“Se o Sócrates tivesse aguentado – politicamente era impossível aguentar-se na altura em que não queria pedir o resgate, naquela altura do PEC IV (é evidente que o governo dele, passadas 24 horas já todos lhe tinham tirado o tapete), mas no plano só da UE, daquilo que se conhece viu-se que tanto a Merkel como o então presidente do BCE, estavam aflitíssimos, estavam a ceder, iam ceder a Sócrates, a Portugal porque não podiam deixar o país falir, nem podem.
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Eu não estou a dizer que tenha feito bem ou tenha feito mal. Estou a dizer só o seguinte: Sócrates naquele quadro, teimosamente, disse ‘eles hão-de resolver o assunto’. Estava sozinho, já toda a gente lhe tinha tirado o tapete, o Presidente da República, o PSD também, o Passos Coelho, que de manhã lhe disse uma coisa e à tarde tinha dito outra e ele disse ‘não peço resgate nenhum, eles têm de resolver o assunto’. E o que se vê nessa altura o que se vê na UE é Merkel e o sr. Trichet a quererem ceder a Sócrates e a Portugal e a dizerem ‘nós temos de resolver o assunto, não podemos deixar o país ir à falência’.
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A história tinha sido outra se nós tivessemos pedido a renegociação. porque no Sócrates no fundo já depois de ter aceite o PEC IV, porque ele estava no fundo a tomar a atitude que tomou a espanha, que tem resgate sem ter pedido resgate, que aquele lapso de tempo mostrou, que da parte da união europeia eles estavam sem recuo, porque tinham de ceder, não podiam deixar o país ir à falência.”