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  • 29/04/2025
Transtorno de personalidade borderline
Transcrição
00:00A maior dependência do borderline é porque ele depende do outro para se validar.
00:06Ele começa a entrar num território que, ao depender do outro, principalmente no campo afetivo,
00:12o que ele faz? Eu não posso perder essa pessoa.
00:15E aí ele começa a fazer toda uma vivência de controlar aquela outra pessoa para não perder,
00:21porque senão ele deixa de existir.
00:23Nisso ele vai sufocando o outro.
00:25E você tem um livro sobre borderline.
00:32Borderline.
00:33O que é? Qual a diferença disso para a bipolaridade, por exemplo?
00:37Muito. Apesar de ser muito confundido.
00:40Eu confundo.
00:41Por exemplo, o transtorno de personalidade borderline também é uma maneira de ser.
00:49Tudo que é transtorno de personalidade nasce com aquele tipo de funcionamento.
00:54Não vira depois.
00:56A bipolaridade não. Tem uma hora que ela abre.
00:59Ah, é?
01:00Ninguém nasce bipolar.
01:01Você tem uma tendência genética que, em algum momento, por algum gatilho, aparece.
01:07Entendi.
01:08Que, em geral, na bipolaridade, é ali entre os 25, 35 anos.
01:15É mais na vida adulta.
01:17Entendi.
01:17O transtorno de personalidade borderline, esse nome que foi dado inicialmente, que significa
01:24a borda, a beira, porque se confundia, achava que era um misto de neurose com psicose.
01:31Por quê?
01:33Porque o border, ele tem uma... diferente do psicopata, o psicopata é 100% razão, zero
01:42emoção.
01:43O border é o contrário.
01:45Ele é quase 100% emoção, zero razão.
01:48É muita emoção.
01:49É muito.
01:49Ele capota.
01:50A emoção suplanta a razão e o fusca.
01:54Uma muito.
01:55Disparado.
01:55Então, por isso que ele tem uma intensidade.
01:58Então, ele tem aqueles ataques de raiva, de fúria.
02:02Ele fica cego de raiva.
02:04Entendeu?
02:04São pessoas extremamente...
02:06Por exemplo, são pessoas extremamente agradáveis quando não têm um envolvimento afetivo.
02:13São amigos divertidos, são pessoas inteligentes, rápidas.
02:17Mas, assim, o border, ele não se vê uma pessoa inteira.
02:22Ele tem um vazio, ele tem essa consciência desse vazio que torna ele dependente do outro.
02:29É um vazio psicológico?
02:31É um vazio existencial.
02:33Existencial.
02:34É como se ele precisasse do outro para se validar como alguma coisa.
02:38Ele consegue preencher esse vazio com religião, com droga, com outras coisas ou não?
02:44Pode, pode.
02:45Ele pode se tornar um fanático religioso, ele pode se tornar dependente, mas não dependente
02:52por prazer.
02:53É para tirar aquela...
02:54Aquela sensação.
02:55É muita angústia.
02:57É muita angústia.
02:58É uma angústia que consome.
03:00Que consome.
03:01É porque...
03:02Sabe uma sensação de que você não é alguém?
03:07É como se você precisasse que alguém dissesse...
03:10Pô, cara, você é bom.
03:12Olha, você tem talento.
03:14Você acredita em você.
03:16É uma pessoa que ela...
03:17Ela faz uma coisa...
03:20Ai, estou bem.
03:21Daqui a pouco ela...
03:21Não, mas isso não vale nada.
03:23Isso não tem valor nenhum.
03:25Então, a maior dependência do borderline é porque depende do outro para se validar.
03:32Entendi.
03:32E aí começa a entrar num território...
03:34Nossa, isso é muito complicado.
03:35Muito.
03:36Porque começa a entrar num território que, ao depender do outro, principalmente no campo
03:40afetivo, o que ele faz?
03:43Eu não posso perder essa pessoa.
03:45E aí ele começa a fazer toda uma vivência de controlar aquela outra pessoa para não perder.
03:50Claro.
03:51Porque senão ele deixa de existir.
03:53Nisso, ele vai sufocando o outro.
03:55Né?
03:55Do tipo, por que que não atendeu meu telefone?
03:57Por que que não sei o quê?
03:58Por que que...
03:59Você sabe que eu preciso falar com você?
04:00Exatamente.
04:01Então, assim, tudo fica numa urgência.
04:03Ao mesmo tempo que ele agrada a outra pessoa, porque ele quer que essa pessoa...
04:07Ele sufoca essa pessoa também.
04:09Exatamente.
04:09Aí chega uma hora que a pessoa não aguenta aquela fiscalização, pede para acabar.
04:14Ele vai no chão.
04:17Ele vai no chão.
04:17Porque na cabeça dele ele vai deixar de existir.
04:20Acabou.
04:21Então, assim, é muita intensidade em tudo.
04:25Ao mesmo tempo, são pessoas extremamente afetuosas.
04:27Por exemplo, o Border adora bicho.
04:30Ah, é?
04:30É incapaz de fazer maldade de bicho.
04:33Assim, e bicho gosta de Border.
04:34É uma coisa interessante.
04:36É, cuidam como ninguém.
04:39Aí você vai dizer, poxa, mas como é que cuida?
04:41Porque, olha que interessante.
04:43No cérebro do Border, se uma pessoa precisa dele para cuidar, depende dele.
04:50Então, não vai abandoná-lo.
04:53Entendi.
04:53Entendeu?
04:56E como...
04:56E tem tratamento para...
04:58Tem.
04:59O Border tem tratamento.
05:01Aí é.
05:01Porque, assim, ele sofre muito.
05:03O Border deprime por uma exaustão.
05:07Porque você imagina...
05:08Por um ato não respondido.
05:11Exatamente.
05:12Qualquer frustração toma uma dimensão absurda, entendeu?
05:15Entendi.
05:16Agora, são os melhores atores, atrizes.
05:20Porque, assim, olha, imagina o seguinte.
05:23Em não sendo nada, essa pessoa sendo artista,
05:28ela não é capaz de representar.
05:30Ela é um personagem.
05:31Tanto que os atores e atrizes, os Borders,
05:35quando fazem um grande filme, um grande personagem,
05:38eles têm dificuldade depois de deixar de...
05:39Continuam vivendo a vida daquele personagem.
05:41Você já não ouviu falar isso?
05:42Sim.
05:43Ela ficou um ano se comportando como se fosse aquele personagem.
05:48Porque eles vivem.
05:49Trouxe um sentido para ela.
05:53Total.
05:54Porque ele existiu.
05:55Ele pegou um script ali.
05:57Todo mundo acreditou naquilo.
05:58Todo mundo acreditou.
05:58Ele viveu em função daquilo.
06:00Marilyn Monroe era uma pessoa.
06:03Borderline.
06:03É.
06:04Amy Winehouse.
06:05Também.
06:06Aquela dependência pelaquele cara.
06:08Total, né?
06:09Total cega.
06:11E não precisava, né?
06:12E a pessoa não sabe.
06:13A dependência das drogas para acalmar aquilo.
06:16Nossa, que desespero.
06:17A Amy, cara, as pessoas olhavam a Amy como se fosse simplesmente uma drogada.
06:24É.
06:24A droga era a consequência.
06:26É.
06:26O foco não estava ali, né?
06:27Não estava.
06:28E que talento.
06:29Que genialidade.
06:31Eu me lembro que a primeira vez que eu ouvi a Amy, eu falei, o que que é isso?
06:35Não, eu também.
06:37Eu tive a sensação.
06:37Eu tive a sensação.
06:38Que voz é essa?
06:39Que que é isso?
06:40Ela coloca a alma dela na música.
06:44E você vê, em não sendo nada, ao ser uma cantora, aquilo...
06:51Então, como artista...
06:52São os melhores que tem.
06:53Porque entrega tudo, tudo.
06:56Porque imagina o seguinte.
06:57Eu não sou nada.
06:58Aí, de repente, eu...
07:00Eu me encontro.
07:01Eu me encontro em alguma coisa e as pessoas me aprovam por isso.
07:05Cara, é isso.
07:06Tanto que a única compulsão que um border...
07:10Eu brinco, quando eu começo a tratar border, eu falo, dois anos sem se relacionar.
07:14É?
07:14Aí eles olham pra mim.
07:15Não, não dá.
07:16Não, então...
07:17Vai procurar outro médico.
07:19É a primeira...
07:20Porque eu tenho que descobrir quem é você sem a outra pessoa.
07:24Ah, porque essa pessoa, ela muda também conforme o namorado ou a namorada.
07:28Total.
07:29Se é um namorado...
07:30Roqueiro?
07:31Vai saber de rock profundamente.
07:33Se é gospel, ela vai virar gospel.
07:35Menino, vai virar...
07:36Vai botar a roupa e vai fazer o discurso lá.
07:39Nossa.
07:40Porque é essa falta de identidade, entendeu?
07:44Então, eu falo, você só tem direito a dois vícios na sua vida.
07:49Mas, Bia, não vai rolar.
07:50Então, não vai rolar o tratamento.
07:52Porque eu tenho que descobrir quem é você.
07:53É?
07:54Você vem de relacionamento e relacionamento.
07:56Você já foi surfista.
07:57Você já foi crente.
07:58Você já foi...
08:00Metaleira.
08:01Metaleira.
08:02Quem é você?
08:03Exato.
08:04E aí, o medo.
08:06Ela falou, não sei.
08:07Você vai me matar.
08:08Porque eu não sou nada.
08:09Eu falei, vamos descobrir se nada.
08:10E a gente vai começar a botar alguma coisa.
08:12Aí, quando você vai buscar o talento.
08:15Porque, olha, quando fazem alguma coisa...
08:17É, né?
08:18Fazem.
08:20Fazem.
08:20Não faz pouquinho, não.
08:21E ao se moldar a outra pessoa,
08:24num princípio, deve ser o melhor relacionamento possível.
08:27A outra pessoa está fazendo tudo para me agradar.
08:29Nossa!
08:29Como eu gosto dessa pessoa, não é?
08:31Com certeza.
08:32Com certeza.
08:32Eu já tive um relacionamento assim.
08:34Com certeza.
08:34Que a pessoa vivia para me agradar.
08:35E você falava o quê?
08:37Nunca vai haver uma mulher como essa que vai me amar tanto.
08:40É.
08:40Não é isso?
08:40Você não amava ela.
08:42Amava o amor que supostamente...
08:44Só que chega um ponto que passa tanto do...
08:46Que você começa a ter medo.
08:47Caramba, não era para ela estar feliz.
08:49Olha o que aconteceu.
08:50Exatamente.
08:51Não, isso foi legal.
08:53E aí começou a me assustar isso.
08:54Exatamente.
08:55É isso que acontece.
08:56E aí, tão interessante, porque assim...
08:59E é difícil até para você terminar com essa pessoa.
09:01Muito difícil.
09:02Por quê?
09:03Existem dois tipos de borda.
09:05Existe a borda implosiva, que ela vai se detonar.
09:10E existe...
09:11Ela vai se...
09:12Ela vai...
09:13Guardar para ela.
09:14Ela vai se isolar.
09:15Ela vai tentar se autodestruir.
09:17E existe a explosiva.
09:19A explosiva vai perseguir.
09:21Vai dar escândalo.
09:22Vai dar escândalo.
09:23Vai dar escândalo.
09:23Vai dar apontaria.
09:25Vai no teu trabalho.
09:26Vai falar barbaridades.
09:29Mas entenda.
09:31Tudo por desespero.
09:32É.
09:32Nunca por maldade.
09:34Claro.
09:35E aí é o grande desafio.
09:37Por exemplo, quando você identifica qual o talento daquela pessoa.
09:41E você prova que ela é capaz de ficar dois anos sozinha.
09:45E ela existe.
09:45E aconteceu?
09:46Ela conseguiu...
09:47Por exemplo, no seu caso, a pessoa conseguiu ficar dois anos sozinha?
09:49Se não, não trato.
09:50E conseguiu?
09:52Se não, não trato.
09:53E a partir daí, ela entendeu quem ela era?
09:55Que ela existe.
09:56Porque eu falei, o outro tem que ser o complemento.
09:58Mas aí ela tem que achar hobby.
10:00Tem que achar qual o talento.
10:02É.
10:03O talento.
10:03O que ela gosta de fazer.
10:04O que gosta de fazer.
10:05Por exemplo, dizem isso.
10:07Eu não sei.
10:07Porque eu não li a vida tampa antes.
10:09Que a Madre Teresa de Calcutá era.
10:11É mesmo?
10:13E aí, a compulsão dela foi essa coisa do cuidar.
10:17Ajudar o...
10:18Faz sentido.
10:19Faz, faz.
10:19Porque assim, eles quando resolvem fazer alguma coisa...
10:23Vão ao limite.
10:24Não.
10:26Inimaginável.
10:28Por exemplo, o talento da Amy era...
10:30É.
10:31Você...
10:32Eu me lembro que a primeira vez que eu ouvi, eu falei, o que é isso?
10:35Aí quando eu fui ver a idade, eu falei, o que é isso?
10:37E em relação ao prazer?
10:40Essas pessoas têm prazer em se doar ou não?
10:44Elas têm necessidade.
10:47Não necessariamente prazer.
10:48Elas podem nunca ter tido prazer, mas elas vão fazer tudo que o outro quer.
10:53Por exemplo, no caso de uma mulher, ela pode não ter orgasmo e fingir orgasmo só para outra pessoa se sentir bem?
10:59Porque a dependência do outro, o que importa é o outro estar feliz.
11:04É não perder o outro.
11:06Mas acaba perdendo.
11:09Claro.
11:09Porque o outro...
11:10Chega uma hora que o outro fala assim, gente, não existe essa pessoa.
11:14Que eu faço tudo e aprova tudo.
11:17Tudo tá bom.
11:18Tudo tá bom.
11:19Então, por exemplo, um homem ou uma mulher bordo, porque tem homens também.
11:26Sim, sim.
11:27O percentual aí é o contrário.
11:29Tem mais mulheres do que homens.
11:31Também eu não sei.
11:33Um exemplo de homem famoso, bordo, talvez o Chalichin, sei lá.
11:40Lembra, né?
11:42Compulsão por sexo não tem nada a ver com borderline.
11:46Se esse sexo for para agradar o outro.
11:49Ah, tá.
11:50Não, então não.
11:50Por exemplo, sabe uma pessoa que, por exemplo...
11:55Não tô falando de você não, viu, Lenin?
11:56Eu olhei para você, mas não...
11:57Sim, sim.
11:57Só para deixar você tranquilo aí.
12:00Eu sei que você sofreu aí, que é o nosso tarado gospel aí.
12:08Tadinho.
12:09Tô concentrado aqui no assunto que vai ser nós.
12:12Mas você vai falar um assunto novo ou não?
12:15Não, não.
12:15Vamos lá.
12:16Sem falar o nome da sua ex, mas fala para ela as coisas que sua ex fazia aqui.
12:21É, tem um exemplo.
12:22Tem um que eu acho que é um dos mais...
12:25Que foi um dos mais perturbadores para mim.
12:28Foi que uma vez em uma briga, a gente discutiu.
12:31Eu estava indo embora.
12:32E aí ela ficava mandando mensagem para mim, dizendo...
12:34Ó, eu vou me matar.
12:35Eu vou me suicidar.
12:37Você vai ser culpado.
12:38Você vai ser culpado.
12:39Tô cortando meu braço agora.
12:41E assim, eu entrei em pânico, porque eu não conseguia me comunicar com ela, porque eu estava retornando para a minha casa.
12:48E uma outra vez também, a gente teve uma briga também, muito parecida.
12:54E houve uma situação em que ela também disse a mesma coisa e tal.
13:00E aí eu solicitei que fossem verificar a polícia e tal.
13:04E aí o policial falou, não.
13:07Chegou lá, está tudo bem.
13:08Não tem nada do que você está dizendo, não.
13:10E aí eu...
13:11Foi a partir disso que eu comecei a refletir sobre o relacionamento.
13:15E o próprio delegado falou para mim, olha...
13:18Eu acho melhor você se afastar desse relacionamento, porque uma hora você ou ela vai acabar cometendo um crime.
13:25Sim.
13:26E muitas vezes acontece do cara perder a paciência e agredir.
13:32E é como se...
13:34As explosivas é como se levasse a pessoa ao limite para ser agredida, para poder fazer uma queixa, para te punir, para você não abandonar.
13:44Nossa.
13:45Então, assim, é um território muito difícil.
13:49E, ao mesmo tempo, se você for lembrar, o início foi maravilhoso.
13:53Exato.
13:53Talvez tenha sido uma coisa que você nunca viveu.
13:58Assim, aquela primeira fase da paixão, você falava assim, cara, o que eu fiz para merecer?
14:04Porque, no início, é maravilhoso.
14:08O problema é quando elas criam a dependência.
14:10É.
14:11Eles também, né?
14:12É, claro, claro.
14:13Tem homens também.
14:14Claro.
14:15E aí
14:32E aí
14:32E aí
14:41E aí
14:42E aí

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