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  • há 6 semanas
Delegado dá detalhes de homicídio de Clynton Moisés Lopes em Foz do Iguaçu

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Transcrição
00:00Leonardo, por que o senhor decidiu pelo pedido da prisão?
00:03Bom dia, então, tendo tomado conhecimento da infração penal, a gravidade das lesões apresentadas pela vítima
00:12e as circunstâncias em que elas ocorreram, isso presenciado pela esposa do autor,
00:22nós decidimos representar pela prisão preventiva em virtude da gravidade concreta do fato,
00:26a periculosidade concreta que entendemos que o autor representava-se mantido em liberdade.
00:33Então, a partir desse pedido, formulado perante a autoridade judiciária, o Ministério Público se manifestou
00:40concordando com a necessidade da prisão preventiva e, posteriormente, ouve a decisão judicial que concedeu o pedido
00:50e decretou a prisão preventiva, justamente baseada na necessidade da garantia da ordem pública,
00:57em virtude das circunstâncias concretas deste fato.
01:02Notadamente, aí, a periculosidade deste autor, o grau de agressividade justificada pelas circunstâncias em que o crime aconteceu.
01:12Múltiplos ferimentos e, também, até pelo histórico de 2023, em que o autor teria descoberto uma relação extraconjugal
01:25da esposa com esta vítima, o que teria desencadeado uma agressão física,
01:31embora naquele contexto, isso aconteceu em setembro de 2023,
01:35ela não teria tido a intenção de representar criminalmente em face dele.
01:40Então, também, um dos fundamentos da prisão preventiva seria a garantia da ordem pública, certo?
01:46Diante do risco concreto de uma reiteração criminosa por parte deste autor do crime,
01:52bem como para a conveniência da instrução criminal,
01:54mas já vista que a esposa, né, a então esposa dele se encontra como a principal testemunha deste fato
02:02e também para que possa preservar a integridade física dela aí no curso da ação penal.
02:08Agora, o delegado, o que ele falou em depoimento? Ele apresentou alguma justificativa?
02:13Ele deu uma versão parcial, né, sobre os fatos, eu digo parcial porque ele se valeu como uma estratégia
02:19acertada com a defesa técnica dele de apresentar um relato livre, um relato dele,
02:26a versão que é a ótica dele, né, sobre os fatos e se limitou a não responder
02:32os questionamentos formulados pela autoridade policial.
02:36Então, ele disse que o motivo do retorno dele para casa, ele saiu para o trabalho cedo,
02:42levou junto com ele a filha mais velha do casal e precisou retornar para casa
02:49para buscar um cartão de alimentação.
02:51Então, seria essa a motivação para retornar para casa.
02:54Ao chegar em casa, ele verificou que havia um veículo estacionado em frente à casa,
02:59mas não desconfiou que pudesse ser alguém no interior da sua residência.
03:03Deixou a motocicleta na frente da residência, abriu o portão e tentou chamar pela esposa
03:10e percebeu que a porta do quarto estava fechada, trancada.
03:15O ar-condicionado, segundo ele, fazia muito barulho e o motivo de desligar a energia elétrica
03:20seria para reduzir o barulho do ar-condicionado.
03:23Ao retornar para a porta do quarto, ele já percebeu que a esposa estava no banheiro com o celular
03:27e aí se deparou com uma vítima nua, deitada na sua cama, olhando para o teto.
03:33E aí, ali eles teriam discutido e ele alega que foi ameaçado de morte pela vítima.
03:41E aí ele teria se deslocado até a cozinha, pegou uma faca e entraram em luta corporal
03:47e a todo momento ele dizia que estaria sendo ameaçado de morte e que ele teria agido para se defender.
03:57Ele apresenta, de fato, algumas escoriações, algumas lesões nas mãos, no dorso da mão,
04:03algum sinal de talvez de uma agressão física, alguma equimose.
04:08Foi expedida uma guia de lesão corporal para ele, para que ele possa também ficar materializado
04:13essas lesões, certo?
04:16O que demonstra que efetivamente houve uma luta corporal entre ambos,
04:22o que foi dito também pela testemunha presencial, que seria a esposa do autor.
04:28Ele não quis responder a algum outro questionamento, então a versão dele ficou limitada a isso.
04:34E o que acrescenta é que ele teria furado, segundo ele, os pneus do veículo
04:40para que não fosse perseguido pelo autor, pela vítima.
04:46E ele diz que depois de um determinado momento ele teve um apagão,
04:50que ele não lembra novos detalhes, não lembra de ter entrado, tomado banho, saído.
04:57Então ele se limitou a falar que esqueceu ou que não lembra do que aconteceu.
05:02O senhor chegou a ouvir a esposa também? Ela chegou a dizer alguma coisa?
05:05Perfeito. A esposa do autor foi a primeira pessoa, a testemunha a ser ouvida, imediatamente.
05:13Foi trazida logo após o atendimento da ocorrência lá.
05:18E ela relatou isso, que estava dormindo com uma vítima e percebeu um barulho como se fosse um curto circuito.
05:27E aí a casa ficou escura. Ela levantou da cama e foi ao banheiro e viu um vulto passando.
05:34Esse vulto seria o marido dela, já de posse de uma faca.
05:40Ela não soube precisar se eram duas facas ou apenas uma faca,
05:44porque ela disse que quando percebeu, a vítima e o autor já estavam em luta corporal.
05:50E o autor possuía uma faca na mão e a vítima outra.
05:55Ela entendeu que fosse já uma faca que teria sido tomada da mão do autor.
06:00Então, segundo ela informou, a possibilidade do autor ter entrado no quarto já com duas facas em mãos.
06:08E ali teria surpreendido a vítima na cama, em estado de vulnerabilidade.
06:13E pelas circunstâncias do local, as manchas e pingos de sangue,
06:20desde o quarto, corredor, cozinha, nas paredes, também na área externa do pátio, do quintal,
06:30na parte externa do veículo, muitas marcas de sangue,
06:34isso indicam que a vítima já foi agredida desde o quarto até o lado externo da casa.
06:41Inclusive, ela fala que a vítima conseguiu tomar uma faca do autor e conseguiu derrubá-lo.
06:50Todavia, ela teria gritado para que ele não fizesse nenhum tipo de ato,
06:55nenhuma agressão, não praticasse nenhuma agressão contra o marido dela.
06:59E não bastasse isso, a vítima saiu.
07:02Inclusive, durante essa contenda entre eles,
07:05uma arremessava a cadeira no outro,
07:07ela tentava intervir e era derrubada ou era empurrada.
07:10Ela tentava acionar o socorro a todo momento, gritava pelos vizinhos.
07:15E ela disse que em cada momento de distração dela,
07:17o autor praticava mais ataques contra a vítima.
07:22Certo?
07:22E aí, já caída no quintal, já prostrada e totalmente incapaz de oferecer resistência,
07:31ainda assim, a vítima sofria novos golpes.
07:34Inclusive, ela disse que em determinado momento o autor chutava a cabeça da vítima,
07:41já completamente ferida ali, e se esvaindo em sangue,
07:44provavelmente já em estado terminal ali, se aproximando da morte.
07:48E a partir daí, ele teria adentrado a residência, tomado banho,
07:54colocado o uniforme na empresa e teria ido trabalhar,
07:57segundo ela, ela acredita que ele teria ido trabalhar com a motocicleta.
08:03Então, ele não foi localizado, as dirigências foram feitas ali para tentar capturá-lo,
08:07não foi localizado no local de trabalho nem no endereço dos familiares.
08:11E, considerando todos esses elementos aí, a gravidade,
08:16nós consideramos que houve uma prática de um homicídio qualificado,
08:21tanto pelo emprego de meio cruel, com um extremo sofrimento para a vítima,
08:25a vítima agonizou.
08:27Nós estamos aguardando ainda a conclusão da decropsia para determinar a causa da morte,
08:33mas, muito provavelmente, que ela será, no sentido de uma hemorragia aguda ali,
08:40provocada por ferimentos de água branca.
08:42E também pelo recurso que impossibilitou ou dificultou a defesa da vítima,
08:48em virtude dela ter sido surpreendida em uma situação de desatenção,
08:54estava deitada na cama.
08:56E o laudo de local de morte também estamos aguardando
08:59para verificar se é possível precisar ou confirmar
09:04que as agressões aconteceram ainda na cama ou deitado
09:08ou em alguma outra situação que comprove essa situação de vulnerabilidade da vítima
09:14que não tinha condições de oferecer resistência.
09:17Embora ela tenha conseguido se defender,
09:21tem um detalhe que a vítima possui uma compreensão física avantajada
09:26e talvez ela, ainda ferida, mesmo que ferida,
09:30ela tenha conseguido ainda agir de alguma forma,
09:33o instinto de sobrevivência ali teria conseguido
09:36exercer algum tipo de força para desarmar o autor,
09:40mas isso não foi suficiente,
09:41porque ela tem marcas de sangue no chão e na parede,
09:46desde o quarto até o lado externo.
09:48Isso daí demonstra que ela teve ferimentos profundos
09:51e ainda que tentasse se salvar das agressões
09:56ou evitar novas agressões,
09:57não foi possível e dada a gravidade das agressões que ela sofreu.
10:01Agora, com relação ao momento em que a vítima estava ali,
10:04leitada pouco antes do portão da casa,
10:07o autor não relatou se teria demonstrado
10:11em algum momento ele tentar prestar socorro a essa vítima
10:16para que ela não morresse?
10:17Não, o autor falou que em determinado momento
10:19ele teve um apagão e não recorda do que aconteceu.
10:22Então, aos questionamentos,
10:24o primeiro questionamento que eu formulei
10:26ele já se limitou a não responder,
10:28orientado pela defesa,
10:30e aí, em virtude do direito de permanecer em silêncio,
10:33foi encerrado o interrogatório.
10:35Ou seja, ele ainda incorreu na omissão de socorro.
10:37Perfeito.
10:38Essa questão da omissão de socorro,
10:41ela fica dentro do contexto já da invotação que foi feita,
10:45então, eventual alegação de uma legítima defesa,
10:51que ele está inclinado nesse sentido,
10:54de que teria sido ameaçado,
10:55mas se verifica a desproporção entre a conduta
10:59e 10 e a injusta agressão.
11:01Então, no momento em que há uma ameaça ou empurrão,
11:05essa agressão injusta contra uma vítima,
11:09ela tem que ser atual ou iminente.
11:11Então, uma agressão passada,
11:13ela não justifica qualquer tipo de conduta.
11:16E essa conduta tem que ser feita de forma proporcional
11:21e adequada, utilizando os meios necessários.
11:23Então, dentro do contexto que foi analisado,
11:27houve diversos, várias golpes de arma branca,
11:31e isso demonstra para a gente o emprego de um meio cruel,
11:35que refoge ao natural ali,
11:39ainda que houvesse algum tipo de discussão,
11:41algum tipo de luta corporal,
11:44não vemos como um uso moderado dos meios necessários,
11:49as agressões que ele praticou em face da vítima.
11:52E isso foi o que nos levou,
11:53deu a convicção de que haveria necessidade
11:57da manutenção da prisão dele,
11:58em virtude dessa gravidade concreta
12:01que ele revelou possuir.
12:03Doutor, segundo a mulher da vítima,
12:09da vítima, não,
12:10segunda mulher do autor, né?
12:12Desde o início da briga,
12:13a vítima já estava vendo o autor ou não?
12:17Ela teria informado que estava no banheiro
12:21e viu o vulto do marido passar.
12:23Mas, segundo o que ela disse,
12:25a vítima estava no quarto
12:27e foi surpreendida pelo autor
12:29chegando no quarto de posse de uma faca já em mãos.
12:32Então, no primeiro golpe, a vítima não teria visto.
12:36Essa leitura, com base nos depoimentos,
12:40não é possível fazer.
12:41Nós temos que fazer essa leitura
12:43com base nos vestígios deixados no quarto.
12:46Então, se ele levantou da cama
12:50e ali começaram as agressões
12:52ou se ele foi ferido ainda na cama
12:54e esse sangue não teve, por exemplo,
12:58uma projeção que caísse na cama, né?
13:00E caísse somente no quarto,
13:03essa vai ser uma leitura que vai ser feita
13:05pelo perito de local de crime,
13:07porque essa leitura,
13:09ela pode ser feita a partir disso, né?
13:12Desses vestígios deixados.
13:13Então, a depender do local
13:15onde a agressão à faca é feita,
13:18ela pode ir atingindo alguma artéria calibrosa,
13:22algum tipo de órgão
13:23que tenha uma projeção de sangue
13:26com maior vigor,
13:28isso poderia, sim,
13:30ter deixado a cama
13:31com marcas de sangue,
13:33o que, no primeiro momento,
13:34não se verificou.
13:35Então, é possível que ele já tenha
13:38tentado levantar a cama
13:41e aí, a partir dali, numa discussão,
13:44ter sido surpreendido,
13:45o que não impede, né?
13:46De ele ter sido agredido
13:48de forma surpresa e de traição,
13:52porque ele tem tanto ferimentos
13:53na parte anterior do corpo
13:55quanto na parte posterior.
13:56Então, dessa delimitação aí,
13:59a gente vai aguardar o laudo
14:00de local de crime
14:01para estabelecer o início das agressões,
14:04mas, como eu já disse anteriormente,
14:06tem sangue no piso do quarto
14:09e aí tem um rastro de sangue
14:12muito grande
14:13pelo corredor,
14:14cozinha e área externa,
14:17lado externo do veículo,
14:18então, isso indica
14:19que as agressões se iniciaram no quarto.
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