Atual ministro da Previdência deve apoiar a CPI do INSS? Braun analisa

Jovem Pan News

15/05/2025

O ministro da Previdência, Wolney Queiroz, prestou depoimento nesta quinta-feira (15) ao Senado Federal, durante audiência na Comissão de Transparência. A sessão teve como foco as fraudes contra beneficiários do INSS. Em meio aos debates, Wolney e o senador Sergio Moro (União-PR) protagonizaram uma troca de acusações. A comentarista Helen Braun analisou o assunto.

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00:00Vou começar aqui com a jornalista Ellen Brown.

00:03Ellen, eu queria saber o seguinte, o ministro Volney Queiroz estava presente na reunião

00:10realizada em 2023 e tomou conhecimento direto de que estavam ocorrendo fraudes nos descontos

00:20de aposentados e previdenciados do INSS.

00:25Ele tomou conhecimento direto, ele está dizendo que o Sérgio Moro teria que ter tomado conhecimento

00:30quando foi ministro da Justiça, mas ele tomou conhecimento direto e se omitiu.

00:35E ele foi coautor da emenda que acabou com a possibilidade do aposentado ratificar a autorização

00:43dos descontos a cada ano.

00:46Primeiro em 2019 passou a ser de três, três anos, depois nenhuma necessidade de confirmação.

00:52Como você vê a situação do atual ministro da Previdência Social, que foi o número

00:58dois, que estava juntamente com Carlos Lupe, tomou conhecimento com ele, se omitiu e ainda

01:04assinou uma emenda retirando do aposentado e pensionista a possibilidade de controlar os

01:08descontos.

01:09Ele está numa situação desconfortável, você acha que ele deve apoiar ou não a CPI?

01:14Situação desconfortável, eu não sei te dizer se ele estaria pela situação real que

01:19a gente vive hoje.

01:21Obviamente que, em termos de fato, se você estava nessa reunião, você tinha responsabilidade

01:27ali, soube e não fez nada, você no mínimo ali se omitiu na sua ação, é algo muito

01:32delicado.

01:32Mas por que eu digo que eu não sei se a situação dele é tão delicada assim?

01:37Porque o que a gente vive hoje é uma disputa de narrativas.

01:40Então, assim, quando o Sérgio Moro vai lá e cobra dele, ele diz, mas o senhor também

01:44já teve lá a sua responsabilidade e omitiu.

01:48E aí vai uma disputa de narrativas de começou no governo Bolsonaro, começou no governo Temer,

01:53mas aumentou no governo Lula.

01:54O que tem de fato real nisso?

01:57Tem de fato real?

01:59E isso me lembra porque esta manhã eu estava reunida com alguns investidores, né?

02:05Tentando discutir justamente por isso.

02:06Por que é tão difícil explicar certas coisas que são óbvias no Brasil?

02:10Lá em 2019, durante o governo Bolsonaro, quando começou a se discutir esses descontos

02:15de associações, já sob a argumentação de fraude, né?

02:21Sobretudo, houve um esforço do governo, da bancada de esquerda, que então era oposição,

02:27para relaxar os descontos para essas entidades.

02:30O deputado Carlos Veras, o Zé Cardiceu, todo mundo lá fazendo um esforço para que, no

02:39ajuste do INSS e das formas de fiscalizar, você pudesse relaxar de alguma maneira esses

02:46descontos por parte de sindicatos e entidades.

02:49E aí, o discurso usado pela então oposição, PT, Sol, PCdoB, era que o governo Bolsonaro estava

02:58retirando o direito de trabalhadores, né?

03:02E é isso que acontece toda vez que você tenta, de alguma forma séria, discutir os

03:06problemas do país.

03:08Você tem um discurso que surge, dizendo que você está tirando o direito de alguém,

03:14que você vai prejudicar o velhinho, quando, na verdade, você está tentando fazer um

03:18ajuste que é necessário.

03:20Por isso que eu não sei se o Valnei Queiroz está, de fato, numa situação tão delicada.

03:26Porque, daqui a pouco, ele consegue tirar um discurso ali da cartola que vira essa situação,

03:31que modifica essa situação, embora me parece bem mais difícil hoje.

03:36Eu tenho feito uma leitura e conversado com muita gente que está articulando o jogo político

03:40do ano que vem.

03:41Essa é a grande carta da manga de toda a direita e centro-direita, né?

03:45Esse escândalo do INSS, que, de fato, parece que começou lá no governo Temer, continuou

03:50no governo Bolsonaro, mas estourou no governo petista, vai ser muito difícil de ser explicado.

03:57Sobretudo porque houve uma consolidação, aquilo que a gente chamaria de uma espécie

04:01de lobby, né?

04:03E tentativa dessa esquerda de tornar mais difícil a fiscalização desses descontos,

04:09de facilitar esse tipo de desconto pelas entidades.

04:12Então, fica difícil explicar isso.

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