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  • há 2 dias
Transcrição
00:00E uma pesquisa global mostra que 542 mil robôs foram instalados em fábricas ao longo de 2024,
00:10mais do que o dobro do número de 10 anos atrás.
00:14A Ásia foi responsável por 74% das novas implantações no ano passado,
00:20em comparação com 16% na Europa e 9% nas Américas.
00:27E um país em especial lidera com folga esse setor. Vamos ver.
00:39Mais de 2 milhões de robôs já são utilizados em fábricas chinesas.
00:45Apenas no ano passado, o país adicionou cerca de 300 mil dispositivos à sua força de trabalho.
00:53Os dados são da Federação Internacional de Robótica.
00:59Este número é maior do que o restante do mundo combinado.
01:03Para se ter uma ideia, os Estados Unidos, que rivalizam com a China na disputa pela hegemonia tecnológica global,
01:13disponibilizaram apenas 34 mil máquinas no mesmo período.
01:18O Japão manteve a sua posição como o segundo maior mercado de robôs industriais,
01:26com 44 mil e 500 unidades instaladas em 2024.
01:32O levantamento revela um domínio completo do setor pelos chineses.
01:37Além de fabricar e instalar robôs em fábricas em um ritmo muito maior do que qualquer outro país do mundo,
01:46a China está aperfeiçoando os dispositivos.
01:50Para isso, Pequim tem estimulado as empresas nacionais a se tornarem líderes em robótica e outras tecnologias avançadas,
02:00como semicondutores e inteligência artificial.
02:04As indústrias chinesas receberam acesso quase limitado a empréstimos de bancos controlados pelo Estado,
02:13a taxas de juros baixas, além de injeções diretas de dinheiro do governo e outras assistências.
02:22Já em 2021, as autoridades chinesas anunciaram um plano nacional para expandir a implantação de robôs.
02:31Os resultados são claros.
02:34A participação do país na fabricação mundial de robôs aumentou no ano passado,
02:42para um terço da oferta global contra um quarto em 2023.
02:47No geral, a China tem cinco vezes mais máquinas trabalhando em suas fábricas do que os Estados Unidos.
02:55O setor elétrico e de eletrônicos continua sendo o principal destino dos robôs industriais na China.
03:04A segunda posição está com o setor automotivo.
03:13Impressionante, não?
03:14E vamos entender um pouco mais desse cenário, recebendo o Arthur Igreja,
03:20que é especialista em tecnologia e inovação, para bater um papo aqui com a gente sobre esses números.
03:26Deixa eu receber o Arthur Igreja.
03:29Olá, Arthur Igreja. Muito bem-vindo novamente ao Olhar Digital News. Boa noite.
03:36Boa noite, Marisa.
03:37Arthur Igreja, acabamos de ver aí uma reportagem falando sobre esses números.
03:42Nós já temos, claro, uma disputa pela liderança na corrida das inteligências artificiais entre Estados Unidos e China.
03:51Mas na robótica, pelo menos em termos de números, não parece ter uma competição.
03:56A China domina completamente.
03:59Na sua opinião, Arthur, essa é apenas uma diferença de estratégia,
04:03ou realmente é uma diferença de capacidade tecnológica?
04:08Essa diferença é o somatório de estratégia, visão e a implementação.
04:14Então, vale lembrar que a China estabeleceu um grande plano voltado à robótica ainda em 2021.
04:21Então, ela vem acelerando essa adoção dos robôs industriais e se torna líder também em vários outros campos da robótica,
04:28como o desenvolvimento dos robôs humanoides e chega nesse patamar de cinco robôs na China para cada um robô nos Estados Unidos,
04:38sendo que no último ano a implementação foi nove vezes maior.
04:42Ou seja, não é só que a China está na liderança, ela está abrindo distância e com velocidade.
04:47E aí fica até uma reflexão, porque se os Estados Unidos estão tentando trazer as indústrias de volta e trazer esses empregos,
04:56o que nós estamos vendo é que talvez passe por isso, justamente por não só o protecionismo,
05:01mas pelo maior... um alto emprego de tecnologia, que é o que a China está fazendo.
05:07Então, ela está seguindo os passos daquilo que aconteceu, especialmente na Coreia do Sul e, claro, no Japão.
05:14O Japão foi o primeiro país a ter uma adoção de robôs em grande escala e depois foi seguido pela Coreia do Sul,
05:22que fez uma transição espetacular economicamente.
05:24A Coreia do Sul tinha uma economia muito parecida com a do Brasil em meados do século XX
05:29e hoje tem uma renda per capita imensamente maior.
05:32Ou seja, a China percebeu que quando o assunto é tecnologia,
05:36quanto mais tecnologia empregada, maior o valor associado a tudo aquilo que se produz nesta economia.
05:44Agora, Arthur, robótica e inteligência artificial estão muito integradas.
05:49Qual é essa estratégia? O que a China pode se afastar e evoluir diante do mundo?
05:58Olha, uma coisa tem tudo a ver com a outra,
06:00tanto que é muito interessante ver aquela linha do tempo em que o CEO,
06:04o fundador da NVIDIA mostra em janeiro desse ano,
06:08quando lá estávamos na CS,
06:10então ele em janeiro desse ano ele mostra que nós temos uma evolução natural entre a IA,
06:18a IA generativa, o próximo passo é a Agentric AI,
06:21a IA dos agentes, que é o que nós estamos vivendo ao longo de 2025,
06:25e que o próximo passo seria o que ele chamou de Physical AI,
06:28ou seja, a IA implementada em robôs.
06:32Então, não por acaso, a NVIDIA tem feito esses investimentos no Omniverse,
06:38que são ecossistemas de software e de hardware para robôs,
06:42e eu estou falando tudo isso porque a China também captou essa visão,
06:46então ela sabe que os robôs estão evoluindo drasticamente,
06:51tem tudo a ver com o IA,
06:52porque tem uma coisa curiosa aqui,
06:55tanto com a IA quanto com os robôs,
06:58eles são muito complementares aos seres humanos,
07:01então tem tarefas que são extremamente árduas para o ser humano
07:05e que são muito fáceis,
07:06tanto para a IA no campo do software,
07:08tanto para os robôs, a execução para os robôs,
07:11mas o contrário também é verdadeiro,
07:13então tem coisas que são banais para os seres humanos
07:15e que os robôs se batem muito para fazer.
07:18Bom, dito isso, a IA tem sido a ponte,
07:21ou seja, ela é que tem ajudado os robôs a aprender com tamanha velocidade,
07:26então antes os robôs eram programados,
07:29depois eles começaram a aprender através daquilo que se chama de aprendizado,
07:33por exemplo, aprendizagem guiada,
07:36e agora com a IA, com a possibilidade de geração de cenários e dados sintéticos,
07:41os robôs estão evoluindo em uma velocidade assustadora,
07:45por isso que muitas pessoas quando veem aqueles vídeos da Unitree,
07:50que é a grande fabricante de robôs humanoides chineses,
07:53e da Boston Dynamics,
07:54as pessoas acham que é vídeo feito por IA,
07:57quando na verdade é justamente essa junção de IA,
08:01que a China é protagonista junto com os Estados Unidos,
08:04e com a robótica,
08:05então a China parece estar muito bem posicionada estrategicamente nesse campo.
08:08Beleza.
08:10Agora, Arthur, com o avanço da robótica,
08:13como que ele se traduz no mercado de trabalho?
08:16Até com essa sinalização da China,
08:19digamos que isso pode se espalhar pelo mundo,
08:22como que isso afeta essa robótica o mercado de trabalho?
08:26Eu não tenho dúvida disso,
08:27que vai se espalhar pelo mundo todo,
08:29então uma coisa que chama a atenção,
08:31não pelo lado positivo,
08:33quando nós olhamos o report da Federação de Robótica,
08:38o Brasil basicamente nem aparece nesse quadro,
08:40então quando eles citam as Américas,
08:43nós vemos basicamente informações acerca de Estados Unidos,
08:46México e Canadá.
08:47Então, quando o assunto é robótica e mercado de trabalho,
08:51o primeiro instinto de muitas pessoas é ficar assustada,
08:54é ficar com medo, é pensar em substituição,
08:56mas veja que justamente os países
08:59que têm o mais alto emprego de tecnologia
09:02e especialmente de robôs,
09:03são justamente os países que estão alcançando
09:07as maiores taxas de crescimento de renda per capita,
09:10ou seja, tem uma correlação direta
09:13entre valor agregado, entre produtividade,
09:16entre trabalhos mais bem remunerados,
09:19ou seja, tomara que isso se espalhe,
09:21tomara que isso se amplifique,
09:23que isso cresça, inclusive aqui no Brasil.
09:26Nós temos utilização de robôs,
09:28mas em pontos focais muito específicos,
09:31como é o caso da indústria automobilística
09:33e algumas outras indústrias,
09:35mas a escala é muito aquém
09:37de uma das principais economias do mundo.
09:40Então, o Brasil tem muito a aprender
09:42com todos esses países,
09:43não só o caso de Estados Unidos,
09:47China, Coreia do Sul,
09:48que eu já mencionei, Japão,
09:49mas também países como a Alemanha.
09:51O report fala muito também
09:52sobre o emprego de robôs na Europa,
09:54em que justamente os países
09:56que têm mais robôs
09:58conseguem ter um mercado de trabalho
10:01que valoriza mais justamente as pessoas.
10:04Então, parece que é uma coisa
10:05não intuitiva num primeiro momento,
10:07mas os dados mostram que é exatamente
10:09isso que acontece.
10:10Agora, esse mercado vai chegar
10:12na outra ponta, não é?
10:13Nos consumidores, eventualmente.
10:16O desenvolvimento de robôs humanoides,
10:18por exemplo,
10:19é um desses exemplos.
10:21Agora, como você imagina
10:22essa integração da robótica ao dia a dia,
10:26no médio e no longo prazo, Arthur?
10:29Olha, como eu mencionei,
10:31tem tarefas que são absolutamente banais
10:33para os seres humanos
10:34e que os robôs se atrapalham muito,
10:37mas eles têm evoluído bastante.
10:39Isso tem tudo a ver com capacidade
10:42de aprendizado em nuvem,
10:43quer dizer, os robôs trocando experiências
10:46e tendo updates de softwares,
10:48a melhoria dos atuadores,
10:50dos sensores,
10:51do mapeamento dos ambientes.
10:52Então, isso tem evoluído bastante.
10:54Ou seja, na vida pessoal,
10:56nas aplicações privadas,
10:58eu digo não industriais,
11:00os robôs ainda são muito mais
11:03uma demonstração de tecnologia
11:05do que um ajudante efetivo.
11:08Ainda estamos...
11:09A coisa que nós estamos mais próximos
11:11da Rose e dos Jetsons
11:13talvez sejam os robôs aspiradores.
11:15muito mais efetivos
11:18para uma tarefa específica
11:20do que os robôs humanoides.
11:21Agora, com toda essa evolução de IA,
11:24dos omniverses,
11:26desses universos sintéticos
11:28que simulam situações
11:30e com essa evolução do aprendizado,
11:32eu diria que no médio prazo
11:33eles começam a ganhar funções
11:35no varejo, no atendimento.
11:38Nós já estamos vendo utilizações,
11:41por exemplo, no setor de hotelaria.
11:43Então, isso vem crescendo.
11:45Agora, no longo prazo,
11:46a imaginação é o limite.
11:48Então, países como o Japão
11:50já prevêem que os robôs vão ser
11:52parte importante da tarefa
11:54de cuidados dos seres humanos
11:56com funções até mesmo
11:58em hospitais, em clínicas.
12:00Então, é aquela velha história,
12:01só para arrematar.
12:03Quando o assunto é tecnologia,
12:04se tem um aprendizado
12:06que é muito sábio,
12:07é que no curto prazo
12:09nós olhamos essas dificuldades
12:10e acabamos subestimando
12:13o potencial dessa tecnologia
12:15e no longo prazo
12:16ela se mostra muito mais poderosa
12:18do que parecia inicialmente.
12:20Ou seja, a IA,
12:21que surge lá
12:22mais de cinco décadas atrás
12:25e demorou muito
12:26para explodir
12:27da forma como nós estamos
12:28vivenciando agora,
12:30mais uma vez recorrendo
12:31ao CEO da NVIDIA,
12:33ele fala que nós
12:34deveremos ter nos próximos
12:35cinco a dez anos
12:36o momento, abre aspas,
12:38chat GPT
12:39dos robôs
12:40nas nossas vidas.
12:42Pois é,
12:43o universo dos Jetsons
12:45chegando mais rápido
12:46do que a gente imaginava,
12:47não é, Arthur?
12:48Acho que surpreende
12:48bastante qualquer um.
12:51Está aí,
12:51Arthur Igreja,
12:52que é especialista
12:53em tecnologia e inovação.
12:55Muitíssimo obrigado
12:55novamente
12:56por mais essa participação.
12:58Arthur,
12:58excelente semana.
13:00Obrigado igualmente
13:01e um bom final de semana.
13:02Obrigada,
13:03você também.
13:04É isso aí, pessoal.
13:05Arthur Igreja
13:06especialista em tecnologia
13:07e inovação,
13:08mais uma vez
13:09participando aqui conosco
13:10discutindo esse cenário
13:12dos robôs humanoides.
13:14Impressionante, não?
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