Iraq In Fragments theatrical trailer
- há 10 anos
http://filmow.com/iraq-in-fragments-t11231 Sunitas, xiitas e curdos iraquianos mostram sua cara nas três histórias exemplares que compõem o penetrante Iraque em Fragmentos, dirigido, fotografado e sonorizado por James Longley. Na primeira, um menino de Bagdá nutre relação de amor e ódio com seu patrão, espécie de pai adotivo. O pequeno sunita Mohammed, órfão de um ex-prisioneiro de Saddam Hussein, é literalmente o guia da câmera pelas ruas da cidade. Os closes de seu rosto meditativo, suas reminiscências de uma Bagdá aprazível do pré-guerra e ruminações dos infortúnios de agora organizam a narrativa.
Se Bagdá é cenário do retrato mais intimista, a sulista Sadr ambienta o episódio mais explosivo. O personagem central é um jovem ímã xiita, aguerrido pregador anti-ocidental. Cenas de autoflagelação nas ruas e uma sangrenta caçada a vendedores de bebidas por milícias radicais formam o clímax dramático do doc. O que fica sugerido, então, é que o discurso supostamente pacifista apenas encobre precariamente os fuzis em punho.
O contraste desse módulo com o terceiro deixa clara a editorialização do filme. A abordagem dos curdos, agradecidos pela ocupação estadunidense, é simpática e lírica, dominada por acolhedoras imagens de pôr-do-sol. Aliviados com o fim da opressão de Saddam, os curdos parecem ordeiros, democráticos e conformados ("Deus está sempre com os vencedores", diz um homem). Essa estrutura aparentemente "natural" de problema-ruptura-conciliação não deixa de ser um tanto manipulativa. De qualquer forma, a força do filme está em mostrar que, num Iraque mais dividido do que nunca, os velhos conflitos se perpetuam nos bastidores dos novos. Iraq In Fragments Iraque em Fragmentos
Se Bagdá é cenário do retrato mais intimista, a sulista Sadr ambienta o episódio mais explosivo. O personagem central é um jovem ímã xiita, aguerrido pregador anti-ocidental. Cenas de autoflagelação nas ruas e uma sangrenta caçada a vendedores de bebidas por milícias radicais formam o clímax dramático do doc. O que fica sugerido, então, é que o discurso supostamente pacifista apenas encobre precariamente os fuzis em punho.
O contraste desse módulo com o terceiro deixa clara a editorialização do filme. A abordagem dos curdos, agradecidos pela ocupação estadunidense, é simpática e lírica, dominada por acolhedoras imagens de pôr-do-sol. Aliviados com o fim da opressão de Saddam, os curdos parecem ordeiros, democráticos e conformados ("Deus está sempre com os vencedores", diz um homem). Essa estrutura aparentemente "natural" de problema-ruptura-conciliação não deixa de ser um tanto manipulativa. De qualquer forma, a força do filme está em mostrar que, num Iraque mais dividido do que nunca, os velhos conflitos se perpetuam nos bastidores dos novos. Iraq In Fragments Iraque em Fragmentos