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  • há 3 meses
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A conversa de hoje, apresenta um panorama do Período Pré-Socrático, destacando sua importância para a origem da filosofia e a transição do pensamento mítico para o racional. Ele explora o conceito de Arché, o princípio primordial buscado pelos primeiros filósofos, e discute as diferentes visões de pensadores como Tales de Mileto, Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito, Pitágoras e Parmênides. Além disso, o documento detalha o conceito de Logos e sua evolução ao longo da história da filosofia, desde Heráclito até o cristianismo e as interpretações modernas. Por fim, aborda o termo Physis e a etimologia da palavra "filosofia", creditando sua cunhagem a Pitágoras.
Transcrição
00:00Bem-vindos à nossa conversa de hoje. Vamos fazer um mergulho nas origens da filosofia
00:13ocidental, lá no período pré-socrático, sabe? Entre o século VII e V a.C. A gente
00:21está se baseando aqui em alguns materiais sobre essa época e o nascimento da filosofia
00:26mesmo. A nossa missão, digamos assim, é entender como rolou aquela virada de chave, né?
00:32Sair das explicações só com mitos para buscar explicações racionais, o tal do logos. Qual
00:40era a pergunta que não queria calar para esses primeiros pensadores? Era achar arqué,
00:45o princípio fundamental de tudo. Ok, vamos tentar desdobrar isso um pouco. Essa arqué,
00:50então, seria tipo uma substância ou talvez uma força, né? Algo primordial que dá origem
00:57e ao mesmo tempo explica a natureza, a physis. Exatamente. E essa busca pela arché, olha,
01:03foi algo realmente revolucionário para a época. Foi a primeira tentativa, assim, de achar uma
01:10causa que fosse racional, unificada para o cosmos todo. Um rompimento claro com os mitos, com
01:17os deuses explicando tudo. E o interessante é ver como essa busca mudou, né? Começou
01:22com coisas bem concretas, palpáveis e foi indo para ideias mais abstratas. Pois é. Começando
01:28com o famoso Tales de Mileto, ele olhou e disse, água, por quê? Bom, ele via que era essencial
01:35para a vida, estava em todo lugar, mudava de forma. Aquela frase clássica, né? Tudo
01:40vem da água, tudo retorna à água. É a marca dessa primeira explicação mais naturalista,
01:45digamos assim. Uma observação incrível para a época. Mas aí veio Anaximandro, que
01:51era aluno dele, né? E ele achou que a água era específica demais. Isso. Ele propôs
01:57algo mais fundamental, que ele chamou de Aperon. Seria o ilimitado, o indeterminado. Uma
02:03ideia bem abstrata, mas poderosa. Nossa, o indeterminado. É. Algo que não fosse nem quente,
02:11nem frio, nem seco, nem úmido, mas que pudesse gerar todos esses opostos que a gente vê no
02:17mundo. Uma sacada e tanto. Uau. Mas depois Anaximenes voltou para algo
02:23mais concreto, né? O ar. Voltou, mas com uma inovação genial. Ele não só disse que era
02:29o ar, mas explicou como o ar se transformaria nas outras coisas. Ah, pela condensação e
02:35rarefação. Exato. Se o ar ficasse mais denso, virava vento, nuvem, água, terra, pedra. Se
02:43ficasse mais rarefeito, virava fogo. É quase uma física bem primitiva ali, né? Total. E falando
02:50em transformação, em fogo, chegamos em Heráclito de Éfeso. Ah, Heráclito. Para ele, o princípio
02:57era o fogo. Mas não só o fogo literal, era mais um símbolo, sabe? Um símbolo da mudança
03:03constante, do fluxo incessante de tudo. O famoso pantarréi. Tudo flui. Não se pode
03:10entrar duas vezes no mesmo rio. Exatamente, porque nem o rio é o mesmo, nem você é o
03:15mesmo. E ele introduziu também a ideia do logos, uma espécie de razão universal. Uma
03:21lei que governa toda essa mudança, que dá ordem ao caos aparente. Interessante.
03:27E aí, para complicar um pouco mais, temos Pitágoras de Samos. Completamente diferente,
03:33né? Pois é. Pitágoras olhou para o mundo e viu números. A essência de tudo, para ele,
03:39era a matemática. A harmonia numérica. Desde a música até o movimento dos planetas, tudo
03:45obedeceria a proporções matemáticas. E foi ele, aliás, que teria se chamado de filósofos,
03:51né? Um amante da sabedoria, não um sábio já pronto. Humildade filosófica desde cedo.
03:58Exatamente. E para fechar esse panorama tão diverso, não dá para esquecer Parmênides
04:04de Eleia. Ele foi assim na contramão total de Heráclito.
04:08Como assim? Ele negou a mudança, o movimento ou a multiplicidade?
04:12Para Parmênides, o ser é um só. Eterno. Imóvel. Indestrutível. Aquela frase forte.
04:21O ser é, o não ser não é. Nossa, que radical.
04:25Muito. Ele valorizava a razão pura acima de tudo. Os nossos sentidos, para ele, nos enganavam
04:31ao mostrar um mundo de mudanças. A verdade só podia ser alcançada pelo pensamento lógico.
04:36Foi uma virada fundamental para o que viria a ser a metafísica.
04:41Ufa! Que painel, hein? Uma verdadeira explosão de ideias tentando dar conta da realidade.
04:47Exatamente. E o legato disso tudo é imenso. Eles não só lançaram as bases da filosofia
04:53ocidental com essas primeiras perguntas sobre o que é a realidade e o que é o ser, mas
04:58também da ciência. Física, matemática, cosmologia, está tudo ali em estado embrionário.
05:05Conceitos como Arxé e Logos.
05:07Pois é. Conceitos que atravessaram os séculos. E é bom lembrar, né, que a gente conhece
05:13muito disso por fragmentos, por citações de filósofos posteriores. O trabalho de
05:18reconstrução é grande.
05:19Então, o que a gente pode tirar disso tudo? Acho que a grande mensagem é que esses pensadores
05:24pré-socráticos deram o pontapé inicial na investigação racional da realidade.
05:30Essa busca por um princípio fundamental, a Arxé, mudou para sempre o jeito ocidental
05:36de pensar o mundo.
05:37Sem dúvida. E o que eu acho fascinante é como essa busca por um princípio unificador
05:42de alguma forma continua até hoje.
05:46Pensa na física moderna.
05:46A busca pela teoria de tudo.
05:49Exato. Unificar as forças fundamentais da natureza. Não deixa de ser um eco daquela
05:54busca pela Arxé, né? Ou na biologia, quando a gente pensa no DNA como, sei lá, a Arxé
05:59informacional da vida.
06:01Até a questão da água do Thales.
06:02Etas. A centralidade da água é inegável. E isso tudo deixa a gente com uma reflexão
06:09final, talvez. Claro que hoje parece, talvez, simplista querer reduzir tudo a um único elemento
06:16como água ou ar. Mas essa atitude pré-socrática de buscar uma explicação racional, unificada,
06:23rompendo com os mitos, ela levanta uma questão importante, né?
06:27Qual seria?
06:28Até que ponto a ciência atual, com suas próprias archais, sejam partículas elementares,
06:34leis universais, campos quânticos, é uma continuação direta dessa mesma tradição?
06:40E, mais ainda, quais são os limites dessa nossa busca incessante pela essência última
06:45das coisas? Será que um dia a gente chega lá? Fica aí pra pensar.
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