A equipe do Estado de Minas acompanhou as últimas viagens da noite para três cidades da região metropolitana (São Joaquim de Bicas, Ribeirão das Neves e Lagoa Santa) e traz relatos das dificuldades enfrentadas pelos passageiros na volta para casa. Pessoas que, na ausência do transporte público, precisam pensar em alternativas para voltar do cinema à noite, para estudar até mais tarde ou até mesmo se precisarem fazer hora extra no trabalho.
Leia a reportagem em nosso site: https://www.em.com.br/gerais/2025/10/7276919-o-ultimo-trem-da-noite-a-luta-da-volta-para-casa-em-cidades-da-grande-bh.html
00:00Desde a pandemia, o transporte metropolitano da Grande BH durante a madrugada sofreu com cortes de viagens e praticamente deixou de existir nesse horário.
00:08Até mesmo cidades onde não havia ônibus nessa faixa horária passaram por cortes de viagens mais cedo, durante a noite.
00:14É o caso de São Joaquim de Bicas e Igarapé, onde o último ônibus do dia, que saía do centro da capital à meia-noite, foi cortado.
00:21Hoje, quem mora em alguma das duas cidades precisa estar no ponto até às 10h20 da noite, se depender do transporte coletivo.
00:27Como eu faço técnico de enfermagem, eu tenho que estar no hospital às 6h da tarde e largar às 11h.
00:38Mas isso não é a nossa realidade, porque eu tenho que sair mais cedo do hospital, porque o último ônibus realmente não nos deixa outra opção a não ser pegar ele.
00:48Segundo o levantamento feito pela reportagem, moradores de 21 cidades da região metropolitana precisam estar no ponto de ônibus até às 11h da noite para conseguir chegar em casa.
00:57Em outras 12 cidades, a realidade não é muito diferente, já que os ônibus costumam circular apenas até 1h da manhã.
01:03A reportagem do estado de Minas embarcou no último ônibus disponível no dia para três cidades da Grande BH e ouviu relatos das dificuldades enfrentadas pelos passageiros na volta para casa.
01:13Quem depende de fazer baldeação nos terminais do móvel metropolitano não só precisa estar na estação mais cedo, como também enfrenta outros obstáculos.
01:21As bilheterias das estações Tupinambás e Espírito Santo, no centro, param de funcionar.
01:26Para pagar a passagem no dinheiro ou carregar o cartão, o passageiro precisa ir até a estação Iapoque, o que leva ao menos 10 minutos, ida e volta.
01:34O que também deixa de funcionar são as estações ao longo dos corredores, que fecham automaticamente à meia-noite, mesmo que tenha passageiros dentro.
01:42A previsão é que o último ônibus passe meia-noite e 24, daqui 20 minutos.
01:45Quem vai embarcar depois desse horário precisa se arriscar esperando o ônibus no meio da pista do móvel para então entrar pela porta do lado direito.
01:53Já quem ficou dentro da estação depois do fechamento precisa falar com uma central telefônica pelo interfone e pedir que a porta seja aberta.
01:59Eu estou precisando sair da estação, mas a porta está fechada.
02:02Vai gerar para abrir a porta do céu.
02:04Outra situação que também acontece à noite são as viagens fantasmas.
02:08A reportagem presenciou em três linhas diferentes do Terminal Justinópolis viagens extras que foram feitas sem constar no quadro de horários.
02:15É o caso da viagem de uma da manhã da linha 5416, que vai para o bairro Sueli.
02:20Nós conversamos com passageiros que pegam esse ônibus todos os dias e confirmam a existência do horário.
02:25Mas por ser uma viagem fora da tabela de horários, ela pode ser cortada a qualquer momento sem aviso prévio.
02:31A empresa operadora não pode ser punida por isso.
02:33No Terminal Vilarinho, os horários das linhas também são um problema, mas por outro motivo.
02:37Acontece que a maioria das linhas para os bairros tem o último ônibus do dia antes da chegada do último metrô às 11h45 da noite e do último move à meia-noite e vinte.
02:47É o caso da linha 5882, que vai para a Lagoa Santa, e tem a última viagem às 11h30 da noite.
02:53A técnica de enfermagem Mayara de Moura conta que essa incompatibilidade de horários faz com que a volta para casa seja ainda mais complicada.
03:00Eu saio às 10h da maternidade, eu pego o ônibus que passa lá no bairro, desço no centro, pego o metrô para pegar agora aqui o Lagoa Santa.
03:10Quando o metrô atrasa, chega aqui, o ônibus já passou, então aí eu tenho que pegar a Uber.
03:14Eu moro em Vespasiano, só que meu ônibus do bairro não tem para Vespasiano, então eu tenho que pegar o Lagoa Santa, pagando uma passagem mais cara, porque não tem um ônibus do bairro nesse horário mais.
03:24Como era o meu primeiro emprego na enfermagem, então eu não pude escolher o horário.
03:27Então, o primeiro horário que eles me ofereceram, eu aceitei. Esse horário de 10h é uma luta mesmo.
03:34A Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias, a CENFRA, informou que os horários do Sistema de Transporte Coletivo Metropolitano foram ajustados conforme a demanda de passageiros.
03:44Segundo a pasta, antes da pandemia, o sistema atendia 1 milhão de passageiros por dia e atualmente transporta cerca de 550 mil usuários diários.
03:53Sobre as estações fechadas antes do último ônibus passar, a CENFRA informou que a medida tem o objetivo de impedir o acesso de usuários aos locais quando não há viagens programadas.
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