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Categoria

Pessoas
Transcrição
00:00Aziz e Sezur estavam no quarto, tensos, acompanhando pela televisão a entrevista em que Alas tentava
00:05se justificar diante das câmeras.
00:07O discurso dele soava falso, mas ainda assim a imprensa transmitia cada palavra.
00:13Sezur resmungava, revoltado, enquanto Aziz permanecia em silêncio, os olhos marejados.
00:18Eles tinham certeza de que Yaman não estava mais em casa, e a ausência dele apertava
00:23ainda mais os corações.
00:25Porém, logo em seguida, a porta se abriu e Yaman apareceu.
00:28O choque foi imediato.
00:30Ambos se levantaram ao mesmo tempo, cheios de perguntas, mas ele se manteve sereno.
00:35Sem esperar que dissessem nada, Yaman foi até os irmãos e falou que por mais doloroso que
00:40fosse, irmãos brigam.
00:43Mas também fazem as pazes.
00:45As palavras soaram duras, mas também cheias de peso.
00:48Ele parecia querer encerrar a discussão, e ao mesmo tempo, colocar um ponto final nas
00:53feridas.
00:53Enquanto isso, Sebenen descobria que Yaman havia retornado à casa, e a notícia a deixou
00:58nervosa.
01:00Seu irmão também reagiu mal, mostrando inquietação.
01:03Yaman, no entanto, afirmava diante de todos que a culpa de tudo aquilo não era dos irmãos,
01:08e sim de quem os havia separado no passado.
01:11Olhando firme, disse que era Yaman ali Soissalans, mais conhecido como Selvagem, mas que se aquelas
01:16pessoas que o arrancaram da família aparecessem de novo, deveriam saber que ele não tinha mais
01:21medo, na sala da mansão.
01:24Neslian assistia à mesma entrevista e com lágrimas nos olhos, desejava boas-vindas
01:29ao filho.
01:30Para ela, pouco importava a dor ou as palavras duras, ali estava de volta, ainda que soube
01:35o nome de Yaman.
01:37Já Ishef, como ouvido, dizia que agora poderia morrer em paz, pois sabia que Yaman faria de
01:42tudo para proteger a família e seus irmãos.
01:44Como sempre demonstrara com gestos e atitudes.
01:47Ao retornar para casa, Neslian perguntou se o filho queria comer algo.
01:52Ele sorriu levemente e respondeu que já estava satisfeito, pedindo licença para ir ao quarto.
01:57No caminho, encontrou Ezé, que o segurou com delicadeza, pedindo que não fosse embora
02:02novamente.
02:03O pedido mexeu com Yaman, mas ele apenas assentiu e seguiu adiante.
02:08No quarto, ao se sentar na cama, Yaman notou o presente que sua irmã caçula havia lhe dado.
02:13Segurou o objeto com cuidado, como se fosse um elo com algo que ainda permanecia intacto
02:18dentro de si.
02:19Foi então que o telefone tocou.
02:21Era a Z.
02:22Ela perguntava, ansiosa, o que havia acontecido.
02:26Yaman respondeu que não se importava mais com o que Alas havia feito.
02:30Sezur, revoltado, pegou o telefone da amiga e gritou, dizendo que não acreditava no que
02:35estava ouvindo, que Yaman agora já não se importava mais com eles.
02:39Yaman tentou explicar, mas Sezur não o deixou.
02:41Disse que entendia muito bem, que o amigo não gostava mais deles, que aquele selvagem
02:46havia morrido.
02:47Afirmou que Yaman não existia mais.
02:50Que agora só restava ali o filho da mansão.
02:53Tomado pela raiva e pela dor, Sezur pegou sua carroça e saiu para trabalhar, deixando-as
02:58ir chorando.
02:59Yaman, sozinho, olhou para a foto de seus irmãos, para o livro que receberá de Ruya
03:04e deixou que o peso da solidão o invadisse.
03:07Mais tarde, decidiu conversar com Ruya.
03:09A simples ideia o deixou mais leve, embora a presença de Sebinem, observando cada movimento,
03:15fosse perturbadora.
03:16Quando Yaman cumprimentou o irmão mais velho de Sebinem, este ficou nervoso, sem saber como
03:22reagir.
03:22Ruya chegou logo depois, ao cumprimentar Yaman, notou o desconforto do tio.
03:27Perguntou o que havia acontecido.
03:29Mas ele respondeu que já estava resolvido.
03:32Yaman, com olhar penetrante, perguntou se ele havia se cortado com os cacos de vidro do
03:37porão.
03:38O homem ficou ainda mais nervoso, pois Yaman não desviava os olhos, investigando cada
03:42reação.
03:43Para quebrar o clima, ele se convidou para jantar, deixando o outro ainda mais inquieto.
03:48Sebinem, percebendo o risco, cochichou ao irmão para que mantivesse a calma, pois Yaman não
03:53o reconhecera.
03:54Enquanto isso, no quarto, Nesli angustiada.
03:57Sentia que Yaman não estava apenas tentando se reconectar à família, parecia procurar
04:02algo ou alguém, como se estivesse em uma investigação silenciosa.
04:06Ruya, por sua vez, passava cada vez mais tempo ao lado dele.
04:11Entre conversas e silêncios, ia conhecendo mais de perto a dor e a força de Yaman.
04:16Havia uma cumplicidade crescente entre eles, apesar de todos os obstáculos que a família
04:21colocava.
04:21Na outra ala da casa, Alas foi atrás de Sagla, que meditava para tentar aliviar o peso da
04:27consciência.
04:28O irmão, porém, não parecia preocupado com arrependimento.
04:31Ao ver Yaman com Ruya no jardim, comentou que agora entendia o motivo de sua volta.
04:36Não era apenas pela família, mas também por ela.
04:39A provocação ardeu em seus lábios.
04:41Sem demora, Alas foi até o jardim enfrentar Yaman.
04:44Ruya tentou impedi-lo, mas não conseguiu.
04:47Frente a frente com o irmão, Alas perguntou porque ele não havia cumprido a promessa
04:52de ir embora.
04:53Yaman respondeu com firmeza, aquela casa também era dele.
04:57Sagla, que chegará logo atrás, deixou escapar entre lágrimas que não gostava dele, que
05:02tinha medo dele e que preferia vê-lo bem longe dali.
05:05Yaman apenas a encarou em silêncio, suportando o peso de palavras que ainda assim, não eram
05:10capazes de apagar a verdade.
05:12Ele estava de volta, e não iria mais se esconder.
05:15Yaman, tomado por uma força que misturava raiva e desespero, ergueu a voz em um grito
05:20que ecoou pela mansão.
05:22Dizia que tinha que permanecer ali, naquela casa que também lhe pertencia por direito.
05:27Alas, sem perder a arrogância que lhe era tão característica, retrucou com veneno
05:31nas palavras, afirmando que a verdadeira casa de Yaman era aquela miserável no bairro pobre
05:37onde crescerá.
05:37Antes que o conflito pudesse se intensificar, os senhores refentrou, com autoridade e serenidade,
05:44pediu que o neto parasse com as provocações e ordenou que Yaman levasse Ruya para um passeio
05:49de carro, na esperança de aliviar a tensão que consumia todos.
05:53Do outro lado da cidade, Cezur empurrava sua carroça, recolhendo lixo nas ruas.
05:58Um homem qualquer, zombando de sua condição, o provocou com palavras cruéis.
06:03Cezur, apesar de ferido por dentro, manteve a cabeça erguida, tentando não ceder à
06:08humilhação, ainda que seus olhos denunciassem a dor de carregar tanto peso sozinho.
06:13Enquanto isso, Esref tomava uma decisão importante.
06:16Reuniu Alas e Sagla e disse.
06:19De maneira firme, que os levaria para longe.
06:22Explicou que ali, agora Yaman, permaneceria naquela casa, custasse o que custasse.
06:26Sua palavra era inegociável, e pela primeira vez os netos sentiram que o avô não pretendia
06:32protegê-los dos próprios erros.
06:34No carro, o silêncio dominava o ar.
06:37Yaman segurava o volante com força, o olhar perdido na estrada, enquanto Ruya, sentada
06:42ao lado, sentia a tensão sufocar o ambiente.
06:45Foi ela quem quebrou o silêncio, dizendo com voz suave que apesar de tudo, sua própria
06:50família também havia enfrentado muitas dificuldades.
06:53As palavras dela, em vez de acalmá-lo, despertaram em Yaman uma enxurrada de memórias.
06:58Acelerou o carro, o motor roncando mais alto a cada segundo.
07:03Ruya, assustada, pediu que ele fosse devagar, mas Yaman começou a despejar sua dor em frases
07:08rápidas, descrevendo tudo o que viverá nas ruas, a fome, o frio, o desprezo.
07:14Quanto mais falava, mais pesado pisava no acelerador.
07:17O pânico tomou conta de Ruya.
07:19Ela se agarrou ao banco, relembrando em flashes o acidente que quase atirara a vida no passado.
07:24Seu grito ecoou pelo carro, implorando que ele parasse.
07:28Finalmente Yaman freou bruscamente.
07:30Respirando ofegante, virou-se para ela e tentou acalmá-la, pedindo desculpas.
07:35Ruya, porém, dominada pelo medo e pela raiva, ergueu a mão e lhe deu um tapa no rosto.
07:40Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto abria a porta e saía do carro.
07:44Com a voz embargada, começou a despejar as tristezas de sua própria vida, revelando feridas
07:50escondidas.
07:52Falou dos pais, do peso da ausência e, sobretudo, contou que sofrerá um acidente com o pai,
07:57um acidente que quase a matara.
07:59E quando voltou à vida, seu pai simplesmente se foi, sem pedir desculpas, sem olhar para
08:04trás.
08:04Yaman a ouviu em silêncio.
08:06A dor dela se misturava com a dele, e naquele instante não havia barreiras.
08:11Aproximou-se devagar, até envolvê-la em um abraço.
08:14Com a voz baixa, murmurou que sentia muito, como se as palavras pudessem costurar as feridas
08:19de ambos.
08:20Naquele mesmo momento, Aziz estava em casa abatida quando ouviu a porta bater.
08:25Era o Senhor Esref, trazendo a Lazy Sagla para aquela residência simples.
08:30Sezur, que voltava da rua com sua carroça, parou ao ver a cena.
08:34Perguntou, confuso, o que estava acontecendo.
08:37O velho patriarca explicou que os netos dormiriam ali naquela noite e que ele levaria Aziz e Sezur
08:42para sua própria casa, pois eram seus convidados de honra.
08:46Em um gesto simbólico, Esref pegou as moedas que pertenciam a Alas e Sagla e as entregou
08:51aos outros netos, como se redistribuísse justiça em pequenas doses.
08:55Na casa, Sagla se mostrava desesperada, incapaz de aceitar aquela situação.
09:00Alas, indiferente, deitou-se e acabou adormecendo, como se nada pudesse atingi-lo.
09:05Desesperada, Sagla tentou sair, mas o segurança da porta a impediu.
09:10O choro dela ecoava pelos corredores até que Alas, irritado, mandou que ela se calasse.
09:15Na mansão, Seran e Neslian conversavam em voz baixa.
09:19Ele estava revoltado com a atitude do sogro, que havia se voltado contra os próprios netos.
09:24Para Seran, aquilo era uma afronta, um golpe duro demais contra a família.
09:29Mais tarde, Yaman e Ruya chegaram de volta.
09:31Ainda abalada, ela entrou em casa com os olhos vermelhos, tentando conter o choro.
09:36Antes de se despedirem, Yaman lhe perguntou se alguma vez havia pensado em procurar o pai.
09:42Ruya, engolindo as lágrimas, respondeu que não.
09:45Disse que onde quer que estivesse provavelmente estava bem, sem pensar nela.
09:49Quando finalmente entrou no quarto, deixou que a máscara caísse.
09:54As lembranças do pai voltaram como uma tempestade.
09:56Ela abriu uma gaveta, onde guardava pequenas recordações, e chorou sozinha, entregue ao vazio que jamais conseguirá preencher.
10:26E aí
10:32E aí
10:34E aí
10:34E aí
10:35E aí
10:36Tchau, tchau.
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