do senador
21:59Pacheco
21:59na presidência
22:00do Senado.
22:01A privatização
22:02da Eletrobras
22:03já está
22:03no Senado
22:04para ser
22:04analisada,
22:05o senador
22:05Marcos Rogério
22:06que é o relator
22:07do parecer
22:07já disse
22:08que quer entregá-lo
22:09quanto antes,
22:10a reforma
22:10administrativa
22:11teve,
22:12começou a andar
22:13na comissão
22:14da Câmara,
22:15esses movimentos
22:17têm dado,
22:17têm dado bons
22:18sinais
22:19para o mercado,
22:20mas o mercado
22:21acredita
22:22que essas
22:23reformas
22:23prometidas
22:24por Bolsonaro
22:25desde 2018,
22:27pelo menos
22:27uma boa parte
22:28delas
22:28será entregue
22:31até a eleição
22:32do ano que vem?
22:35Olha,
22:36acho que é importante
22:37separar algumas
22:38coisas aqui.
22:40Quando a gente
22:40fala em agenda
22:42de reformas,
22:43tem que separar
22:44temas que são
22:45mais polêmicos,
22:48que envolvem,
22:49por exemplo,
22:50negociações,
22:53impactam contas públicas,
22:55envolvem negociação
22:57com um grupo maior,
22:59daquelas reformas
23:00mais estruturantes
23:01associadas
23:02a pontos
23:03de interesse
23:04do setor privado,
23:05e aí o próprio
23:06setor privado
23:07cobra,
23:09enfim,
23:10é diferente,
23:11uma coisa é você
23:12aprovar um marco
23:14do saneamento,
23:15outra coisa é você
23:16aprovar uma reforma
23:17administrativa,
23:19por mais que o marco
23:20do saneamento
23:21tenha questões técnicas,
23:24tem sempre o risco
23:24dos jabutis,
23:26tem tudo isso,
23:27mas não pode comparar
23:29do ponto de vista
23:30de dificuldade
23:31de aprovação
23:32com uma reforma
23:33administrativa
23:34em que você vai ter
23:34que lidar
23:35com as
23:36incorporações
23:37do setor público,
23:39né,
23:39e,
23:40obviamente,
23:42a parte importante
23:43da esquerda
23:44que não quer
23:45avançar em temas
23:46que mexam
23:47com o setor público,
23:49deixam isso
23:50claro ali
23:51no seu discurso,
23:52o que é uma
23:54ironia,
23:54aliás,
23:55né,
23:55porque,
23:56mas,
23:56enfim,
23:57o meu ponto aqui,
24:00então,
24:00assim,
24:00primeiro é separar,
24:03a segunda coisa
24:04é que
24:05não dá
24:06para a gente
24:06pegar as reformas
24:08e,
24:08só porque saiu
24:09a manchete
24:10e achar
24:12que,
24:12olha,
24:13temos avanços
24:14aqui,
24:17o que eu entendo,
24:18por exemplo,
24:18da reforma
24:19da capitalização
24:21da Eletrobras,
24:23do jeito
24:23que ela está
24:24era melhor
24:25não sair,
24:26é isso que eu entendo,
24:28não sou especialista
24:29da área,
24:29procurei me debruçar
24:31ali até
24:31como analista
24:32econômica
24:33para entender,
24:35enfim,
24:36e o que eu vejo
24:37é que
24:37ela insere
24:39muitas distorções
24:41no sistema,
24:43distorções
24:44essas,
24:44foi?
24:46Desculpa,
24:46interrompê-la,
24:47mas é que
24:48o mercado reagiu
24:49mal,
24:49por exemplo,
24:50à obrigação
24:50de compra
24:51de energia
24:52de termoelétricas,
24:54né?
24:54Isso,
24:55exatamente,
24:56tem temas ali
24:57que já tinha
24:59tido,
24:59né,
25:00tentativa de colocar,
25:01por exemplo,
25:01no marco do gás,
25:03não avançou,
25:04felizmente,
25:04e esses temas
25:06voltam.
25:07Então,
25:07assim,
25:08uma coisa é você falar,
25:09olha,
25:09saiu a reforma,
25:10outra coisa é você
25:11celebrar,
25:13né?
25:13Então,
25:14no caso,
25:14eu vejo com preocupação
25:16o avanço
25:16da medida
25:18da Eletrobras.
25:19E eu acho
25:19o seguinte,
25:20eu vejo,
25:21a gente tem visto
25:22a discussão,
25:23agora,
25:23tá muito assim,
25:23ah,
25:24do quanto isso
25:24vai penalizar
25:25o consumidor
25:26e tal e tal.
25:27Hoje,
25:28é muito difícil
25:28fazer cálculos
25:29precisos,
25:30eu nem vou me ater,
25:31mas o fato
25:32que ela insiste
25:32em distorções
25:33que não deveriam
25:34estar lá,
25:35se vai pesar
25:36mais,
25:37se vai pesar
25:37menos,
25:37a gente vai,
25:38né,
25:38no consumidor,
25:39o tempo vai dizer.
25:41Agora,
25:42tá inserindo
25:42distorções,
25:44ironicamente,
25:45indo contra
25:46até
25:46uma agenda
25:48SG,
25:49por exemplo,
25:51porque
25:51o mundo
25:52tá indo
25:53pra energia
25:53limpa,
25:54a gente tem
25:54que aproveitar
25:55o gás natural,
25:57que polui
25:57menos,
25:57polui,
25:58mas mesmo assim
25:59não é energia
25:59limpa.
26:02Fazer
26:03grandes investimentos,
26:04uma coisa
26:05é você aproveitar
26:06o potencial
26:07que tá ali
26:08e,
26:09né,
26:09outra coisa é você
26:10fazer um tremendo
26:11investimento
26:11em regiões
26:12que não faz sentido
26:13do ponto de vista
26:14econômico,
26:15sendo que daqui
26:15não sei quanto tempo
26:17você não vai,
26:18não vai provavelmente
26:20explorar essa energia.
26:21Então,
26:21enfim,
26:22aqui colocando
26:23só uma coisa
26:23que eu preferiria
26:27que não avançasse
26:28do jeito que está,
26:29voltasse
26:30a proposta
26:32original.
26:33No caso
26:34de reforma
26:35administrativa,
26:36tributária,
26:37né,
26:37você comentou
26:38da administrativa
26:39até avançado
26:40na CCJ,
26:41eu fico muito
26:42cética
26:43do quanto
26:44de fato
26:45vai avançar,
26:46mas também,
26:47né,
26:48vejo problemas
26:49no que está sendo
26:50discutido.
26:51Aí,
26:52assim,
26:53o tempo vai dizer,
26:54mas às vezes
26:54você aprovar
26:55uma medida
26:56que é uma PEC,
26:57que tem,
26:58né,
26:58uma medida
26:59de emenda constitucional,
27:00proposta de emenda
27:00constitucional,
27:02que tem temas ali
27:03que não precisariam
27:04estar numa PEC,
27:05ou seja,
27:05você vai estar
27:06engessando mais
27:07a Constituição,
27:09poderia estar
27:09se resolvendo
27:10com um projeto
27:11de lei,
27:13o fato
27:15de preservar
27:17alguns elementos
27:20hoje,
27:21né,
27:21das regras
27:22do funcionalismo,
27:23e ao preservar
27:24pode ser,
27:24pode significar,
27:25tem muita dificuldade
27:26de mudar depois.
27:28Então,
27:29eu acho que tem
27:30que tomar muito cuidado,
27:32né,
27:32a gente,
27:33a gente tem que tomar
27:34muito cuidado
27:35com os passos
27:36que estão sendo dados,
27:38porque só a busca
27:39de manchete de jornal
27:40me traz preocupação.
27:42Entendi.
27:43Então,
27:43nós podemos dizer
27:44que não é o total
27:47de reformas
27:49que são aprovadas,
27:50e sim a qualidade
27:51das reformas
27:53que são aprovadas.
27:55Sem dúvida.
27:55Eu não tenho dúvidas
27:56em relação a isso.
27:59Porque se é uma reforma
28:00cheia de jabutis,
28:01que vai colocar distorções,
28:03ou que vai dificultar
28:04a mudança adiante,
28:06eu vejo com preocupação.
28:07Eu preferia
28:08que
28:08fizesse algo
28:11mais cuidadoso.
28:15Entendi.
28:16Agora,
28:17mesmo nessa direção,
28:18assim,
28:18eu continuo vendo
28:20com ceticismo
28:20uma reforma administrativa.
28:22Acho difícil
28:23de fato avançar.
28:26A tributária
28:27que...
28:29Mesma coisa
28:29a tributária.
28:30Eu até,
28:31até a gente tem visto
28:32o avanço na discussão,
28:33no caso da CBS,
28:35eventualmente,
28:36com alíquotas diferenciadas.
28:38Aqui também surge
28:39essa dúvida.
28:40O ideal seria
28:41não ter alíquota diferenciada,
28:44mas digamos
28:44que a gente
28:45veja ali
28:46um consenso assim,
28:47olha,
28:48tem uma alíquota
28:49diferenciada
28:49para o setor de serviços,
28:51inferior,
28:54e lá na frente
28:55a gente vai
28:56equalizar
28:57conforme conseguir
28:59reduzir
29:00o imposto
29:02sobre a folha,
29:03porque o argumento
29:04é que o setor
29:05de serviços
29:05precisa ter
29:05uma alíquota menor,
29:07porque contrata
29:08mais pessoas,
29:09isso não tem,
29:10obviamente,
29:10abatimento
29:11de crédito tributário,
29:14então,
29:14o certo
29:15seria acoplar
29:16com uma reforma
29:18para reduzir
29:19o custo da folha.
29:21O ministro
29:21Paulo Guedes
29:22tentou emplacar
29:23alguma coisa
29:23fazendo a substituição
29:25com a CPMF,
29:26que eu acho
29:26um tremendo equívoco.
29:28mesmo que o imposto
29:31sobre a folha
29:31seja pesado,
29:34eu acho
29:34que trazer
29:35a CPMF
29:36é um grande
29:38retrocesso,
29:39acho que o efeito líquido
29:39é negativo
29:40para a economia,
29:42mas aí,
29:43de repente,
29:43você fala,
29:44não,
29:44tudo bem,
29:44conseguimos um consenso
29:46aqui para fazer a CBS,
29:47não é a reforma
29:48dos sonhos,
29:50mas pode ser
29:50um passo importante,
29:52pode ser,
29:53pode ser que
29:53tenha algum espaço,
29:56mas veja,
29:56o tempo
29:57corre contra,
30:00não é?
30:00E eu não vejo
30:01o presidente
30:02querendo se comprometer
30:05com temas
30:06controversos,
30:08não é?
30:09Já acho
30:10que nunca houve
30:11muita disposição,
30:13não é?
30:13Numa linha
30:14até excessivamente
30:16pragmática,
30:17e acho
30:19que daqui
30:19para frente
30:20menos ainda,
30:21porque essas
30:21reformas estruturais,
30:24elas,
30:25claro,
30:25sempre tem
30:25um efeito
30:26na formação
30:28de expectativas,
30:29no curto prazo,
30:29mas de verdade,
30:30de verdade,
30:32essas reformas
30:33estruturais,
30:33elas geram
30:34um benefício
30:34mais lento,
30:36mais longo,
30:37não é imediato,
30:38você pega,
30:38por exemplo,
30:39a reforma
30:39trabalhista
30:40do governo
30:40Temer,
30:41que foi uma
30:41reforma
30:42muito importante,
30:44hoje a gente
30:44vê benefícios
30:45por causa
30:46do trabalho
30:46intermitente,
30:47por exemplo,
30:48o quadro
30:49de geração
30:50de emprego
30:50estaria muito
30:51pior
30:51de emprego
30:53com carteira
30:54assinada
30:54se não fosse
30:55a reforma
30:56do governo
30:56Temer,
30:56mas ele,
30:57Temer,
30:57não conseguiu
30:58colher nada,
30:59não conseguiu
31:00colher nada,
31:01nenhum ganho
31:02político,
31:03pelo contrário,
31:04ele teve
31:04o custo
31:05político,
31:06que demorou
31:07para as pessoas
31:07entenderem
31:08a importância
31:09dessa reforma,
31:11até o IT
31:12atacando,
31:14que eu acho
31:14injusto,
31:15mas enfim,
31:17tudo isso
31:17para dizer
31:18que um político
31:19que tem uma visão
31:20mais de curto
31:21prazo,
31:22ele vai preferir
31:23adiar reformas
31:25estruturais,
31:26porque hoje
31:27o benefício
31:28ele é pequeno
31:30no curto prazo
31:31e o custo
31:32político
31:33é razoável,
31:35pode ser bem
31:35grande,
31:36então eu não
31:37vejo o Bolsonaro
31:39abraçando
31:40essas pautas.
31:41Caminhamos
31:42para o fim
31:42dessa entrevista
31:43e eu gostaria
31:44de saber
31:44das senhoras
31:45se tem mais
31:45alguma coisa
31:46que gostaria
31:46de complementar
31:47para toda a audiência
31:48do antagonista
31:49que a senhora
31:50vê que ela
31:50precisa saber.
31:53Olha,
31:54veja,
31:55o Brasil,
31:57a gente vive
31:57um momento,
31:58não é de agora,
31:59extremamente
32:00delicado,
32:02eu diria,
32:03porque nós
32:05somos um país
32:05que envelhece,
32:07envelhece
32:08rapidamente
32:09e a gente
32:10não conseguiu
32:10sair do que
32:11chamamos de
32:12armadilha
32:13de renda média,
32:14pelo contrário,
32:14acho que a gente
32:15tem se afundado,
32:16nós temos tido
32:17décadas perdidas,
32:18e podemos
32:20estar
32:21em vários
32:24pontos,
32:25em vários
32:25aspectos,
32:27realmente
32:27brincando
32:29à beira
32:29do abismo,
32:30então,
32:31na questão
32:31educacional,
32:33na questão
32:33ambiental,
32:36nesse difícil
32:38ambiente
32:39de negócios
32:39que faz
32:40tantas pessoas
32:41deixarem
32:42o país,
32:44então,
32:45veja,
32:45nós estamos
32:45num momento
32:46muito delicado,
32:47então,
32:48claro,
32:49o investidor
32:50ele olha
32:50o curto
32:50prazo,
32:51ele olha
32:52a taxa
32:52de juros,
32:53tem um lado
32:53positivo,
32:54tivemos avanços
32:55também no
32:56país,
32:56temos hoje
32:56taxas de juros
32:57civilizadas,
32:59mas o fato
33:01é que
33:01precisamos
33:02ser mais
33:02ambiciosos,
33:04esses
33:04avanços
33:07estão sendo
33:08muito lentos
33:09e,
33:10obviamente,
33:11em alguns
33:11pontos
33:11nós estamos
33:12tendo
33:13retrocesso,
33:15mesmo na questão
33:16conjuntural
33:17agora,
33:18quando eu
33:18olho o que
33:20está acontecendo
33:21com a gestão
33:21das contas
33:22públicas e,
33:23obviamente,
33:23o impacto
33:24na inflação,
33:26claro que
33:26não é comparável
33:27ao que a gente
33:28viu no governo
33:29Dilma,
33:30certamente não,
33:31aliás,
33:31hoje as nossas
33:32instituições
33:33funcionam,
33:33e bem ou mal,
33:35ainda que a regra
33:35do teto
33:36ela não
33:38consiga lidar
33:39com o momento
33:40atual,
33:41mas ela está
33:42sendo respeitada,
33:43quando a gente
33:43olha os gastos
33:44obrigatórios,
33:45fora,
33:46tirando os da
33:47pandemia,
33:48estão bem
33:49comportados,
33:49então é claro
33:50que tem avanços
33:51aqui,
33:51claro que tem,
33:52a gente está
33:53falando de
33:54cenário de
33:55estresse para
33:56juros,
33:56mesmo assim
33:57a taxa de juros
33:58de um dígito,
34:00é claro que
34:00tem avanços,
34:02mas a gente
34:03precisa ser
34:03mais ambicioso,
34:05então eu vejo
34:06com,
34:06me incomoda
34:07a gestão
34:09da política,
34:09me preocupa,
34:10mais do que
34:10incomoda,
34:11me preocupa a
34:11gestão da
34:12política fiscal,
34:13quando eu olho
34:14essa inflação
34:15ficando mais
34:16teimosa,
34:16me traz
34:17preocupação,
34:18de novo a gente
34:18falando de
34:19inflação acima
34:20da meta,
34:21ah,
34:21mas a inflação
34:21do mundo
34:22todo subiu,
34:23é verdade,
34:24mas a nossa
34:24aqui está
34:25mais,
34:25está mais
34:26pressionada,
34:27e o que a gente
34:28observou ali,
34:30meados de
34:312016,
34:32governo
34:32Temer,
34:34sinalização
34:34de agenda
34:35fiscal,
34:36as discussões
34:37crescendo sobre
34:38ajuste fiscal,
34:40diagnósticos
34:40corretos,
34:42bom trabalho
34:42do Banco Central,
34:43enfim,
34:44mas a questão
34:44fiscal aqui é
34:45central,
34:46o Banco Central
34:46sozinho não consegue
34:47cuidar da inflação,
34:49o ponto é que a gente
34:50via uma inflação ali
34:52que estava andando
34:53junto com a de
34:55países parecidos,
34:56estava deixando
34:57para trás
34:58aquele passado
35:00do governo Dilma
35:01de uma inflação
35:02que ameaçava sim
35:03sair do controle,
35:04ameaçava sim,
35:07é que teve um impeachment
35:08e interrompeu,
35:10o impeachment
35:10trazendo uma mudança
35:12da política econômica
35:13do país,
35:14o que eu vejo agora
35:15é a inflação de novo
35:16escorregando,
35:16de novo,
35:17não comparável
35:18ao que aconteceu
35:18lá atrás,
35:19mas não deixa
35:20de ser um retrocesso,
35:22então assim,
35:22a gente já tem
35:23tanto desafio,
35:24imagina ainda ter que
35:25se preocupar
35:26com inflação
35:27teimosa de novo
35:28e portanto
35:30juros que não vão ser
35:31tão baixos
35:31quanto a gente
35:32está acostumado,
35:33claro que boa notícia
35:34não é,
35:35não é,
35:35não é,
35:36precisamos encontrar,
35:38vou retomar o caminho
35:40da disciplina fiscal
35:41e mais do que isso,
35:43não é só disciplina fiscal,
35:45porque a disciplina fiscal
35:46ela tem que vir
35:47na verdade
35:48com uma melhora
35:48da qualidade
35:49do gasto público,
35:51então assim,
35:51não se trata
35:52de discutir,
35:53não,
35:53mas então você está
35:54falando que não é
35:55para ter auxílio
35:56emergencial,
35:56de forma alguma,
35:57você não pode deixar
35:58as pessoas
35:58para trás,
35:59não se trata disso,
36:01mas se trata
36:01de caprichar mais
36:03na qualidade
36:03da política pública
36:04no Brasil,
36:05caprichar ali,
36:07quer dizer,
36:08ter políticas públicas
36:09que realmente
36:11atendam
36:12os seus objetivos
36:13e evitar
36:13desperdício
36:14de recursos,
36:15porque não tem
36:17milagre na economia,
36:18quando a gente
36:19erra na política fiscal
36:20é questão de tempo
36:22a inflação
36:22começar a chatear
36:24o que a gente
36:24está vendo agora.
36:26O antagonista
36:26conversou hoje
36:27com a consultora
36:28econômica
36:29Zena Latif,
36:31muito obrigado
36:31por sua entrevista,
36:33foi muito esclarecedora
36:34e uma boa tarde.
36:38Obrigada,
36:38até uma próxima.
36:39Até.
Recomendado
1:09