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Luiz Felipe D'Avila recebe Lygia Pereira, pesquisadora do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva da USP, que traz detalhes do estudo elaborado por ela sobre a genética do povo brasileiro e como o investimento científico no país pode trazer resultados sociais positivos, como avanços na saúde e longevidade da população.
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00:00Olá, bem-vindos. Toda semana temos um encontro marcado para falarmos sobre os assuntos mais
00:14importantes do momento e sempre com um convidado especial. Os avanços da ciência prometem
00:20revolucionar a medicina e a nossa qualidade de vida nos próximos anos. Um dos estudos mais
00:26fascinantes da atualidade é o estudo sobre o genoma, o código genético que possui as informações
00:32hereditárias dos organismos vivos. Compreender melhor o nosso DNA é revelador, não apenas da
00:39nossa história e ancestralidade, como o povo, mas também desvenda importantes aspectos biológicos
00:46que são fundamentais para a cura de doenças, para a medicina preventiva e longevidade. A cientista
00:54brasileira e uma das mais renomadas geneticistas do mundo, Lígia da Veiga Pereira, liderou um time
01:00de cientistas que concluiu o primeiro e mais profundo estudo sobre o mapeamento do DNA brasileiro.
01:08Esse estudo traz dados, informações e curiosidades sobre a nossa formação como povo e nação,
01:15que podem explicar não só questões científicas, como também históricas e culturais a nosso respeito.
01:21Lígia Pereira é a minha convidada de hoje aqui no Entrevista com Dávila. Lígia, muito bem-vinda
01:27à Entrevista com Dávila.
01:28Um prazer estar aqui, Felipe. Obrigada.
01:31Lígia, o que mais te surpreendeu como cientista e cidadã brasileira nesse mapeamento do DNA brasileiro?
01:39O que eu achei mais lindo é a gente conseguir enxergar na biologia, fisicamente na gente,
01:48as consequências de uma história que a gente, da formação da nossa população, que a gente
01:54conhece pelos livros de história. Histórias contadas, escritas, documentadas, mas você
02:00olhar isso no nosso DNA, na nossa biologia, eu achei muito impactante, muito importante,
02:07muito lindo também.
02:08Uma das coisas que me chamou muita atenção no estudo é que é do lado masculino que
02:15a gente traz a carga europeia e que, na verdade, a miscigenação vem com essa carga masculina
02:21casando com as africanas e com as índias. A miscigenação, vamos dizer, ela ocorre por
02:26essa mistura de um cromossomo europeu com esse cromossomo indígena e africano.
02:33Muito interessante, né?
02:34É, isso aí até, enfim, é uma coisa que eu acho um pouco perturbadora, essa assimetria
02:40da gente. E isso, assim, o DNA está mostrando. A gente tem mais cromossomo Y, que é aquele
02:48que só os homens têm, a gente tem mais cromossomo Y de origem europeia. Enquanto que o DNA que
02:55é herdado da mãe, ele é mais de ancestralidades indígenas e africanas. Então, houve uma assimetria
03:03mais homens brancos cruzando com mulheres indígenas e africanas. Isso é o que a biologia
03:11mostra. Por que isso? A gente pode levantar a hipótese de, por exemplo, quando africanos
03:18e indígenas viram o belo homem branco de olhos azuis europeus, se encantaram por eles,
03:24não quiseram mais cruzar com seus pares e passaram a só querer os homens europeus
03:32brancos. Ou, né? A outra explicação que é corroborada pelos livros de história é
03:37que você tem aí uma assimetria, um povo dominador europeu, né? Atuando sobre esses
03:45povos dominados, né? Então, isso também é uma marca, uma marca de violência, mas que
03:51no fim das contas, deu origem a essa nossa população com essa diversidade, essa miscigenação
03:58muito única e muito linda. É verdade. Aliás, o Jorge Caldeira, que é um grande
04:04historiador, ele mostra que, na verdade, a única forma de aliança que os índios
04:08conheciam era o casamento. Então, muito dessa união, né? Acontecia também por uniões
04:14locais, inclusive para explorar o território, para descobrir pau-brasil.
04:20Misturar os povos, né? Misturar os povos. Interessante isso, né?
04:23É verdade, é verdade. Então, enfim, eu venho da área do estudo do genoma para entender
04:31biologia humana e saúde, e a gente pode depois falar sobre isso, mas a minha parceira de estudo,
04:39a professora Tabitha Neymar, ela usa o nosso DNA para entender a história da formação das
04:46populações na América Latina. Então, essa história que ela conseguiu extrair desses genomas
04:53brasileiros é muito impressionante. E esse estudo do genoma brasileiro
04:58diferencia, evidentemente, desses estudos dos genomas mais europeus e tal, o africano,
05:03mas o que que isso impacta na questão da ciência, da saúde? A gente tem uma abordagem diferente?
05:10Então, assim, você tem que pensar, deixa eu só dar um passo atrás e explicar o que é esse
05:15genoma, o que é o nosso DNA, né? Se pensar que nós todos um dia fomos uma célula,
05:21a união do óvulo com o espermatozoide, essa célula começou a se dividir, a se especializar
05:27e deu origem a nós. A cada um de nós, nós somos compostos de trilhões de células especializadas,
05:35organizadas, né? De uma maneira muito precisa. E, então, uma das perguntas mais fascinantes
05:43que eu acho em biologia é como é que essa única célula soube fazer essa transformação
05:47nesses trilhões de células e como é que essas células do nosso corpo sabem o que fazer
05:53para a gente funcionar. Então, ela sabe, porque naquele momento da fecundação foi criada ali
06:00uma receita, que é o nosso genoma, é o nosso DNA. Então, é seguindo as instruções que estão ali
06:09naquela receita, que aquela célula faz essa transformação e que as nossas células estão
06:15aqui sabendo o que fazer para a gente estar funcionando. Então, o nosso genoma é essa grande receita
06:20para a formação e o funcionamento de um ser vivo. Então, a gente entender essa receita
06:27é a gente conhecer mais profundamente possível como é que a gente funciona, né?
06:35A partir das moléculas que nos fazem como é que a gente funciona e o que acontece
06:41quando algo não funciona. E a gente, entendendo isso, eu posso tentar corrigir isso
06:47de uma forma mais eficiente. Então, o estudo do nosso DNA, ele traz grandes oportunidades
06:55para a melhora da saúde humana.
06:58E quando começou esse estudo profundo, DNA, você que está há tantos anos nessa pesquisa,
07:04nessa batalha, como é que isso se tornou, assim, uma fonte fundamental do desenvolvimento
07:10da ciência da medicina?
07:11Olha, em 1985, né? Então, há 40 anos atrás, nos Estados Unidos, resolveu-se criar um grande
07:22projeto para sequenciar o genoma humano. O nosso genoma, o nosso DNA, é uma receita
07:29que tem 3 bilhões de letras, tá? Então, isso era como se, na época, a gente estivesse
07:36propondo ir à Lua antes de ter criado um avião.
07:41E aí, foram 15 anos de muito trabalho pela comunidade científica mundial e mais de 3 bilhões
07:51de dólares investido nisso, até que se sequenciou o genoma humano.
07:57Então, o primeiro genoma humano demorou 15 anos para ser sequenciado e custou 3 bilhões
08:03de dólares. Hoje, por 200 dólares, em 36 horas, você sequencia um genoma humano, né?
08:12Que coisa.
08:12Então, esse salto tecnológico permitiu a gente começar a endereçar questões muito interessantes,
08:21porque, enfim, nós todos somos um produto de um genoma humano, eu, você, né?
08:28Mas o meu genoma não pode ser idêntico ao seu, senão nós seríamos clones, seríamos
08:34ô gêmeos, ô nivitelinos, né?
08:37Então, esse é um negócio que eu adoro fazer, essa brincadeira até para quem está nos assistindo,
08:44né?
08:45O quanto o genoma, olha para uma pessoa que está do seu lado, ou pense em alguém que você
08:48gosta muito, o quanto o genoma de duas pessoas é idêntico e o quanto ele difere, né?
08:55Pensem aí num número.
08:58Nós somos 99,9% idênticos do ponto de vista da sequência do nosso DNA, né?
09:10Então, o que isso significa?
09:12Que esse 0,1% de variações que existem entre os genomas das diferentes pessoas, elas são
09:21responsáveis, esse 0,1% é responsável pelas nossas características individuais, né?
09:28Por eu ter essa aparência, por eu ter dificuldade de produzir massa muscular enquanto outras
09:35pessoas, né?
09:37Conseguem com mais facilidade a minha memória, a minha cognição, a minha predisposição a
09:43doenças, por que que pessoas respondem a medicamentos de uma forma, outras de outra.
09:48Ou seja, isso tudo está escrito naquele 0,1% de diferença que tem entre o DNA de cada
09:56um de nós.
09:57Então, à medida em que o custo de se sequenciar um genoma humano começou a descer drasticamente,
10:04eu estou falando, né?
10:05De 3 bilhões para 200 dólares, nós passamos a poder sequenciar genomas de populações,
10:14de centenas de milhares de pessoas, para entender como é que essas variações, essas
10:22diferenças entre os genomas de cada um, estão associadas às nossas características de saúde.
10:28Então, isso começou na Islândia, a Islândia teve um primeiro grande projeto para fazer
10:34isso, depois o Reino Unido, a Finlândia, hoje em dia os Estados Unidos, o Reino Unido
10:42já tem um banco de dados com 500 mil genomas sequenciados, associados a dados de saúde.
10:50Então, o cruzamento dessas variações genéticas com as informações sobre saúde é que vem
10:57permitindo a gente descobrir quais são as variações que estão associadas a cada característica
11:04de saúde.
11:05E aí, o que eu vou fazer com isso?
11:06Eu vou desenvolver o que a gente chama de medicina de precisão.
11:10Essa é a medicina que vai usar também os dados do DNA do paciente para fazer uma gestão
11:18melhor da sua saúde, né?
11:20Então, você vai ter remédio customizado para tratar quase que o...
11:24O remédio customizado, eu não vou...
11:27Exato, eu acho que economicamente não é muito viável você fazer um remédio para
11:31cada pessoa.
11:32Mas, por exemplo, os antidepressivos, né?
11:35Quando uma pessoa vai no psiquiatra, como é que ele vai escolher qual tipo de antidepressivo
11:40é o melhor?
11:40Hoje em dia é meio tentativa e erro.
11:43Não, daqui a alguns anos a gente vai fazer um teste genético nessa pessoa e vai saber dizer,
11:49baseado na genética dela, qual é o medicamento mais adequado.
11:55Isso já acontece muito na oncologia, no tratamento de câncer.
11:58Você conhecia o DNA do tumor e isso já te diz qual é a quimioterapia que vai funcionar
12:03melhor, né?
12:05Você pode imaginar quando a gente conhecer todas as variações genéticas que determinam
12:11o seu risco para câncer de mama, né?
12:14Como é que a gente faz prevenção de câncer de mama hoje em dia?
12:17A gente sabe que as mulheres, a partir dos 40 anos, se aumenta o risco de desenvolver câncer
12:23de mama.
12:23Então, todas as mulheres têm que fazer mamografia anual, né?
12:29Para ficar lá triando, monitorando.
12:33Eu sei que tem uma fração dessas mulheres que tem uma predisposição genética muito
12:41alta e ela deveria ter começado a fazer essa mamografia com 20 anos, né?
12:47Ao deixar para os 40, eu vou perder muitas dessas mulheres para o câncer ou vou identificar
12:54o câncer num estágio avançado.
12:56Então, a chance de sobrevida é menor e o custo para a saúde é muito maior, né?
13:01Por outro lado, eu sei que tem mulheres que têm uma predisposição mínima, nenhuma predisposição
13:08genética para a doença e poderiam começar a fazer a mamografia com 60 anos, né?
13:14Então, você vê que quando a gente conseguir, através da genética, separar quem é quem,
13:20eu vou ter primeiro uma eficiência e uma efetividade da medicina muito maior e uma diminuição
13:27de custos em saúde.
13:29Então, essa é toda a promessa da medicina de precisão e é por isso que o Ministério
13:35da Saúde, em 2021, né?
13:39Criou um grande programa nacional de genômica e saúde de precisão, que é o programa Genomas
13:46Brasil, que visa justamente incluir a nossa população em medicina de precisão para melhorar
13:55gestão em saúde no SUS e diminuir os custos da saúde.
13:59Seria fantástico.
14:00Aliás, devia ser uma coisa mandatória, né?
14:03É muito legal que esse projeto vá nesse sentido.
14:05É muito...
14:06Foi muito importante essa visão porque essas coisas estão acontecendo em países europeus
14:13e nos Estados Unidos, né?
14:15A gente está fazendo um banco de dados com um milhão de genomas, enfim.
14:20Então, essa medicina de precisão já está sendo desenvolvida nesses países.
14:25Mas o que acontece?
14:27Como essas populações são predominantemente brancas, né?
14:32Elas não representam a genética da população mundial.
14:36A gente sabe que populações de outras ancestralidades, asiática, indígena, australiana, vão ter variações
14:43genéticas diferentes.
14:46Então, a gente já sabe que essa medicina de precisão que está sendo desenvolvida hoje,
14:51ela é precisa basicamente para pessoas brancas, para populações de ancestralidade europeia, né?
14:58E quando você vai aplicar esses testes para pessoas de outras ancestralidades, a precisão
15:05diminui muito, né?
15:07Então, quando a gente viu esses dados lá em 2017, a gente falou, gente, a gente precisa
15:15ter um projeto assim no Brasil, né?
15:17A gente já sabe, né?
15:19Que nós éramos esses cinco milhões de indígenas que habitavam a região, né?
15:24De vários grupos linguísticos diferentes, os portugueses vieram, depois outros europeus.
15:306 milhões de africanos escravizados foram trazidos à força para o Brasil, de diferentes
15:39regiões da África.
15:40Povos que não se encontram na África foram trazidos para cá, né?
15:45Você tem uma ideia?
15:47Você certamente sabe isso, mas enfim.
15:49Os Estados Unidos recebeu 400 mil africanos escravizados.
15:55O Brasil recebeu 6 milhões.
15:58Nós temos a maior população de ascendência africana fora da África.
16:02Então, a gente precisa conhecer esse DNA, a gente precisa conhecer essas variações
16:07genéticas e como elas impactam a nossa saúde para a gente poder fazer medicina de precisão
16:13para o brasileiro.
16:15E, Elígia, essa medicina de precisão vai aumentar muito a medicina preventiva.
16:21Exatamente.
16:22E isso muda completamente a cultura também dentro do mundo da medicina, inclusive SUS,
16:27etc.
16:28Ou seja, nós vamos ter que agir muito mais na medicina preventiva e isso deve reduzir
16:32muito o custo da saúde pública, né?
16:34Porque sempre o custo mais caro é a última milha, o last mile, que geralmente é quando
16:40a coisa já ficou tão complexa e aí o tratamento é muito custoso, né?
16:44É precisamente isso, Felipe.
16:46Quer dizer, a gente vai ter cada vez mais capacidade de identificar os riscos e as predisposições
16:53genéticas a doenças na nossa população e com isso você pode tomar medidas preventivas
17:00muito bem informadas.
17:02Então, de novo, isso tem um potencial e já se vê essa diminuição de custos, por exemplo,
17:08em oncologia, quando você usa informações sobre o DNA do tumor, né?
17:12Para melhorar o tratamento do paciente.
17:16Enfim, então isso é o futuro da medicina.
17:21Então, mas para isso acontecer para o brasileiro, a gente tem que conhecer o nosso DNA, essas
17:28frações de DNA indígena, africano, como é que elas se misturaram para a gente, então,
17:35poder oferecer essa medicina de precisão no SUS.
17:39E uma coisa interessante é, como que essa pesquisa, você se interessou e começou a desencadear
17:47essa pesquisa?
17:47Porque pesquisa no Brasil já é difícil.
17:49Você convencer a turma aqui, o importante é dedicar tempo a pesquisar o DNA brasileiro,
17:55eu imagino como é que foi esse seu caminho de Damasco para poder chegar a esse ponto e
18:02conseguir mobilizar a comunidade científica, recursos e uma grande universidade, óbvio,
18:07que é a USP, para você poder fazer esse trabalho tão importante para o Brasil.
18:12É, não, assim, ser cientista ainda mais do Brasil não é para os fracos, né?
18:19Enfim, estuda-se a genética do brasileiro há décadas aqui no país, né?
18:25A gente tem grandes professores, o professor Salzano no Rio Grande do Sul, depois o professor
18:31Sérgio Danilo Pena, em Belo Horizonte, sabe?
18:35A gente tem bastante um histórico de estudo da genética da nossa população, muito bacana,
18:42mas a história de estudar a nossa genética com essas técnicas mais modernas de sequenciamento
18:50do genoma completo.
18:53Isso, enfim, era um sonho nosso, mas era uma coisa muito cara.
18:58Em 2014, eu participei de uma reunião com vários cientistas no Incor, pensando como é
19:06que a gente põe um projeto desses, como o que está acontecendo, né?
19:09Na Inglaterra, na Finlândia, como é que a gente põe isso de pé aqui no Brasil e não
19:13saía e não saía.
19:15E aí, em 2016, começaram a sair os artigos nas maiores revistas internacionais falando
19:24da falta de diversidade dos estudos genéticos, né?
19:28E mostrando que isso gerava, iria gerar uma desigualdade enorme, né?
19:36Na aplicação da medicina de precisão e falando que a gente precisa mudar isso, mostrando que
19:4280% dos genomas conhecidos eram de populações brancas, depois você tinha uma grande fatia
19:48lá, asiática, por causa da China.
19:50A China virou, assim, um powerhouse, né?
19:53Um poder de ciência.
19:56Se você olhasse a América Latina, 1%.
19:58África também, uma fração pequenininha, quer dizer, desproporcional a essa distribuição
20:04na população mundial.
20:05E aí, quando eu vi que a comunidade internacional estava falando de falta de diversidade, que
20:12a gente precisava de diversidade, eu falei, putz, esse é um momento político, né?
20:17Legal.
20:18Bom para a gente tentar colocar, porque se o Brasil tem alguma coisa a contribuir, é
20:22com a nossa diversidade.
20:24aí, toca tentar, mas aí montei, conversei com parceiros, professores, experts em genética
20:33de população, a professora Tabitha Unemeyer, da USP, o professor Alexandre Pereira, do INCOR,
20:40hoje em dia ele está em Harvard, mas segue lá trabalhando com a gente.
20:43E, ótimo, então temos a turma e agora, precisamos de dinheiro.
20:48Você se lembra, 2016, 2017, não era uma época favorável.
20:53Não, impeachment, da Dilma, entrando no governo Temer.
20:56Não tinha Brasília e tal.
20:59E aí, eu resolvi, pela primeira vez, Felipe, fazer uma coisa que eu nunca tinha feito, que
21:06foi bater na porta da iniciativa privada.
21:10E pensei o seguinte, olha, isso não é um projeto da Lígia, isso é um projeto para o Brasil.
21:15O que a gente está propondo é fazer um projeto para a gente criar uma infraestrutura de pesquisa
21:23para o Brasil, para a população brasileira.
21:25Se o governo está atrapalhado agora, não consegue, será que é iniciativa privada, né?
21:30Aí eu fiz um PowerPoint lindo, maravilhoso, falando genomas Brasil,
21:36e fui bater na porta das maiores empresas nacionais com DNA bem brasileiro.
21:43Fiz uma peregrinação, assim, que se eu te mostrar, tem um slide mostrando com todos os logos e tal.
21:50E aí, descobri uma coisa.
21:53Ou que eu sou péssima vendedora, ou que enquanto a gente não tiver uma lei Rouanet,
22:00uma lei de incentivo fiscal para a ciência, como a gente tem para a cultura, né?
22:06As empresas dão dinheiro para o Cirque de Solé, dão dinheiro para a Árvore de Natal.
22:12E todo mundo achou lindo o projeto, mas na hora de... não encaixou.
22:17Só que aí eu tive a sorte que o grupo da ASA de diagnóstico, e toda vez que eu posso eu tenho que falar deles, né?
22:24Legal.
22:24Eles estavam começando um laboratório de genética, de diagnóstico genético, e disseram,
22:30Lígia, a gente entra com serviço.
22:33A gente sequencia dois mil genomas para você, como serviço.
22:38Compraram um super sequenciador, montaram lá.
22:42E a Google Cloud, que a gente precisa de uma infraestrutura de computação muito robusta,
22:48e a ideia de fazer em computação em nuvem, eles também nos deram crédito.
22:51E com isso a gente lançou o projeto em 2019.
22:55Em 2019, aí o governo já estava mais estruturado, e aí eu mostrei o projeto para o Ministério da Saúde,
23:03na época o ministro era o Mandetta, e aí eles adoraram.
23:06Eles disseram, caramba, a gente está querendo mesmo, sabe?
23:10Essa coisa de medicina de precisão, saúde de precisão, está no nosso radar, é isso.
23:16Então, eles encamparam o projeto, e na época o projeto se chamava Projeto Genomas Brasil,
23:23eles falavam, ah, Lígia, esse nome é bom demais, dá para a gente.
23:26Aí o programa do Ministério da Saúde virou o programa Genomas Brasil,
23:32e aí eu mudei o nome do meu, que virou o Projeto DNA do Brasil.
23:35E o objetivo do nosso Projeto DNA do Brasil era conhecer a variação genética na nossa população,
23:45para a gente poder, então, desenvolver essa medicina de precisão.
23:49E o Einstein também, na época, também começou um projeto para sequenciar o genoma de pessoas com doenças raras,
23:57já com esse foco em medicina e em diagnóstico.
24:02E aí, enfim, aí a coisa andou, andou, passei de 2019 a 2020 o melhor Réveillon da minha vida,
24:10putz, conseguimos, estamos de pé, vamos começar.
24:14Aí veio o Covid, aí caiu o ministro, aí não sei o que.
24:18Então, demorou mais do que a gente previa.
24:23Mas, fechamos essa primeira fase do projeto com chave de ouro, conseguimos,
24:30a gente sequenciou já, estamos chegando a quase, a gente sequenciou nessa primeira fase uns 4 mil genomas,
24:38nesse artigo que a gente mostrou agora, a gente mostrou os resultados dos primeiros 2.700,
24:46e conseguimos publicar isso numa revista incrível que é a Science.
24:51A mais importante revista científica do mundo.
24:53É, é Science e Nature que ficam lá brigando.
24:56E por que isso é incrível?
24:59Porque demonstra o valor que a comunidade científica internacional dá
25:06para a diversidade genética do Brasil, da nossa população.
25:11A gente conseguiu mostrar nesse artigo uma riqueza
25:16que essa super revista reconheceu esse valor e publicou.
25:23Então, isso põe um holofote no Brasil muito importante,
25:29demonstra a capacidade do pesquisador brasileiro, né?
25:34Quando nos é dada a condição para a gente realizar todo o nosso potencial,
25:40isso mostra do que a gente é capaz.
25:42Então, eu acho que foi muito bacana em vários aspectos.
25:46E todas as novidades aí que a gente mostrou, né?
25:50Olívia, você está tocando num ponto que é fundamental, né?
25:53Um país precisa ter verba de pesquisa a despeito de governo.
25:58Precisa ser um plano de Estado.
25:59Aliás, os Estados Unidos tiveram essa revolução na ciência e na tecnologia
26:04porque tem muito dinheiro para pesquisa e desenvolvimento,
26:08mais do que o dobro do resto do mundo que se gasta nos Estados Unidos
26:11em pesquisa e desenvolvimento.
26:12E isso foi o que fez com que os Estados Unidos
26:14se tornassem essa grande meca da ciência e da tecnologia.
26:19No Brasil, nós não podemos, à mercê do...
26:23Como você fez aí, o seu PowerPoint tentando levantar dinheiro na iniciativa privada
26:27ou conseguir um dinheiro aqui, outro ali, porque isso cria instabilidade na pesquisa.
26:32Se o dinheiro acabasse no meio da pesquisa,
26:33provavelmente você ia perder um monte de dado, informação,
26:36inclusive o time que você montou.
26:38Você não ia conseguir manter o time aqui junto.
26:41Felipe, você tocou em pontos importantíssimos, né?
26:44Enfim, ciência, gastos...
26:48Dinheiro para a ciência é investimento, né?
26:53Todos os países desenvolvidos, eles, até em tempos de crise financeira,
26:59eles dobram a aposta em ciência
27:01porque eles sabem que o desenvolvimento científico
27:04é um modelo saudável de desenvolvimento econômico daquela...
27:09E desenvolvimento da nação como um todo, né?
27:13Então, a gente, infelizmente, aqui no Brasil, ainda não tem essa visão de Estado, né?
27:21A gente tem muita variação de acordo com o governo,
27:25entra governo...
27:26E, assim, na média, mesmo na média, mesmo nos melhores governos, né?
27:32Quando eu ouço que vai precisar ter corte no orçamento, eu já faço assim, né?
27:37Porque é o primeiro que vem e é para cima da gente.
27:40E aí, é isso que você falou, né?
27:42É um desperdício de dinheiro.
27:45Porque você dá pouco dinheiro, você vai gastar um dinheiro que não vai ter impacto, né?
27:49Um desperdício de recursos humanos incrível, né?
27:52A gente tem uma capacidade intelectual aqui.
27:55Os nossos alunos brilham quando vão lá para fora.
27:59E a única diferença é que lá eles encontram condições adequadas, né?
28:03Para a pesquisa.
28:04Então, essa história, por exemplo, desse programa Genomas Brasil,
28:09isso tem que ser um programa de Estado.
28:11Porque ele vai criar uma plataforma de dados que é perene
28:15e que tem que ficar aí por anos e anos.
28:18porque isso vai gerar uma matéria-prima
28:21que pode gerar quase que um infinito de descobertas e conhecimentos, né?
28:27Então, isso não pode ficar à mercê das vontades políticas, ideologias.
28:34Enfim, eu estou há 30 anos na USP e há 30 anos,
28:39toda vez que muda o governo e vem um novo ministro da ciência,
28:43a gente fala a mesma coisa, olha, ciência é investimento, enfim.
28:48E vamos seguir falando isso até o fim dos tempos.
28:52Hoje, as linhas...
28:54Nos Estados Unidos sempre teve uma mistura de linhas de governo federal e estadual, né?
28:57Agora, nos Estados Unidos, o governo federal entrou numa fase de obscurantismo
29:04com a ciência inacreditável, né?
29:05Uma coisa nunca vista nos Estados Unidos.
29:07Nunca vista.
29:07Com todas as mudanças que nós tivemos de governo republicano e democrata,
29:11há anos nunca houve, né?
29:14Esse espírito obscurantista que existe hoje no governo Trump.
29:18Mas, no Brasil, aqui no Estado de São Paulo, especificamente,
29:22a USP certamente é a universidade que tem mais recursos do que qualquer outra universidade.
29:26E a FAPESP, aqui tem a FAPESP, que tem uma linha,
29:29sempre teve uma linha de crédito muito importante, né?
29:32Isso é mais ou menos de forma permanente ou também sofre muita oscilação política?
29:37Não, a FAPESP é um espetáculo.
29:41Eu brinco, né?
29:42Vocês devem ter percebido que eu sou carioca.
29:45É uma questão de honra manter meu sotaque, apesar dos 30 anos de São Paulo.
29:50Mas eu brinco que eu troquei Ipanema pela FAPESP.
29:53Eu fiz meu doutorado nos Estados Unidos.
29:55Quando eu voltei, voltei para o Rio, mas aí eu conheci a FAPESP e a USP.
30:03Então, a FAPESP, ela tem essa constância no financiamento à pesquisa.
30:13Você tendo mérito no Estado de São Paulo, não vai faltar dinheiro para a sua pesquisa.
30:19Você tendo mérito, você mostrando resultados, é incrível.
30:24Eu tenho a maior gratidão a São Paulo, assim, porque foi realmente onde eu consegui.
30:28Eu tive o ambiente para poder realizar todo o meu potencial, uma vez que eu escolhi ficar no Brasil.
30:37Então, faz toda a diferença do mundo.
30:40E ela, né, entra governo estadual, sai governo estadual.
30:46Ninguém até hoje teve coragem de mexer com a FAPESP.
30:49A FAPESP recebe 1% da arrecadação do Estado de São Paulo e investe isso em pesquisa.
30:58Pesquisa tanto na academia quanto na indústria.
31:01A FAPESP também tem uma linha de financiamento para startups, para promover inovação.
31:10E isso é absolutamente admirável e com muita eficiência.
31:15Não é aquela agência que gasta uma fração grande na própria administração.
31:20Não, ela é de uma extrema eficiência e totalmente baseada em mérito.
31:25Então, enfim, isso faz com que São Paulo realmente se destaque.
31:28Então, eu brinco que, enfim, os Estados Unidos estão para o Brasil,
31:38assim como acaba que São Paulo está para o resto do Brasil.
31:42E é uma pena, porque é vontade política.
31:45Os outros estados têm as suas fundações de amparo à pesquisa.
31:49Então, é uma questão de vontade política de cada governo estadual
31:52de seguir esse modelo da FAPESP.
31:55Agora, São Paulo também teve uma grande vantagem, né, Elis?
31:58Teve uma alternância política, mas muito dentro do bom senso, né?
32:03Nós nunca tivemos esse populismo que tem no resto do Brasil.
32:06Eu acho que isso também ajudou a blindar a FAPESP, né?
32:09Mas o importante que você está dizendo é que a FAPESP sempre teve uma atitude muito técnica
32:13sem direcionamento político.
32:15E isso é fundamental para a pesquisa, né?
32:17Total, exatamente.
32:18Pesquisa, isso não pode ser ideológico em ciência, entendeu?
32:21Aliás, na própria agricultura, Embrapa, tudo isso é um investimento de muito longo prazo, né?
32:28Longuíssimo prazo.
32:29E olha os retornos.
32:31A Embrapa revolucionou.
32:33O agro é o que é hoje em dia no Brasil, muito por conta da Embrapa.
32:38E é um investimento a longo prazo.
32:40Mas que se paga, que dá muito lucro.
32:42Agora, Olígia, você estava explicando que essa medicina de precisão,
32:49ela pode abrir ainda mais, vamos dizer assim, entre países ricos e pobres, se nós não...
32:56Porque uma coisa é você descobrir, como você está fazendo toda essa descoberta do DNA.
33:00Mas aí, por exemplo, o laboratório não está interessado em desenvolver remédio específico
33:04que atinge um determinado tipo de DNA, que não atinge outro.
33:08É melhor para fazer para a população branca que tem poder aquisitivo maior.
33:11Como é que isso vai influenciar, você acha, a indústria farmacêutica
33:15em parte de pesquisa e determinadas doenças que afetam mais determinadas populações ou não?
33:22É, olha, a indústria farmacêutica, ela, enfim, é para fins lucrativos, né?
33:30Então, enfim, ela tem lá uma série de critérios para ela escolher as linhas de desenvolvimento de produtos dela, né?
33:38Por isso que é fundamental você ter apoio de governos à pesquisa,
33:44para tratar de doença negligenciada, para tratar de doenças de populações mais pobres, né?
33:50Então, a gente não pode ficar só dependendo dos interesses da indústria farmacêutica for profit.
34:04Agora, essa medicina preventiva que deve crescer muito,
34:10eu imagino que isso vai mudar muito a estrutura, por exemplo, do SUS,
34:14ou seja, o médico da família vai passar a ter uma importância muito maior, né?
34:18A de baixa complexidade vai passar a ter um momento importante como fonte de diagnóstico.
34:24Como é que nós vamos formar essa mão de obra para esse mundo novo,
34:30o que você está dizendo na medicina, né?
34:33Essa parceria de ciência e medicina vai...
34:36É o mercado que vai direcionar essa mudança de atitude?
34:39Ou isso é uma mudança de política pública?
34:41Olha, eu acho que se a gente for depender do mercado,
34:45tem que ser política pública.
34:48Certo.
34:49O salário do médico não é o que vai fazer aumentar...
34:54Na verdade, a prevenção, o médico de família,
34:59ele já é, já deveria ser, e já é, o foco.
35:04A gente já pode fazer muita prevenção sem o DNA.
35:08A história do conhecimento do DNA é levar essa prevenção ao extremo.
35:13Mas com o que a gente já conhece hoje, né?
35:16O Drauzio Varela é que fala, ó, a gente fica falando dessas coisas,
35:19mas se você não fumar, fizer exercício e controlar a alimentação,
35:24putz, você ganhou aí uns 10 anos de vida, né?
35:29Enfim, mas você precisa muito das políticas públicas, né?
35:34Para atrair pessoal, para atuar nessas áreas de medicina de família e de prevenção.
35:43Elígia, a USP, especificamente, você tem uma atividade ligada com a universidade,
35:50mas agora também você está desenvolvendo o seu lado empresarial.
35:53Está vendo?
35:53Essa tua fase de captar recurso ajudou a te criar essa veia empreendedora.
35:59Conta um pouco para a gente como é que vai ser tirar a pesquisa do laboratório e transformar em negócio.
36:05Legal.
36:06Olha, a gente, na verdade, todo cientista é um empreendedor, né?
36:12Todos os projetos de pesquisa que eu já realizei,
36:16seja do camundongo transgênico, da célula tronco, né?
36:20Agora o DNA do Brasil.
36:21A gente tem que escrever um projeto, eu não faço um business model,
36:27mas eu faço um projeto de pesquisa que tem que fazer sentido.
36:31Eu tenho que vender isso para algum investidor, tem que fazer um pitch,
36:35só que não é para o pessoal de venture capital,
36:40é para as agências,
36:42Ministério da Ciência, da Saúde, para a FAPESP, né?
36:46A gente tem que vender o nosso projeto,
36:48aí eu vou ter que fazer a equipe e vou ter que apresentar o resultado.
36:52O resultado não é o IPO, não é a saída múltiplo,
36:57mas é um avanço no conhecimento científico.
37:00Então, de alguma forma, a gente já é,
37:02eu já tive que fazer várias rodadas disso.
37:06Agora, eu vi uma oportunidade,
37:09pela primeira vez que me fez brilhar muito os olhos,
37:12de fazer isso fora da academia, né?
37:14Então, à medida em que eu fui conhecendo essa área de medicina de precisão,
37:21do estudo de genomas humanos,
37:23e a gente começou a ver os primeiros resultados desses genomas brasileiros,
37:28e a gente viu a quantidade de novidades que saía dali,
37:33eu vi que a gente tinha ali uma oportunidade,
37:36porque essas novidades que a gente aprende sobre o nosso DNA,
37:41elas têm um grande potencial para acelerar o desenvolvimento de novos medicamentos.
37:50Então, por exemplo, eu aprendo lá que uma variação genética no gen A
37:55faz com que a pessoa tenha colesterol baixo.
37:58Eu falo, pô, o que é esse gen A?
38:01Qual é a proteína que ele faz?
38:03Ah, então se eu não produzo essa proteína, eu tenho colesterol baixo?
38:07Então, eu vou inventar um medicamento para inibir essa proteína.
38:11Então, essas dicas, essas pistas que a gente vai descobrindo
38:16sobre a nossa biologia no estudo do DNA,
38:21isso acelera muito o desenvolvimento de novos fármacos.
38:25E a indústria farmacêutica usa essas informações desses bancos de dados
38:31que existem no mundo todo, só que eles só têm DNA de gente branca.
38:36Então, quando eu vi que o DNA de brasileiro tem muita novidade,
38:41eu falei, pô, nossa, isso aqui pode ser, pode ter muito valor
38:45para a gente avançar também o desenvolvimento de novos fármacos.
38:51Mas, para eu fazer isso, eu tenho que fazer de uma forma diferente
38:53do que a gente estava fazendo lá dentro do projeto acadêmico.
38:57Então, eu criei, pela primeira vez, eu fui empreender na iniciativa.
39:03Primeiro, eu criei um PowerPoint que, para mim,
39:06parecia um modelo de negócios de Harvard.
39:10Achei incrível.
39:11Fui apresentar para o primeiro potencial investidor,
39:15que foi o Eduardo Mufarrete.
39:17Na época, ele tinha um fundo que queria investir em empresas
39:20que vão resolver problemas do Brasil.
39:23Eu acho isso lindo, né?
39:24Essa coisa do investidor de impacto.
39:27E, na época, ele estava até pensando em educação,
39:31mas eu já fui enfiar lá um DNA.
39:34Aí, ele olhou aquilo e falou,
39:35Lígia, não entendi nada.
39:38Parece bacana, mas não vi se isso aí,
39:41se tem um modelo de negócios que fica em pé.
39:44E aí, foi super legal, porque ele contratou um consultor
39:49para trabalhar comigo e com os meus sócios, cientistas também,
39:53para ver como é que aquilo poderia virar um modelo de negócios
39:57que ficasse em pé.
39:58E aí, o cara trouxe várias técnicas, o Canvas, o isso e aquilo.
40:02E, dois meses depois, a gente apresentou para ele
40:05esse modelo de negócios agora profissionalizado.
40:09Ele achou bacana, entrou, trouxe dois investidores americanos,
40:14trouxe o Armínio Fraga, que é outro investidor de impacto,
40:17que está interessado...
40:19Muito em saúde, ele está fazendo...
40:20E está, muita coisa em saúde, e está interessado nisso.
40:23O que essas empresas vão trazer de ganho para a sociedade brasileira?
40:27Então, muito alinhado com a nossa missão.
40:30E aí, comecei a Gente.
40:32O nome da empresa é Gente, que é GEM-T.
40:36Que é a união do GEM com a tecnologia,
40:39mas é uma empresa sobre gente.
40:40Que ótimo nome.
40:41Sobre a nossa gente.
40:42Nome criado por Paulo Lima, lá da TRIP,
40:45que é um gênio da comunicação.
40:48E aí, a gente está, de fato, querendo...
40:51A gente construiu...
40:52A gente está construindo uma grande plataforma de dados
40:55de saúde, de estilo de vida e genômicos da nossa população.
41:00E a gente tem um time de pessoal, de cientistas de dados,
41:05de bioinformatas,
41:06que ficam o tempo inteiro trabalhando esses dados
41:09para ver se a gente acha alguma pista
41:11que nos ajude a encontrar alvos
41:14para você desenvolver algum medicamento para alguma doença.
41:18Que legal, Nija.
41:19Então, é um negócio que está muito, muito bacana.
41:22Agora, são outros desafios, né?
41:25Você começa a aprender os jargões
41:27dos fundos de Venture Capital.
41:29Você tem que ficar conversando com Faria Limers,
41:33umas crianças de coletinho.
41:35Enfim, mas está sendo super legal,
41:40um mega aprendizado.
41:41Estou fazendo um MBA na marra, com o carro andando.
41:45Que bom.
41:45Mas, mano, esse DNA de cientista empreendedor,
41:50você já tentou agora, né?
41:51É, até fazer uns ajustes, assim, de linguagem.
41:54Agora, Onísio, você tocou em três pontos aí,
41:58mas tem um quarto que parece que está muito em voga hoje,
42:02que é a longevidade, né?
42:03A questão, vocês, parte de todos esses estudos
42:08acaba afetando, óbvio, a longevidade,
42:11ou isso vai ser tratado de alguma forma mais tarde
42:14nessa sua nova empresa?
42:16Olha, na nova empresa, a gente não sabe ainda
42:21o que a gente vai descobrir,
42:23em que área da saúde a gente vai conseguir contribuir.
42:27Vai depender muito dos achados que a gente faz
42:29no nosso DNA.
42:31Então, hoje eu não sei se a gente vai...
42:34A gente não está focado, por exemplo,
42:36ah, eu quero olhar só câncer,
42:37eu quero olhar só, sei lá, hipertensão.
42:41A gente está olhando o DNA do brasileiro em geral
42:44e tentando achar ali onde a gente tem oportunidades
42:48para fazer alguma inovação.
42:50Toda inovação em saúde, de alguma forma,
42:53impacta a longevidade, ou se não, a qualidade de vida.
42:58Porque a gente tem a história da longevidade,
42:59mas a gente também tem a história
43:01do tempo de qualidade de vida, né, Felipe?
43:04A gente quer viver mais, mas a gente quer viver mais bem.
43:08É, exatamente.
43:09Também, não é?
43:10Exatamente.
43:10A qualquer preço, não é para ficar aí vivo,
43:13com o coração batendo, mas mal.
43:16Então, todos esses estudos, de alguma forma, contribuem.
43:19A gente não tem um foco...
43:22Existem empresas, por exemplo,
43:24que focam em longevidade mesmo, né?
43:27E aí tem uma porção de coisas aí acontecendo e tal,
43:31mas precisa de tempo para a gente ver, né,
43:35o que é fogo de palha,
43:37o que realmente se comprova a longo prazo,
43:40com estudos sérios e com bastante gente.
43:44Mas tudo isso tem, sim, um potencial
43:48de aumentar a qualidade de vida
43:51e o tempo de qualidade de vida.
43:54Ô, Lígia, você disse no começo uma coisa muito interessante,
43:57que o estudo do DNA mostra,
44:00não só na questão do genoma,
44:02mas questões culturais também, né?
44:04Então, sempre me chama a atenção
44:06que algumas doenças não existiam no Brasil
44:09há 30, 40 anos atrás,
44:11e hoje se tornaram doenças do primeiro mundo no Brasil.
44:15Isto é mais cultural ou tem a ver com o DNA?
44:17Eu ia pensar duas coisas, né?
44:19A questão da obesidade e hipertensão.
44:21Duas coisas que eu falo assim,
44:22mas isso nunca foi um problema para nós, agora é.
44:26É, mas isso aí, Felipe, eu vou dizer,
44:28é a epigenética, né?
44:29Isso é o nosso meio ambiente.
44:31A gente teve uma mudança de comportamento, né?
44:35A inserção dos alimentos ultraprocessados
44:40e o bombardeamento dessa indústria
44:46na mídia, em tudo, né?
44:48As pessoas trouxeram...
44:50E até por conta do estilo de vida muito corrido,
44:52não dá tempo de cozinhar,
44:54é mais barato.
44:55O preço da comida ruim é muito barato.
45:00Então, isso é uma inversão, né?
45:02Agora as pessoas, antigamente as pessoas
45:05de baixo poder aquisitivo
45:06eram mais magras por falta de...
45:09Agora inverteu, né?
45:11Porque as pessoas com poder aquisitivo mais alto
45:13podem se alimentar direito
45:15e as de poder aquisitivo mais baixo
45:17elas conseguem comer comida,
45:19mas é uma comida de péssima qualidade.
45:22Então, isso é muito grave.
45:23Isso é muito grave, mas isso eu não vou culpar a genética.
45:26Isso é mais o meio ambiente.
45:28É a nossa coisa cultural.
45:30Mas é importante mostrar...
45:32Talvez o DNA para fazer uma mudança de cultura, né?
45:34Porque é tão difícil mudar a cultura.
45:36Se o seu paladar acostuma com determinado tipo de comida
45:39para você fazer uma reeducação alimentar
45:41é uma coisa bem complicada, né?
45:42Aí o que acontece?
45:45Essa indústria aí dos ultraprocessados
45:48criou essa epidemia de obesidade no mundo.
45:53Aí a indústria farmacêutica vai e inventa
45:56uma nova droga para curar essa obesidade
46:00que também vira um negócio gigante, né?
46:04A Dinamarca...
46:04Eu acho que o PIB da Dinamarca hoje em dia depende do Ozenpique.
46:09Enfim.
46:10Então, é uma maluquice, né?
46:12Quando...
46:14Faz essa roda maluca
46:16quando de repente a gente começa
46:18a conseguir fazer com que as pessoas comam melhor,
46:22né?
46:22Isso vai ter um impacto na economia
46:25de diminuir os custos com a saúde
46:28tremendamente, né?
46:30E, enfim...
46:31Mas é que tudo complexo pra caramba.
46:34É mais...
46:34Eu acho, Felipe,
46:35que é mais fácil, né?
46:37Foi mais fácil, pelo menos,
46:38a indústria farmacêutica
46:39criar esse remédio
46:40para tratar a obesidade
46:42do que a gente conseguir
46:43controlar a cultura e a indústria
46:45e o bombardeio dos ultraprocessados, né?
46:50Criando aí essa geração
46:52de obesos, hipertensos e diabéticos.
46:55Mas eu comento sempre que
46:57nós que viajamos muito,
46:58estamos sempre em aeroporto,
47:00não tem uma comida saudável em aeroporto.
47:02E em qualquer lugar do mundo.
47:03Então, você vê que tem uma questão...
47:04Você tem toda...
47:05Ontem eu estava em Brasília
47:06e aí, putz, meu voo era 20 para...
47:09Era 10 para as 8 da noite.
47:11Eu ia chegar em casa 10 e meia da noite.
47:14Falei, gente, vou comer alguma coisa.
47:15Não, tinha.
47:16Aí eu vi uma esfirra.
47:18Eu falei, cara, esfirra.
47:19Eu reconheço uma carne moída aqui.
47:23Mas é isso, não tem.
47:26E o que tiver vai ser caro para o chuveiro.
47:29Então, é uma coisa incrível.
47:31Parece que...
47:32Se para o aeroporto,
47:34não existe uma política de consciência,
47:35não, precisa ter 20% de comida saudável aqui,
47:38porque senão você acaba sendo
47:40arrastado por esse mau hábito.
47:42Isso tem que começar lá, né?
47:43Nas escolas, nas merendas.
47:45Lógico.
47:46Bom, você já foi a um hospital recentemente.
47:49Mesmo os mais bacanas.
47:50Você vai ver a gelatina,
47:53o suquinho de caixinha,
47:55cheio de açúcar.
47:57Você fala, cara, estou dentro do hospital.
47:59É verdade.
48:01E, Lígia, uma outra coisa interessante.
48:04Afeta o nosso DNA de alguma forma?
48:07Por exemplo, estresse.
48:09Coisas que você tem ao longo do tempo.
48:11Isso começa a afetar o DNA ou não?
48:14Isso, tudo,
48:16todo o nosso meio ambiente
48:17afeta o nosso DNA, tá?
48:20Mas afeta de uma forma normal, né?
48:23O nosso DNA está programado
48:24para responder
48:25aos estímulos do meio ambiente.
48:29Então, você dá um exemplo bobo, né?
48:31Você vai na praia.
48:33Sua pele recebe sol.
48:35Esse sol vai lá no nosso DNA
48:37e ele vai ativar
48:40uma série de genes
48:42que vão produzir melanina,
48:44por isso que a sua pele
48:45fica mais escura,
48:47que vão começar a produzir
48:48vitamina D,
48:49que vão produzir também
48:51enzimas para reparar o seu DNA,
48:53porque o sol também pode quebrar,
48:55machucar o seu DNA.
48:56Então, tudo o que a gente faz,
48:59todos os estímulos do meio ambiente
49:01geram uma resposta.
49:03Quando você faz exercício,
49:06você faz exercício,
49:07esse exercício,
49:07as nossas células musculares,
49:10elas entendem lá no DNA,
49:12começa a dizer para elas,
49:13ó, começa a se multiplicar
49:15e elas começam a se multiplicar
49:16e você ganha massa muscular.
49:17Uhum.
49:19Então, sim,
49:21tudo o que a gente faz
49:22afeta o nosso DNA
49:23e isso faz parte.
49:24Agora, tem coisas
49:25que afetam de uma forma negativa, né?
49:27Você vai fumar,
49:28isso vai quebrar o seu DNA,
49:30vai gerar quebras
49:30que podem levar
49:31aquela célula agora
49:33a formar um tumor.
49:35Pegou sol demais,
49:37essas coisas, né?
49:39Então, enfim,
49:40esse tipo de ataque ao DNA
49:43é ruim.
49:45Então, a forma,
49:47nós somos um produto, né?
49:49do nosso DNA
49:50e do nosso meio ambiente.
49:53Então,
49:54isso é legal a gente saber, né?
49:58Que a nossa sorte
49:59não está escrita,
50:00o nosso destino
50:01não está completamente escrito
50:03no nosso DNA.
50:03No DNA.
50:05Nós recebemos,
50:07a gente,
50:07nesse nosso DNA,
50:08eu tenho uma série
50:09de variações genéticas
50:10que vão dizer
50:11a minha predisposição
50:13para uma série de coisas.
50:14mas é uma predisposição.
50:16Vai ter um tanto
50:17do meio ambiente
50:18que eu,
50:20dependendo
50:21do meu estilo
50:22de vida,
50:23essa predisposição,
50:24essa doença
50:25pode se manifestar
50:26ou não, né?
50:28Então,
50:28essa é a boa notícia.
50:29E é por isso
50:30que a gente tem que conhecer
50:31as nossas predisposições genéticas
50:34para saber exatamente
50:35onde é que eu tenho
50:35que tomar mais cuidado
50:37com o meu estilo de vida.
50:39Ô, Lígia,
50:39você também está fazendo
50:40uma coisa muito inovadora,
50:41porque essa coisa
50:42empreendedora na ciência
50:43de trabalhar junto
50:44com a universidade,
50:46eu vejo que no Brasil
50:47muitas vezes
50:49a pesquisa está
50:50dissociada
50:51do mundo real, né?
50:54Como é que nós podemos
50:55aproximar mais
50:57a universidade
50:58do mundo real?
50:59Porque onde aconteceu isso?
51:00Você deu um ótimo exemplo
51:01do agronegócio.
51:02As universidades do agronegócio
51:03estão cada vez mais próximas
51:05da ponta do mundo real, né?
51:07Mas como traduzir isso
51:08para o restante da ciência?
51:11Olha,
51:11durante muito tempo
51:13aqui no Brasil,
51:14a gente ainda tinha
51:15muito essa muralha
51:17da China, né?
51:18Entre a academia
51:19e a indústria.
51:21E uma ideologia boba
51:22do bem e do mal.
51:25Ó, eles querem ganhar dinheiro
51:26e nós só estamos aqui
51:28pela sabedoria,
51:29pelo conhecimento e tal.
51:30Isso é uma besteira.
51:31Porque o cientista,
51:35ele...
51:35A nossa vocação
51:37é gerar conhecimento.
51:38E muitas vezes,
51:40esses conhecimentos,
51:42é o conhecimento
51:42pelo conhecimento.
51:43A gente não está pensando
51:44num produto lá no fundo,
51:46no fim.
51:47A indústria está pensando
51:48sempre em produto.
51:49Então, ela fica olhando
51:50aqui esses conhecimentos
51:51que a gente está gerando
51:53e muitas vezes,
51:54ela olha e diz,
51:55opa,
51:55isso aqui que você fez
51:56e tal,
51:57pode ter esse desdobramento, né?
51:59E aí, o cientista
52:01ainda na academia
52:02pode ir levando isso,
52:05essa ciência mais aplicada
52:07até um certo ponto.
52:08Mas chega uma hora
52:09que a vocação
52:11de transformar
52:12mesmo uma ciência
52:14aplicada em um produto
52:15não é a vocação
52:17da universidade.
52:18E aí, é fundamental
52:19essa união de forças.
52:21Essa união de forças
52:22é que tornou os Estados Unidos
52:23a potência que é,
52:25em termos de tecnologia.
52:27Você vê,
52:27em todas as universidades,
52:29elas promovem
52:31a interação
52:32da indústria
52:33com os seus cientistas.
52:37Os grandes cientistas
52:38nos Estados Unidos
52:39e na Europa,
52:40muitos deles,
52:42acabaram sendo fundadores
52:44também
52:44de alguma empresa.
52:46Eles seguem lá
52:46na universidade,
52:47mas aquele conhecimento deles
52:49levou à criação
52:50de uma empresa
52:51que está gerando
52:52um produto
52:52e isso vai acelerar
52:54a ciência deles
52:55chegar na população.
52:56Então,
52:57o que eu venho vendo,
52:59eu acho que há mais de 10 anos,
53:01uns 20 anos aqui no Brasil,
53:02é uma mudança
53:03dessa cultura,
53:04em que mesmo
53:06as agências de fomento,
53:08a FINEP,
53:10Ministério da Ciência e Tecnologia,
53:12ou a FAPESP,
53:13com linhas
53:14de fomento,
53:17de subvenção
53:18à pesquisa
53:22em startups,
53:23em empresas,
53:24querendo justamente
53:26juntar
53:27a academia
53:29com a indústria.
53:32Então,
53:32isso é muito bacana.
53:33Mesmo
53:34na USP,
53:35essa minha transição
53:36agora,
53:37eu fiquei morrendo
53:38de medo,
53:39né?
53:39A gente vem lá
53:40de uma cultura
53:41que, enfim,
53:42nem sempre tem
53:44bons olhos
53:45para cá.
53:45uma colega
53:46minha de departamento
53:47passou por mim
53:48e falou,
53:48ah,
53:49você agora
53:49virou empresária,
53:51que pena.
53:54É empresária,
53:55ciência na veia,
53:56o que eu estou fazendo
53:57ali na gente,
53:58né?
53:59Uma bobagem.
54:00Então,
54:01a Pró-Reitoria
54:02de Pesquisa
54:04da USP
54:05agora é
54:06Pró-Reitoria
54:06de Pesquisa
54:07e Inovação.
54:09E estão
54:10vibrando
54:12com essa
54:12minha atividade,
54:14né?
54:14Estão querendo ver
54:15como é que eles conseguem,
54:16como é que eles
54:17podem fazer
54:18para conciliar,
54:20para que eu possa
54:21conciliar
54:21a minha atividade
54:22de docente
54:23com a minha atividade
54:24empresarial,
54:25porque eles entendem
54:26que isso é um ganho
54:27também para a universidade.
54:29Com certeza.
54:29Então,
54:30é uma cultura,
54:31a gente está vivendo
54:32tempos
54:32muito bacanas
54:35nesse sentido
54:36aqui no Brasil.
54:37Bom,
54:37na própria USP,
54:39a Luiz de Queiroz
54:40é uma instituição
54:41ligada à USP
54:43que está
54:43muito engajada
54:45em trabalhar
54:46com a indústria,
54:47com a agroindústria
54:48para o desenvolvimento.
54:49E lá
54:49existe até um incentivo
54:50para os professores
54:51se engajarem
54:52cada vez mais.
54:53Então,
54:53também tem uma mudança
54:54de mentalidade
54:55dentro da própria estrutura
54:56da universidade.
54:57Exato,
54:57isso é muito bacana.
54:59e aí a gente tem
55:00novas gerações
55:01de cientistas
55:02e professores
55:03que já vão começar
55:05suas carreiras
55:06dentro dessa nova visão
55:10de ciência
55:11que pode
55:12passar,
55:14saltar esse muro,
55:15derrubar essa muralha
55:16para a gente,
55:19de fato,
55:20mais rapidamente
55:21conseguir levar
55:23esse conhecimento
55:24para a sociedade.
55:25minha última pergunta
55:27curiosidade aqui
55:28é o seguinte,
55:29o Brasil,
55:29uma das maiores potências
55:30do Brasil hoje
55:31é a bioeconomia
55:32e a bioeconomia
55:33vai exigir muito
55:34essa parceria
55:35da universidade
55:36com as empresas
55:38para desenvolver
55:39esse enorme potencial.
55:41Você acha que isso
55:42pode ser um futuro
55:43importante no Brasil
55:44nessa área de pesquisa
55:46e desenvolvimento
55:47de negócio?
55:47Eu acho que,
55:48eu tenho certeza
55:49que isso é uma área
55:50super importante
55:52que a academia
55:52tem muito,
55:54muito,
55:55muito a contribuir
55:56com isso.
55:57A gente tem cientistas
55:58brilhantes na área
56:00e você tem aí
56:02uma série de incentivos
56:04do BNDES,
56:05da FINEP
56:05para que,
56:07para parcerias
56:08entre a indústria
56:09e a academia
56:09em áreas estratégicas
56:12e uma delas
56:13é essa.
56:13Então,
56:14eu acho que a gente
56:15está com as peças
56:16todas aí no lugar.
56:18O que a gente
56:18tem que ter
56:19é uma constância.
56:21Isso são investimentos
56:22a muito longo prazo
56:23e você colocou
56:24super bem.
56:25Isso tem que ser
56:25política de Estado.
56:26Isso não pode
56:27ser interrompido
56:29porque mudou o governo
56:30que eu não sei o que,
56:31sabe?
56:32Porque são investimentos
56:33a longo prazo
56:34mas que se pagam
56:36e geram um crescimento
56:38enorme
56:38para a nossa sociedade.
56:40É a política
56:40não atrapalhar
56:41e o Estado
56:41ser um bom parceiro.
56:42É isso que a gente precisa.
56:44Lígia,
56:45muito obrigado
56:45pela sua participação
56:46aqui na entrevista
56:47com o Dario.
56:47Ela foi uma ótima conversa.
56:49Acho que vai abrir a cabeça
56:50de muita gente
56:50que está nos escutando aqui.
56:51Legal.
56:52Super obrigada
56:53pela oportunidade.
56:55E a gente fica por aqui.
56:57E para você que gosta
56:58do jeito Jovem Pan
56:59de notícias,
57:00não deixe de fazer
57:00a sua assinatura
57:01no site
57:02jp.com.br.
57:05Lá você acompanha
57:05conteúdos exclusivos,
57:07análises, comentários
57:08e tem acesso
57:09ilimitado
57:10ao Panflix,
57:12o aplicativo
57:12da Jovem Pan.
57:13Obrigado pela sua companhia
57:15e até o próximo
57:17Entrevista
57:18com Dávila.
57:23Entrevista
57:24com Dávila
57:25A opinião
57:28dos nossos comentaristas
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57:32a opinião
57:32do grupo
57:33Jovem Pan
57:34de comunicação.
57:34Realização
57:39Jovem Pan News
57:41Jovem Pan News
57:43Jovem Pan News

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