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Logo após anunciar sua aposentadoria do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luís Roberto Barroso passou mal e precisou ser internado no hospital Sírio-Libanês, em Brasília, onde está sendo submetido a uma série de exames. O episódio reacendeu um debate sobre a dificuldade dos homens em buscar ajuda médica e emocional. O neurocomunicador William Borghetti comentou o caso.

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Transcrição
00:00Virando a página completamente, até porque foi ontem que o presidente Lula assinou a aposentadoria,
00:06oficialmente agora aposentado, Luiz Roberto Barroso, há pouco tempo atrás,
00:11presidente do Supremo Tribunal Federal, e ontem mesmo o ministro deu entrada no hospital
00:15após ter um mal súbito ali, né? Acabou se passando mal e passou a noite em observação.
00:22Isso acaba nos trazendo uma reflexão, vai.
00:24Por que esperamos tanto, mas tanto tempo para, de fato, poder aproveitar a vida, descomprimir um pouco?
00:31Por que a gente acaba esperando tanto, tanto tempo pelas condições perfeitas, ideais,
00:35antes de tomar a ação que precisa ser tomada, né?
00:39E conquistar tudo que a gente sonhou, tudo que a gente ambiciona?
00:42Eu vou acionar aqui o meu grande amigo, o neurocomunicador da República Federativa do Brasil,
00:48o professor William Borghetti está aqui com a gente.
00:50O neuro...
00:50Mas tudo bem, está aqui com a gente.
00:52Beleza, mestre?
00:53De hora em hora o seu título só aumenta, mas faz jus à grandeza do seu intelecto e do seu coração.
01:00O William está aqui com a gente, professor.
01:02E aí?
01:03Afinal, a pergunta está feita, né?
01:05Por que esperar tanto, tanto tempo até realizar os nossos planos e projetos e sonhos?
01:10Pois é, a gente às vezes olha para a questão da felicidade, essa coisa,
01:14como um lugar que a gente vai até lá, né?
01:17Então a gente vai chegar num lugar chamado felicidade, depois que eu me aposentar, depois que eu fizer, depois que eu conseguir algum movimento.
01:25Esses dias eu ouvi uma fala da professora Lúcia Helena Galvão, que ela dizia o seguinte,
01:29felicidade é verbo e não substantivo.
01:32E aí os professores de português que nos desculpem, né?
01:34Mas no sentido de felicidade é um movimento, né?
01:37A gente vai tendo momentos felizes, assim.
01:42E esse exemplo do Barroso, como tantos outros que acontecem, que é aquela coisa,
01:47bom, agora ele vai poder desfrutar da aposentadoria e aí no primeiro dia já vai para o hospital.
01:53Torcemos aí que seja apenas uma indisposição, mas poderia ser algo mais grave de falar assim,
01:58nossa, agora que ia ser legal, agora que ia funcionar, não deu tempo de, enfim.
02:04Eu acho que exageraram na manteiga da lagosta ontem e, infelizmente, tive esse mau súbito.
02:10Mas está tudo certo.
02:12David de Terço, por favor.
02:13Eu sou uma pessoa que, sinceramente, eu tenho medo de aposentar, sabia?
02:17Porque quando eu tiro férias, eu fico meio...
02:19Uns descontos indevidos aí que tem que tomar cuidado mesmo.
02:22Não, é...
02:23Não, de verdade, assim, porque eu sou uma pessoa que não tiro muitas férias.
02:27Aí eu fico pensando, assim, de como que seria, eu lá no futuro, não sei se eu vou querer curtir,
02:33provavelmente, né, claro que a gente quer tirar um pouquinho mais o pé,
02:37mas de como que é também, porque a vida, às vezes, parece perder o propósito
02:40quando a gente está muito ocioso, né?
02:42E aí a gente fica se sentindo insignificante diante de tudo isso.
02:45Como lidar com essa situação?
02:47Porque eu ainda estou distante, mas muitas pessoas chegam nesse momento
02:49e aí falam assim, agora que eu vou aproveitar, mas parece que a vida não faz mais sentido.
02:54Eu tenho falado um tema muito recorrente, que é que história que você costuma contar
03:00para você mesmo, né?
03:01Porque muitas vezes a gente acha, ah, eu vou ser feliz quando eu tiver dinheiro,
03:05vou ser feliz quando eu tiver um carro, vou ser feliz quando acontecer algo,
03:08eu vou chegar nesse propósito e nisso que eu estou buscando.
03:10O meu pai faleceu há 20 dias e meu pai decidiu interromper a própria vida, né?
03:17Usar aqui termos que a gente pode falar aqui e o sonho dele era ter uma chácara.
03:25Ele sempre falava, eu tenho que ter uma chácara e ele ficou oito meses numa chácara
03:27e aquilo não preencheu, porque são várias questões, a formação,
03:32foi uma criança que foi abandonada, apanhou, sofreu todos os tipos de abuso e tal.
03:36Então a gente também começa a entender que qual é de fato o nosso propósito?
03:41O que a gente está de fato buscando todos os dias?
03:44Porque conforme essa vida vai ficando complicada, a tua cabeça começa a te contar uma história
03:50de que aquele lugar já não é mais importante, já não vai te dar mais aquilo que você está buscando.
03:58Então acho que a grande beleza nesse sentido é esse propósito do pouco, né?
04:04Então como você trouxe aqui do trabalho, a gente fica assim,
04:08ah, só vai ser bom quando eu me aposentar, né?
04:10Mas qual que é a beleza também de se sentir útil, de estar aqui todo dia,
04:15de ter a própria correria, né?
04:16A própria burocracia, a rotina, inclusive que está ajudando eu e a minha família a superar esse caso,
04:22porque não dá tempo também de ficar em casa chorando e sofrendo.
04:26Então até mesmo a burocracia, quando a gente vai se aposentar,
04:29tem gente que não aguenta, né?
04:30Não ter nada para resolver.
04:32E em relação também a isso, né?
04:34Eu acho que a grande pergunta é, porque muitas vezes a gente não sabe
04:38o que está se passando na cabeça da pessoa, qual é a dor dela,
04:40e por mais que ela represente ali diante dos amigos, dos parentes,
04:44que ela esteja bem, muitas vezes ela não pede ajuda, né?
04:47Então assim, de que forma que a gente pode interpretar isso
04:51e realmente contribuir para que a pessoa realmente consiga se restabelecer,
04:56ou se abra, ou procure uma ajuda mais qualificada?
04:58E homens têm mais dificuldade ainda de pedir ajuda, né?
05:01É o ponto que eu ia chegar, né?
05:03Então assim, meu pai era um cara das antigas, criado na roça, né?
05:07Então ainda mais difícil ainda, né?
05:09Então assim, a frase que ele falava era assim,
05:13eu estou bem, eu estou vivendo uma fase boa, está tudo bem.
05:15Até para não achar que assim, eu vou fazer mal para a família.
05:18Então, de fato, falar sobre isso, e assim, não há nenhuma facilidade em falar isso,
05:26inclusive num programa ao vivo, é muito difícil de falar,
05:30mas eu falei, assim, eu levei para mim como uma meta de vida que precisa ser falado.
05:34Inclusive falando isso, as pessoas têm vindo me procurar,
05:37algumas pessoas dizendo que mudaram de opinião sobre isso, depois que souberam.
05:42Então assim, falar é sempre terapêutico, né?
05:44É sempre importante.
05:45William, antes de mais nada, eu acho que é dizer parabéns pela sua força,
05:50pela sua coragem, todos os nossos sentimentos, essa perda.
05:53E vou falar, é inspirador ver alguém que transforma dor
05:56em uma razão de transformação na sociedade e faz isso pelo bem.
06:01Imagino o quanto é difícil falar disso, mas queria dizer que como seus amigos aqui,
06:06máxima admiração pelo que você está fazendo com essa mensagem.
06:10E eu acho que abre um alerta para nós no dia a dia,
06:13que achamos que está todo mundo bem, numa sociedade de redes sociais,
06:16em que todo mundo parece feliz.
06:18Então as pessoas são cobradas hoje de parecerem sempre felizes,
06:22a vida funcional, tudo muito bem.
06:24E quando a gente olha para a realidade, para a dor do cotidiano,
06:28nós temos crises aí em relação à depressão, em relação à ansiedade,
06:32que são muito grandes.
06:33Então como que você nos diria, qual que é o caminho para eu estar mais atenta para isso?
06:39Como eu posso ser um fruto melhor para servir as pessoas ao meu entorno
06:42e ver e ajudar nesses casos?
06:45Minha diretora, a gente ouve a resposta do nosso professor
06:47antes de ir para um break para o pessoal da rádio?
06:49Ou vamos agora?
06:51Ou vamos ouvir o professor?
06:52Ah não, então por favor, complementando aqui,
06:54professor William Borghetti, por favor.
06:56Esse, sabe aqui, a gente se encontra, tudo bem, tudo bem, né?
07:01E aí quando a gente vai a fundo e se interessa,
07:03eu costumo dizer que o interessado é interessante, né?
07:06Então quando a gente se interessa de fato pelo outro,
07:09porque dificilmente alguém vai contar algo tão íntimo e tão profundo
07:12para as pessoas assim no dia a dia.
07:15A depressão, ela tem um estereótipo que a gente imagina
07:20que uma pessoa depressiva, ela está numa cama, num quarto escuro,
07:24chorando e sofrendo.
07:25E a gente já viu vários casos aí de depressão
07:29de pessoas que dias antes de acontecer alguma coisa
07:32estavam numa festa, estavam sorrindo.
07:34Então ela não tem um estereótipo.
07:36Então é a coisa de se abrir mesmo, de dizer assim,
07:39ah, eu consigo perceber que você não está bem
07:41e eu queria muito te ouvir, eu queria deixar esse espaço.
07:44Eu brinco assim, né?
07:45Eu te dou um voucher.
07:47Quando você quiser usar, vem conversar comigo
07:49porque de fato a gente tem...
07:50E buscar ajuda profissional, né?
07:52Buscar...
07:53Porque também existe ainda uma ideia...
07:55Eu não sei se no mundo, mas no Brasil essa ideia
07:57que a gente só vai no psicólogo...
07:58Eu não vou no psicólogo porque eu não estou louco,
08:00não estou com problema no psiquiatra.
08:02Então a gente trazer essa cultura de que buscar ajuda profissional
08:06é melhor na prevenção do que depois na hora que acontece alguma coisa.
08:10E às vezes as pessoas têm o ímpeto de ficar super ocupado, né?
08:15De não dar tempo para sentir aquele sentimento que às vezes é devastador.
08:22Só que vira um efeito cascata, né?
08:24Quanto mais você vai enchendo a sua agenda de compromissos e de coisas
08:29para não olhar para aquilo, no momento em que aquilo aparece,
08:33às vezes se torna mais insustentável, né?
08:36Então, como abrir espaço para cuidar de si mesmo e para olhar para dentro
08:43no meio da rotina atribulada?
08:46Eu percebo que, assim, tudo que eu ensino nas palestras, nas aulas,
08:50na minha vida sobre saúde mental eu tenho usado nesse momento, né?
08:54Mas, assim, de fato, não dá para anestesiar com o trabalho,
09:00anestesiar com a rotina, né?
09:02Então, até esses dias eu estava fazendo uma reunião de briefing de uma palestra,
09:05uma coisa totalmente formal ali,
09:08e me deu a vontade de chorar, me deu um gatilho e eu comecei a chorar
09:11e o contratante falou, está tudo bem e tal.
09:14E eu contei o que aconteceu, ele foi muito gentil e solícito e tal.
09:18Então, assim, não dá para segurar também.
09:20Precisa ser vivido, esse sentimento precisa ser exposto, né?
09:23Então, eu vejo que, no meu caso e as famílias que me procuraram,
09:28isso tende a ser escondido, o que é uma dor a mais.
09:32Então, além de toda dor que uma morte, em qualquer sentido, causa, o luto,
09:37você ter que esconder ainda é pior.
09:39Então, a gente está tentando fazer esse caminho reverso e ver se contribui,
09:43porque, de fato, anestesiar, seja com trabalho, seja com droga,
09:47seja com bebida, seja com qualquer outra coisa, é uma anestesia.
09:51Uma anestesia não soluciona o problema.
09:54É, meus amigos, completamente, enfim, profundo aqui o papo que a gente está tendo.
09:57Vou partir para um rápido break só para quem está nos ouvindo pela rede Jovem Pan de Rádio.
10:00Morning Show volta para vocês daqui a pouquinho. Vamos lá.
10:04Podemos seguir adiante, minha diretora, ainda muitos outros temas importantes.
10:08Eu só estou tentando pegar aqui o sinal aqui da nossa diretora, enquanto isso.
10:12Concluindo, então, vamos fazer uma consideração final.
10:15Vamos arredondar o papo aqui, porque é importante essa pressão que a gente recebe desde cedo.
10:18Eu diria até desde o tempo dos neandertais, dos homens das cavernas,
10:21essa coisa dos homens não demonstrarem fraqueza de, enfim, sempre, em grande parte,
10:27terem que ser os provedores, enfim, tendo que caçar, providenciar, sustentar ali o seu entorno.
10:31Mas isso gera uma enorme pressão.
10:34As mudanças sociais foram brutais nos últimos tempos.
10:37E, enfim, não é de nenhuma forma tentando, enfim, personalizar o discurso aqui,
10:43mas só para a gente lembrar o conceito do
10:45chega de frescura e de mimimi, vão chorar até quando?
10:48Se aplicando a ideia de que homens não podem chorar, homens não podem desabafar,
10:51no máximo, tomar uma pinga ali com um amigo para poder dar aquela extravasada descomprimida, né?
10:56Mas é importante a gente não seguir debochando como sinal de fraqueza.
11:01Isso não é, professor?
11:02Com certeza.
11:04E até existe uma ideia que a gente ouve muito, né?
11:06Ah, eu vou na terapia para quê?
11:07Eu vou no bar com os meus amigos.
11:09E aí eu sempre gosto de dizer assim, ir no bar com uma amiga é importante também
11:13e fazer terapia também.
11:15Um não elimina o outro, né?
11:17Então, mas ter ajuda profissional, buscar, poder se abrir com alguém que, de fato, respeite isso, né?
11:24Olha, eu não estou bem, eu preciso conversar, eu preciso expor,
11:27porque eu imagino que para quem está com uma dor a ponto de pensar que a melhor possibilidade nessa dor
11:36é encerrar tudo, de fato, essa dor é uma dor antinatural, né?
11:41Se soltarem uma bomba ali, a nossa tendência é ir para lá.
11:44Então, é antinatural você atentar aí contra a própria vida.
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