00:00Na manhã desta terça-feira, Priscila, moradora de Cascavel, procurou a Segini para relatar as dificuldades enfrentadas no acesso à modificação da sua mãe, diagnosticada com esquizofrenia.
00:10De acordo com Priscila, a mãe necessita de medicamentos diários para controle dos sintomas da doença, porém, devido ao recesso do final do ano, os postos de saúde dos bairros e o Centro de Atenção Psicossocial, CAPS, estão fechados.
00:22Com a suspensão temporária dos atendimentos nesses órgãos, Priscila buscou auxílio na unidade de pronto atendimento da Tancredo Neves.
00:31Apesar da situação não se enquadrar a princípio como urgência médica, a impossibilidade de renovar a receita da medicação tornou o caso mais grave.
00:40Em entrevista à reportagem, Priscila detalhou a rotina de acompanhamento da mãe ao CAPS e a necessidade de renovação periódica da receita médica.
00:48A minha mãe faz acompanhamento no CAPS, ela tem esquizofrenia, desenvolveu faz alguns anos e agora nós temos uma consulta marcada para abril.
00:59Então, assim, um acompanhamento que eu sempre entro em contato com o posto de saúde e eles pedem para o médico renovar a receita dela.
01:07No caso, essa semana, os órgãos estão fechados, tanto o posto de saúde como o CAPS também.
01:11Aí eu vim aqui ontem, falei com o assistente social, ela pediu para que eu voltasse hoje com a minha mãe pela parte da manhã,
01:18para que o médico, ela entrasse em contato com o médico, ela passasse por uma consulta, né, e solicitasse essa receita.
01:24Já que a minha mãe já ficou internada aqui, eles têm tudo no prontuário dela, até essa medicação que hoje ela se encontra sem, né.
01:31É uma pessoa esquizofrênica, é idosa, né.
01:34Então, assim, está bem complicado e eu liguei nos órgãos, nem sabia que estava fechado essa semana, né, tudo se fechou.
01:41Então, assim, hoje ela passou pela consulta e o médico falou simplesmente para ela que ele entendia tudo que eu estava dizendo,
01:47que a gente tinha razão, mas que ele sentia muito que ele não podia fazer essa receita porque é um medicamento de uso contínuo, controlado.
01:54E já que tem mesmo no prontuário dela o nome da medicação, que é Aristabe, né, Aripiprazol,
02:00e que a gente, que eu ia ficar com raiva dele, mas que ele não poderia fazer essa receita.
02:05Por quê? Porque aqui é um órgão só para urgência.
02:08Só que não existe hoje um outro órgão que eu possa recorrer para pedir essas receitas,
02:13porque o posto de saúde está de férias coletivas, né, está fechado.
02:17E o CAPS também, que é onde esses pacientes que têm problema psicótico, né, eles também falam,
02:22não existe um plantão e não existe alguém que atende telefone.
02:25Eu fui até esses órgãos também, não tem ninguém lá.
02:27E ela vai ter que ficar, ele falou que ele sente muito, mas ele, como médico, ele não pode fazer a solicitação desse remédio.
02:34Essa medicação que ela toma, o que o governo dá, no caso, seria o Respiridona.
02:41E esse remédio faz muito mal para ela.
02:43Então, a gente, ele passa sempre uma receita do Aristabe, que é um medicamento parecido, que eu sempre compro, sabe?
02:48Além de eu comprar essa medicação, que o SUS não me fornece,
02:51tanto, é três medicações que sempre ela toma, sabe?
02:56Eu compro todo mês e ele falou para mim que, mesmo assim, ele não poderia fornecer essa receita, sabe?
03:02Então, assim, fica difícil, porque, assim, aqui só se trata de um caso de urgência, ele falou,
03:06mas seria uma urgência, já que o CAPS está fechado e os postos de saúde também.
03:10Aí eu estou indo para casa com a minha mãe aqui mal, sabe?
03:13Sem a medicação, ela tem ainda para dois dias, no caso, sabe?
03:17Eu vim com uma antecedência, falei com o assistente social e, mais uma vez, eles fizeram eu sair de casa,
03:22trazer a minha mãe, passar por toda essa consulta, né, pela triagem, para dizer que o médico não pode fornecer,
03:29que ele sente muito que eu ia ficar com raiva, né, mas que ele sente muito que ele também não pode fazer nada
03:34devido a uma lei que eles têm, que aqui é só para urgência.
03:37E qual que seria a não urgência da minha mãe, esquizofrênica, que toma uma medicação
03:42e que está praticamente sem a medicação?
03:44Diz que eles não podem fazer nada, que para mim é aguardar a semana que vem
03:48entrar em contato com os postos de saúde e com os órgãos responsáveis.
03:52Sem conseguir a receita na rede pública, a Priscila afirmou que busca agora uma consulta particular
03:57com um psiquiatra, o que representa um desafio financeiro.
04:00Olha, então, para conseguir uma consulta com um psiquiatra hoje, além de difícil, é caro, sabe?
04:05Então, assim, a única coisa que eu vim aqui foi pedir para eles, já que tem no prontuário dela,
04:09minha mãe já ficou internada aqui, sabe?
04:11É só eles olharem no prontuário. Ontem eu passei pela consulta com a assistente social,
04:17ela viu que estava ali, o nome da medicação, era só fazer uma receita de urgência, sabe?
04:22Uma receita, eu ia na farmácia, comprava a medicação, como sempre fiz,
04:25só que assim, consegui agora em cima da hora, sabe?
04:28Uma consulta que não custa menos hoje que um psiquiatra de R$ 700, sabe?
04:33E ainda achar que vai atender de um dia para outro, aqui não, eles têm todo no prontuário dela.
04:37Era só fazer uma receita, eu ia para casa com ela, comprava a medicação e pronto, sabe?
04:43Agora, para quê, sabe? Eu vejo assim, sabe? A falta de empatia, a falta de respeito com o ser humano, sabe?
04:49Eu uso pouco, sabe? Poucas das vezes que eu precisei trazer ela aqui, sabe?
04:52Mas num caso desse, onde está tudo fechado, não tem como ser diferente.
04:57Isso é muito triste, é uma falta de respeito com o ser humano, sabe?
05:00Com uma senhora, sabe? Ainda por esse tipo de coisa, sabe?
05:03Ontem a assistente social falou para mim que eu poderia vir aqui, hoje ninguém sabe de nada,
05:07assistente social não está, a outra realmente também para mim nem, sabe, não deu um pingo de atenção.
05:12O médico, sabe, também fez pouco caso, porque querendo ou não, sabe, ele disse para mim que ele entendia,
05:18que ele estava, que assim, ele entendia, ele achava realmente que é um absurdo,
05:23ela ter uma consulta para o mês 4 e não ter mais a receita, e não ter a receita do medicamento,
05:27mas ele também não pôde fazer nada, porque é fora do contexto deles que aqui se trata de uma urgência.
05:34Agora, como que não pode se tratar isso como uma urgência?
05:38Uma pessoa esquizofrênica, idosa, que está quase sem a medicação, o que custa para eles, entendeu?
05:43Ou para alguém falar, ou de repente até assistente social poder ter sido um pouco mais atenciosa, sabe?
05:49E ter um pouco mais de empatia por uma senhora, e olhar no prontuário e ver que a medicação está ali,
05:54que eu só precisava da receita para eu mesma comprar a medicação.
05:57Essa é a minha, sabe, a minha revolta e a minha, sabe, uma situação, assim, muito lamentável e triste.
06:05Fábio Vronsky para a CGN, Informação em Tempo Real.
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