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  • há 6 semanas
“Piracema”, novo espetáculo do Grupo Corpo, tem coreografia e identidade visual desafiadoras para celebrar os 50 anos da companhia de dança.

“Piracema” estreia em 13 de agosto, em São Paulo, dividindo o programa da noite com “Parabelo” (1997), que tem música de Tom Zé e José Miguel Wisnik. Em Belo Horizonte, as apresentações estão marcadas para o período de 27 a 31 de agosto, no Palácio das Artes.

IMAGENS
Jorge Lopes/EM
José Luiz Pederneiras
Grupo Corpo / Divulgação
YT/ Clarice Assad

REPORTAGEM
Helvécio Carlos

EDIÇÃO
Jorge Lopes

Veja mais:
https://www.em.com.br/colunistas/helvecio-carlos/2025/07/7213545-grupo-corpo-define-figurinistas-que-assumem-o-posto-de-freusa-zechmeister.html


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Transcrição
00:00Sempre é importante o novo espetáculo, né? A partir desse ano, nós temos dois coreógrafos, né?
00:08Porque a Cacilene também chega para ser coreógrafa residente do Corpo, juntamente com o Rodrigo.
00:16E aí eu pensei, enfim, numa... acho que numa encrenca, porque a proposta era que eles dividissem o grupo,
00:28em dois grupos, né? Onze bailarinos para cada coreógrafo, e eles fizessem, então, a partir da trilha,
00:37fizessem uma coreografia como se aquela coreografia tivesse autonomia, fosse já inteira, não precisasse de mais nada.
00:47E cada um, então, fez a sua coreografia, e durante esse processo, um não podia ver o que o outro estava fazendo,
00:58nem os bailarinos de um podiam, enfim, entrar na sala onde os outros estavam trabalhando.
01:10E aconteceu, então, a primeira vez um encontro, foi no dia 13 de junho,
01:17que eu acho que foi dos dias mais bonitos que eu vi aqui no Corpo.
01:21e realmente um grupo assistindo uma obra exatamente em cima da mesma música que eles tinham trabalhado
01:31esses meses todos, dançado por outros bailarinos, e uma obra coreográfica diferente do que eles estavam fazendo.
01:39Foi, foi, foi um encontro muito legal, muito emocionante, sabe?
01:54E a partir daí, então, ficou a tarefa de, dos dois coreógrafos conseguirem colocar os dois espetáculos em cena ao mesmo tempo.
02:07E é claro que eu sabia que isso não ia ser fácil, né?
02:11E eles também tinham essa percepção.
02:15Tanto que quando eu coloquei pra eles essa ideia,
02:20teve uma resistência muito grande de ambas as partes.
02:27Mas, enfim, o processo sempre criativo é o que eu acho mais interessante, sabe?
02:36E esse processo foi mais um processo, né?
02:40Que foi a tentativa, então, de juntar essas duas coreografias.
02:46A gente tava aqui no café, na sala de reunião.
02:49E aí ele falou, nós dois ficamos assim.
02:52Meio sem acreditar.
02:55Mas eu gosto de falar uma coisa, eu tenho falado uma coisa.
02:58A gente entendeu o tamanho do problema, mas a gente também entendeu que era uma coisa muito inédita, né?
03:04Nunca ninguém fez.
03:05Por isso a gente falou, acho que...
03:07Eu acho que nunca ninguém fez, né?
03:08Eu acho que nunca ninguém fez, né?
03:09Nunca ninguém fez, é.
03:10Não que a gente saiba, pelo menos, né?
03:12É.
03:13O ineditismo, certamente, pegou a gente num lugar tipo...
03:16E acho que isso, certamente, vai ser difícil de fazer, né?
03:20Mas...
03:21É.
03:22Aí fizemos separado, né?
03:23Você sabe.
03:24Eu voltando até um pouquinho ali atrás, assim,
03:28Estância ali com...
03:31Lá pro Dudamel, pra Los Angeles, foi uma coisa muito...
03:36Foi um desafio enorme também.
03:38Porque o espaço era outro.
03:41Teve que ter sido feito num espaço que a gente não costumava trabalhar, né?
03:46Muito mais restrito, completamente diferente.
03:49Então, tem várias coisas, mas sem dúvida foi dos maiores.
03:53Eu tinha medo que houvesse um choque entre nós dois.
03:57E eu acho que foi o oposto.
03:59Houve uma aproximação maior ainda do que já existia.
04:02Quer dizer, esse exercício de você saber que tem que abrir mão, que tem que eliminar o que você fez ali.
04:11Pra que outra coisa aconteça de uma forma mais legal e essa outra coisa...
04:16Não fui eu que fiz, foi ela.
04:18Então, esse abrir mão de coisas que você já fez, às vezes é difícil, mas foi eu.
04:24Eu acho que relativamente tranquilo, né?
04:26Eu cresci aqui, né?
04:28Eu aprendi, aprendo todos os dias com o Rodrigo.
04:32Então, não tem como não saber que eu tenho um DNA que vem daqui, que vem daqui.
04:41Então, o choque foi mais na hora que a gente teve que decidir, e aí eu concordo com ele.
04:46Não foi um choque, foi realmente uma integração.
04:49Era feito pra ser integrado, foi pensado pra ser integrado.
04:54E a gente conseguiu trabalhar muito bem juntos, né?
04:57Olha, em tudo a gente conta também com a sorte, é claro.
05:07Não só com ela, mas ela também faz parte.
05:11E nesse caso, quando veio, quando a gente decidiu o nome, né?
05:17Que o espetáculo ia se chamar Piracema, aí começa a formar um conceito.
05:23Isso é super importante.
05:25Esse nome, inclusive, quem sugeriu, assim, nos encontros, nós sempre, pra tentar nomes,
05:31foi a Cláudia Ribeiro, que na hora saiu que tal Piracema.
05:35E foi o primeiro nome que teve uma unanimidade, sabe?
05:41Então, com isso me veio a ideia, e não demorou muito não, apesar da ansiedade toda que a gente fica, né?
05:49Na hora de propor alguma, enfim, alguma solução cênica.
05:56Mas quando me veio a ideia disso, foi um pouco de uma maneira meio humorada também, né?
06:04De lata de sardinha, quando a gente tá falando de Piracema, né?
06:10E logo, o problema que surge é se isso é viável ou não, né?
06:18A viabilidade dessa coisa.
06:20E eu comprei logo umas latas de sardinha, e tirei a tampa, pesei, e vi, fiz alguns cálculos, e de repente vi.
06:32Eu acho que isso, acho que isso passa, que pode funcionar no teatro.
06:37Porque a gente tem uma série de questões quando você propõe, enfim, qualquer coisa que vai ser colocada em cena, né?
06:45E ficou então o problema óbvio, a gente não vai comprar 82 mil latas de sardinha, né?
06:54O que você vai fazer com tanta sardinha também?
06:58E aí foi a Patrícia Galvão, que já trabalhou no corpo, inclusive como produtora há muitos anos.
07:07Eu apelei pra ela em São Paulo, pra que ela fizesse uma pesquisa.
07:12E ela então conseguiu essas tampas das latas de sardinha, né?
07:19E a partir daí a gente comprou alguma coisa em torno de 100 mil, e a partir daí montamos uma turma, né?
07:31Pra tentar viabilizar isso.
07:33E eu achei que no final tem uma música do Chico que fala,
07:39Ah, eu ainda vou penar muito com essa menina, mas o blues já valeu a pena?
07:45O blues que ele faz?
07:46Eu quando eu vi essa encrenca toda sendo realizada, eu falei, mas isso já valeu a pena.
07:54A escolha da trilha, não só a escolha do compositor, mas você bater o martelo e falar,
08:06a trilha é essa, com essa duração e com esse formato, não é trivial, sabe?
08:13E no caso também dessa trilha, como é a primeira vez que ela tava fazendo uma trilha pra dança,
08:26nós tivemos que conversar bastante, sabe?
08:30Ela mandava sugestões, a gente conversava com ela outra vez e tal.
08:36Esse processo foi um processo grande, não foi pouco tempo.
08:40Eu nem me dei conta de que nesses 50 anos a gente realmente não tinha ainda uma mulher fazendo a trilha pro corpo.
08:51Mas ela não foi convidada por ser mulher, né?
08:54Ela foi convidada realmente pela qualidade do trabalho que ela faz e infelizmente não é tão conhecido no Brasil.
09:03Na verdade, a trilha foi se modificando ao longo do tempo.
09:09Ela entregou uma trilha que foi sendo modificada, mas na verdade pelo Paulo, né?
09:16A gente teve pouco contato.
09:18Quando nós recebemos a trilha, a trilha era essa aí, já tava montada.
09:25Foi um pouco de susto também, né?
09:27Por essas divisões, assim, tão claras que ela tem, né?
09:31Você sai, sei lá, de uma sala de concertos pra, sei lá, pro meio da rua, pra um eletrônico daquele...
09:38É um choque mesmo, né?
09:41E a gente se olhava e falava e agora, né?
09:44Eu brinco que a gente embarca na Amazônia, de repente você sai, cai numa sala de concertos, depois você cai lá no sorro.
09:53Mas são...
09:54Eu até brinco mais.
09:56Eu digo, são três balés com dois coreógrafos.
10:00E aí virou uma peça diferente.
10:03Eu sempre tô vendo, é o próximo trabalho mesmo, assim, sabe?
10:13É esse é que a gente tem que tá todo inteiro, assim, mergulhado.
10:18Então não saberia de maneira nenhuma projetar, assim, pra frente.
10:23Talvez pro próximo, depois que esse estrear e tiver inteirinho, a gente vai começar outra vez, inventar outra encrenca, né?
10:32Eu vejo o corpo na mão dela e do Gabriel.
10:35Isso pra mim é...
10:38Pra mim é muito forte, eu falo isso com você já há alguns anos.
10:41É.
10:42Porque eu acho que são as duas pessoas capazes de dar continuidade a esse trabalho que a gente veio fazendo, né, esses anos todos.
10:52Porque primeiro tiveram essa convivência grande, são parte disso aqui, tanto quanto eu, hoje.
10:59Gabriel talvez seja até mais, né, do que nós dois juntos.
11:03É impressionante.
11:05Então, é...
11:07Eu gostaria de ver que essa coisa andando pra frente, sinceramente, eu tô...
11:12Eu tô querendo diminuir meu ritmo, diminuir meu trabalho, já não viajo mais com a companhia, né?
11:19Eu tô com 70 anos.
11:20Então, essa entrega, sabe, eu acho que foi muito, muito bem pensada, muito bem elaborada, né?
11:31E eu acho que é o que vai acontecer mesmo.
11:34Eu prefiro viver agora.
11:36É lógico que eu entendo perfeitamente quando ele diz...
11:39Porque a gente é parte, eu e o Gabriel mesmo, desde criança, quase, né?
11:43Então, inevitavelmente, o nosso pé tá fincado aqui.
11:48Mas eu acho que a gente segue trocando, aprendendo e eu prefiro...
11:55Vamos um dia de cada vez. Agora eu que vou repetir ele.
11:58Tchau.
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