Pular para o playerIr para o conteúdo principal
Direto do coração do Baixo Tocantins para o Dóu Delas! Prepare-se para se inspirar com a história de Nayane Maia, engenheira, educadora ambiental e CEO da Cacau Aré, que une saberes ancestrais à inovação.

Descubra o poder do cacau cerimonial e como ele pode ser muito mais do que chocolate. A Cacau Aré resgata o uso tradicional do cacau pelos povos originários, transformando-o em uma bebida sagrada para rituais e agradecimentos.

Acompanhe a jornada de resgate da comunidade, o empoderamento feminino na produção e gestão da marca, e como a Cacau Aré está gerando renda de forma sustentável, valorizando o cacau original e a cultura amazônida.

#CacauCerimonial #EmpoderamentoFeminino #AmazôniaSustentável #CacauAré

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Hello, mulherada! Sejam muito bem-vindas a mais um episódio do Dóu Delas.
00:05E hoje nós vamos receber direto de Mocajuba, no coração do Baixo Tocantins,
00:11conhecer uma mulher que une saberes ancestrais à inovação com muito propósito e sabor.
00:30Recebemos com muito orgulho a engenheira, educadora ambiental e CEO da Cacau Aré, Nayane Maia.
00:46E eu já te pergunto, o que é o cacau cerimonial e para que ele serve?
00:52Oi Priscila, obrigada por me receber, é um prazer estar aqui.
00:55E o cacau cerimonial, ele nada mais é que o uso tradicional do cacau pelos povos originários.
01:01A gente sabe que o cacau é muito associado ao chocolate, mas o chocolate é uma invenção europeia.
01:07O cacau saiu daqui, foi para a Europa e lá ele se transformou em chocolate.
01:10Então a Cacau Aré, ela traz esse uso tradicional, originário do cacau pelos povos tradicionais daqui das Américas.
01:17Eles pegavam o cacau, maceravam ele, as amêndoas e misturavam com água quente
01:21para beber em rituais, em cerimônias, em agradecimento, em fortalecimento, pedir fartura na colheita.
01:28Então os povos consumiam o cacau dessa forma, com uma bebida que era sagrada.
01:34O cacau, a palavra dele, Teobroma, é alimento dos deuses.
01:37Então eles bebiam o cacau em forma de agradecimento também.
01:41Então é resgatar essa ancestralidade, né?
01:44E essa é a história, porque isso é a história, é a nossa história.
01:48É, exatamente, é a nossa história.
01:50A gente vê ao longo desses anos de trabalho que muitos amazônidas desconheciam que o cacau é original daqui, né?
01:57É original daqui?
01:58É, o cacau é original da Bacelosão.
01:59Eu jurava que era da Bahia.
02:01Não, ele saiu daqui e foi para a Bahia, ainda no Brasil Colônia.
02:04Lá ele se adaptou muito bem e deslanchou.
02:06Mas o cacau, ele é nativo da Amazônia.
02:08Gente, como é importante a gente saber essas informações.
02:12Olha, isso também aqui é cultura, tá, meu povo?
02:15É verdade.
02:16E como surgiu a Cacau Aré?
02:19Conta pra gente.
02:20Então, a Cacau Aré, ela é uma empresa que é formada por mim, minhas irmãs e a minha mãe.
02:25Em 2020, a gente perdeu o nosso pai, que era quem tomava conta da nossa área.
02:29Nós morávamos em Belém, trabalhávamos aqui, cada uma na sua carreira, né?
02:33Eu sou engenheira.
02:34Ah, tinha outras profissões.
02:36Outras profissões, minha irmã é advogada, minha outra irmã é de TI e eu engenheira, né?
02:41Trabalhei muitos anos, né?
02:42Público e privado.
02:43E aí, com o falecimento dele em 2020, de Covid-19, a gente teve que retornar para o nosso território.
02:49Certo.
02:49Então, a gente chegou lá naquela situação.
02:51Ou a gente deixava o território, se desfazia ali da área, ou a gente voltava e via o que poderíamos fazer.
02:57Então, a gente optou em voltar para Mocajuba, se reconhecer naquele território mais uma vez
03:03e começamos o trabalho com o Cacau lá em 2020.
03:05E vocês fazem um trabalho também de educação ambiental lá e de resgate dessa comunidade, né?
03:14Conta para a gente como foi isso, porque não deve ter sido fácil, né, Nayane?
03:18Não, foi uma longa jornada, né?
03:20Ainda enfrentando a pandemia, aquela questão da gente estar recluso, não poder estar visitando as pessoas.
03:27Então, a gente teve que ir devagar, de comunidade em comunidade, de casa em casa,
03:32para ver o que a comunidade estava fazendo ali com relação ao Cacau, né?
03:35A gente via que era uma super desvalorização.
03:37Não tinha perspectiva de mercado, de produto, de acesso a novos produtores, fornecedores, enfim, né?
03:45Então, a gente teve que fazer esse resgate, de fato, ir lá e mostrar que tinha potencial, que tem potencial, né?
03:51Então, foi um trabalho junto à comunidade de se redescobrir como produtor de cacau.
03:57De você ter orgulho de estar ali naquela área e ter um cacau original, um cacau puro, que é bom,
04:03que ele faz bem para a gente e para o meio ambiente também.
04:07E para a comunidade, porque gera renda, né, para essa comunidade.
04:11Mas conta para a gente, qual é o papel dessas mulheres na produção e na gestão da marca Cacau Aré?
04:18É, como eu disse, é uma empresa de mulheres, então a gente se divide em todos os segmentos dentro,
04:26na parte administrativa, financeira, de comunicação e de relação com a comunidade.
04:31Quem nos representa hoje lá é a nossa mãe, a nossa matriarca, né?
04:35Que ela herdou, nós herdamos isso tudo da nossa avó, da mãe dela.
04:38A minha avó era uma grande produtora de cacau, ela tinha muito orgulho de estar ali,
04:42de fazer doce, geleia, de fazer licor.
04:45E tinha orgulho de ter a renda dela e dizer, olha, eu comprei esse prato, essa louça aqui toda com dinheiro do cacau.
04:51Eu construí isso aqui com dinheiro do cacau.
04:53Então foi esse pertencimento, essa sensação de você contribuir com a comunidade que a gente trouxe de volta.
04:59Falou, olha, é possível você gerar renda sem derrubar uma árvore, sem destruir nada.
05:04Você pode pegar, trabalhar esse cacau, fazer ele de uma boa forma e vender para o mercado que vai receber ele de uma forma maravilhosa.
05:10Então a gente tem esse trabalho hoje de ser exemplo também, de falar, olha, são quatro mulheres que comandam uma empresa,
05:16que gera renda, que traz dinheiro para a comunidade e que não derruba nada.
05:20Como é importante a gente ter essa educação.
05:23Vocês fizeram o caminho inverso, vocês saíram do interior, que geralmente isso acontece,
05:28as pessoas que moram no interior saem para estudar.
05:31Mas aí quando isso aconteceu, vocês retornaram e já, claro, com também com a sabedoria do que vocês conseguiram estudar e tudo mais.
05:41E você é engenheira, as outras irmãs têm outras profissões.
05:45Então vocês trouxeram também essa educação que vocês receberam aqui e foram disseminar, né?
05:51Foram espalhar essa educação para toda a comunidade.
05:54Isso é muito legal, parabéns, viu?
05:56Obrigada.
05:56Eu sei que não deve ter sido nem um pouco fácil, né?
06:01Porque vocês trabalham mesmo, é um trabalho de formiguinha, né?
06:04Sim, sim.
06:05Como a gente está numa zona ribeirinha de difícil acesso, então é só com barco.
06:10Então você que ir, e aí tem chuva, tem a subida e a descida da maré, que o nosso rio tem maré, né?
06:16Então todos os atravessos, todas as dificuldades, elas vão existir.
06:21Mas a gente encontrou muita receptividade também na comunidade.
06:25Quando a gente...
06:26Meus avós foram grandes produtores, então quando eu ia lá e falava, olha, eu sou neta do Nário,
06:31eu sou neta da Daí, eu estou resgatando o trabalho com cacau aqui em Mocajuba.
06:35Como é que você está fazendo?
06:36O que você está fazendo aqui?
06:38Como é que está a sua área?
06:39Então a gente conseguiu também fechar parcerias para levar assistência técnica rural para lá,
06:43para levar conhecimento, para levar outras pessoas que trabalham com cacau para instruir as pessoas ali, né?
06:50A nossa comunidade como um todo, porque só a gente não tem, né?
06:54Só uma andorinha não faz verão, literalmente.
06:56Então a gente conseguiu ter essa receptividade e fortalecer a nossa comunidade ali
07:01para atuar junto com a gente na produção de cacau de vasa.
07:04E como foi para a Cacauaré trabalhar essa renda?
07:09Porque vocês ajudam a eles terem uma renda e com isso eles não precisam desmatar a floresta
07:16e vocês ajudam também nisso.
07:18Como é esse trabalho?
07:20Como vocês fizeram?
07:22Isso é através das parcerias?
07:24Então a gente começou fortalecendo o cacau, né?
07:28Vendo como é que eles estavam na produção e indo atrás de compradores, né?
07:32Abrindo mercado.
07:33Nosso papel principal no início foi encontrar mercado para esse cacau que estava ali desvalorizado.
07:38Então a gente foi fazer esse trabalho de conscientização com a comunidade
07:42e depois atrás de mercado.
07:44Hoje tem várias empresas que estão atuando em Mocajuba, como a CB Cacá.
07:48A própria Cargill também compra cacau de lá da comunidade.
07:51E ensiná-los, né?
07:52Como é que ele negocia?
07:53Qual é o melhor momento de comprar ou de vender?
07:56E absorver a produção deles também.
07:58Como a gente já estava no mercado, a gente conseguiu consolidar a nossa marca.
08:01Então aqueles que não tinham...
08:03Ah, não consigo vender o meu suco de cacau.
08:05Não estão conseguindo vender a minha amêndoa, a minha geleia.
08:07A gente absorve e vende.
08:09Eu compro do preço deles.
08:11Não tem desconto.
08:12Não faz bem barato para mim.
08:14Não dá para...
08:14Não.
08:15Quanto é que você está vendendo aqui?
08:1610, 15, 20, 30?
08:18Vou comprar e vou colocar o meu preço e vou revender para fora do estado.
08:21Mas aí vocês trabalham a marca de vocês.
08:23Que é isso que vocês estão trabalhando bastante.
08:26A cacau areia.
08:27Então vocês estão resgatando, gerando essa renda e colocando a marca de vocês nisso.
08:35Mas vocês também têm a produção de vocês próprias.
08:37A gente tem a nossa produção própria, a nossa área.
08:40Seriam os insumos então também, né?
08:42A gente faz toda a matéria-prima do cacau.
08:44A gente aproveita tudo.
08:45Da semente até a polpa, o suco, o mel.
08:48Tudo se aproveita do cacau.
08:50Então a gente não tem desperdício.
08:51E aí a nossa comunidade também aderiu a isso.
08:54Quem produz amêndoa também produz geleia, produz suco, produz todos os derivados do cacau.
08:59E aí a gente consegue abrir mercado para eles também.
09:02Que bacana.
09:02E como é que está sendo esse fomento desses empreendedores lá em Mocajuba com a COP30?
09:10O que vocês estão percebendo?
09:11O que ela está ajudando?
09:13Como está sendo isso?
09:14Conta para a gente.
09:15Todo mundo está eufórico, né?
09:16É uma grande janela, uma visibilidade nunca imaginada por qualquer produtor ribeirinho.
09:21Imagina, a gente está lá dentro, na beira do rio e tem a possibilidade de levar um pouco do nosso trabalho
09:27para o mundo inteiro que vem aqui nos ver, né?
09:30Vem ser recebido por nós.
09:32Eu acho que é uma oportunidade ímpar na vida de qualquer produtor.
09:35Seja do cacau, do açaí, da andiroba, de todas as cadeias produtivas do Estado.
09:41Então a gente está se preparando para isso, né?
09:43Refinando nossos produtos, melhorando o nosso networking, a forma como a gente se apresenta,
09:48participando dos festivais que tem voltados ao cacau e chocolate.
09:51Então a janela da cópia, ela já começou, né?
09:54A gente já está naquele bala.
09:56Então a gente está na contagem regressiva para receber, para as pessoas verem o que tem de bom aqui, de fato.
10:01Pois é.
10:02Mocajuba é conhecido como a cidade dos botos.
10:06E ela é uma cidade muito linda.
10:09O rio é maravilhoso.
10:12Essa questão turística, essa questão de levar pessoas para conhecer como é o funcionamento lá.
10:18Vocês estão pensando nisso, em trazer esses turistas para lá ou não, Priscila?
10:22A gente está focado no chocolate e hoje é o nosso principal produto.
10:27Não, a gente tem, a gente está modelando um serviço de receptivo para levar as pessoas para conhecerem a cadeia do cacau.
10:34Ótimo.
10:34Para ver como é, porque as pessoas pensam no cacau em fazenda, né?
10:38Sim.
10:38E o nosso cacau não é, ele está no meio da floresta.
10:41Então assim, eu não tenho só um cultivo de cacau.
10:43Lá dentro é uma floresta.
10:44Então tem açaí, tem a diroba, tem todas as espécies nativas da Amazônia.
10:47Então a gente quer que a pessoa entenda como é que eu consigo.
10:50Então estar lá no meio do rio, numa ilha, tirar esse cacau e transformar ele e levar ele para o mercado.
10:55Então a gente está desenhando um roteiro de um receptivo para essas pessoas que vêm hoje para a cópia ou para qualquer outro evento.
11:03A cópia vai passar, mas os efeitos vão ficar, né?
11:07Sim.
11:07Então a gente quer que isso vire um serviço dentro da Cacau Aré, que a pessoa venha, consiga conhecer, visitar a área, visitar cacaueiros centenários que nós temos lá.
11:16São quatro gerações produzindo cacau, eu sou a quarta geração da minha família.
11:20Então como é que a gente consegue transformar esse cacau nativo de lá, da comunidade e levar ele para todo o Brasil?
11:25A gente envia para todo o Brasil o nosso produto, né?
11:27Então a gente está desenhando esse modelo de receptivo para as pessoas tenham essa experiência.
11:31de ir lá conhecer a comunidade, conhecer o cacau e provar nossos produtos também, né?
11:37Provar os produtos e conhecer as belezas e a receptividade realmente de Mocajuba, porque eu já fui em Mocajuba e foi muito bem recebida.
11:45Eu não conhecia ninguém, mas foi maravilhoso.
11:48E eu já quero te pedir para que tu deixe um conselho para essa mulherada empreendedora que está assistindo a gente,
11:56para que elas possam trabalhar essa veia empreendedora, mas com propósito aqui na Amazônia.
12:02Qual é o conselho que tu deixa para essa mulherada?
12:05Olha, meu conselho, antes de tudo, é conheça a comunidade onde você vai atuar, vá para a área, para o território,
12:12veja quais são as potencialidades.
12:15E a gente tem que ter na nossa mente, principalmente enraizado para nós, amazônidas,
12:19que a solução está aqui dentro, ela não vem de fora, o modelo de fora não se aplica para a gente aqui.
12:25Então, a solução sempre está na comunidade, foi como a Cacau Aré começou, a gente voltou para a comunidade,
12:30conheceu as nossas dores, angústias e as nossas potencialidades e fomos trabalhar dentro delas.
12:35Então, não tenham medo, nós somos do território, nós somos daqui, quem conhece mais a Amazônia do que o próprio Amazônida, né?
12:42Basta você se reconhecer como Amazônida que a solução vai surgindo em comunhão com a floresta e com a comunidade que está ali dentro.
12:49Nayane, que inspiração, muito obrigada por compartilhar tanta força e propósito.
12:56Que agradeço, viu Priscila, muito obrigada.
12:59E a Cacau Aré mostra que a gente com força e propósito é possível empreender com impacto e raiz.
13:07Nos vemos no próximo episódio do Dau Delas com mais histórias de mulheres que inspiram e transformam a Amazônia.
13:19E a Cacau Aré, muito obrigada.
13:27E a Cacau Aré, muito obrigada.
13:28Até a próxima.
13:31Legenda Adriana Zanotto
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado

13:35
A Seguir
0:37