Pular para o playerIr para o conteúdo principal
  • há 22 horas

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Moab, depois de passar 10 meses preso aqui no Cotel,
00:04finalmente Anderson Gabriel da Silva, de 25 anos,
00:07conseguiu se reencontrar com a família do lado de fora,
00:11depois de passar aqui por essa porta.
00:15Esse momento do reencontro, a gente registrou.
00:18Veja aí.
00:30E agora a gente vai poder falar com ele, que já está aqui,
00:51inclusive segurando o alvará de soltura.
00:55A gente contou outra história aqui inicialmente de Aku Moab,
00:57dizendo como é que foi sua prisão.
01:00E agora a gente consegue conversar com você,
01:02e eu já quero te perguntar como foram esses dias dentro do Cotel, meu amigo.
01:07Todo dia você deveria estar ali pensando que estava sendo preso de forma injusta,
01:11que estava ali de forma injusta e parecia que não tinha fim, né?
01:14Isso, com certeza.
01:16Muito medo de não conseguir achar esse erro.
01:20Uma graça defensora, Cristina, que me ajudou muito.
01:23Deus abençoe a vida dela.
01:24E não sou eu, mas tem muita gente aqui inocente também.
01:27Fazer a mesma situação que a minha, não só aqui nesse presídio, como em outros.
01:32E estar nessa mesma situação e que o governo veja isso, né?
01:37E tem essa análise, né?
01:39E bode pessoas como ela, né?
01:40Para ajudar essas pessoas também que precisam.
01:42Só para você entender melhor essa história, viu?
01:45O Anderson, no dia 10 de janeiro deste ano,
01:47estava de bicicleta passando por uma das avenidas ali de Jaboatão de Guararapes,
01:52quando ele foi parado pela polícia.
01:55Durante a abordagem, a polícia identificou que o nome dele,
01:58Anderson Gabriel da Silva, de 25 anos, é, Gabriel da Silva, né?
02:04Havia um mandado de prisão por homicídio justamente para esse nome.
02:09Aí a polícia pegou e analisou o nome da mãe dele, dona Ana Paula,
02:13e viu que esse mandado de prisão, né?
02:15Era direcionado para uma pessoa que chamava-se Anderson Gabriel da Silva
02:21e que a mãe dessa pessoa era Ana Paula também.
02:25Aí foi quando os policiais deram ordem de prisão
02:27e ele foi recolhido para o sistema prisional, não foi?
02:30Isso mesmo.
02:32Você tentou falar para os policiais que não era você?
02:34Falei, mas ele não deu ouvido não, né?
02:35Porque também é o nome igual.
02:37O nome da mãe igual, meu nome igual.
02:39Aí eles pensavam que era eu mesmo.
02:41Aí ele nem deu ouvido.
02:42Aí já me colocaram aqui.
02:45Aí você passou esses meses preso?
02:47Foi nove meses preso.
02:49Esses momentos também foram difíceis, viu?
02:51Para a mãe, para a esposa.
02:53A dona Ana Paula, a senhora quando ficou sabendo
02:55que seu filho tinha sido preso por homicídio,
02:58a senhora ficou desesperada, né?
02:59Com certeza, né?
03:00Porque é difícil.
03:02E se jovem, né?
03:03Jovem, gente que tá hoje em dia, se junta com os amigos,
03:06sai, chega no outro dia, a gente fica com o coração na mão, né?
03:09E a senhora chegou a perguntar, de fato foi você, meu filho?
03:11Claro, sim.
03:12No fundo, a gente tem certeza que não,
03:13que a gente sabe quem ele, né?
03:15A senhora tinha perguntado a ele, Paula?
03:16Qual foi a resposta que deu?
03:17Não, jamais.
03:18Ficou revoltado.
03:19O que ia fazer ia ser mais raiva, né?
03:22A revolta é triste, né?
03:24E foi isso, mas graças a Deus, Deus,
03:27tudo é o tempo de Deus, né?
03:30Muitas vezes é livramento,
03:32às vezes não escuta mãe, pai, família, nada.
03:35Mas, fora isso, ele tá aqui, tava aí nesse lugar horrível.
03:42Espero que a gente tenha fé em Deus, que ele nunca mais vai botar o pé aqui.
03:45É isso que você espera, né?
03:46Agora eu quero te perguntar uma coisa, dona Ana Paula.
03:49Eu fiquei sabendo que a família de vocês é bastante humilde, né?
03:51Se não fosse a defensoria pública, talvez o seu filho ainda estivesse.
03:56Ela correu muito atrás, graças a Deus.
03:58Primeiramente, Deus, ela também.
03:59Também, daí foi quando eu consegui a defensora.
04:02Ajudou muito, né?
04:04Ajudou muito.
04:05E ele sempre dizendo, nunca fui, nunca fui.
04:07Nunca bati em Goiânia sem onde fica.
04:09Nunca fui pra Goiânia.
04:10O lugar máximo que ele já foi é até o Cabo, vamos dizer assim.
04:13Mas, é isso.
04:14A gente, ninguém em casa foi.
04:15Nunca foi bater em Goiânia ainda.
04:17A gente vai falar sobre esse crime, inclusive, já já, viu?
04:21Muito obrigado.
04:21Agora, antes, deixa eu falar com a esposa.
04:23Deve estar feliz, está tímida.
04:25Mas, está feliz em reencontrar agora o marido do lado de fora do presídio, hein?
04:29O que representa isso pra você?
04:31Bom, né?
04:32Sim.
04:33A gente sofreu muito também lá fora.
04:34Foram dez meses de sofrimento.
04:37Muito.
04:37Pessoas duvidando do seu marido, inclusive.
04:39Sim, julgando também.
04:41Muito julgamento.
04:43E como era pra você procurar ajuda pra ele, hein?
04:45Difícil, né?
04:48A gente tem muita condição de, tipo, pagar um advogado.
04:51Assim, só nas pessoas mais humildes, né?
04:53Que eles parecem que ficam em cima da pessoa.
04:56Só porque a pessoa é humilde.
04:59Aconteceu isso, né?
05:00Mas, graças a Deus, agora ele vai voltar pra casa e que nunca mais volte a pisar aqui novamente, né?
05:05Agora, deixa eu falar com você aí de casa.
05:06Porque, veja, tudo isso só foi possível graças a um trabalho sério na defensoria pública, né?
05:12Por quê?
05:13Porque, enquanto ele estava preso aqui no cotel, ele ainda continuava lutando ali, querendo provar a inocência dele.
05:20E chegou até a doutora Maria Cristina e contou pra ela, olha, doutora, eu sou inocente.
05:26Aí foi quando a doutora começou a analisar esse caso.
05:29E viu que a morte aconteceu em 2023, em Goiânia.
05:33Que o nome do autor do homicídio, por quê?
05:38A irmã da vítima chegou pra polícia e falou assim, olha, quem matou o meu irmão foi Anderson Gabriel da Silva.
05:47Aí os policiais chegaram pra ela e mostraram uma foto.
05:50Falaram assim, é esse aqui?
05:51Ela disse, é esse.
05:53E naquele momento, os policiais mostraram a foto, de fato, do Anderson Gabriel da Silva, que cometeu o crime.
05:59Que já é conhecido pela prática de crimes e que mora na Paraíba.
06:03Depois que aconteceu essa abordagem com ele, os policiais viram o nome.
06:08Viram que o nome da mãe dele também era igual ao nome da mãe do Anderson Gabriel, lá da Paraíba.
06:14Aí prenderam ele.
06:15Teve audiência e tudo.
06:17E mesmo assim, você acabou sendo reconhecido até pela irmã, né?
06:20Durante a audiência, ela chegou a falar que foi você mesmo.
06:22Foi isso mesmo.
06:23Ela disse que foi eu, foi isso mesmo.
06:26Mas depois apagou a tela e só falou com ela.
06:29Depois não viu o que falou mais.
06:31Aí você ficou preso.
06:33Aí foi quando a senhora entrou na história, doutora.
06:35Eu queria que a senhora contasse pra gente aqui como foi esse trabalho para chegar até o dia de hoje e ele poder sair, né?
06:42Eu ouvi falar que esse processo chegou a ficar parado três meses.
06:44Foi isso mesmo?
06:46Infelizmente foi.
06:46Foi um trabalho de equipe da defensoria e aí é a importância de vários núcleos.
06:51Foi importante o envolvimento da defensoria de Goiânia, de Jaboatão e culminou aqui no núcleo de execução penal que eu trabalho aqui no Cotel.
06:59Por isso nós conseguimos, junto com os colegas, captar todos os elementos a fim de provar a situação do senhor Anderson e viabilizar a soltura dele.
07:09Doutora, esse crime aconteceu no ano de 2023.
07:12E o autor, de fato, teria sido um Anderson Gabriel da Silva.
07:17Só que não foi esse aqui que ficou preso.
07:20Exatamente.
07:20Foi outro Anderson que, segundo a polícia, está recolhido no sistema carcerário da Paraíba.
07:27E tem uma vasta ficha criminal que não é esse Anderson.
07:31E, infelizmente, aconteceu essa coincidência de ter o mesmo nome e o mesmo nome da mãe também.
07:37Foi um erro muito grande, né, doutora?
07:39Porque, veja, a irmã reconheceu o autor, o legítimo autor, por foto.
07:45Foi.
07:46A polícia prendeu pelo nome.
07:48Foi.
07:49Não dava para consultar o nome do pai, por exemplo, o CPF, antes de decretar a prisão dele?
07:54O grande problema é que a maioria da população não sabe, por exemplo, o nome, os números do CPF.
08:00Ele, por exemplo, não tem o nome do pai.
08:02E tem todo esse problema de falar os dados.
08:06Então, é essa a importância de toda a população sempre manter os dados atualizados,
08:11manter um documento consigo, até para confrontar os dados numa futura abordagem policial.
08:17Porque ninguém está livre dessa situação.
08:19Então, está todo mundo sujeito a ser abordado pela polícia, evidentemente, eles estão fazendo o serviço deles.
08:25E, infelizmente, há essa situação.
08:27E, durante a audiência, a irmã que tinha reconhecido por foto olhou para o Anderson e falou, foi ele mesmo.
08:34E, infelizmente, também houve essa situação. Por quê?
08:37Quando a pessoa chega na audiência já preso, chega numa situação já de fragilidade,
08:42tem-se também a situação de chegar muito, uma situação muito constrangedora perante o judiciário.
08:50Há esse reconhecimento, seja pela situação até de apresentação perante.
08:55Olha, é ele, evidente que a irmã da vítima, diante de um fato chocante, fala, é ele sim.
09:01E, infelizmente, há essa situação.
09:03Então, há essa fragilidade na mente humana do reconhecimento, por ser um fato chocante,
09:08Deus nos livre presenciar o assassinato de um irmão e ter que reconhecer o algoz numa audiência.
09:15E acontece isso, infelizmente, pela situação do susto que a irmã da vítima passou
09:20e também pela situação que o senhor Anderson estava preso, apresentado numa audiência e sendo apontado.
09:27É ele o autor? A resposta foi afirmativa.
09:29Doutora, depois de passar todo esse tempo aqui por causa de um erro, ele tem direito a uma reparação do Estado?
09:35Ele pode buscar esse direito?
09:37Pode e deve. Nós já orientamos mais de uma vez.
09:41Ele tem direito a ressarcimento, desde que a família também assim queira,
09:45porque também é outro processo muito longo, só que ele tem direito a esse erro do judiciário.
09:51Você que esperou 10 meses preso, eu acho que o tempo aqui dentro deve passar bem mais lento do que aqui fora, né?
09:56Você não está sem fazer nada ali, né? Você está preso.
10:00Ainda vai dar... tem pique ainda para esperar esse processo rolar aí?
10:05Eu sei, com certeza.
10:06Está atrás da reparação?
10:07Eu sei.
10:09Boa sorte para vocês, viu?
10:10Que você seja feliz, consiga voltar a ter sua vida normal aí.
10:13É isso, Moab.
10:14A nossa equipe de reportagem vai continuar de olho.
10:17Qualquer atualização, a gente volta a trazer aqui no Brasil, gente, Pernambuco.
10:20É com você, meu amigo.
10:21Obrigado.
10:22Obrigado.
10:23Obrigado.

Recomendado