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  • ontem
A questão vai muito além das tarifas de Trump.

O antiamericanismo é quase instintivo na esquerda brasileira, especialmente no PT, de modo que a nova tarifa de 50% anunciada por Donald Trump não deve alterar o humor desse eleitorado.

Na direita, o anúncio apenas reforça a percepção de que o Brasil vive um estado de exceção, no qual conservadores são sistematicamente perseguidos.

Entre os chamados “isentões”, há quem culpe Lula e há quem culpe Bolsonaro pelo confronto com Washington. Em resumo, no curto prazo a agulha da política interna pouco se move.

O cenário, porém, pode mudar rapidamente à medida que surgirem os efeitos econômicos — e eles vão muito além das tarifas. A maior potência econômica e militar do planeta passou a tratar o Brasil como país hostil, carente de credenciais democráticas mínimas.

Vídeo de Leandro Ruschel
Acesse o nosso site: https://www.rsnoticias.top/2025/07/trump-joga-uma-bomba-tarifaria-sobre-o.html

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Transcrição
00:00Olá, aqui Leandro Rusch, eu desde Miami, nos Estados Unidos, para falar sobre essa verdadeira
00:06bomba nuclear comercial, diplomática, política, que o presidente americano Donald Trump jogou
00:14sobre o regime brasileiro.
00:16Então, isso não é um ataque ao Brasil em si como país, mas ataque ao regime brasileiro
00:22que adotou, desde o primeiro momento, uma postura anti-americana.
00:27E esse é o ponto.
00:28Para quem está chegando agora, numa carta enviada a Lula, Trump diz que estará impondo
00:34ao Brasil 50% de tarifa a partir do dia 1º de agosto, por alguns motivos.
00:41Vou colocar os motivos na ordem que apareceram na carta.
00:43Primeiro, perseguição a Jair Bolsonaro e a direita brasileira.
00:47Segundo, desrespeito à livre eleição, a eleições justas e livres, a liberdade de expressão
00:54e o ataque às empresas americanas, principalmente às empresas de tecnologia.
00:59Terceiro lugar, desbalanço comercial entre Brasil e Estados Unidos.
01:03Ele fala na carta em déficit comercial, mas não há um déficit nominal.
01:08O que ele deve estar querendo dizer é a diferença entre as tarifas que são impostas para produtos
01:13brasileiros vendidos nos Estados Unidos, que é provável de 2%, e a tarifa média imposta
01:17a produtos americanos vendidos no Brasil, que vai de 12% a 15%.
01:20O Brasil é um país muito ineficiente, precisa tarifar e é bastante fechado para proteger
01:24a sua indústria.
01:26Então, esses foram os motivos dados por Trump.
01:29Quais os motivos que ele não apresenta na carta, mas que são evidentes?
01:32Ontem mesmo, o Brasil, liderando uma cúpula dos BRICS, o próprio Lula anunciou que buscaria
01:39substituir o dólar como moeda de transação, moeda de reserva internacional.
01:44Expertamente, o Xi Jinping da China não compareceu enquanto os BRICS, porque está negociando
01:48um acordo comercial com o Trump.
01:49O Putin também não apareceu.
01:51Talvez ficaria chato a lógica da busca pela paz, pela democracia, quando tem uma ditadura
01:57atacando lá a Ucrânia.
01:59Mas, enfim, Lula, então, se apresentou como o líder dos BRICS, se alinhando à China,
02:06à Rússia, à Irã, a todo esse eixo anti-ocidental, anti-americano, e defendendo medidas que o
02:11Trump já tinha alertado que ele não iria tolerar.
02:15Então, isso não está na carta, mas isso é óbvio que pesou na decisão.
02:19O que significa isso?
02:21Vai muito além de tarifas.
02:24Eu mesmo já critiquei aqui o uso de tarifas como uma estratégia diplomática.
02:28Eu creio que isso gera muita confusão, gera caos, gera incerteza.
02:32Talvez o efeito seja negativo para os Estados Unidos no longo prazo.
02:35Mas, iris ou ariris, como diz os americanos, é o que é.
02:38O Trump resolveu adotar esse caminho.
02:39Mas não é a tarifa em si.
02:41É a posição de tratar o Brasil como um inimigo.
02:47Tratar o Brasil como um regime inimigo dos Estados Unidos.
02:50E as implicações econômicas são muito maiores do que as meras tarifas, que já são sérias
02:57o suficiente.
02:58A gente tem 40 bilhões de vendas do Brasil para os Estados Unidos.
03:01Mais ou menos 40 bilhões de vendas dos Estados Unidos para o Brasil.
03:05São setores bem específicos da economia brasileira que são um pouco mais dependentes dos Estados
03:11Unidos, você tem ferro e aço, que já tem uma série de tarifas há algum tempo.
03:16Você tem a carne, que talvez tenha ganhado relevância nos últimos anos.
03:19Você tem celulose, papel, algumas outras coisas.
03:24Mas não é um impacto econômico tremendo, gigantesco.
03:28Isso tem impacto nas primeiras projeções que a gente fez por volta de 0,4% do PIB.
03:32O problema é muito maior quando a gente leva em consideração a necessidade do Brasil de
03:38capital externo.
03:40Você tem um saldo nos últimos 10 anos por volta de 380 bilhões de dólares de investimento
03:48direto dos Estados Unidos ou da maior parte americana no Brasil.
03:53Você tem a compra de dívida brasileira por agentes internacionais, de ativos brasileiros
03:59por agentes internacionais, que sai um pouco do investimento direto.
04:02Então, o Brasil é muito dependente do fluxo internacional de recursos.
04:06Aí a pergunta que eu faço é, qual investidor internacional quer investir no Brasil, que
04:11já estava difícil convencer, o investimento tem reduzido nos últimos anos, especialmente
04:14no mercado financeiro, no mercado de agentes, quando você tem a maior potência econômica
04:21e militar do planeta apontando o dedo e dizendo, olha, esses caras são nossos inimigos, não
04:25são confiáveis.
04:26Porque abre a possibilidade de novas medidas à frente.
04:29E a possibilidade até de retaliações brasileiras que impeçam esse trânsito de recursos.
04:34Como é que vou colocar dinheiro no Brasil e depois talvez não possa tirar?
04:37Então, esse dano é um dano que não está sendo colocado na conta.
04:41O dólar subiu um pouco, a bolsa caiu um pouco, mas ninguém está levando isso em consideração.
04:46Por quê?
04:47Se gera um contexto político que é bastante complicado.
04:50Todos os regimes de exceção de esquerda que se criaram no continente adotaram uma postura
04:57de enfrentamento aos Estados Unidos mesmo com sanções.
05:00Cuba coloca as próprias sanções como culpadas pela destruição do país, que na verdade é
05:05o regime comunista que destruiu o país.
05:07Venezuela foi a mesma coisa.
05:09E a primeira resposta de Lula foi de retaliação.
05:12Só que a retaliação vai gerar taxas maiores ainda do que a gente já tem.
05:16Vai custar quanto?
05:1720 mil reais um iPhone para o brasileiro comprar um iPhone?
05:21Fora o resto dos produtos, o Brasil depende muito mais dos Estados Unidos do que o inverso.
05:26Os Estados Unidos já é uma economia de 30 trilhões de dólares.
05:30O Brasil é uma economia de 2 trilhões e pouco de dólares.
05:34Que ao invés de se alinhar ao Ocidente, está se alinhando com o eixo anti-ocidental.
05:39Então o que Trump faz ao colocar essas sanções é aumentar o custo para o establishment brasileiro
05:48manter essa direção com Lula.
05:52A gente já falou aqui no canal algumas vezes como essa relação entre o centrão, que é
05:56o establishment político brasileiro que manda no país de sempre e Lula está desgastada,
06:00porque o PT tem essa estratégia de destruir a economia para consolidar o poder.
06:07É a mesma estratégia cubana, é a mesma estratégia venezuelana e o centrão não tem esse propósito.
06:15Então já há um esgaçamento nessa relação com o Congresso, com o próprio centrão, que
06:18ficou mais explícito durante esse episódio do IOF, em que o Congresso anulou o aumento do IOF.
06:26E agora fica uma posição de decisão desse establishment.
06:31Se o Bolsonaro vai querer dar os braços, dar as mãos para o Lula, para o Brasil entrar numa aventura autoritária
06:39e anti-americana, se transformando num país como a Venezuela, ou se esse custo de manter uma estrutura de repressão
06:45que envolve o executivo, envolve o judiciário, vai se manter contra os interesses americanos.
06:52Trump não opera porque ele tem simpatia para o Bolsonaro, isso até pode ter algum pequeno peso.
06:58Ele está atrás dos interesses americanos. O interesse americano é ter um aliado de confiança no Brasil.
07:05E o Trump identifica o caminho de Bolsonaro e o caminho da direita como a possibilidade de ter esse aliado
07:10de confiança no Brasil para ter uma relação mais próxima com o Brasil.
07:14E ele acredita que se não fizer nada, o regime vai operar para manter o poder, mesmo por vias não democráticas,
07:24e ser uma pedra no sapato dos Estados Unidos ao longo do tempo.
07:27Obviamente que a esquerda vai tratar, e já está tratando disso, como um ataque à soberania.
07:32Mas isso é uma grande piada, né?
07:34Comunista não tem soberania.
07:36O movimento comunista é internacionalista e usa, eventualmente, o patriotismo como uma estratégia
07:42para buscar apoio político, mas, na sua essência, os comunistas são antipatrióticos.
07:48É só ver o que o PT fez com a Petrobras, quando a Bolívar foi lá e tomou recursos.
07:54Em 2005, o próprio Lula disse, numa reunião oficial, numa fala oficial que está, inclusive,
08:02no site lá da Biblioteca da Presidência da República,
08:06que o Foro de São Paulo, que ele fundou junto com o Fidel Castro, agiu numa ação entre companheiros,
08:13não de um estado para outro estado, para garantir o Chávez no poder e para fazer avançar aí o projeto socialista na América Latina.
08:21Ou seja, colocando os interesses do seu partido, das suas alianças ideológicas, acima do interesse brasileiro.
08:28Durante a Lava Jato ficou claro o quanto o PT, a esquerda, o regime ajudou, Venezuela, Cuba, mesmo o Peru,
08:39com bilhões e bilhões de dólares, muitas vezes vindo do BNDES, utilizados pelas construtoras.
08:45A Mônica Moura, marqueteira lá do Lula, fez uma delação, dizendo que como parte da campanha do Maduro
08:51foi bancada pela Odebrecht, entre outras coisas.
08:56Agora nós tivemos Lula mandando buscar a corrupta lá do Peru, que também caiu nesses esquemas da Odebrecht no Brasil,
09:04para dar asilo.
09:05Estava na semana passada na Argentina defendendo a soltura da Cristina Kirscher.
09:11Fala que o Trump não pode defender o Bolsonaro, mas estava fazendo o mesmo na Argentina.
09:17E a Argentina, por sua vez, que está com o governo alinhado aos Estados Unidos,
09:20está negociando um acordo comercial que isenta de qualquer tarifa 80% dos seus produtos
09:24e coloca uma tarifa de 10% nos outros 20% dos produtos, ou seja, um gol de placa do Milley
09:30em relação aos Estados Unidos.
09:31O Milley escolheu um alinhamento com os Estados Unidos, enquanto o Brasil está escolhendo
09:36o alinhamento com China, Rússia, Irã e todo esse eixo anti-americano.
09:43Então, é isso que está em jogo.
09:44O que está em jogo é a posição do Brasil no mundo,
09:47a posição do Brasil diante desse novo cenário geopolítico.
09:51E me parece que é o momento mais grave da história nacional e de definição do caminho.
09:57Nós queremos ser um satélite da China, um satélite desse arranjo anti-ocidental,
10:06anti-democrático, totalitário.
10:08Felizmente, tivemos um ministro do Supremo dizendo que o Supremo era fã do arranjo chinês
10:13de censura e tudo mais, ou se nós vamos seguir o modelo americano de livre iniciativa,
10:20de liberdades individuais, de livre mercado e assim por diante.
10:23Essa é a escolha que está diante de nós.
10:26Aprofundar esse regime de repressão que já está em vigência no Brasil,
10:31ou então fazer uma mudança de 180 graus.
10:36Infelizmente, essa decisão não está nas mãos dos eleitores,
10:39está nas mãos do establishment político, econômico,
10:43que assinou embaixo, na alçada de Lula, retirada de Lula da cadeia,
10:48sua alçada à presidência.
10:50Agora parece que está com um sentimento diferente.
10:52Vamos ver como é que vai ser a reação em relação a essa ação americana.
10:57E eu acho que não é o fim das ações, não.
11:00Eu acho que é só o começo.
11:01Acho que tem muita coisa ainda que Trump pode fazer
11:04para colocar mais pressão em cima do Brasil,
11:07em cima dessas autoridades que formam a base do regime.
11:11É isso.

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