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Rompimento da barragem destruiu comunidades e deixou mortos.
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Transcrição
00:00Gente, hoje a gente marca 10 anos da tragédia de Mariana em Minas Gerais.
00:05O rompimento da barragem de Fundão deixou mortos, desaparecidos e milhares de desalojados.
00:10Na verdade, hoje não, mês que vem.
00:12A gente está se aproximando desses 10 anos completos da tragédia em Mariana,
00:17além de um rastro de destruição no Rio Doce.
00:21Vamos falar sobre os avanços na recuperação ambiental, os desafios que ainda persistem.
00:28Deixa eu conversar ao vivo com o Erino Balestras, que atua na preservação do Rio Doce,
00:34é presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce.
00:38O Erino, bom dia para você.
00:39Bom dia, bom dia, Bruna. Prazer estar aqui.
00:43Na verdade, o governo do estado, Casagrande, ele criou a Secretaria de Recuperação da Bacia do Rio Doce
00:51o ano passado e eu participei ativamente do comitê e ele me convidou para gerenciar os recursos da idenização que o estado recebeu.
01:05Então, nós estamos trabalhando em cima dessa pauta para aplicar os recursos que começaram esse ano
01:11e vamos se estender durante 20 anos.
01:15Então, nós vamos tentar minimizar o problema causado ao longo de muitos anos,
01:23mas principalmente depois do crime, desse desastre que colocou no rio, na calha do rio e na foz,
01:32e na mancha de inundação que vai no litoral também, 60 milhões de metros cúbicos de lama.
01:38Imagine esse ambiente aqui, que deve ter uns 300 metros cúbicos.
01:44São 150 mil salas desse ambiente que foram para a calha do Rio Doce.
01:50E 9 milhões, Bruna, ainda estão retidos nas represas.
01:55Tem uma represa lá em Minas Gerais, chamada Risoleta Neves,
01:59em 9 milhões de metros cúbicos retidos lá, que estão descendo ao longo do tempo,
02:05trazendo principalmente metais pesados, como o manganês, o zinco, o níquel, o arsênio,
02:12que contaminam as margens do rio e principalmente os nossos peixes.
02:17Eu ia te perguntar justamente sobre a condição do rio hoje, 10 anos depois da tragédia.
02:23O Rio Doce, a gente pode dizer que ele está apto para uso?
02:25Olha, o Rio Doce, ele vem sendo assoreado há muitos anos, né?
02:32Desde a ocupação desordenada às margens do rio, pelas cidades de Espírito Santo e Minas Gerais,
02:40mas também com a construção da ferrovia ao longo do leito do rio,
02:45com o desmonte da mata ciliar, nós tivemos muita areia no rio, né?
02:53E o assoreamento do rio, ele estava grave, até mesmo antes do desastre.
03:01E tinham períodos que ele não chegava, mal chegava na foz, em regência.
03:07Com o desastre, criou-se a expectativa de que teriam os investimentos adequados
03:15para a gente recuperar na sua totalidade.
03:17O que não aconteceu, institucionalmente foi criado a Renova,
03:23ela não conseguiu aplicar e dar o retorno adequado,
03:27por isso, no final do ano passado, o governo federal, os governos estaduais com as empresas,
03:35chegaram a um acordo de repactuação.
03:38Esse acordo idenizou muitos atingidos, população ribeirinha, agricultores, pecuaristas,
03:48muitos atingidos, pessoas físicas em empresas,
03:52idenizou também o estado de Minas Gerais, o estado do Espírito Santo e a União.
03:58Então, essas idenizações agora começam a ser aplicados os investimentos na bacia.
04:05Então, nós fizemos um planejamento, já estamos aplicando recursos em 2025 e 2026,
04:13estamos fazendo um planejamento até 2030,
04:17muito ligado a reflorestamento, a saneamento, a infraestrutura.
04:21Então, tem obras importantes já sendo executadas
04:25e com isso a gente acredita que nos próximos 20 anos
04:30nós vamos fazer a recuperação total da bacia.
04:32Bacana. Eu ia te perguntar justamente sobre isso, Guarino,
04:36sobre a distribuição desses recursos.
04:40Como é que isso vai ser feito? Em que pé que nós estamos?
04:43É um trabalho longo, extenso e desafiador.
04:47Sim. São 20 anos que as empresas vão pagar essas idenizações,
04:55principalmente aos estados, municípios e à União.
05:03E no caso, já tem duas parcelas, o estado do Espírito Santo já tem recurso.
05:11Esse ano nós vamos aplicar 690 milhões em várias obras.
05:17Então, está se fazendo, por exemplo, uma obra ali de Barra do Riacho até Regência,
05:25que é a Foz. De Regência até Bebedouro, que é Linhares.
05:29De Povoação, que é o lado norte do Rio Doce, até Linhares está sendo feita.
05:34Nós estamos fazendo um trabalho de estações de tratamento em vários municípios.
05:39Agora, a destinação dos recursos para resolver as estações de tratamento.
05:46Já tem um projeto de licitação de saneamento rural,
05:51para atender essas pequenas propriedades com biodigestores.
05:56Temos também o Reflorestar Doce, que é um projeto muito amplo de reflorestamento,
06:02às margens dos rios tributários, no Rio Pancas, no Rio Guandu, Santa Maria,
06:09Santa Joana, São José, então vários rios que nós vamos fazer etapas de reflorestamento.
06:17Então, isso vai acontecer durante os 20 anos de aplicação desses recursos.
06:24E também nós podemos investir em várias áreas de desenvolvimento social e econômico.
06:31Então, tem investimento lá em Guandu, por exemplo, acesso para o turismo,
06:35a melhoria do polo industrial.
06:39Então, esses municípios vão ser bem contemplados.
06:42Em Colatina mesmo, nós vamos fazer um novo hospital Silvia Vidos,
06:47um hospital com mais de 300 leitos.
06:50Vamos dar contribuição também na execução da terceira ponte de Colatina.
06:56Uma parcela é da União, outra parcela é da Secretaria de Recuperação, a Sérdia.
07:02Então, tem muitas obras que estão sendo feitas, barragens.
07:06Então, tudo isso é um plano de execução ao longo desses anos.
07:11Nós acreditamos com isso.
07:12Nós vamos melhorar a qualidade da água também e, com isso, a recuperação vai acontecer.
07:20As mineradoras estão cumprindo com o que prometeram no termo?
07:23Sim, o acordo de recuperação, de repactuação, é um acordo principalmente na questão financeira.
07:34Então, tem um parcelamento em que eles estão cumprindo o acordo e também tem muitas ações
07:42que ficaram por conta delas, como a retirada desses rejeitos que estão lá na represa Risoleta Neves.
07:50É um trabalho muito difícil de ser feito, porque não tem onde colocar esses rejeitos.
07:55São 9 milhões de metros cúbicos de rejeito.
07:58Então, esse trabalho fica por conta das empresas.
08:03Tem algumas coisas também que são problemáticas, como a questão da pesca,
08:08já que o peixe tem um nível de contaminação por causa do zinco, do arsênio, manganês.
08:15Então, esses metais pesados, eles acabam, a pesca está proibida na calha do Rio Doce
08:23e na mancha de inondação que pega lá de Conceição da Barra até a Serra.
08:29Então, por isso, você não pode fazer investimento em embarcações,
08:34você não pode dinamizar esse setor.
08:38Então, isso nós estamos analisando nos próximos dois anos para ver se vai ter liberação ou não.
08:43O que foi feito de mais eficiente até agora, Burino, para recuperar o Rio Doce?
08:49Olha, o que nós conseguimos de fato fazer é um bom acordo.
08:55Esse acordo já é uma sinalização, porque nós patinamos aí durante quase 10 anos.
09:03Agora, com esse acordo, tem uma sinalização e um plano de execução desses investimentos.
09:09Mais etapas de reflorestamento foram feitas em algumas regiões.
09:15Há algum investimento em estações de tratamento.
09:19Lá em Condalatina, que é a minha cidade, iniciou um processo que nós estamos terminando agora
09:26da questão de resíduos sólidos.
09:28O Condoeste, um consórcio para atender a questão de captação de resíduos em vários municípios.
09:35E muitas ações pontuais em vários municípios da Acália.
09:40São 52 municípios atingidos diretamente na Acália, 11 no Espírito Santo.
09:50E no caso específico do Espírito Santo, nós podemos, a Secretaria de Recuperação do Rio Doce,
09:56pode atender cerca de 33 municípios.
10:00Os 11 da Acália e da Mancha de Inundação.
10:04E 22 que são municípios que contribuem com o Rio Doce.
10:10Então, lá em Iuna, por exemplo, tem um rio que joga água no rio Manhuaçu e que deságua no Rio Doce.
10:18Então, a gente pode fazer investimento em reflorestamento, em saneamento nessa região.
10:24Em Nova Venécia, nós temos um rio que joga para o rio São José, que deságua na Lagoa de Paraná.
10:29Então, tudo isso a gente está atento, verificando as demandas para poder resolver essas demandas.
10:36Estava falando da questão que ainda existem rejeitos, não há onde colocar essa lama.
10:42Qual que é o principal desafio ambiental hoje que ainda precisa ser superado?
10:46Olha, a questão de mudanças climáticas é um grande problema para o mundo.
10:54E nós precisamos estar conscientes disso.
10:57Por isso que na recuperação da Secretaria tem um recurso que fica também retido para o caso de ocorrer um outro acidente em um município, em uma região.
11:09Mas o grande desafio é a gente mobilizar a sociedade, fazer a conscientização e trabalhar, fazer com que os investimentos cheguem de fato pela recuperação.
11:23Agora, nós estamos trabalhando firmemente para que isso aconteça.
11:31O governador Renato Casagrande, o Ricardo Ferraço, tem se empenhado no Espírito Santo.
11:36Mas só o Espírito Santo não resolve. Nós precisamos da ação de Minas Gerais, a ação da União, já que é um rio federal.
11:44Então, todos juntos, com os atingidos também, a gente pode consolidar e resolver essa grande demanda de ter um rio limpo, social e com a comunidade empreendedora envolvida.
12:01O que a gente pode dizer, para a gente finalizar, nosso tempo está acabando, para as famílias que estão assistindo o Tribuno Amanhã, que de alguma maneira foram afetadas aqui no Espírito Santo, dez anos depois, e que ainda sentem esses efeitos, certamente.
12:14É, tem muita, assim, falta de informação, porque tem também ações judiciais na Inglaterra e com isso a população fica na expectativa sempre de idenização.
12:27Verdade.
12:27E idenização é por parte das empresas e não pelo Estado de Minas, Espírito Santo e União.
12:34Então, o que a gente acredita é que se nós nos empenharmos, nós vamos garantir um futuro belíssimo para o Rio Doce, fazer com que ele seja o rio da minha infância, lá onde a gente nadava dele, circulava, vivia, pegava água, água potável que a gente pudesse beber.
12:58É isso que nós queremos.
12:59Obrigada, Uerino Balestrasse, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce.
13:05Obrigada pela entrevista, vamos seguir acompanhando aí os próximos passos.
13:10Obrigado.
13:10Até a próxima.
13:11Até a próxima.
13:12Valeu.
13:13Deixa eu virar aqui.
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