Kim Marques, Chyco Salles, Diogo e DJ Dinho ressaltam a história e a força do brega paraense no debate sobre o reconhecimento oficial.
Reportagem: Matheus Viggo
Imagens: Lucas Melo
Reportagem: Matheus Viggo
Imagens: Lucas Melo
Categoria
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MúsicaTranscrição
00:00Oi galera, olha só, o projeto de lei que reconhece Recife como a capital nacional do brega causou
00:06uma certa indignação entre os paraenses. O projeto foi aprovado na Comissão de Educação do Senado e
00:12aguarda a sanção do presidente Lula. Porém, a bancada paraense no Senado entrou com recurso
00:17solicitando que Recife divida com Belém este título. Diante desse cenário, convidamos aqui
00:23os cantores Diogo, Kimarque, Chico Salles e Djedinho para falarem sobre essa disputa simbólica. Afinal,
00:29quem tem mais direito ao título, Belém ou Recife? Galera, muito obrigado por testar esse convite.
00:34E já lanço a pergunta para vocês, quem tem esse direito?
00:38Esse direito quem tem é o povo, para começar, né? Quem tem é o povo. É o povo que dita as regras.
00:45É o povo que gosta da música, é o povo que ama a música. Então, eu falei um dia desse,
00:50repito de novo aqui para você, não existe no planeta um povo que ame mais o brega do que o
00:57Estado do Pará. Para o Estado do Pará, o brega sempre foi música, dança, entretenimento direto,
01:07povo se divertindo na sua casa, no seu churrasco. Nunca essa palavra brega foi olhada com preconceito
01:14de roupa, de maneira de se vestir. Não, ela sempre foi olhada com muito carinho pelo povo paraense.
01:20Então, quem tem razão é o povo paraense que ama a nossa música e que ama a nossa cultura.
01:28Concordo em gênero, número e grau com quem falou. E eu, gente, eu estou no brega já desde 1986,
01:37quando gravei o primeiro disco e fui influenciado pelo brega dez anos atrás. Ou seja, 76, 77,
01:45eu já estava ali influenciado pelo brega. E o brega paraense, Lívio Martins, depois Mauro Cota,
01:51Ted Max. E a gente, quando fui gravar meu primeiro disco de brega, a aceitação foi rápida. Já sei,
02:00inclusive, que foi uma gravadora nacional. Então, brega nacional, brega de Belém do Pará. E eu sei,
02:06porque quando gravei Leviana, a composição minha com o Tony Brasil, esse disco estourou muito lá em
02:12Recife. Por quê? Lá em Recife tinha um camelódromo e o pessoal vinha de lá. Os camelôs vinham comprar
02:18de brega em Belém. E daí muitos artistas de Belém do Pará fizeram muito sucesso em Recife. A gente fez
02:24muitos shows lá. Inclusive, Fernando Belém e Cris de Oliveira tinham um programa de brega lá em Recife.
02:30Está entendendo? O nosso brega tem músicas que eu gravei na década de 90 falando que o Belém é a capital
02:38do brega. Enfim, claro, Recife tem uma grande tradição no brega também. Mas o brega, como o Brasil
02:45conhece, é o brega feito em Belém do Pará. E para você, Checo Salles? Claro, eu acho assim, a gente
02:53exporta música, a gente exporta ritmos há muito tempo. E a capital do brega, nós temos aqui, o Quim tem
03:01uma propriedade imensa, por isso que o nome dele é professor do brega. Então, não pode discutir muito
03:07com o professor, né, amigo? Mas a gente, essa galera, o Mauro Cota, o Osvaldo Bezerra. Desde lá, ele já fazia
03:19muito brega. E o Quim falou uma coisa muito importante aí. O nosso brega nunca foi levado com preconceito.
03:25Às vezes, era preconceito de algumas colegas que saiam daqui para levar a música, concorda, Quim?
03:31Mas o público em si, não. E eu fiquei feliz, assim, e eu sempre falo, antes, tarde do que nunca, com o governador
03:41e a nossa deputada, tornou o nosso, até que enfim, um patrimônio cultural. Porque hoje não pode dizer que
03:48o nosso brega não é cultura, entendeu? Está aqui o DJ Dinho, que toca quase todo dia, né, Dinho? A nossa brega.
03:56E, assim, fora isso, a gente tem uma gama de aparelhagem. E não só aparelhagem daqui de Belém, né, amigo?
04:02A gente, em todas as cidades que tu vai, tu tem aparelhagem, né, Quim? Por mais que seja uma carretinha, o que mais,
04:08o nosso estado respira brega, amigo. Então, assim, eu não quero que Recife também fique, mas, assim,
04:17mas, no mínimo, dividir o título, nós, merecidamente, merece, né, Quim, né, Dinho?
04:22É isso aí. Quim, Diogo, meu amigo Chico Salles, Matheus, obrigado aí por esse espaço da gente estar trocando
04:30essa figurinha e questionando, né? Eu que já toco o brega há muito tempo, eles fazem o brega e eu sempre toquei.
04:37Eu posso dizer que eu nasci praticamente dentro do brega, dentro de uma aparelhagem. Então, desde criança,
04:44desde quando eu me entendo, que a gente conhece o brega e o brega sempre foi oriundo aqui do nosso estado.
04:50As aparelhagens já tocando desde a época, anos 60, 70, 80, até os dias de hoje, tocando esse brega aí, divulgando.
04:59E eu, ultimamente, estou saindo muito para fora do estado tocar, fazer shows, e, quando eu chego lá, eu não toco outra coisa,
05:06eu toco o brega. O meu repertório, a minha matéria-prima, eu posso dizer aqui, do meu show, a matéria-prima do meu show
05:13é o brega. São Paulo, Mato Grosso, Paraná, Rio e outros estados, mas aí todo mundo consumindo o brega. Santa Catarina.
05:22Então, a gente pode dizer, realmente, que o brega e reafirmar e contestar por que Recife está recebendo esse prêmio como capital,
05:32prêmio não, esse título, melhor dizendo, capital nacional do brega. Eu não diria, assim, dela receber. Tudo bem, mas, então,
05:41bora compor, bora colocar Belém, porque, já que ela está recebendo, Belém também pode receber. Quem sabe? Por quê?
05:47Porque aqui começou o brega, eu posso dizer. E eu sou testemunha, numa rodada que nós tivemos, numa rodada igual essa,
05:53eu tive, numa rodada de conversa com o Reginaldo Rossi, com o saudoso Reginaldo Rossi, com o saudoso Alencar do Lapinha,
06:02e ele falou, claro, não foi publicamente, conversando que Recife não prestigiava tanto ele quanto a Belém do Pará.
06:09Por quê? Virava e mexia, ele estava por aqui fazendo shows, divulgando a música, e, depois que o Reginaldo Rossi gravou a música
06:18Garçom, que estourou no Brasil todo, é que foi mesmo já passar. E eu digo mais, quando o Reginaldo Rossi partiu lá, em 2013,
06:25que ele foi mais valorizado. Mas isso aqui não cabe a nós comentarmos sobre isso. O que a gente está questionando é que Belém do Pará,
06:32realmente, o nosso estado do Pará, não só Belém, claro, a capital, mas o estado todo, é o berço do nosso brega.
06:40A gente nunca teve preconceito, muito pelo contrário, sempre a gente valorizou.
06:44Eu conversei com a Helen, Patrícia, da Banda Cheiro Verde, e ela falou que, entre a diferença do brega de Belém com o de Recife,
06:52também tem a parte da dança, que é a parte mais dançante. Vocês acham, para vocês, qual é essa diferença, justamente,
06:59do brega daqui do Pará com o lá de Pernambuco?
07:02É muito grande a diferença. A diferença é, se você colocar o nosso brega paraense e colocar o de Recife, o brega paraense foi feito para dançar,
07:13o de Recife não. O tema das músicas paraenses é falando em dança, colocando o ritmo em primeiro lugar. O de Recife não.
07:23Falando sobre chifre, sobre secorno, ele continua aquele mesmo brega lá dos anos 70, 60.
07:31Escrachado.
07:32Escrachado. O nosso brega paraense foi esse brega que invadiu o Brasil, através de Calypso.
07:40Com letras românticas, não é?
07:41Com letras românticas, com a dança, valorizando os bailarinos do balco.
07:45Exatamente.
07:47Eu fui um desses com o Edilson Moreno, fizemos um, dois, um passinho para trás, e daí veio o Gererê com o Nelson Rodrigues,
07:54e daí veio outras e outras, esfrega, esfrega, que é só brega, Edilson Moreno na Amazônia.
08:00Ou seja, então é muito simples. Isso é uma coisa muito simples de você olhar.
08:04O movimento brega dos anos 90 para cá, do estado do Pará que invadiu o Brasil,
08:10não tem nada a ver com aquele brega de Recife que continua tocando lá para eles.
08:14É o gosto deles, é o jeito deles. Mas o brega paraense é um diferencial muito grande.
08:19Pequeno, desculpa aí, mas se eu não me engano, eles agora estão até colocando o funk,
08:24é o brega funk, não é isso que eles colocaram para lá?
08:28Isso.
08:28Sei lá, não tem nada a ver, não é? A gente, claro, nada contra o funk, que é um ritmo do Rio de Janeiro, não é?
08:33Ritmo do Rio de Janeiro.
08:34Mas o nosso brega aqui, nós já tivemos várias evoluções, várias transformações,
08:39podemos dizer várias vertentes, não é? E o nosso brega continua vivo, tocando,
08:45como o Kim falou, a arte da dança, que é muito gostoso.
08:49Só o paraense sabe... Olha, outro dia, eu conversando com a Joelma,
08:52ela disse que já colocou vários bailarinos na banda Calypso,
08:56na época da Calypso, não é? A gente teve uma conversa sobre isso.
08:59Ela disse que mais bailarinos que nem do estado do Pará, ela disse que não existe,
09:05tem que ser do estado do Pará, porque de outros estados ela experimentou,
09:08e não tem o gingado que o paraense tem. E é verdade, é verdade, o paraense sabe dançar,
09:13o paraense sabe como, digamos assim, valorizar o brega.
09:17Hoje, se você vai em uma praia, o carro está tocando lá, a caixa de som,
09:21o que é que está tocando aqui? É brega, não é? Então, poxa vida, não importa qual a vertente,
09:28o que importa é que está tocando lá o nosso brega.
09:30E, olha, vou te dizer uma coisa, o nosso brega marcante é o melhor brega que tem,
09:34o brega de Kim, de Chico Salles, de Diogo, de Luiz Guilherme, Mauro Cota, Ted Maxi,
09:40e, sem sombra de dúvidas, o melhor brega que nós temos é esse brega aqui do nosso estado do Pará,
09:47que é um brega feito com amor, e é o brega original, podemos dizer assim.
09:52Mateus, inclusive, para você ter uma ideia, o brega hoje, acredito, mais regravado a nível nacional,
10:00primeiro foi o Reginaldo Rossi que regravou, veio Zezo, Léo Magalhães,
10:05cantores nacionais, Leviana, que é uma composição paraense, Tony Brasil e Diogo.
10:10Eu te amei, entreguei, Leviana, e gravei essa música em 1997, e, cara, é o brega que invadiu o Brasil,
10:20regravado por muitos outros artistas nacionais, ou seja, o rei do brega lá de Recife,
10:25o Reginaldo Rossi, veio gravar o brega de Belém do Pará para voltar, Tony Brasil e Diogo,
10:31para poder voltar lá, inclusive, voltou Evidência depois do Garçom.
10:35Exatamente.
10:37Então tem esse detalhe importante para caramba aí.
10:39Eu acho também que tem uma diferença também na pegada.
10:42Eu gravei agora uma música chamada Sarado, essa música é do Ossimar,
10:46e foi gravada por mim praticamente simultaneamente com o Conde do Brega,
10:51só que a minha produção foi o Chiminha e o Dedê.
10:55É gritante a diferença da guitarra, da levada do nosso brega com a levada do...
11:03Parece que vai de encontro, sabe, o ritmo do nosso...
11:07É muito diferente, amigo, o nosso brega, ele tem um...
11:11Eu não quero falar assim, mas eu acho ele mais contagiante, sei lá, nosso brega aqui, entendeu?
11:17Isso fica gritante.
11:20E vai, tem, às vezes.
11:22Eu acho que o nosso brega, que nem o Guilherme falou,
11:27ele é o que tem mais variedade, vai variando, tecnobrega, tecnobrega, não sei o quê,
11:34mas o brega, a raiz fica lá, porque o romantismo não perde, amigo.
11:39Chico, aquela versão que você fez, você com o Nelson, aquele brega é fantástico, maravilhoso.
11:44Arrependimento.
11:45Arrependimento.
11:47A do Nelsinho com a Aninha também, eu voltarei.
11:51Até as versões que os cantores daqui fazem pro brega...
11:55Feito o jogo.
11:57Feito o jogo do Diogo, acho que você até hoje toca, não é?
12:01Vou te dizer.
12:03E o Kim, poxa, além de um grande cantor, um grande compositor,
12:07a gente sabe que o Kim participou de composições de vários artistas, não é, Kim?
12:11E fazendo músicas românticas, não é?
12:13Que é mais importante, não é?
12:15A ideia nossa, quando a gente começou em 90, foi justamente essa.
12:19Não entrar para vir fazer um movimento dentro dos...
12:23Porque, assim, quando nós entramos em 90, para começar a compor de verdade para os cantores e essas coisas,
12:31nós éramos massacrados aqui em Belém.
12:35O brega não tinha abertura de lugar nenhum.
12:38Onde você tocava brega era na rádio, a emissor.
12:41Eu diria mais, nas aparelhagens.
12:43Nas aparelhagens.
12:44As aparelhagens forçavam as rádios, principalmente a AM, a tocarem. Por quê?
12:48O exemplo, Minha Amiga, do Mauro Cota, quando estourou, estourou na aparelhagem,
12:52e, em seguida, as rádios foram forçadas a tocarem.
12:56Roberto Vilar, Papudim, estourou nas periferias, nas aparelhagens, tocando, e depois chegou nas rádios.
13:03Quando nós entramos em 90, a ideia era justamente essa, tirar essa linguagem do brega.
13:11Para que ele fosse diferente, a gente falava simplesmente,
13:14pega esse negócio aqui, coloca um papel florido, embala ele legal e vamos vender ele embalado bonito.
13:21É essa a ideia do brega.
13:22E surtiu efeito, né?
13:23E surtiu efeito.
13:24Nós começamos a compor, compor, compor.
13:26Compôs para Diogo, compôs para todo mundo.
13:28Deu uma outra cara.
13:29Uma outra cara, uma outra levada, um olhar direcionado para o balé, no palco,
13:34compondo a letra, falando o que o bailarino ia fazer.
13:37Isso, não o Kim, mas todo mundo.
13:39Júnior Neves, Niuk de Oliveira, o Tony Brasil, Ediço Moreno, Alberto Moreno.
13:44Ou seja, esse olhar muito diferenciado.
13:47Então, hoje, o que nos deixa muito tristes é que tudo isso que aconteceu,
13:52tudo isso que aconteceu não foi olhado pelo poder político, pelo poder do poder de verdade,
14:00que tinha na mão algo para fazer alguma coisa.
14:03Essa é a minha revolta.
14:04É que hoje, quando fala...
14:06Ah, Recife foi considerado...
14:08Cara, os caras não viram nada, não viram nada.
14:13Tudo acontecendo lá no Senado e os nossos senadores paraenses,
14:17os caras estavam fazendo o que no Senado?
14:19Os nossos representantes que foram eleitos pelo povo.
14:21Para fazer o papel deles.
14:23Mas ainda bem que eles já acordaram, né?
14:25Acordaram agora.
14:26Mas não tem que acordar.
14:28Eu digo assim, você não tem que consertar carro.
14:30Você tem que evitar que o carro bata.
14:32Eu diria mais que consertar o avião em pleno voo.
14:35Justamente.
14:36Não é assim que funciona.
14:38Eu acho que a música paraense teve uma evolução espetacular.
14:41Ela foi para a novela com a Gabi Amarantos,
14:44eu olhei a Sofia gravando,
14:46o Joelma, então, nem se fala, gritando em quatro cantos do planeta.
14:51Eu sou paraense, essa é música paraense.
14:54Ela gritando isso.
14:56E será que só os nossos políticos aqui que não viram?
14:59Quando surgiu a ideia do Brega se transformar em patrimônio cultural,
15:05foi só nesse dia que o governador assinou,
15:08que eu estava lá, o Marco, você estava, nós estávamos lá.
15:12Foi que surgiu a gente conversando nos batedores.
15:15Eu conversei com o Binho, inclusive, na época.
15:18E o sonho do Binho era colocar um programa de Brega
15:21em uma emissora aqui de Belém.
15:23E que depois colocou.
15:24Depois que virou patrimônio cultural.
15:26Ou seja, por que tem que esperar acontecer alguma coisa para se dar valor?
15:32Vou deixar fulano morrer para fazer uma estátua dele.
15:35Não, faça em vida.
15:37Deixa o cara ver a estátua dele.
15:40Ou seja, não existe isso de você ter que perder algo para depois lutar.
15:45Ou seja, o Pará sempre teve todo artista paraense
15:49gritando a quatro cantos do Brasil.
15:52Eu sou paraense, esse é meu Brega, esse é meu Carimbó,
15:55e essa é a minha Lambada.
15:57E ninguém ouve.
15:58Aí, quando o fulano quer roubar,
16:00como a Bahia queria roubar a Lambada,
16:02aí todo mundo corre e grita.
16:04Aí, quando o Recife agora vem,
16:06querendo levar o título,
16:09aí todo mundo vem.
16:11Eu acho que está errado.
16:13Aconteceu recentemente com a música Me Libera.
16:15A banda Deja Vu pegou e, se eu não me engano,
16:20como é que se chama?
16:22Eles editaram como sendo deles a música,
16:25e a música é daqui.
16:26Justamente.
16:27A banda Deja Vu, não só essa música, outras músicas.
16:29Pegou vários bregas daqui e editaram,
16:32dizendo que era a composição deles.
16:34E, na verdade, a gente provou que era daqui.
16:37Mas tudo, Matheus, é bom.
16:40Tudo é bom que aconteça.
16:42Tudo é bom que aconteça.
16:44Porque nós estamos num momento de estar do Pará
16:46em que o Pará está tendo uma visibilidade para o mundo
16:48através da COP-30.
16:50Está na porta aí.
16:52Eu nunca vi na minha vida,
16:54em 60 anos hoje que estou,
16:5660 anos eu estou agora completando esse final de semana,
16:59eu nunca vi tanto garoto jovem de 13, 14, 15 anos
17:05vestindo uma blusa e ir para o palco,
17:08querendo dançar, querendo ser joelma,
17:10querendo ser bailarino.
17:12Ou seja, eu nunca vi nessa história.
17:14E eu estava muito triste.
17:16Porque eu falei que a primeira turma dos anos 1980 já foi.
17:20A galera dos anos 1990 já está indo,
17:23como foi o Tônio,
17:24com uma tristeza tão grande no coração da gente,
17:26ver um grande artista, irmão nosso, ir embora.
17:28Ou seja, será que não vai acontecer nada
17:31para que venha uma revolução, para que algo aconteça?
17:35Aí eu sempre esperei a COP.
17:37Graças a Deus deu certo.
17:39Hoje você chega em qualquer basílio,
17:40na Estação das Docas,
17:42o cara está com o violão lá, o pôr-do-sol.
17:44Eu vou te dizer...
17:46Cara, isso é uma vitória.
17:48É uma vitória.
17:49Hoje você vê os meninos novos aí cantando brega.
17:53Entendeu?
17:54Então a gente tem que agradecer que aconteça alguma coisa
17:57para que venha realmente chamar a atenção das autoridades,
18:00chamar a atenção dos governantes,
18:02chamar a atenção das pessoas,
18:03até mesmo do próprio povo paraense.
18:06Eu falei isso hoje de manhã.
18:08Que diz que ama a brega,
18:10que ama o Edilson,
18:12que ama o Quinho,
18:13que ama o Chico.
18:15E a gente faz um show e eles não vão.
18:18Então que povo é esse que ama o Dinho
18:20e o Dinho faz um evento e ele não vai assistir o Dinho?
18:23Então até para isso a gente tem que usar esse momento
18:26e chamar a atenção e acordar o povo.
18:28O Quinho só existe se você lotar a casa de show que o Quinho está tocando.
18:32O Diogo só existe se tiver a casa lotada.
18:35Então vamos acordar o povo também
18:37e mostrar isso de verdade.
18:39Olha, isso aqui é cantor paraense
18:41e eu estou lá com ele,
18:42eu estou lotando a rua,
18:44eu estou lotando a casa de show,
18:45porque isso é nosso.
18:47O povo também tem que acordar.
18:49Você falou sobre isso,
18:51o parar está na moda, digamos assim.
18:53Vocês acham que a música paraense está vivendo o seu auge atualmente?
18:59Acredito que sim.
19:01Acredito que sim.
19:02A gente viu cantoras paraenses ganhando prêmios nacionais,
19:05gremes, essas coisas todas.
19:07Mas eu vejo, reforçando o que falou esses dias,
19:10eu fui em um evento,
19:11fui convidado a participar da gravação de um vídeo
19:14de uma cantora.
19:15Nossa, cara, tinha uns 15 artistas jovens, entendeu?
19:19E cantando músicas inéditas,
19:21cantando as coisas que nós gravamos lá no passado.
19:24E fiquei muito feliz de ver essa renovação.
19:27Hoje eu estou morando atualmente em Castanhal.
19:31Cara, o que tem de cantores novos?
19:33Taís Porpino, tem Jéssica.
19:36Cara, não dá para lembrar o nome de todo mundo.
19:39Você vai em Santarém, sabe?
19:41Tem um...
19:42Lana.
19:43Lana, tem...
19:44É, tem lá...
19:46Érica Moi, que canta para caramba.
19:48Enfim, então é uma renovação não só na capital,
19:51mas no interior do Estado.
19:53Aqui nós temos um rapaz que eu já fiz muitas festas com ele,
19:58que é o Lucian.
19:59O rapaz canta muito bem.
20:01Tem o Willi também.
20:04O Willi...
20:05Zainara, estouradíssima.
20:12Tem nomes fantásticos aqui.
20:19Conheço o trabalho dele.
20:20Conheço.
20:28Pode-se dizer que é a nova geração.
20:32Não vamos esquecer dele.
20:34É Kelvin Maldonado, não é, cara?
20:38Então, Matheus, com relação a esse detalhe aí,
20:42ah, o Pará está na moda,
20:44eu gostaria que fosse assim.
20:45Não, o Pará está em evidência.
20:47Porque na moda, a moda a gente pode dizer que é efêmero demais.
20:50Daqui a pouquinho pode passar.
20:52Então, está em evidência.
20:54E vamos continuar, vamos dar continuidade a isso aí
20:57para que possa vir outros artistas, como nós citamos aí.
21:00Tem uma nova geração chegando.
21:02E a gente tem que agradecer mesmo a Gabi, a Joelma, a Manu,
21:06que, embora não seja paraense,
21:08mas impunha a bandeira da nossa música.
21:12Olha, eu vou ser sincero com vocês.
21:14Eu gosto muito do trabalho da Manu,
21:16valorizo o trabalho dela.
21:18Acho muito legal.
21:19A gente tem mais a que valorizar,
21:20porque ela abraçou a causa, o Brega também.
21:23Porque o que ela canta é melody,
21:25que é uma vertente do nosso Brega.
21:27E ela está divulgando isso.
21:29Fez um feat com a Simone, estourou no Brasil todo.
21:32Ela está estourada com outras músicas.
21:34A Gabi, que já fez Is My Love para a novela da Globo.
21:39Joelma, então, nem se fala.
21:41E, como nós citamos ainda há pouco, tem Zainara.
21:44Enfim, acho que a gente tem mais a que valorizar.
21:48Não importa qual é o nome.
21:50O importante é estar tocando Brega, estar cantando Brega.
21:52Vamos valorizar.
21:53Essa é a questão.
21:55E em relação ao Brega,
21:56vocês acham que o Brasil entendeu o que é o Brega
21:59ou ainda tem esse preconceito?
22:01Preconceito é natureza.
22:03É igual matar.
22:05Você não mata porque você é assassino,
22:07porque você é cruel, porque não.
22:09Porque você cobra a sua morte,
22:11porque ela não tem braço, senão ela dava tapa.
22:14Eu falo isso para todo mundo.
22:15Todo ser humano, nós todos somos do mesmo jeito.
22:18Então, é natureza.
22:20Não adianta, Preto.
22:22Você que não nasceu no Pará,
22:24que não comeu um camarão frito com açaí desde criança.
22:28Você, de repente, conhece aquilo e vai gostar.
22:31Não.
22:32Você tem que conquistar o povo de qualquer lugar do planeta.
22:36É natureza.
22:37O cara nasceu lá no Japão e nunca escutou nosso estilo.
22:41Agora, nós, que somos os fazedores de cultura,
22:44temos que entender isso e tentar acertar
22:47e convencer aquele cara a entender
22:49que aquilo é sua arte e não impor.
22:53Vamos dizer, eu não chamo preconceito.
22:56Ah, o povo do Brasil tem preconceito com o brega.
22:59Não, ele tem falta de conhecimento.
23:01É igual o cara que não conhece o açaí com pirarucu, não ver o peso.
23:05Ele chega, quer jogar o pirarucu dentro do açaí.
23:08Está errado.
23:09Ele tem que colocar o pirarucu na boca,
23:11depois a colher do açaí,
23:13para isso fazer a química dentro da boca para o paladar.
23:17Porque ele sentiu o sabor, não é?
23:18Senti, vi aqui no último grau.
23:19É assim que tem que funcionar.
23:21Então, só para finalizar, meu compadre,
23:23o preconceito é uma palavra que a gente fala realmente sobre tudo.
23:29Às vezes, a gente fica triste com as coisas,
23:31mas a gente tem que olhar o preconceito como positivismo,
23:35como aquilo que você vai usar em seu favor.
23:39Eu, quando entro para cantar, eu entro para cantar.
23:43Acabou assim.
23:44Eu vou cantar, vou me despedir, sair do palco, pronto.
23:48É o meu papel, o meu trabalho, a minha arte.
23:52Agora, a gente tem que levar isso para as pessoas conhecerem isso.
23:57O paraense, você acredita que eu digo que tem preconceito?
24:01Ou o paraense?
24:03O paraense tem preconceito.
24:05E ele é culpado de ter preconceito.
24:07Ele, eu digo que tem.
24:08Porque ele nasceu conhecendo,
24:10nasceu ouvindo não ver o peso.
24:12Porque não existe como você passar na rua,
24:15tocando nas caixinhas,
24:16passar na frente do Rubi, ele tocando o Quimarques,
24:19e você vir e dizer que não conhece o Quimarques.
24:21Isso é preconceito.
24:22Ele conhece, mano.
24:23O paraense chega com você para bater uma foto com você
24:28e ele não diz que a foto é para ele.
24:30Ele diz que é para a empregada dele.
24:33Ah, e bora bater uma foto comigo,
24:35que é para eu dar para a minha empregada?
24:37Porque a minha empregada te ama.
24:38Ou seja, ele não ama, ele não gosta.
24:40Ele é o ricão.
24:41O cara é internacional.
24:44Isso que eu chamo de demagogia horrível, cruel,
24:49é você saber que aquele cara quer bater a foto contigo,
24:53mas ele não tem coragem de dizer que ele quer.
24:56Ele vem dizer que é para o filho.
24:57Então, essas coisas que eu digo,
24:59eu estou falando porque eu tenho provas.
25:03E que isso aconteceu com Ximine e Joelma,
25:05aqui almoçando com eles dois,
25:07é que aconteceu muito.
25:09Chegava uma comitiva de fora, de São Paulo,
25:13quando eu vi a Ximine e a Joelma gritavam,
25:14subiam na mesa, pulavam querendo abraçar.
25:16O paraense vinha e cutucava no meu olho.
25:18Olha o Ximine.
25:20Está errado, mano.
25:21Está errado.
25:22Eu venho de uma categoria que já sofre,
25:26podemos dizer assim, sofria, melhor dizendo,
25:29um preconceito que vem lá da periferia,
25:31lá do gueto, que são as aparelhagens.
25:35Eu posso dizer que é o maior veículo
25:37de divulgação do artista paraense.
25:39E eu sei o que é isso.
25:41E a gente quebrou esse paradigma.
25:43Justamente.
25:44A gente conseguiu ir nos clubes chamados elites,
25:46chegar em uma assembleia paraense,
25:47em um Paraclube, em um África,
25:49em um T1, em um Sesc Doca,
25:52e quebrar mais barreiras e barreiras,
25:55e chegar em um balneário.
25:57Hoje, você abre o porta-mala de um carro,
26:00você põe o brega lá para tocar.
26:03Isso é quebra de preconceito, de barreira.
26:06Mas eu estou vendo que a gente está vivenciando
26:10outros momentos.
26:13Que isso já passou, né?
26:15Já foi, né, Diogo?
26:17Deixa eu falar para vocês aqui.
26:19Respondendo à pergunta do Matheus aqui,
26:21o Brasil, sim, o Brasil já entendeu o que é o brega.
26:24Entendeu?
26:25Eu vejo isso pela agenda.
26:27Hoje, Dudinho, tocando em Santa Catarina,
26:29recentemente fechou em Goiânia, fechou em Brasília.
26:33Dia 21, vou tocar em São Paulo, 21 de junho.
26:35Então, o que acontece?
26:36O que aconteceu é o seguinte, mano.
26:38Por que o Brasil entendeu o brega?
26:39Porque os paraenses, que são nativos do Para,
26:42que moram nessas outras cidades, levaram o nosso ritmo.
26:45Assim como os cearenses trouxeram o forró para cá,
26:48sabe, esse pessoal do Nordeste?
26:50Hoje, o paraense, ele vestiu a camisa do brega.
26:53Eu fui cantar em Brasília,
26:55a noite dos paraenses, mano, mais de mil pessoas.
26:58Você está entendendo?
26:59Mil pessoal de lá, o paraense,
27:01levando o amigo que é lá de Brasília.
27:05Isso aconteceu, Diogo,
27:06eu fui tocar com a banda R15 no Paraná, em Curitiba, na capital,
27:10caramba, 5 da tarde do dia da festa,
27:14a festa ia começar às 22 horas,
27:16por volta das 17 horas, não tinha mais ingresso.
27:19Exatamente.
27:20A lotação da casa completa.
27:22E, na hora da festa, foi uma loucura o tanto de paraense.
27:26E eu tocando as músicas.
27:27E só tocando o brega.
27:28Eu baixava o som e eles continuavam cantando.
27:30Foi um negócio que eu falo, até me arrepio,
27:32porque eu já tenho mais de 40 anos tocando,
27:34mas aquilo, para mim, foi uma experiência fantástica,
27:38maravilhosa, não só lá, em vários lugares.
27:40Sério.
27:41Olha, lá em Goiânia, inclusive,
27:42quando eu cheguei lá, os artistas locais,
27:44o cara falou, o cantor Diogo do Belém está aqui,
27:47tem um paraense lá, amigo nosso, tem uma lanchonete.
27:49Daqui a pouco chegaram os caras lá,
27:50os caras que cantam sertanejo e tudo mais.
27:52Eu toco um pouquinho aí, a gente mostrando.
27:55E, enfim, os caras conhecem as músicas.
27:57Inclusive, regravam bregas em sertanejo,
28:00regravam, enfim.
28:01Então, o Brasil está conhecendo o brega
28:05e está aceitando e está entendendo
28:07que é um ritmo nacional.
28:09Concordo já, graças a Deus.
28:11Eu concordo com o Kim.
28:12Quando o Kim fala que a gente é o preconceito,
28:14a gente tem que conquistar.
28:16A gente esteve no Rio também.
28:17Eu acho que o Kim esteve no Rio, não foi, Kim?
28:19Foi, no show.
28:20Eu fiz com o Nelcinho também lá.
28:22Mas a gente até cantou em produtos diversos.
28:25Acho que é do Iba Majuzá,
28:27que foi gravado pelo Wanderlen Andrade.
28:30Por que fingir que não gosta
28:32Se no seu quarto você balança
28:35Quando ouve um brega você
28:37Não resiste e dança
28:38Não resiste e dança.
28:39Então, tudo o que é o nosso brega
28:41é colocado nas letras,
28:43prós e versos.
28:45Mas a gente tem que conquistar ainda muito.
28:50Eu lembro que, uma vez,
28:51quando a Cacalipse estava surgindo,
28:54houve uma entrevista da Preta Gil.
28:56Ela dizia assim,
28:57eu vou lá ver essa banda nova aí,
28:59a banda Cacalipse.
29:02E Cacalipse e a Joelma,
29:04hoje, realmente, conquistou,
29:06não só o Brasil,
29:07como fora do Brasil.
29:09E a gente precisa galgar isso ainda.
29:12E eu acho assim,
29:13quando a gente faz esse show,
29:15que o Dinho, que o Diogo,
29:17que eu fiz lá no Rio,
29:19com o Nelson, dois dias,
29:20a gente ainda faz muito,
29:22muito para a nossa comunidade paraense.
29:24A gente tem que fazer para os outros.
29:26É isso que eu digo.
29:28Olha, quando eu falo
29:30sobre o que nós vamos levar de positivo
29:33sobre esse momento que nós estamos vivendo,
29:35com essa disputa, entre aspas,
29:37entre Recife e o Pará,
29:39quem é mais brega,
29:40quem é dono do brega,
29:41quem é o rei, o príncipe e tal.
29:45Eu só vejo esse momento de uma seguinte forma,
29:47é de tirar proveito de tudo isso
29:49para mudar o futuro.
29:52Mudar o futuro.
29:53Mudar o futuro.
29:54O bom que está acontecendo.
29:55Que está acontecendo.
29:56Para que a gente venha mudar o futuro.
29:59Como você muda o futuro?
30:02Montando escritório em Belém do Pará
30:04que venha vender o seu artista com respeito,
30:06com qualidade econômica,
30:09econômica,
30:11cachê,
30:12cachê de verdade.
30:14Porque é muito bom.
30:16Você assistir um show de uma banda ali do Nordeste,
30:19aí o cara chega com duas carretas,
30:21chega com uma estrutura e você fica olhando.
30:23Olha, essa produção é legal.
30:26Aí chega o cantor parense só com o teclado dele
30:29e põe dentro do palco.
30:31Sabe por que ele chega só com o teclado?
30:33Porque a produção não quer pagar ele.
30:36A produção toda paga o de fora.
30:38Então, isso que eu brigo, isso que eu falo,
30:40tem que haver mudança para o futuro.
30:43Isso vai servir de muito bem para nós.
30:46Que o poder venha ver isso,
30:49que os escritórios de eventos de Belém do Pará venham ver isso,
30:53que eles massacraram a gente durante 30 anos
30:57não querendo pagar o nosso cachê.
30:59A gente toca em Tucuruí com o cachê digno da prefeitura,
31:02a gente toca em Marabá com o cachê digno da prefeitura,
31:05vai em Macapá com o cachê digno de prefeitura.
31:08Fizemos agora a Cará,
31:10nosso prefeito Pedrinho, um grande ser humano,
31:12botou,
31:13não, o preço de vocês é esse, eu quero, pronto.
31:15Acabou-se.
31:16Acabou-se.
31:17E aí você chega aqui em Belém,
31:19o cara quer te meter o cacete, massacrar, mano.
31:23Belém é a pior capital do Brasil para pagar seus artistas.
31:26Artista da terra.
31:28Que o que vem de fora ali do marinhão com tecladozinho
31:31leva R$ 150 mil no bolso.
31:33Entendeu?
31:34Então, tem gente que não tem coragem de falar certas coisas.
31:37E eu tenho.
31:39Porque tem que mudar o futuro.
31:41Mas o futuro só muda
31:43se as produtoras daqui chegarem com o governador do estado.
31:45Governador, eu quero um milhão de reais
31:48para fazer um evento de brega agora no Sírio.
31:51E esse milhão de reais,
31:53eu vou tirar o cachê do digno aqui de R$ 50 mil,
31:56o cachê do digno de R$ 50 mil,
31:57o cachê dele de R$ 50 mil,
31:59e assim distribuir dinheiro.
32:00Não pegar R$ 50 mil, distribuir com os cantores do digno
32:03e ficar com R$ 990 mil.
32:05Dá migalhas, não é?
32:06Você entendeu?
32:07Entendi.
32:08Porque é isso que sempre aconteceu há 30 anos.
32:10Eu já participei de vários festivais aqui em Belém.
32:13E é isso que acontece.
32:15O doutor Omid Gabriel,
32:16ele deu um milhão
32:18para fomentar o brega no estado do Paraíba.
32:21Eu estava lá na reunião.
32:23Inclusive, foi no dia que começou a sacada do 15 de outubro.
32:26Eu estava também a me ocupar de jogo.
32:27E o que foi que aconteceu?
32:29Sumiu o milhão.
32:31Fizeram três dias de evento,
32:33dando R$ 500 para cada artista.
32:36Você entendeu?
32:37Então, a gente não tem que ficar falando do passado.
32:39Tudo bem.
32:40Porque eu sou em prol do futuro.
32:42Mas a gente tem que usar esse momento
32:44que nós estamos vivendo hoje
32:45para mudar o futuro.
32:47Para esse olhar ser diferente.
32:50Que a FUMBEL venha fazer registro com as pessoas.
32:53A doutora Silene Sabino, minha amiga,
32:55está com todo carinho para mudar isso.
32:57Então, nós, artistas,
32:59devemos nos agarrar com ela,
33:02que é uma pessoa do bem.
33:04A doutora Silene Sabino é uma pessoa do bem.
33:06E gosta do nosso amor.
33:07E gosta do nosso brega.
33:09Então, nós temos que nos agarrar com ela.
33:11Porque ela pode fazer o futuro diferente.
33:14Ela pode.
33:15É através do irmão dela,
33:17nosso amigo Celso Sabino,
33:19através do prefeito de Belém, Igor,
33:21através do governador Jádia.
33:23Então, ela pode.
33:24É onde é barbalho, aliás.
33:26O futuro pode ser mudado.
33:28Porque o passado a gente vai viver.
33:30E ela ficou pássima quando a gente falou
33:32a média dos nossos cachê, não é?
33:34Justamente.
33:35E, assim, ela não acreditou.
33:37Mas é o que eu digo.
33:38Então, podemos mudar o futuro?
33:39Sim.
33:40Chorar o passado, não.
33:41Justamente.
33:43Voltando ao assunto Recife,
33:45porque não tem como a gente fugir.
33:47Não, tem mesmo.
33:48Em 1900, o Ximbinha lançou o Acalipse,
33:51acho que no final de 1998, 1999,
33:53ali começando.
33:55E ele começou a fazer uns shows por Belém.
33:58Inclusive, no lançamento da banda Acalipse,
34:00eu estava tocando no Carrossel.
34:01Não tinha palco.
34:02Eu mandei buscar uma mesa de bilhar,
34:04botei na frente da aparelhagem,
34:05lá do Tupinambá.
34:06E o Ximbinha com a Jaima subiram no bilhar
34:08e cantaram lá para o pessoal.
34:10E a gente lançou aquele Dois Corações,
34:13que foi o primeiro CD deles.
34:15Então, quando o Ximbinha ganhou o Sul do Pará,
34:19Marabá, ali, Paraupebras,
34:20depois a gente teve a oportunidade de levar
34:22a banda Acalipse para o Nordeste.
34:25A primeira cidade que ele pensou em ir e foi,
34:29foi Recife.
34:30Só que ele chegou lá,
34:32ele não foi de cara limpa,
34:33dizendo assim,
34:34olha, eu sou a banda Acalipse,
34:35eu canto brega lá de Belém.
34:37Aqui para nós, gente,
34:39eu e o Kim, vocês vão concordar comigo,
34:41ele chegou lá maquiado de banda de forró
34:44para ele poder varar.
34:46Depois que ele varou, começou,
34:48aí ele foi mostrar que Acalipse era um ritmo daqui,
34:50uma vertente do nosso brega.
34:52Verdade ou mentira aqui?
34:53Verdade.
34:54Confirmo e assino embaixo.
34:56Ou seja, ele não chegou em Recife totalmente
34:58dizendo que ele era banda de brega,
35:00porque não sei o que poderia acontecer.
35:03Uma coisa que eu acho muito linda com o Pará,
35:05com a nossa história,
35:06da nossa música Brega no Pará,
35:08que durante muito tempo,
35:09muito tempo mesmo,
35:11nós fomos mais fortes aqui.
35:13Nós tivemos mais força dentro do nosso estado.
35:16Nós tivemos o Xodó,
35:18que nós fechávamos a BR-316
35:21com o projeto Brega Pai D'Égua do Fernando Belém
35:24e a nossa companhia.
35:25Nós tivemos o Oleolá,
35:27nós tivemos Pororoca, fechando a cena do Olemos,
35:30Palácio dos Bares,
35:31ou seja, hoje acabou, mano.
35:34Acabou.
35:35Naquela época, a música nordestina
35:38batia em Castanhol e batia em Tucuruí,
35:40não entrava em Belém.
35:41Hoje, nós estamos sufocados,
35:44de novo, dentro da nossa capital.
35:47Hoje, as rádios têm mais programa de música
35:49de fora do estado do Pará
35:50do que música paraense.
35:52Então, tudo isso tem que ser revisto, viu, Matheus?
35:55Para o futuro.
35:56Era para ter um projeto de lei das nossas autoridades?
36:00No caso, os deputados estaduais, através da LEPA,
36:03fazer um projeto que teria que ser obrigatório,
36:07toda e qualquer rádio que se estabelecesse aqui no nosso estado,
36:1160% tinha que ser programação Brega.
36:14Não adianta, Dínio, não adianta.
36:16A lei vai ser aprovada e eles não vão...
36:18Ah, mas aí vêm as penalizações.
36:20A lei do COVER nos bares.
36:22Do COVER, sim.
36:23Não funciona.
36:24É uma lei que não funciona.
36:26Mas não é lei.
36:28Eu acredito em música.
36:30Eu acredito em música, eu acredito em show,
36:33eu acredito em apelo direto com o povo.
36:36Direto com o povo.
36:37Isso, sim, isso resolve.
36:40Então, eu acho que a gente espera...
36:42Então, tem que fazer projetos culturais
36:44de apresentações dos cantores e bandas.
36:46Eu espero que esse momento agora,
36:48que essa grande polêmica que está gerada já
36:52através de Recife e Belém,
36:54sobre esse Brega que nós sabemos que é nosso,
36:56por mais que a gente venha a perder esse título,
36:59porque eu estou vendo muito fraco essa movimentação,
37:02por mais que a gente venha a perder,
37:04mas a gente sabe que isso é nosso,
37:06nós sabemos disso,
37:07e nós esperamos que mude o futuro.
37:09Entendeu?
37:10Que mude o futuro,
37:11que a música venha a ser respeitada,
37:13venha a ser de verdade paga,
37:15por mais que eu não venha a receber esse cachê,
37:17mas as crianças precisam de isso no futuro.
37:19Eu estou observando que cantores daqui
37:21não estão querendo dar cara a tapa não sei por quê.
37:24Rapaz...
37:25São poucos aqueles que estão indo para as redes sociais,
37:28esclarecendo, falando, questionando.
37:31São poucos.
37:32Mas tem uns aí que estão se escondendo,
37:34não sei o motivo.
37:35Mas, enfim...
37:38Eu, particularmente,
37:39não sei se não é falso medir o tempo, Matheus,
37:41mas, primeiro, agradecer, viu, amigo?
37:43Porque é importante, não é?
37:44Não, é muito importante a gente debater,
37:46é muito importante a gente falar, esclarecer.
37:49Eu sou falador natural.
37:51Esclarecer, trazer isso ao público.
37:54Entendeu?
37:56E a gente precisa disso também,
37:58desse mega microfone da Liberal,
38:01de qualquer rádio que traça,
38:03a gente realmente tem que mostrar a ideia
38:05para o público também se posicionar.
38:07Entendeu?
38:08E o público também,
38:09levando isso para o nosso senador,
38:10para o nosso deputado,
38:11fazer uma pressãozinha, não é?
38:13Para realmente olhar com um olhar mais clínico
38:15para a nossa cultura.
38:17É como o Kim falou, não é, cara?
38:18A gente tem que tirar proveito dessa situação.
38:22Eu esqueci o passado.
38:24Visualizar o futuro.
38:26E esse assunto foi muito bom,
38:28porque esse é um assunto que está no para-todo.
38:31Complexo.
38:32O para-todo está debatendo sobre isso.
38:34Em relação a alguns artistas,
38:36se omitirem, digamos as vezes,
38:39porque o camarada já está tão desacreditado em tudo,
38:44nisso que o Kim abordou,
38:46não vou nem falar nada tal,
38:48mas nós aqui,
38:49eu me considero um operário do brega.
38:51Entendeu?
38:52Porque sempre gravei brega.
38:53Foram 14 discos,
38:54sempre falando do brega.
38:56Sempre te toquei.
38:57E agradeço muito aqui...
38:58Sempre te toquei.
38:59E agradeço...
39:00Tenho dois camaradas que são divisores de água na minha vida.
39:03Primeiro, o Chiminha,
39:04que gravou comigo,
39:05fez um jogo,
39:06já mudou um pouco,
39:07porque eu sempre fui muito autoral.
39:08E o Chiminha,
39:09que me apresentou o Kim.
39:10O Kim foi o cara que compôs,
39:11fez o meu modo de cantar,
39:13o estilo.
39:15Foi ele que modificou com Voa Gaivota,
39:17Minha Cinderela e outras músicas que ele compôs.
39:19Reencontro.
39:20Entendeu?
39:21Então, alguns se omitem,
39:23talvez, por se sentirem desprestigiados também.
39:26Não estou nem aí.
39:28Mas nós não.
39:29Nós queremos, sim,
39:30que pelo menos esse debate se estigue até as autoridades,
39:34que elas repensem e pensem,
39:36olhem com mais carinho para o futuro.
39:38Não só o Diogo.
39:40O Kim está completando 60 anos.
39:42Nesse final de semana,
39:43eu já estou com 62,
39:44vou para 63.
39:45O Chico deve ter 40 anos,
39:47que é muito jovem.
39:49Eu, 56.
39:51Então, nós estamos olhando com carinho para essa geração que está aí.
39:57Está chegando agora.
39:58Precisa ser reconhecido.
40:00Tem que receber um cachê mais digno, sim,
40:02para poder levar o produto bom para o palco.
40:05Como é que o cara vai levar uma banda completa
40:07com um cachê que dá para pagar o Uber dele?
40:09Isso aí tem que ser pensado.
40:11Kim, Diogo, Chico, Matheus,
40:14se eu não me engano,
40:15se houver questionamento das autoridades aqui do nosso Estado,
40:19o presidente talvez não sancione.
40:22Não vai ser sancionado.
40:23Vai acontecer uma pesquisa.
40:24Não vai ser sancionado.
40:25Eles vão se aprofundar.
40:26Cabe recurso.
40:27Cabe recurso.
40:28Eu vejo que tem que fazer isso mesmo,
40:30para, de repente, chegar a um denominador comum
40:35e chegar à conclusão de que, realmente,
40:37de onde é o brega?
40:39De onde ele veio?
40:40Onde começou?
40:41Como?
40:42De que jeito?
40:43Você vai ver quem é que merece esse título
40:46de capital nacional do brega.
40:49Mas Belém do Pará, posso lhe dizer,
40:51que é a capital.
40:52Não, eu volto a falar de novo.
40:55O início da minha palavra foi quem decide isso,
40:57é o povo.
40:58E o povo já decidiu isso há muito tempo.
41:00Há muito tempo.
41:01A música é do Pará.
41:02A música é do povo paraense.
41:03Não adianta você querer falar
41:05que a camisa do Flamengo não é preta e vermelha.
41:08Não adianta.
41:10Botar um urubu, que é todo preto,
41:12e vamos falar que é preto e vermelho.
41:14Então, acabou-se, mano.
41:15A gente discute, a gente fica realmente ferido
41:18pelo tempo que a gente dedicou a esse estilo musical,
41:22sem mudar, sem virar camaleão de tal,
41:25o tempo todo saindo de um lado para o outro.
41:27Não, nós temos uma carreira formada,
41:29eu, o Diogo, Edson Moreno, o Valdelê Andrade,
41:32o Chico, o Nelsinho.
41:35Nós temos, nesse ritmo musical,
41:38diretão mesmo, brega diretão,
41:41sem medo, sem arrependimento
41:44de ter feito a nossa carreira nessa linha,
41:48mas que, se perguntar para quem tem alguma coisa
41:51que dói aqui dentro, tem,
41:53porque poderia já estar muito melhor.
41:56E não esteve por falta de apoio local,
42:00de coisas daqui, de dentro do estado do Pará.
42:04Eu coloco na minha mão, nos dedos,
42:06e começo a falar os artistas que saíram do Pará.
42:09Nenhum.
42:11Só para finalizar, eu vou botar aqui rapidinho.
42:14Alipe Martins, rasgou para Fortaleza.
42:18Beto Barbosa, rasgou para Fortaleza.
42:21Chimbinha, rasgou para Fortaleza.
42:24Para Recife.
42:25Nordeste.
42:26Aí nós vamos botar, acho que estão aqui,
42:28que não são daqui mais.
42:29Zaynara, Escritório do Rio de Janeiro.
42:31Viviane Batidão, Escritório de Fortaleza.
42:33Manu.
42:34Manu Batidão, Escritório de Goiânia.
42:36Joelma, Escritório.
42:37Ela é safadão.
42:39Mano, está na cara de todo mundo.
42:41Não tem nada que está no cenário nacional hoje.
42:45Vim com o Laudalpará, não está nada.
42:47As bandas que ficaram aqui...
42:49Eu escutei uma coisa espetacular da Viviane essa semana agora.
42:52A Viviane dentro do ônibus dela
42:54e se despedindo de Belém, do Pará,
42:57para ir fazer um show da Virada Cultural de São Paulo.
43:00E ela, dentro do ônibus dela,
43:02uma frase que eu sempre disse,
43:03essa frase eu queria ouvir na minha vida.
43:05Era um artista paraense dizer
43:08que estava saindo de Belém, do Pará,
43:11para fazer um show em outro estado,
43:14lá em São Paulo, na Virada Cultural.
43:17Por quê?
43:18Nenhum artista sai de Belém, mano.
43:20Todo artista tem que sair de Belém para sobreviver lá fora.
43:23E de lá, sim, a sua carreira desmanca.
43:25Pinduca.
43:26Está aqui, Pinduca, aqui de Belém.
43:28Pinduca sai de Belém? Sai.
43:30Mas ele tinha que ser rei aqui dentro também,
43:33porque o nome rei ele tem.
43:35Mas eu continuo falando.
43:37Sem demagogia, sem balela,
43:39sem aqueles nhe-nhe-nhe,
43:41sem aquele abracinho.
43:43Oba-oba.
43:44Oba-oba, abracinho.
43:45Não, vamos ser sinceros.
43:46Vamos colocar fruta quente, mano.
43:48Fruta quente, uma banda...
43:49Quando eu vi fruta quente no programa da Hebe,
43:51eu digo, agora estourou no Brasil.
43:54Voltou para Belém, procurou apoio em Belém,
43:57aí ficou naquele muro e continua até hoje vivo.
44:00Bando Ariloma é um espetáculo.
44:02E, Kim, uma banda que atravessou gerações.
44:04Sayonara.
44:05Sayonara.
44:06Outra banda que...
44:07Ou seja, é muito simples você olhar o cenário
44:10da música do Estado do Pará
44:12e ter uma leitura mínima.
44:14Quem ficou no Pará, parou.
44:16Quem rasgou, continuou a carreira.
44:18Eu falo mais, Kim...
44:19É simples.
44:20O Kim, não é porque eu estou na frente dele,
44:23mas eu vou falar uma coisa de vocês de bastidores.
44:25A gente foi fazer um show em São Paulo,
44:28eu e o Kim lá no CTN,
44:30e causou de gravar um programa nacional lá,
44:33na outra TV lá.
44:36Mas os caras foram atrás da história do Kim primeiro.
44:39O Kim estava lá,
44:42e buscaram que o Kim tinha sucesso nacional,
44:44com a Matacalipso e tudo mais.
44:46Depois do show que me convidaram para fazer com o Kim.
44:48Mas quem ia gravar era o Kim mesmo,
44:50era só o Kim.
44:51Porque eles foram lá e viram com a história do Kim,
44:53ou seja, o respeito que a gente tem,
44:56que às vezes a gente sente que não tem aqui.
44:58Mas eu falei para a produção do programa.
45:01Eu vou, mas o meu amigo Chuco Salles vai comigo.
45:05E foi.
45:06Foi.
45:07E cantou bonito.
45:10Então eles buscaram lá a história do Kim,
45:13e virou toda uma questão realmente de sucesso dele na banda caribe.
45:18Isso é tão bacana, gente.
45:20E casou a nossa participação no programa todo,
45:24com a história de outro e matéria aqui do Pará.
45:27Isso é muito bacana, gente.
45:29E eu fiquei deslumbrado.
45:30É a primeira vez que gravei realmente uma TV nacional.
45:33Não vou mentir.
45:34Nunca tinha gravado.
45:35Nem gravado aqui no Liberal,
45:36gravado de outros, mas nacional mesmo eu nunca.
45:39Isso para mim foi ótimo.
45:40Muito obrigado, Kim.
45:41Não, mano.
45:42E eu falo isso para todo mundo.
45:44Conheça a história dos cantores,
45:46conheça a história das pessoas.
45:48Porque, mano, se você for falar assim,
45:50Edilson Moreno, canta só a Sucesso Teu,
45:53a gente vai ficar aqui olhando.
45:54Ele canta uma atrás da outra.
45:57Sucesso, mano, é sucesso.
45:59Uma atrás da outra é sucesso.
46:00Agora imagina como a gente fazia, né, Diogo?
46:03Tony, vai, canta só a Sucesso.
46:06Mano, a gente passava o dia inteiro escutando o Tony cantar.
46:09E Kim?
46:10Ou seja, essa história é muito grande.
46:12Não cabe, não cabe essa história.
46:15Você citou o nome do Tony.
46:16Não cabe essa história.
46:17Do saudoso Tony Brasil.
46:19Dias antes dele partir,
46:22antes de acontecer, principalmente,
46:24antes de acontecer o AVC que ele pegou, né?
46:27Isso mesmo.
46:28A gente se encontrou na frente de uma loja de carro,
46:30ele estava querendo comprar um carro,
46:32e a gente começou a conversar.
46:33O Tony estava decepcionado, que não tinha incentivo.
46:38Ele reclamando, porque, poxa, de muito tempo,
46:41as pessoas não valorizam o trabalho.
46:44O Tony vinha decepcionado com o movimento,
46:47com, digamos assim, o feedback que não tinha,
46:52o olhar que tinha que ter, que tem que ter,
46:55que tinha, não, que tem que ter pelo artista para esse.
46:57Mas é isso que eu continuo e volto a dizer.
46:59Você ama o Dinho, você é fã do Dinho.
47:02Prestiginho.
47:03Vá na agenda do Dinho,
47:05veja onde ele está no final de semana,
47:06e vá lá com ele, dá um abraço.
47:08Exatamente.
47:09Vá olhar ele tocar, vá curtir a música.
47:11Você gosta do Kim? Onde o Kim está ali?
47:13Vá lá, cara.
47:14Não fique só falando, é o dó do Kim.
47:17Eu usei uma expressão muito louca sobre a quicinha.
47:20Você pergunta para a pessoa,
47:22você é cristão, você é evangélico?
47:24Eu sou evangélico.
47:25Qual é a igreja?
47:27Eu não vou na igreja.
47:28Porra.
47:29Aí você pergunta, você é cristão, não é?
47:32Eu sou cristão.
47:33Qual é a igreja que você frequenta?
47:35Eu nenhuma.
47:36Que cristão é esse, mano?
47:37Não.
47:38A mesma coisa o cara falar,
47:39eu amo o Brega,
47:41mas não vai assistir o Kim,
47:42não vai assistir o Diogo,
47:43não vai assistir o Xuxa.
47:44Já que você colocou religião aí,
47:46eu sou católico,
47:47mas toda semana eu frequento a minha igreja.
47:49Inclusive, sou devoto de Nossa Senhora de Pepé Socorro,
47:51quer dizer, católico apostólico romano,
47:54quer dizer, eu pratico realmente o meu catolicismo.
47:58E eu sou mais.
48:00Eu sou católico,
48:01vou na igreja de Nossa Senhora de Pepé Socorro
48:04às terça-feiras,
48:05vou na igreja de São Raimundo aos domingos,
48:07e quarta-feira eu estou com o Pastor Lourival
48:11na Igreja Sagrada,
48:12na Catedral da Família,
48:13aqui na Barão de Guarapé Mirim,
48:15que é o maior espetáculo de música de Deus.
48:18Você é ecumênico, né?
48:19Música de Deus,
48:20música de Deus,
48:21porque, cara, nós temos,
48:23nós temos que ser Deus.
48:25Onde falar de Deus é bom a gente estar.
48:27Né, Kim?
48:28É, justamente.
48:30Sim, Matheus.
48:31Meninos, para finalizar,
48:33o que vocês esperam da música paraense do Brega?
48:36No futuro.
48:38Olha, eu espero direitos autorais.
48:40Bastante direitos autorais
48:44que o povo venha seguir o Kim no Instagram,
48:48seguir o Kim no YouTube,
48:50porque é assim que o povo ajuda o artista.
48:53É assim.
48:54É isso que eu digo.
48:55É assim que o povo ajuda o artista.
48:57Cara, eu tenho no meu canal do YouTube 10 mil seguidores.
49:00Será que é só 10 mil seguidores?
49:02Só 10 mil pessoas que gostam do Kim?
49:04Aí você vê o menino ali fritando um peixe,
49:07tem um milhão e meio de seguidores.
49:10Você entendeu como funciona?
49:12Que negócio é esse que você ama
49:14e não vai lá dar uma curtida na página do YouTube do Kim?
49:17Alguma coisa errada não está certa.
49:18Que você não vai no Instagram do Kim e se inscreve.
49:21Então é isso que eu não acredito, cara.
49:23Que diabo de amor é esse do povo
49:26pelo artista que você...
49:28Aí você vai no Instagram do Edson Moreno,
49:30me siga comigo.
49:31Aí você vai no moleque que com uma bateria de lata
49:34está tocando...
49:355 milhões.
49:38Alguma coisa errada não está certa.
49:39Alguma coisa está errada.
49:40O moleque está certo, porque ele soube ganhar os views.
49:45Eu espero valorização...
49:46Eu também.
49:47...da nossa música, da nossa cultura,
49:49dos artistas, das bandas.
49:52Eu, no caso, que não sou cantor,
49:55mas eu sou o que toca.
49:58Que sempre toquei eles e que vou continuar tocando.
50:01Que a gente vai continuar fazendo esses shows, essas festas.
50:04Espero valorização por parte principalmente das autoridades
50:08para que possam abrir os olhos agora,
50:10já que está acontecendo tudo isso, já aconteceu.
50:13Bora abrir os olhos e bora valorizar.
50:16Valorizar a nossa música, valorizar a nossa gente,
50:20valorizar o pessoal daqui.
50:22Isso é importante demais nesse momento.
50:24Obrigado.
50:26Olha, gente, é o seguinte.
50:28Hoje, conversando com o Kim sobre trabalho, sobre projetos,
50:31e o Kim está com um projeto muito bom.
50:33Isso aqui é direcionado aos empresários.
50:35Está com um projeto muito bom.
50:38Vários projetos, na verdade, não é, Kim?
50:40E o que eu quero falar é o seguinte.
50:42Eu quero que os empresários olhem com mais carinho para o artista local
50:47e aceitem conversar com a gente,
50:48dar uma analisada dos nossos projetos, entendeu?
50:50Porque tem aí o ICMS,
50:52o imposto que você está pagando o governo,
50:54pode investir em projetos culturais.
50:57E eu espero que mais jovens venham a participar,
51:01a fazer esse engajamento no brega,
51:03para que a gente tenha um futuro maior.
51:05Hoje, eu canto muito no Baile da Saudade,
51:07mas eu sempre falo, vamos gravar coisas novas,
51:10porque daqui a pouco o Baile da Saudade virou Baile da Saudade e pronto.
51:13Então, eu espero que o Kim componha uma música para mim nova esse ano também,
51:17para me gravar e ser sucesso de novo.
51:19Espero que esse tema, esse debate de hoje aqui,
51:22ele surto efeito e chegue até as autoridades
51:25para que se empenhem e valorizem mais e com o Kim falou.
51:28Olhem para o futuro com mais carinho.
51:31Eu espero, espero que nesse momento aqui da Copa,
51:35eu acho que realmente mais valorização para o nosso artista.
51:37Eu espero que o governador autorize vários projetos
51:40para nós cantar para o público de fora,
51:42que a gente realmente cante.
51:44A gente canta quase todo final de semana
51:46para o nosso público aqui na nossa região,
51:49mas como vai estar a galera de fora que leve a nossa música.
51:52Espero que a nossa Selena, que daqui a pouco eu tenho uma reunião com ela,
51:55que abraça mais, que realmente traça os nossos projetos,
51:58que faça o nosso brega ecoar em todos os bairros de Belém,
52:03que isso tem que ser agora na Copa.
52:06Como faz o São João do Nordeste.
52:09O São João do Nordeste, assim como é o carnaval na Bahia, em Salvador,
52:13quando é o carnaval, não é só ali na Orla,
52:17em todos os bairros tem as bandas que não podem estar.
52:20E assim que faça aqui na Copa,
52:22que faça com o nosso brega, nosso techno-marriage,
52:25nosso carimbó, em qualquer canto,
52:28que ecoe a Copa, mas ecoe a nossa cultura também.
52:32Só para...
52:33Eu deixei um recadinho que eu já ia esquecendo.
52:36Eu gostaria, inclusive, de mandar uma mensagem
52:40para o governador,
52:42para as pessoas que estão na frente do projeto Pararraia,
52:46e que o Pararraia não venha raiar só para os nordestinos,
52:51que o brega esteja lá raiando também,
52:54raiando que o povo esteja lá junto.
52:57Isso também esperamos para o futuro.
53:02Bom, Diogo, Kim, Chico, DJ, Dinho,
53:07muito obrigado por terem topado essa conversa.
53:11E também obrigado a você que acompanha a gente,
53:13muito obrigado pela sua audiência,
53:15e até a próxima.
53:16Tchau!