- há 3 meses
Falta de ar pode ser o primeiro sinal; taxa de óbito infantil chega a 6% dos casos.
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NotíciasTranscrição
00:00Gente, agora é hora da nossa entrevista especial do dia e o assunto de hoje é o aumento das doenças cardíacas em crianças e adolescentes.
00:10Essa semana repercutiu na internet um caso muito triste.
00:14A filha de uma modelo morreu após sofrer uma parada cardíaca.
00:19É a Ana Marie que aparece aí na tela. Ela tinha apenas 16 anos e ela sofria de cardiomiopatia dilatada.
00:30E tinha um passado aí, passado por um transplante cardíaco há cerca de 3 anos.
00:36A doença aumenta o tamanho do coração e enfraquece o músculo cardíaco.
00:41Ela já tinha sofrido outras paradas cardíacas e dessa vez, infelizmente, não resistiu.
00:50Em todo o Brasil, cerca de 29 mil bebês nascem com alguma má formação no coração todos os anos.
00:57É uma estimativa do Ministério da Saúde.
01:006% dessas crianças, em média, morrem antes de completar o primeiro ano de vida.
01:08Agora a gente quer saber, as doenças cardíacas podem vir desde o nascimento ou se desenvolver ao longo da vida?
01:15Quais são os casos mais frequentes?
01:17Será que hábitos de vida aumentam as chances de desenvolver essa doença na infância?
01:22Tudo isso a gente vai saber agora, saber dos sinais, porque a gente recebe aqui no estúdio hoje a cardiologista pediátrica Larissa Furbino,
01:34que já está aqui na nossa mesa para a gente bater esse papo tão importante.
01:38Larissa, muito bom dia.
01:40Seja muito bem-vinda ao Tribuna Manhã.
01:43Obrigada pelo convite.
01:43Nada, eu que agradeço a presença.
01:46Eu já queria saber, porque quando a gente fala em doença cardíaca, a gente já pensa em adulto, né gente?
01:52Hábitos de vida que vão levando a um possível infarto, outras doenças, AVC.
01:57No caso das crianças, é mais nascido, mais adquirido?
02:02Quais são os casos mais comuns?
02:04A gente tem para todos os gostos, né?
02:06Quando a gente fala em doença cardíaca, a gente sempre relaciona aos adultos, infarto, AVC, como você falou,
02:11mas tem esse dado importante das cardiopatias congênitas, que não são tão conhecidas quanto as cardiopatias nos adultos,
02:19mas as cardiopatias congênitas são as que nascem com as crianças e aí se manifestam ao longo da vida ou logo após o nascimento.
02:27E temos também as cardiopatias adquiridas, como a miocardipatia dilatada, que uma das causas é pós-infecciosa
02:34e depois de um quadro infeccioso pode se desenvolver uma cardiopatia.
02:38Ou outras cardiopatias adquiridas, como a hipertensão arterial, a doença de Kawasaki,
02:43outras doenças que se desenvolvem na infância e que podem repercutir na vida adulta também.
02:49A doutora falou muito bem, essas doenças do coração que nascem com essas crianças não são tão conhecidas, né?
02:55Mas elas são identificáveis, é possível identificar com exames ali mesmo, no momento do nascimento ou antes?
03:01Sim, hoje a gente tem o artefato do ecocardiograma fetal, que veio aí para mudar a história dessas crianças.
03:08Então a gente tem possibilidade de diagnosticar intraútero, malformações cardíacas congênitas
03:14e essas crianças recebem o suporte logo após o nascimento ou a orientação da própria família
03:20de saber qual o melhor lugar para essa criança nascer e qual é o suporte que ela precisa depois do nascimento.
03:26O ecocardiograma está disponível na rede pública de saúde e na rede privada.
03:31E depois do nascimento, caso a criança tenha alguma manifestação,
03:35o sopro cardíaco é a principal manifestação na maternidade que vai chamar a atenção
03:39para a necessidade de realizar um ecocardiograma, um eletrocardiograma,
03:44uma investigação inicial para fazer um diagnóstico.
03:46Então a gente tem artefatos para diagnosticar essas doenças.
03:50Perfeito, doutora. Muito importante a gente falar desse acompanhamento,
03:53então depois desses exames aí, até mesmo depois de nascido, dentro também do útero.
03:59Agora, no caso a gente mostrou o exemplo aí da filha da modelo,
04:02que é um exemplo que repercutiu, que realmente está muito recente,
04:05uma perda realmente muito triste.
04:07A gente não consegue dizer, porque não foi divulgada essa informação,
04:11se a Anne Marie, que está aparecendo na tela aí para vocês, a filha dessa modelo,
04:15ela nasceu com essa condição.
04:18Mas a pessoa pode desenvolver ainda na infância, não é doutora?
04:22Como é que é possível isso?
04:23Depois de um quadro infeccioso, na maioria das vezes, a miocardiopatia dilatada,
04:28ela se manifesta por um quadro de insuficiência cardíaca.
04:31Então, geralmente, uma criança que teve um resfriado,
04:35ou um pré-escolar que teve algum quadro infeccioso,
04:38independe da gravidade desse quadro infeccioso,
04:41ele pode ter como sequela o acometimento cardíaco.
04:44Então, geralmente de causa viral,
04:46uma doença que faz a dilatação das câmaras esquerdas do coração
04:50e o enfraquecimento do músculo cardíaco, como você bem falou,
04:54gerando um quadro de insuficiência cardíaca,
04:56que em alguns casos a gente consegue reverter com medicação.
05:00Em alguns casos, a criança chega grave no hospital,
05:02precisa ficar hospitalizada,
05:04e dependendo da gravidade,
05:06a medicação não é suficiente para retornar à força do coração,
05:10e aí é indicado o transplante cardíaco,
05:13como provavelmente foi o caso da filha da modelo.
05:16Ou seja, doutora, então, eu nasço,
05:18a pessoa nasce saudável,
05:20pode desenvolver um quadro por uma infecção.
05:24Então, que infecções virais podem levar a um quadro de doença cardíaca?
05:28Não existe um vírus específico relacionado,
05:31mas a gente identifica que quadros virais,
05:34como resfriado comum, pneumonia,
05:37quadros comuns da infância,
05:39em algumas crianças que têm maior susceptibilidade,
05:42podem desenvolver miocardipatia dilatada, infelizmente.
05:45Infelizmente.
05:46É um alerta muito importante que a gente está dando aqui,
05:49porque então os sintomas podem se confundir, não é mesmo?
05:52Claro.
05:52Quais sintomas são esses aí que podem indicar uma doença cardíaca,
05:57mas que, na verdade, a pessoa pode achar que é um outro problema de saúde?
06:01Principalmente na criança,
06:02é muito difícil de você falar de sintoma
06:04numa criança que não sabe referir,
06:07que não tem queixas.
06:08Então, essas crianças que têm alguma cardiopatia congênita,
06:11ou até mesmo que evoluem com alguma sequela
06:14depois de algum quadro infeccioso,
06:16é uma criança que vai manifestar sinais aparentes para os pais
06:19ou para o pediatra que acompanha.
06:21Então, é importante estar atento a uma criança que não ganha peso,
06:25que soa muito nas mamadas,
06:27que tem cianose, que é rostidão de dedos, lábios.
06:31Uma criança que tem dificuldade de ganho ponderável,
06:34não evolui bem, não está ganhando peso apesar de mamar bem,
06:37não está crescendo idealmente, não se desenvolve bem.
06:40E a dispneia, que é a falta de ar, o cansaço é a principal queixa.
06:44Quando a gente pergunta para os pais de cansaço,
06:46a gente não está falando de dor nas pernas, dor nos membros.
06:49É um cansaço diferente, é uma criança que brinca menos que as outras,
06:54que não consegue correr como as outras.
06:56Às vezes os pais observam entre irmãos diferença,
07:00um irmão que brinca, que é ativo, que corre,
07:02e o outro que não, que para, que é cansado,
07:04não consegue andar, sente falta de ar antes.
07:07Essa criança é uma criança que vai ser referenciada
07:10para o cardiologista pediátrico e a gente vai iniciar uma investigação.
07:13Então, a pessoa pode achar que é asma, por exemplo?
07:16Pode, muitas vezes se confunde.
07:18Às vezes é só asma, às vezes não.
07:20E aí, o diagnóstico, então, procurando um especialista específico
07:24em cardiologia pediátrica, né?
07:25Exatamente. A gente consegue fazer essa triagem inicial
07:28e orientar a família, fazer os exames necessários
07:31para dar um diagnóstico.
07:32E, então, doutora, é possível, então, que ao longo da vida
07:38a criança ou adolescente desenvolva essa doença cardíaca,
07:43inclusive pelos hábitos também, não é?
07:46Vamos falar um pouquinho sobre isso,
07:48porque é possível que a criança desenvolva,
07:51quando adulto, né, ao longo da vida,
07:53devido a esses hábitos de vida que a gente tem,
07:56alimentação, tudo isso?
07:57Sim, essas são as outras doenças cardíacas que podem aparecer, né?
08:03A gente costuma falar que o adulto é o reflexo da criança de hoje.
08:07Então, hoje, com os hábitos das famílias,
08:10o estilo de vida atual, a alimentação inadequada,
08:13o que a gente tem visto no consultório
08:15é o aumento de crianças com sobrepeso, acima do peso,
08:19crianças com obesidade,
08:21crianças com alimentação totalmente errada, né?
08:25Muito embutidos na alimentação, muito produto industrializado.
08:28E essas crianças tendem a desenvolver alterações no perfil lipídico, né?
08:33Colesterol, triglicerídeo.
08:35E essa criança, no futuro, vai ser um adulto hipertenso
08:38ou até mesmo na adolescência, na infância,
08:41vai desenvolver hipertensão, vai desenvolver distúrbios ali do grupo lipídico
08:45que vão, no futuro, transformá-la num adulto com esses mesmos problemas.
08:50A gente falou em alimentação, falou em atividade física,
08:53sono também impacta?
08:55Impacta.
08:56O estilo de vida como um todo vai formar o perfil dessa criança de hoje
09:01que vai se transformar num adulto de amanhã.
09:04Então, inevitavelmente, o nosso estilo de vida impacta muito
09:06na qualidade de vida e na nossa saúde, né?
09:09Agora, doutora, sabe o que me chamou a atenção nesse caso da filha da modelo?
09:13Ela já tinha recebido um transplante de coração, né?
09:16Ela já tinha trocado e, mesmo assim,
09:19ela vinha sofrendo paradas cardíacas e não resistiu a mais uma.
09:24É uma condição que pode ser que, mesmo depois do transplante,
09:28a pessoa continue apresentando?
09:30Não.
09:30Aí, o transplante, geralmente, a gente fala que traz com ele outras doenças, né?
09:35O transplante tem a ver com a imunidade, com a necessidade de medicações,
09:40enfim, transforma o indivíduo num outro quadro.
09:43Então, a miocardipatia dilatada pode ter sido a causa dela ter transplantado
09:48e ela ter recebido um coração totalmente saudável.
09:51Mas, depois do transplante, outras coisas vêm junto, né?
09:54Outras coisas são agregadas e podem ter sido as intercorrências que ela apresentou
09:58até chegar num caso extremo, que foi uma parada cardíaca.
10:02Perfeito, doutora.
10:03E é bom também ficar alerta, principalmente quando a criança nasce com essa condição,
10:08é porque muitas podem ser leves, não apresentar sintomas, ficarem silenciosas?
10:13Sim, a maioria das cardiopatias congênitas não são diagnosticadas logo após o nascimento.
10:20A gente tem como diagnosticar no ecofetal as cardiopatias mais graves
10:24e na maternidade a triagem inicial é o teste do coraçãozinho,
10:28que é feito na maternidade para que essas crianças não tenham alta,
10:32sem um diagnóstico, nos casos das cardiopatias mais graves.
10:35Mas existem cardiopatias silenciosas que só vão se manifestar
10:39depois que a criança já está com a família em casa, na vida pré-escolar.
10:42E essas cardiopatias são essas que a gente falou,
10:45que vão ter esses sintomas silenciosos que muitas vezes se confundem na própria infância
10:49ou a criança se queixa e a gente não valoriza a queixa,
10:53dor torácica, palpitação, criança que reclama de batedeira no peito.
10:58Às vezes a gente ignora um pouco os sintomas porque é criança
11:01e não tem esse conhecimento de que pode existir doença cardiovascular em criança também.
11:05É isso aí, alerta importante, né, doutora?
11:08Doutora Larissa Fiburna?
11:11Furbino.
11:12Furbino, troquei a silva.
11:14Furbino, é.
11:15Doutora Larissa Furbino, que é cardiologista pediátrica,
11:18trazendo todas essas informações para a gente ficar alerta, né,
11:22desde ali da gestação, nascimento e depois disso,
11:26para a gente cuidar da saúde do coração das nossas crianças e adolescentes.
11:29Porque o conhecimento é a melhor ferramenta que a gente tem.
11:32É a melhor arma de prevenção.
11:34Com certeza.
11:34Muito obrigada pela presença, viu, doutora?
11:35Obrigada.
11:36Até próximos encontros.
11:38Olha, a gente já está encerrando o Tribuna Amanhã, 8h58.
11:42Já agradeço pela sua companhia e te convido a estar ligadinho com a gente amanhã,
11:46novamente, a partir das 8h15.
11:49Até lá.
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