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‘Meus filmes têm que ter a minha marca’, diz Kleber Mendonça Filho
TV Folha
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há 2 semanas
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00:00
Isso é feito aqueles programas americanos de proteção à testemunha.
00:13
Aqui a gente faz uma baby, jeitinho brasileiro.
00:18
O filme começa e termina com a palavra pirraça.
00:21
O que é pirraça no filme?
00:24
Qual é a pirraça do filme?
00:25
Eu acho que é uma mistura de um grande som da nossa língua portuguesa, pirraça.
00:32
É uma grande palavra.
00:34
Eu acho que ela tem um fator de época, se você olha para a palavra escrita pirraça.
00:42
Eu não sei porque, às vezes eu lembro de uma palavra que caiu em desuso chamada salafrário.
00:48
Então tem uma relação de época, de desuso.
00:52
E, claro, e aí fecha com o significado que é uma provocação, que é uma maldade.
01:01
E tudo isso junto, eu gosto do sonho de ver a palavra na tela do cinema.
01:07
Naquela tela larga.
01:10
Nossa história se passa no Brasil de 1977, uma época de muita pirraça.
01:16
Mas eu acho que é regional também.
01:18
Talvez tenha um aspecto regional.
01:19
A Bahia, até hoje, o povo fala pirraça.
01:22
Fala assim, esse menino é pirracento.
01:24
Esse filme está sendo lançado um pouco nessa cachoeira do que aconteceu ano passado com
01:31
A Rio de Estou Aqui.
01:32
Em outubro do ano passado não tinha essa loucura ainda acontecendo.
01:37
Eu nunca vi tanta gente numa coletiva de filme brasileiro.
01:40
Não tem tanto veículo.
01:42
Não tem tanto emprego pra gente que escreve sobre cinema.
01:46
Como é que vocês estão vivendo isso?
01:50
Eu acho que está na esteira do Ainda Estou Aqui.
01:52
Porque o Ainda Estou Aqui foi um filme que mobilizou.
01:56
Claro que tem a esteira do Cléber, do cinema dele.
02:00
Os filmes de Cléber sempre fazem bilheteria.
02:09
Ele faz filme que conjuga essa dicotomia mentirosa de que quando você fazer uma coisa boa, você
02:19
tem que atender a padrões.
02:20
E é que ele faz o filme do jeito que ele quer.
02:22
Os filmes dele vão bem de público sempre para o Brasil.
02:25
E os filmes também.
02:28
Mas eu acho que a gente, a esteira do Ainda Estou Aqui, é um fator.
02:32
Porque foi um filme saindo ali dos anos de Bolsonaro, sob ditadura, sabe?
02:39
Que fez um sucesso gigantesco no Brasil, no mundo e no mundo afora.
02:44
Que reconectou, eu acho, o brasileiro com o cinema nacional.
02:47
E eu acho que a gente se beneficia desse coisa também, desse empurrão.
02:54
Mas você acha que a união de vocês tem um peso também?
02:58
Acho, acho, acho também.
03:00
Eu, até como programador de sala de cinema, que é um trabalho que eu ainda exerço desde
03:06
1998, eu já observei muito a maneira como o público reage aos filmes de determinados
03:13
diretores e atores também.
03:16
É feita uma construção.
03:18
Às vezes o mercado consegue inventar algo do nada, que eu fico até um pouco espantado,
03:24
principalmente com ator.
03:25
Mas, no caso de Wagner, existe uma construção de muitos anos aí no teatro, na televisão,
03:32
no cinema, no cinema estrangeiro de Hollywood.
03:35
E aí agora ele volta para fazer um filme no Brasil.
03:38
Acho que isso tem uma força muito grande.
03:40
E aí?
03:45
É para completar?
03:52
Fica tranquilo, tá tudo em nós daí.
03:54
É pra completar?
03:56
Rapaz...
03:59
É, é pra completar, né?
04:03
O que é aquilo ali?
04:04
Isso foi... domingo.
04:07
Um infeliz aí veio roubar uma lata de óleo com uma peixeira na mão.
04:10
Aí veio dentro do menino que trabalha aqui à noite.
04:12
Pegou lá doze, deu dois TB.
04:14
Um na caixa dos peitos e outro na cara e não levantou mais.
04:18
Esse é um meliante. Mereceu.
04:20
Você, Wagner, eu já vi falando muito sobre preparação de ator.
04:24
Eu lembro que tinha uma época que tinha uma pessoa específica que trabalhava com você.
04:28
Ele trabalhou em Marighella.
04:30
Você tem um preparador de ator e teve esse trabalho nesse filme?
04:34
Eu sempre achei que esse era o trabalho do diretor.
04:37
Olha, eu não gosto da ideia do preparador de elenco.
04:41
Mas a indústria brasileira criou essa função.
04:44
E tem uma pessoa que eu amo muito, que é Leonardo Laca,
04:47
que obedece a essa nomenclatura dentro do organograma do filme.
04:52
Mas eu não o vejo como preparador clássico de elenco.
04:56
Ele é o meu parceiro de trocar ideias sobre...
05:01
A nomenclatura dele é maravilhosa, que vocês usam.
05:04
Pois é, eu prefiro a minha, que eu dei para ele, que é o diretor assistente.
05:09
Que eu acho que o coloca numa situação que eu acho até muito mais interessante.
05:14
Mas não era Consiglieri?
05:16
Consiglieri é...
05:18
É Consiglieri, é aquele Amilk que você diz, corta, aí você olha assim e diz...
05:23
Aí ele...
05:25
Aí você...
05:26
Consiglieri eu acho maravilhoso.
05:28
Então é alguém que você concorda com quem você desfruta de uma visão de cinema,
05:36
de uma visão humana, de uma maneira de lidar com...
05:40
Eu poderia fazer a mesma coisa com Wagner e dizer, tu acha que é ele...
05:45
Então é assim que se faz um filme, entendeu?
05:48
Agora, quando eu tenho que visitar oito locações, é muito bom saber que Léo está adiantando coisas.
05:56
Com Wagner, com Dona Tânia, com Alice, por exemplo, entendeu?
06:02
Aí eu chego...
06:03
E aí, onde é que a gente está?
06:05
Aí...
06:06
Não é exatamente assim.
06:07
E aí, todo o trabalho ele é feito.
06:10
Mas eu tenho que admitir que eu não gosto dessa escola que foi criada no cinema brasileiro,
06:15
que inclusive gerou resultados incríveis.
06:18
Se você pega a Pixote, a Central do Brasil, o Cidade de Deus,
06:22
que é a coisa da preparação de elenco.
06:25
E você, Wagner, ficou um bom?
06:27
Teve uma coisa que ela falou que é muito bom.
06:29
Marighella, eu trabalhei com Fátima Toledo, que é uma pessoa que eu trabalhei já várias vezes,
06:32
e que todos esses filmes...
06:34
Que tem um método radical.
06:35
Todos esses filmes que Cláber citou foram feitos por ela.
06:39
E com resultados muito bons.
06:41
Com resultados brilhantes.
06:42
Ela é um profissional que entrega um resultado incrível.
06:44
Marighella tinha, por exemplo, um elenco gigantesco.
06:46
Isso que Cláber falou.
06:47
Quando você tem uma pessoa que está trabalhando com o cinema, sensibilizando...
06:52
Porque pra mim é isso.
06:53
Você sensibiliza o elenco para aquela atmosfera, para aquele filme.
06:57
Aí você entrega para o diretor um elenco que já está molinho para aquele trabalho.
07:05
Entendeu?
07:06
Mas às vezes eu gosto.
07:07
Eu acho que sabe o que eu acho?
07:08
Eu acho que o que é o que funcionou, é bom, ótimo.
07:12
Entendeu?
07:13
Não tem erro.
07:14
Esse é ruim, esse é bom.
07:15
É que nem método de ator.
07:18
Tem ator que o método que se joga, pula...
07:21
Tem uns cara que chega e vem e faz.
07:23
Funcionou?
07:24
É bom?
07:25
É isso.
07:26
Mas o que eu chamo a atenção às vezes no cinema brasileiro é que algumas dos trabalhos
07:31
muito bem feitos da Fátima terminam tendo uma marca da preparação de elenco dela.
07:37
E é isso que eu não gostaria de ter no meu filme, tá?
07:40
Tem que ter a minha marca.
07:43
Eu não sou uma pessoa violenta.
07:47
Mas esse cara, eu matava ele com um martelo.
07:52
Bom, vocês dois já passaram por prêmios, acabaram de ser indicados por mais um.
07:58
Parabéns.
07:59
Mas foram premiados em Cannes, gente.
08:01
Premiado em Cannes é uma coisa louca, né?
08:03
Na carreira, assim.
08:04
É...
08:05
E Wagner, depois de tantos anos na indústria, eu vou te fazer uma provocação aqui.
08:09
Você tomou um banho de indústria?
08:13
Eu mesmo não.
08:14
Boa pergunta.
08:15
Não, não.
08:17
Eu vou buscando coisas boas, trabalhar com gente aqui, a Lures, com bons diretores, com
08:24
gente que eu quero fazer coisas que eu nunca fiz, falar língua que eu não sei falar direito.
08:29
É isso que eu quero.
08:31
É um negócio de banho de indústria, não.
08:34
É que no filme essa fala é dada num contexto horroroso, né?
08:39
É péssimo.
08:40
Mas eu acho que...
08:41
Não, nós somos artistas.
08:42
E cada dia mais, assim, eu fico pensando...
08:45
É meio pedante dizer isso.
08:47
Mas, assim, é isso que eu quero ser cada vez mais artista, entendeu?
08:51
E menos fazer parte, assim, fazer parte da indústria é meio...
08:56
Pra mim, o que eu digo é fazer parte de uma comunidade de artistas que produz coisas
09:02
e que essa indústria gera emprego, gera renda.
09:04
E eu acho isso muito maneiro.
09:06
Mas acho que a minha...
09:07
É por isso que eu volto pro teatro.
09:08
O teatro, quando eu volto pro teatro, ele me dá...
09:11
Ah, isso!
09:12
É por isso que eu faço isso.
09:14
Eu tento argumentar que cinema é teatro, né?
09:17
Mas ele fica só nessa de querer fazer teatro.
09:20
Que ator de teatro e mania, né?
09:22
Acho que quem é ator de teatro, eventualmente, tem que voltar pra ali, pra entender por que
09:28
que faz isso.
09:29
É, de todas as referências cinematográficas, que são umas coisas...
09:32
Que eu acho que tem até cortes de cena que são de época, né?
09:36
Que são um tipo de passagem de cena, assim, que o cinema atual não faz mais tanto.
09:42
Eu acho que tem uma declaração de amor ao filme Tubarão.
09:46
Sim.
09:47
Embutida.
09:48
Eu adoro Tubarão.
09:50
Eu acabei de visitar a exposição de Tubarão no Museu da Academia, que é uma exposição
09:54
que ele leva duas horas e meia pra visitar.
09:57
É um arquivo vivo da história daquele filme.
10:00
E é um grande filme.
10:02
É como eu falei, eu venho de uma cidade que tem efetivamente um problema real de Tubarão.
10:08
Então, o monumento cultural dos anos 70 encontra ecos de realidade na própria cidade.
10:16
Então, pra mim, sempre foi muito natural escrever o elemento Tubarão no filme, né?
10:24
Vendo tudo que eu vi do Wagner até agora como ator, vendo tudo que eu vi com você como diretor,
10:31
depois de ver o filme, é como se fosse um insight, assim, que você sai do filme pra ele.
10:37
Claro que eles faziam esse filme.
10:39
Você teve essa sensação quando leu o roteiro?
10:42
Tive.
10:43
Tive essa sensação de quando comecei a conversar com o Kleber.
10:46
Eu tinha intuição.
10:48
Você se lembra disso?
10:49
Eu tinha intuição, sempre tive intuição.
10:51
Eu falei, esse filme, eu quero...
10:52
Todo falava com meus agentes, ele falou assim, esse filme é a prioridade na minha vida.
10:57
Fazer esse filme.
10:58
Conversando com o Kleber já, e quando o Kleber começou a me mostrar as primeiras coisas,
11:03
sempre eu achei que isso era uma coisa que eu tinha que fazer.
11:07
Ele veio um mês antes.
11:08
Parece um suco de Kleber e de Wagner, né?
11:10
É, eu estou muito feliz que a gente tenha feito esse filme junto.
11:13
Ele veio um mês antes da filmagem, pra se afundar no Recife, pra entender o lugar,
11:22
pra entrar no clima, pra pegar a fala, pra sentir.
11:26
Ele não chegou ontem pra filmar hoje.
11:28
Ele chegou um mês antes de filmar.
11:31
Isso não é pouca coisa.
11:33
E é um ator em muita demanda.
11:36
Então, ele tava muito sério em relação...
11:39
E é sério ainda em relação a esse filme.
11:41
E até a próxima.
11:42
E aí
11:43
E aí
11:44
E aí
11:46
Legenda Adriana Zanotto
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