A indicação de Guilherme Boulos como ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República tem como objetivo aproximar os movimentos sociais do governo em um ano de eventual reeleição de Lula. O repórter Igor Damasceno detalha o assunto. Acompanhe a análise de Mano Ferreira e Acácio Miranda em Tempo Real.
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00:00Seguimos aqui na Capital Federal com a indicação de Guilherme Boulos para ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República,
00:09já cumprindo o expediente hoje no Palácio do Planalto, inclusive.
00:13O objetivo é de aproximar os movimentos sociais do governo em um ano que vai chegando para uma eventual reeleição de Lula.
00:23O Igor Damasceno é quem chega ao vivo com as informações.
00:26Igor, é isso então a ideia do governo?
00:30Olá, é isso mesmo. Guilherme Boulos mal foi nomeado como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência aqui no Palácio do Planalto
00:41e já tem dois grandes desafios pela frente.
00:45O primeiro deles é reaproximar o presidente Lula dos movimentos sociais.
00:50Para isso, Guilherme Boulos vai ter uma reunião com a equipe da Secretaria-Geral nos próximos dias.
00:57A ideia dele é refazer uma reformulação.
01:01Integrantes de movimentos como Trabalhadores Sem Teto e também Povo Sem Medo vão trabalhar com Boulos aqui no Palácio do Planalto,
01:10na Secretaria-Geral da Presidência.
01:12A estratégia é aproximar o presidente desses movimentos não só politicamente, mas também fisicamente.
01:19Todos vão trabalhar aqui no Palácio do Planalto.
01:21Com isso, aquelas acusações de que o presidente Lula está totalmente à parte dos movimentos sociais acabam caindo por terra.
01:31O movimento Sem Terra, o MST, também vai ganhar protagonismo, mas não com cargos aqui no Palácio do Planalto, na Secretaria-Geral.
01:41O presidente Lula vai se aproximar do MST por meio de Guilherme Boulos, mas apenas politicamente, fazendo visitas, desenvolvendo políticas públicas, por exemplo.
01:53Agora, outro grande desafio de Guilherme Boulos é a respeito daquela PEC, Proposta de Emenda Constitucional, que quer decretar o fim da escala 6x1.
02:03É de autoria da deputada federal Erika Hilton, que é colega de partido, colega de bancada de Guilherme Boulos.
02:12A expectativa dele é que o governo federal comece a ajudar Erika Hilton nessa PEC.
02:18Por quê? O governo entendeu que a escala 6x1 é muito rechaçada, impopular para as pessoas.
02:25Erika Hilton quer propor uma escala 4x3, 4 dias de trabalho para 3 de folga, com margem de negociação para 5x2.
02:35E isso é bastante popular, pegou bem para reverter a queda de popularidade do presidente.
02:41Então, Guilherme Boulos também vai se dedicar à aprovação da PEC 6x1 no Congresso Nacional.
02:48São dois grandes desafios, já para os próximos dias, que o novo ministro da Secretaria-Geral tem pela frente.
02:55Voltamos ao estúdio.
02:57Igor Damasceno com as informações sobre a força-tarefa em relação ao nome do novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República,
03:09esse relacionamento com os movimentos sociais.
03:12Vamos ouvir, então, as análises de Mano Ferreira.
03:15A gente viu, no último ano, inclusive, uma CPI para investigar o MST.
03:20Acabou, não conseguindo nem a leitura do relatório.
03:24Mas a gente sabe como é a dificuldade do MST com o Congresso Nacional, com o setor do agronegócio.
03:31E agora, esse aceno real para os movimentos sociais.
03:36Isso ajuda ou afasta ainda mais esse relacionamento do centrão, da oposição com os aliados do governo?
03:44Olha, Bruno, claramente a aposta do governo Lula é totalmente em tentar recuperar a popularidade do presidente
03:53e, por meio da popularidade, fazer um relacionamento com o centrão pela força da gravidade em relação à disputa eleitoral do ano que vem.
04:05Muito mais do que na composição daquilo que, durante a campanha eleitoral, ficou chamado de frente ampla.
04:13Este não é um governo de frente ampla.
04:16Este é um governo de esquerda.
04:18E a escolha de Guilherme Boulos como ministro deixa isso ainda mais reforçado.
04:24Aumentando também as disputas internas no campo da esquerda a respeito do cenário do pós-Lula.
04:31Porque a gente sabe, o presidente Lula, após passar tantas décadas como a principal figura de liderança do campo da esquerda brasileira,
04:41está se aproximando de sua aposentadoria.
04:45E aí, os elementos do pós-Lula começam a entrar em disputa.
04:51Guilherme Boulos, ao assumir o ministério e tentar, com isso, começar a ter uma experiência administrativa na gestão pública,
05:01tendo que se conectar com a resolução de problemas concretos,
05:05também tenta, com isso, ir construindo o seu nome para tentar ocupar um espaço na disputa pela liderança do campo da esquerda no pós-Lula.
05:16Só que essa é uma disputa engarrafada.
05:19Tem também aí a figura do ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
05:23e até mesmo a improvável figura do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin.
05:30Quem diria?
05:32Pois é, vamos saber também a análise do Acácio Miranda.
05:36Acácio, muito se diz também que Boulos, foi criticado, como o Mano citou,
05:41não ganhou a prefeitura porque não teria essa experiência na gestão.
05:46E que Lula, dando esse ministério a ele, é claro que vai dar essa experiência e ele vai ganhar também uma amplitude um pouco mais nacional.
05:55Porque Boulos, quando recebeu o cargo, disse
05:58eu quero colocar de novo o povo na rua e eu me predisponho a viajar pelo país para fazer isso.
06:06Então, talvez, realmente, se for sucessor de Lula, ele precise ganhar corpo nacional,
06:11já que é pouco conhecido, é mais conhecido em São Paulo.
06:15E Lula deu esse presente, que é um pouco de grego, né?
06:18Porque realmente também não é fácil assumir esse cargo no momento em que o governo está
06:23e dizer não para um Senado no ano que vem, que seria o mais provável, né?
06:28Então, realmente, é uma aposta e tanto do presidente Lula, Acácio.
06:33Sobre a perspectiva da esquerda, Márcia, é o que se chama de jogo de ganha-ganha.
06:38Por quê? Primeiro, ganha Lula ao ter alguém mais próximo aos movimentos sociais
06:45numa tentativa de reaproximação do governo do PT com estes movimentos.
06:52Se nós lembrarmos, por exemplo, dos últimos primeiros de maio,
06:57que são datas, que é uma data, aliás, extremamente importante para o trabalhismo
07:04e para a história do PT, todos eles estavam vazios, as moscas.
07:09Então, é óbvio, diante desse contexto, e Boulos é alguém oriundo de um movimento social,
07:17que ele tentará fazer essa reaproximação e usará a sua perspectiva para essa reaproximação.
07:26Em segundo lugar, ganha o governo do presidente Lula,
07:30porque ele mantém alguém da esquerda embaixo da sua asa.
07:36É importante nós lembrarmos que, em 2018, Boulos foi candidato à presidência da República
07:41e disputou votos, roubou muitos votos do candidato à tua época, Fernando Haddad.
07:49Se Boulos, talvez não fosse o caso, mas se ele ameaçasse sair candidato à presidência em 2026,
07:57ele, obviamente, atrapalharia o projeto de reeleição do presidente Lula.
08:02Também há uma possibilidade de ganho por conta desta musculatura na gestão que ele ganhará.
08:11Ele só teve cargo legislativo até aqui.
08:13Com esta nova nomeação, terá no seu currículo um cargo executivo de projeção nacional.
08:20É, e até dizem nos bastidores que ele não curtiu muito esse cargo de deputado federal,
08:25do dia a dia ali da Câmara.
08:27Vamos ver como vai sair, porque ele vai ficar do ladinho ali do presidente agora, né?
08:31O Ministério da Secretaria da Presidência fica no mesmo prédio do Lula, né?
08:37Do Palácio do Planalto.
08:39Então, é um ministério de alguém que tem que ter realmente muita proximidade com o presidente.
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