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No Dia Dia Rural desta quinta-feira (09), o jornalista Otávio Céschi Júnior entrevista no Conversa Franca a doutoranda em agronomia Unesp Botucatu, Viviany Viriato de Freitas.

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Transcrição
00:00Com a doutoranda em agronomia da Unesp Botucatu, a Viviane Viriato de Freitas.
00:08Oi, Viviane.
00:10Oi, tudo bem?
00:12Tudo bem. Você estava dando risada, né?
00:13Deu falando, o javali não é daqui, só bala nele ali para que ele suma logo daqui.
00:19Ô bicho peçonhento...
00:20Estava prendendo um pouquinho com você.
00:23Ô bicho peçonhento esse javali, pelo amor de Deus.
00:27Essas coisas que acontecem no Brasil, que não tem controle, ficam sem controle depois.
00:32Tem aquele caramujo que também foi trazido uma época aí, porque ia servir para a culinária também,
00:39como escargou o caramujo africano.
00:41Depois foi largado, aí virou uma praga também.
00:44Então, aí tem que dar um jeito, né?
00:46Tem gente que ainda tem dó do javali.
00:48Ah, coitadinho do bichinho.
00:50Aí eu falo, leva para casa, põe lá para almoçar com você, jantar na sua casa.
00:54Põe lá junto com o seu cachorro, com o seu gatinho, que você vai ver.
00:57O que o javali vai fazer com o seu bichinho de estimação, o seu pet?
01:00Bom, mas o nosso assunto aqui é muito mais agradável do que o javali.
01:04Nós vamos falar da tropicalização do lúpulo.
01:07Lúpulo que é o que dá aquele amargor à cerveja, mas que era totalmente importado.
01:15E de tempos para cá, nós temos iniciado a produção.
01:17Já fiz, acho que, inclusive, umas duas entrevistas com o pessoal aqui, de próxima a Ribeirão Preto,
01:22a Campinas, que está produzindo o lúpulo.
01:26Ele é muito pouco utilizado ainda, o lúpulo nacional, pelas cervejarias.
01:30As artesanais usam mais, mas já é uma realidade que começa a crescer.
01:35E eu estava lendo o material aqui de vocês.
01:38Vocês estão fazendo uns estudos para sustentabilidade e uma produção mais econômica
01:46por conta do lúpulo, que tem custos altíssimos.
01:49Não é daqui, é de região fria, era totalmente importada.
01:52Para você trazê-lo para cá, você tem que criar um ambiente adequado.
01:56Essa é a chamada tropicalização.
01:58Bom, o que é que vocês estão fazendo?
02:01Me conta mais um pouquinho do lúpulo.
02:03Bom, o lúpulo, ele, de fato, é uma planta de países de clima temperado.
02:13E a gente está tentando tropicalizar o lúpulo aqui nos últimos anos no Brasil,
02:18há mais de 10 anos, cerca de 10 anos.
02:21E existem várias pesquisas com relação à suplementação luminosa,
02:26tratos culturais, a questão estrutural do lúpulo.
02:31Uma questão muito especializada da cultura.
02:35Então, a gente está tentando adaptar tudo aqui no Brasil.
02:38O maquinário, o beneficiamento, enfim, todas as etapas de produção estão sendo estudadas.
02:46Na nossa pesquisa, a gente avaliou os impactos socioambientais
02:51que estão sendo gerados a partir do Jordão do Lúpulo.
02:55Porque isso pouco tinha sido avaliado até então.
02:58Então, para isso, a gente utilizou uma ferramenta chamada Ambitec Agro.
03:06É uma ferramenta nacional desenvolvida por pessoas da Embrapa.
03:12Que é através da mudança no coeficiente de rendimento.
03:17E também na escala de ocorrência em que o impacto acontece, né?
03:24No âmbito rural, através das inovações tecnológicas que vêm ocorrendo.
03:30Então, a gente aplicou essa ferramenta.
03:32Deixa eu te interromper, porque quais seriam esses impactos socioambientais?
03:37Para a gente pontuar aqui.
03:40Olha, são 148 indicadores que essa ferramenta apresenta.
03:46E 27 critérios, né?
03:50No trabalho recentemente publicado por nós, no Agronomy Journal,
03:56nós avaliamos por critério, ou seja, nós tínhamos 27 para avaliar.
04:02E as questões são referentes à qualidade ambiental,
04:06aos impactos ambientais gerados, eficiência tecnológica,
04:11bem-estar e saúde ocupacional, né?
04:16Dos funcionários, do produtor, propriamente dito também.
04:21Enfim, mais as questões socioambientais e também uma parte econômica também,
04:25com relação à atividade, geração de renda, emprego, enfim.
04:30São todos esses critérios que avaliam de uma forma ampla as questões socioambientais.
04:35Me parece que uma coisa que pesa muito aí na produção do lúpulo,
04:39aqui nessa tropicalização, é o uso da energia elétrica, né?
04:43Porque ele precisa de muita luminosidade.
04:47Eu até comentei com o Silmar hoje, o Gaúcho,
04:49que fala do mercado financeiro para a gente aqui no início do programa,
04:53que saíram os índices aí do que subiu e do que não subiu.
04:58E a luz é um item caríssimo hoje em dia, a luz, né?
05:02E eu acho que você deveria ter benefícios na propriedade rural,
05:05porque você está produzindo alimentos, né?
05:07Eu até brinquei com o Silmar, já estou achando que eu estou economizando,
05:10porque quanto mais eu apago luz lá em casa, a conta continua no mesmo valor.
05:14Então, eu acho que se eu estivesse gastando tudo que eu gastava antes de luz,
05:19eu devia estar pagando uns quatro, cinco vezes mais.
05:21Então, olha onde chegamos.
05:23E me parece que na produção do lúpulo, se utiliza muita...
05:26É preciso de muita luminosidade, então, gasta-se muita energia elétrica.
05:32Sim, de fato, é verdade.
05:35Por nós não estarmos nas latitudes mais adequadas para a produção de lúpulo, né?
05:41Que é de 35 a 55 graus de latitude ao norte ou ao sul do planeta,
05:48a gente está na faixa tropical,
05:50no qual a gente tem os dias, né?
05:53O número de horas por dia de luz é muito constante ao longo do ano, né?
05:59Que é cerca de 12 horas.
06:01E o lúpulo, ele precisa de 16 horas por dia de luz.
06:05Então, o que os produtores estão fazendo para conseguir ter uma produção eficiente aqui
06:09é suplementando, né?
06:12Através de luz artificial para o cultivo na parte vegetatípulo.
06:17Então, eles ficam cerca de, em média, 16 horas de luz por dia.
06:22Então, os produtores têm que fornecer, através dos refletores no campo,
06:26essa iluminação que o lúpulo precisa.
06:29Então, cerca de 4 horas por dia, durante alguns meses, aí, o lúpulo precisa disso.
06:36Então, a demanda energética está sendo alta, né?
06:40Para eles.
06:41Placas fotovoltaicas, talvez, carregando geradores, seria uma solução?
06:46Parece que está no estudo de vocês aí, né?
06:48Sim, de fato, os produtores, eles estão tentando mitigar esses efeitos adversos, né?
06:56Por exemplo, a questão da suplementação luminosa através de painéis solares.
07:02Eles estão implementando em suas propriedades painéis solares
07:06para atender essa demanda do lúpulo.
07:08Não só do lúpulo, mas isso está beneficiando a propriedade como um todo
07:12e também outras culturas, né?
07:15Que estão se beneficiando disso.
07:17E o próprio produtor em si, que está podendo ter um aproveitamento térmico, né?
07:22Através das placas, devido à produção de lúpulo.
07:25O material de pesquisa aqui que tem comigo, o pessoal sempre me encaminha.
07:29Tem uma coisa interessante.
07:31Condições ocupacionais e ampliação de participação
07:34de mão de obra feminina e juvenil no lúpulo.
07:37Por que isso, hein?
07:38Olha, isso foi bastante observado na nossa pesquisa, né?
07:44Na minha pesquisa de doutorado.
07:46Devido à participação ativa de mulheres,
07:50não só como de frente, né?
07:53Na linha de frente da produção de lúpulo,
07:55mas também em todas as etapas do processo de produção.
07:59Legal.
07:59Não só de mulheres, mas de jovens e idosos.
08:02Então, está promovendo uma igualdade entre gêneros e gerações.
08:07Que bacana.
08:08Bom, e eu imagino que no estudo vocês fizeram também a parte mercadológica.
08:13E há mercado para a expansão do lúpulo brasileiro,
08:15que tem qualidade para preencher o espaço que vem sendo ocupado pelo lúpulo importado?
08:23Com certeza.
08:24Diversos estudos estão mostrando que a qualidade do lúpulo que a gente produz aqui
08:28está equiparada com a qualidade do lúpulo externo, né?
08:33Muito lúpulo da Alemanha, dos Estados Unidos, que são os maiores produtores mundiais, né?
08:40E aqui o mercado está crescendo cada vez mais através do interesse do doutor cervejeiro, né?
08:47Especialmente em cervejarias artesanais, enfim.
08:51Então, tem bastante espaço.
08:52E quem sabe a gente agora com essas pesquisas, né?
08:56Bem focadas no cultivo de lúpulo, a gente possa impulsionar o cultivo, a cadeia toda, né?
09:04Oferecer esse insumo à agroindústria brasileira com uma boa qualidade,
09:09gerando renda e emprego para os produtores e trabalhadores envolvidos
09:14e um insumo de alto valor agregado para a agroindústria brasileira.
09:17Ah, eu não lembro o nome do pessoal que esteve aqui comigo,
09:20mas acho que é da região de Ribeirão Preto ali e o outro aqui da região de Campinas.
09:23Vocês provavelmente fizeram estudos, porque eles já são grandes produtores
09:27dentro do pequeno espaço ocupado pelo lúpulo brasileiro.
09:30Eles já são grandes produtores, né?
09:31Eles estão investindo diretamente nessa produção.
09:37Sim, sim.
09:38Tem cerca de 100 produtores, 110 produtores no Brasil atualmente, né?
09:46E não para de crescer esses números, né?
09:50Devido ao interesse pelas pessoas de tomar uma cerveja com lúpulo,
09:55com características nacionais adaptadas ao nosso clima,
10:00que veio do nosso solo, enfim, né?
10:02Que é o terroir que a gente fala.
10:04Então, muitos produtores novos estão surgindo ano a ano.
10:10E eu acho que vai dar uma característica diferente no produto, né?
10:13Porque ontem mesmo, antes de ontem, eu estava...
10:16Não, acho que foi segunda-feira.
10:18Eu estava falando sobre azeitonas com o pessoal ali de Maria da Fé,
10:22Minas Gerais.
10:23E nós também tropicalizamos aí diversas árvores produtoras de azeitonas.
10:30Tem arbequina, enfim, tem várias.
10:33Mas nós tropicalizamos algumas e hoje já estamos com o nosso sabor,
10:37o nosso azeite extra virgem com sabor brasileiro, que é frutado e é diferente
10:43daquele azeite europeu que a gente sempre se acostumou a consumir, né?
10:48Completamente diferente e muito melhor, muito mais gostoso, na minha opinião.
10:51E ele é um produto tropical.
10:53Eu acho que o lúpulo também deve dar uma cara diferente aí para a nossa cervejinha de todo dia, né?
10:58A cerveja nossa de cada dia.
10:59Exatamente.
11:03Olha, muito legal.
11:05Curiosidade minha aqui para a gente fechar.
11:06O lúpulo só serve para dar aquele amargor gostoso na cerveja?
11:10Ou ele serve para outras finalidades também?
11:14Olha, a principal função do lúpulo atualmente, a que mais está sendo explorada,
11:19realmente é o amargor e o aroma da cerveja, né?
11:23Que os cervejeiros estão ainda por cima explorando, né?
11:27Quantidades do lúpulo e o momento que ele é adicionado para a produção da bebida.
11:32Então, para fazer uma IPA, para fazer uma BILS, uma EIO.
11:36Então, são etapas diferentes em que eles adicionam o lúpulo e também a quantidade, né?
11:42Mas outros estudos recentes, estando a utilização no lúpulo através dos medicamentos,
11:50cosméticos, enfim, demonstrando outras utilizações potenciais para uma maior exploração desse insumo
12:00e aproveitamento de suas propriedades benéficas à saúde do ser humano.
12:05Muito legal, Viviane.
12:07E você é a responsável, uma das responsáveis por essa ferramenta, por esse estudo?
12:12Olha, pelo meu estudo, sim, mas a ferramenta não.
12:17A ferramenta é do meu co-orientador, Geraldo Saquete, que é pesquisador na Embrapa Meio Ambiente.
12:23Ah, o Saquete, eu conheço.
12:25Já falamos já.
12:26Legal, então.
12:27Parabéns.
12:28É você que está na Unesp de Botucatu, é isso?
12:31Isso.
12:32Isso mesmo.
12:33Legal, então.
12:34Muito obrigado pela participação.
12:36Como é que é o nome da ferramenta mesmo?
12:39Ambitec Agro.
12:40Ambitec Agro.
12:41Ah, legal.
12:42Então, eu vou te pedir na saída que você deixe um endereço de internet para quem
12:46se interessou mais sobre a nossa conversa e quer mais detalhes, porque aqui o nosso tempo
12:50é meio limitado, né?
12:51Qual é o www?
12:53Pode deixar.
12:54Qual é o www seu?
12:55A gente tem o Instagram do nosso grupo de pesquisa em biodiversidade e horticultura
13:02orgânica, que é o Org Bio.
13:06Eu posso deixar aqui para vocês depois.
13:08Tá.
13:08Mas seria arroba orgbio, H-O-R-G-B-I-O.
13:16Legal, então.
13:17Muito obrigado.
13:17Já que você está em Botucatu, vou aproveitar, porque a nossa audiência aí é grande.
13:21Mandar um abraço aí para o Gigo Dalben, que abriu uma loja gigantesca aí de materiais
13:26para construção.
13:27Parabéns, Gigo, lá de Lençóis Paulista.
13:29Estudamos juntos lá no colegial.
13:32O Gigo trabalhou durante muito tempo com a Zilor e agora está no ramo do comércio.
13:38Abraço, Gigo, e toda a turma.
13:40Ah, e um abraço também para o Valdir.
13:42Vardir, que tem um sítio lá no pé da serra de Botucatu, lá embaixo.
13:46Lá embaixo.
13:46Depois que você tem o sítio do Vardir e da Vera, a Bisteca.
13:49A Bisteca fez faculdade comigo, virou uma grande publicitária, mas eles já se aposentaram
13:55e estão morando lá no pé da serra.
13:56Estou devendo a visita, hein, Vardir?
13:58Eu ia lá na semana passada, mas não fui.
14:00Se separaram até o Cordeirinho aí, o Carrezinho, mas deixa aí que eu vou passar em breve.
14:05Então, mandar um abraço para todo mundo aí dessa região, que eu conheço bastante
14:08porque eu morei três anos em Lençóis Paulista.
14:10Então, eu tenho uma certa intimidade com a região de Botucatu, São Manuel, Lençóis Paulista
14:17e adjacências.
14:18Ô, Viviane, muito obrigado aí pela participação e presença e parabéns pelo estudo.
14:22Eu que agradeço.
14:22Tá bom?
14:24Até mais.
14:24Obrigada, viu?
14:25Até.

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