00:00Ora então, bom dia. Uma segunda-feira diferente daquela que eu esperava para a segunda-feira antes do nosso casamento, não é?
00:10Não é que faça muita diferença porque o Isaac é uma criança espetacular e acompanha-nos para todo lado de uma forma muito tranquila,
00:20portanto, estar com ele ou sem ele é precisamente igual, mas a sensação que eu passei no sábado, eu e o Rui, passámos no sábado à noite,
00:31foi das piores sensações que eu já passei na vida. Eles já tiveram algumas doenças normais de infância, não é?
00:37Aquelas virosas, inclusive já tiveram a vericela, mas ouvir o Isaac a gritar de dor foi um aperto no coração gigante e é uma sensação indiscretível.
00:50E é só um braço partido, portanto, aqueles pais que têm crianças severamente doentes têm todo o meu respeito.
01:02Eu acho que nós só tendemos a valorizar as duas dos outros quando passamos por uma muito semelhante
01:09e não é que um braço partido seja alguma coisa no meio de tanta coisa grave que exista, mas é a nossa dor, não é?
01:18E a nossa dor vale aquilo que vale para nós. E nós nunca gostamos de ver os nossos filhos sofrer a uma criança de 3 anos
01:28que gritava sem parar e chorava sem parar, dizia que tinha dor no braço e que não conseguia, que não aguentava mais.
01:37Então, imagina-me.
01:40Enfim, não estávamos numa situação de perigo, estávamos num restaurante.
01:44O Isaac tinha-me pedido o telemóvel para ver bonecos e eu disse-lhe, olha, não, porque eu tentei ao máximo evitar bonecos à mesa e eu disse-lhe, não, estás num restaurante,
01:55não vais ver bonecos, tens outras crianças para brincar. E aconteceu isto.
01:59E depois, tive tanto tempo para pensar, porque foi o Rui que entrou com ele no hospital, eu fiquei na sala de espera com a Benedita
02:07e com o casal de amigos que estavam a jantar connosco, que foram os queridos e acompanharam-nos até o hospital.
02:13Tive tanto tempo para pensar que pensei, porquê que eu não dei a percaria no telemóvel ao meu filho?
02:17E a esta hora ele estava bem, sem dor, ao meu lado.
02:22Mas nós não adivinhamos o futuro, não é?
02:24E se pudéssemos adivinhar, as coisas eram totalmente diferentes, em muitos aspectos.
02:31Ah, recebi muitas mensagens a perguntar, então, mas ele vai assim ao casamento?
02:34Pois vai, não tem outro remédio, não é?
02:37O casamento estava feito e está feito para que as crianças se divirtam.
02:44E eu espero que o Isaac se divirta mesmo, independentemente disto.
02:47Tenho certeza que vai haver muito carinho à volta dele e muita compreensão.
02:53Portanto, vamos fazer os possíveis e os impossíveis para que ele se divirta.
02:56Ele e as mais 45 crianças que vão existir no casamento.
Comente primeiro