O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma medida impondo as tarifas de 10 a 40% em dezenas de países e mudou o início da taxação para o dia 7 de agosto. O Canadá vai ser taxado em 35%, conforme ameaçado pelo republicano, a Coreia do Sul vai ter uma taxa de 25% e o México acertou uma negociação para adiar o tarifaço por 90 dias. O professor de economia João Gabriel de Araujo participou do programa Jornal da Manhã deste domingo (03) para repercutir o tema.
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00:00Bom, nessa semana o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou a medida impondo as tarifas de 10 a 41% sobre dezenas de países
00:08e mudando o início do tarifácio para o dia 7 de agosto, quando as taxas entram em vigor.
00:16O Canadá, vizinho dos Estados Unidos, esse vai ser taxado em 35%, conforme ameaçado por Donald Trump em carta enviada em julho para o Canadá.
00:24Já começou na sexta-feira, antes a tarifa do país era de 25%.
00:28Tivemos também Coreia do Sul, fechando um acordo com o Donald Trump, com tarifas de 25%.
00:34E o México também, a Claudia Sheinbaum, que é a presidente mexicana, acertou também uma negociação com o Donald Trump
00:42para adiar por 90 dias o início da tarifação no México.
00:48Com a China também há negociações em andamento.
00:51Então, à medida em que Trump divulgou as tarifas globais, alguns países obtiveram sucesso em algumas negociações.
00:57Para a gente falar um pouco mais sobre tarifas comerciais assinadas pelo presidente Donald Trump para vários países,
01:04a gente recebe agora o professor de Economia do IBMEC Brasília, João Gabriel de Araújo.
01:08Professor, bom dia, obrigado por nos atenderem.
01:11Bom dia, eu que agradeço.
01:13Como é que o senhor avalia essa decisão tomada por Donald Trump, à medida em que ele estabeleceu uma série de ações,
01:21de medidas para alguns países, outros conseguindo uma extensão.
01:26O caso do México tem ainda 90 dias para que elas entrem em vigor, com a China também há negociação.
01:31E ao mesmo tempo, né, professor, a gente acompanha, por exemplo, taxação para Lesoto, para Laos,
01:37que são países que não têm a mesma performance no cenário global da economia,
01:44como alguns gigantes que a gente tem acompanhado.
01:47Essa distribuição de tarifas do Donald Trump, como é que o senhor está vendo, professor João?
01:53Bom, Roberto, primeiro vamos entender o contexto da questão, né?
01:58O Trump, ele bota essas tarifas em jogo agora para tentar fazer um recolhimento de indústrias para dentro do seu próprio país.
02:09Na verdade, é uma estratégia que ele tem de impor tarifas a outros países e tentar consolidar um pouco mais forte a própria indústria nacional, né?
02:20Então, há uma estratégia feita pelo governo americano, não é algo simplesmente isolado ou algum reflexo de uma medida autoritária.
02:34Isso não é verdade, né?
02:36A questão é que os países, como os Estados Unidos é a maior potência global, né, em comparação com o Brasil, por exemplo,
02:43um PIB de sete vezes maior do que o nosso, os países, eles tentem a negociar muito fortemente com os Estados Unidos
02:54para tentar flexibilizar o máximo possível e evitar com que as próprias exportações desses países para os Estados Unidos sejam prejudicadas.
03:06Então, fazem bem esses países em buscarem negociações fortes, né, negociações que busquem dirimir esses problemas, né,
03:17como foi visto recentemente ali pela União Europeia, como a China mesmo tem buscado algumas alternativas
03:24para que o problema se diminua, porque o impacto econômico que tem os Estados Unidos no mundo é um impacto absolutamente significativo
03:38e o efeito de um tarifaço para todos esses países, principalmente os países mais pobres, como mencionados por você,
03:46é um efeito devastador e que pode e irá, uma vez consolidado esse tarifaço, afetar principalmente o mercado de trabalho desses países,
03:59o que é devastador, porque a gente vê uma parcela da população significativa ficando sem emprego, né,
04:11então, essa medida, essa medida adotada de negociação, ela deve continuar, o quanto mais conseguir se adiar essas taxações,
04:24essas tarifaços, melhor possível para os países que conseguirem essas medidas e, em especial para o Brasil,
04:33eu creio que seja uma medida adequada e racional de se tomar.
04:39Agora, professor, a gente está vendo aí, né, países flexibilizando, né, melhorando as suas tarifas, né, tarifas sendo negociadas
04:47e aí a gente tem que ouvir que o Brasil tem que ser o adulto da sala, né, que o Brasil precisa segurar um pouco mais,
04:53precisa ser mais soberano. De que forma o senhor tem visto isso, professor?
04:58Precisa ter um pouquinho mais de, talvez, humildade seria a palavra nesse momento para conseguir flexibilizar também?
05:05Vamos pensar no caso brasileiro, que ele tem um caso, no nosso caso, particular, porque nos afeta, né,
05:13então, a questão ali é o seguinte, o Brasil, ele representa em torno de 1,3% das importações americanas, né,
05:22isso pode parecer um valor baixo, mas ele não é, ele é significativo, principalmente quando você reflete isso para a economia brasileira, né,
05:31porque a transação comercial de produtos importados dos Estados Unidos para o Brasil, essa relação é de em torno de 12%,
05:38que é um valor muito significativo ou mais, né, dependendo dos tipos de produtos, né,
05:44e o que se tem visto, as estratégias que têm sido tomadas foram que em torno de 694 produtos foram retirados do tarifácio, né,
05:54dentre esses produtos, nós observamos que a maior parte desses produtos são produtos essenciais para os Estados Unidos,
06:01para a continuidade da produtividade americana e do funcionamento dos setores nos Estados Unidos, né,
06:10e os que foram mantidos, eles ainda estão em negociação, porque também fazem parte do sistema produtivo americano.
06:19O que o Brasil fornece muito aos Estados Unidos são insumos, então, esses insumos são essenciais
06:27para a continuidade de produção dos próprios Estados Unidos, e isso vai ser negociado com certeza, né,
06:36a questão é, o Brasil, ele precisa tomar atitudes mais diplomáticas, e essas atitudes, elas devem ser em via de negociação.
06:46Então, nós estamos falando, como eu falei previamente, da maior potência mundial,
06:51de uma potência que tem 7 vezes o tamanho do nosso PIB, então, deve ser e é razoável que a diplomacia brasileira
07:01seja no âmbito da negociação, no âmbito daquilo que nós vamos precisar vender esses produtos para os Estados Unidos,
07:12porque caso isso não ocorra, num curto prazo, serão mantidos esses produtos no mercado interno brasileiro,
07:22mas uma vez que o mercado interno já cumpra com as suas necessidades, uma vez que o mercado interno já esteja em esgotamento,
07:30esses produtos, esses produtores muito provavelmente pararão de produzir esses produtos,
07:35e isso vai gerar o efeito rebote, que é o efeito principalmente do desemprego, né,
07:40Então, o Brasil, ele tem que entrar nessa mesa de negociação, vamos colocar assim,
07:46não como um adulto da sala, mas como um agente racional olhando para os próprios interesses econômicos,
07:56porque nós necessitamos dessas exportações, né, tanto quanto os demais países,
08:02e por isso os demais países também flexibilizaram, e nós precisamos tomar um comportamento racional,
08:11menos agressivo e mais de diálogo.
08:14Professor de Economia do IBMEC Brasília, João Gabriel de Araújo,
08:18muito obrigado pela gentileza da entrevista e análise aqui para a gente entender melhor esse momento,
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