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Em entrevista ao Money Times Brasil, o doutor em ciência política e professor de política internacional, Paulo Velasco, da UERJ, analisou os efeitos das novas tarifas anunciadas por Donald Trump e os impactos sobre o comércio global. Ele destacou o risco de escalada protecionista e o avanço dos Brics rumo à menor dependência do dólar.

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Transcrição
00:00Bom, e mais agora sobre esses anúncios de Donald Trump, de novas tarifas que devem entrar em vigor a partir do dia 1º de agosto.
00:07O republicano enviou no domingo cartas a parceiros comerciais especificando os valores de taxas que esses países teriam de pagar,
00:15caso não negociassem acordos com os Estados Unidos e depois dessas de domingo vieram mais.
00:21E o doutor em ciência política e professor de política internacional da UERJ, Paulo Belasco,
00:26está aqui para falar mais sobre essas cartas e as novas tarifas de Donald Trump.
00:31Olá, professor. Ótima tarde. Bem-vindo ao Money Times.
00:34Muito boa tarde. É um prazer sempre falar com vocês.
00:37Prazer. O nosso Felipe Machado, nosso analista, participa também.
00:40Bom, professor, a gente está falando de tarifas anunciadas a 14 países.
00:46Claro que tudo isso causa uma agitação no mercado e tem ainda uma ameaça, né, pairando no ar,
00:51de tarifas adicionais, extras aí, aos países alinhados com o BRICS.
00:55Como é que o senhor está vendo essa nova movimentação, né, essa nova fase aí de Donald Trump e suas tarifas agora?
01:04Bom, voltamos, né, aquilo que já tínhamos testemunhado nos primeiros meses deste ano, né,
01:08depois de um período de suspensão, de moratória, né, agora voltamos, né, com toda aquela preocupação, né,
01:14o Trump trazendo, né, de novo o tema das tarifas, né, os tarifaços,
01:19parceiros importantes dos Estados Unidos, né, se vendo, né, claramente ameaçados,
01:22impactados com essa perspectiva das tarifas não para serem aplicadas a partir de 1º de agosto.
01:28E aí, claro, cada ator, né, acaba reagindo ou se mexendo de uma maneira diferente, né,
01:32alguns parecem estar dispostos a negociar, né, um acerto, um entendimento,
01:36um acordo com os Estados Unidos, né, de modo, claro, atenuar o impacto dessas tarifas, né,
01:40e acertar, né, eventualmente, né, algum tipo de medida que agrade ao governo Donald Trump,
01:45mas outros, né, parecem estar dispostos a resistir, né, e a reagir à altura, né,
01:49então tudo isso, mais uma vez, né, cria um grande cenário de incerteza para o futuro, né,
01:54e toda a preocupação, né, de que voltemos, né, a um quadro de guerra comercial mais ampla
01:59no plano internacional, né, colocado em xeque, claro,
02:02por uma perspectiva de manutenção do crescimento econômico global.
02:06Felipe, sua pergunta, professor Belasco.
02:08Professor, tudo bem?
02:10Professor, quando o Donald Trump anunciou essas primeiras tarifas,
02:13ele queria dizer que o objetivo dele era trazer de volta as indústrias para os Estados Unidos.
02:18Hoje a gente vê que também tem um caráter um pouco arrecadatório.
02:21Qual que é o objetivo, na sua opinião, principal do Donald Trump?
02:25É trazer de volta indústrias para os Estados Unidos ou simplesmente aumentar a arrecadação?
02:29Eu acho que tem um pouco das duas coisas, né,
02:31o trazer de volta não é algo fácil, né, e imediato, né,
02:35isso é algo que se consegue a partir do médio prazo, sobretudo, né,
02:39tem que haver, evidentemente, toda uma disposição também, né,
02:42dos atores norte-americanos de quererem retomar o investimento nos Estados Unidos
02:46para reduzirem os custos, claro, de uma exportação que se torna maior com os tarifatos, né,
02:52mas não é o que acontece da noite para o dia, né,
02:54então os Estados Unidos, eles podem, no primeiro lugar, se ressentir dos tarifatos,
02:57porque isso tende a encarecer a produção, né,
03:00até haver, efetivamente, a capacidade dos Estados Unidos de poderem produzir internamente
03:03aquilo que eles importavam, né, isso leva tempo, né, por óbvio, né,
03:07então demanda investimento, demanda uma decisão estratégica, né,
03:09tem que se avaliar muitos cenários, então, isso pode, claro, encarecer a entrada de produtos,
03:13sobretudo peças de componentes, Felipe, né,
03:15isso acaba encarecendo, claro, a produção industrial, o produto final, né,
03:19e pode, inclusive, pesar no bolso dos americanos,
03:22e vemos sempre uma inflação pairando ali nos Estados Unidos, né,
03:25desde o governo Biden, né, aliás, foi um fator decisivo para a derrota da Kamala Harris,
03:29e agora isso volta, né, a aparecer como uma possibilidade, né,
03:32tivemos aí, né, há duas semanas um desencontro grave entre o Trump e o presidente do Fed,
03:37então, essa ideia de trazer investimentos para dentro não é uma ideia nova, né,
03:41isso já aparecia no primeiro mandato dele, quando ele renegociou, por exemplo,
03:46o acordo nafta com o México e o Canadá, a ideia era trazer de volta indústrias
03:51que estavam produzindo a custo mais baixo no México,
03:53mas não é uma coisa fácil de se conseguir no curto prazo.
03:56E a questão da redatória é importante para ele, né,
03:58porque ele precisa arrecadar mais, tendo em vista justamente o pacote
04:02que acaba de ser aprovado pelo Parlamento dos Estados Unidos, né,
04:05é um pacote que prevê uma expansão de gastos em áreas como controle e imigração,
04:09em áreas como defesa, segurança, né,
04:11apesar do corte gasto em algumas áreas sociais, né, como saúde e educação,
04:15a tendência é que se amplie a dívida pública norte-americana, né,
04:18então, em nome de um equilíbrio de contas, eles precisam também ampliar a arrecadação
04:22para melhorar o panorama fiscal nos Estados Unidos, né.
04:25Então, acho que são as duas variáveis, mas a primeira delas, né,
04:28de trazer de volta investimentos perdidos,
04:31nessa não se consegue da noite para o dia, Felipe.
04:33E, professora, a gente tem, então, nesse momento, né,
04:36Estados Unidos e outros países também reforçando aí, né,
04:41essa visão e atitudes protecionistas se fechando cada vez mais
04:45e, ao mesmo tempo, a gente acompanha encontros como o BRICS, né,
04:49em que se defende claramente e enfaticamente o multilateralismo
04:54e como é que fica, como navegar, né, e o que esperar dos próximos meses,
05:00dos próximos anos, nesse mundo, assim, cheio de contradições e paradoxos?
05:04Pois é, muitas contradições, de fato, né, e não deixa de ser curioso, né,
05:08vermos, né, o grande player que foi o responsável pela criação
05:11de uma ordem econômica liberal ao final da Segunda Guerra Mundial,
05:15hoje, se colocar contra isso tudo, né, se colocar contra o multilateralismo,
05:18se colocar, em grande medida, contra o livre comércio, né,
05:21e países do sul global, né, que tiveram durante boa parte, né,
05:25desse período histórico, desde a Segunda Guerra até aqui,
05:28nenhuma postura mais protecionista, economias quase que autárquicas,
05:31nacionalistas, né, são eles os que abraçam a lógica do livre comércio,
05:35são eles que decidem continuar jogando o jogo da globalização econômica,
05:38defendendo o multilateralismo, organizações, né, que hoje estão muito mal, né,
05:43mas importantes como a Organização Mundial de Comércio, né,
05:46então é um quadro, né, efetivamente desafiador, né,
05:48vemos um pouco os países com sinais trocados, né, na contramão daquilo
05:52que eles historicamente apresentaram, mas um fato importante que a gente percebe
05:56é uma perda progressiva, claro, paulatina, lenta ainda,
06:00mas uma perda da importância do dólar em comparação ao que já teve em outros momentos, né,
06:06hoje, né, o número de países, né, que denomina suas reservas em dólar
06:10é menor, né, do que era há 10, 20 anos, né, isso é uma tendência crescente, né,
06:14cada vez mais países estão buscando, né, outros ativos para denominar
06:18em suas reservas internacionais, né, e dentro do BRIC se discute
06:21de maneira muito direta já, né, uma menor dependência em relação
06:24ao uso do dólar americano, a possibilidade de se criar em sistemas de pagamentos
06:27em moeda local, de modo a facilitar o comércio, facilitar investimentos.
06:32Esse é um caminho sem volta, né, estamos diante de uma transição
06:34sistêmica de poder, né, em que a tendência é que o dólar americano
06:38tenha menos peso, né, não de hoje para amanhã, né, não da noite para o dia,
06:42mas progressivamente terá menos peso, né, diante de uma desconfiança
06:45em relação à economia americana, né, não é um acaso, por exemplo,
06:48né, que hoje os Estados Unidos têm que pagar mais para remunerar
06:50os títulos da sua dívida, né, esse é um sinal de que tem havido
06:53uma diminuição na confiança dos Estados Unidos, né, e essa transição
06:56em termos de poder, né, no âmbito financeiro internacional,
07:00ele é um processo em curso irreversível, e acho que os BRIC se movem bem
07:03nesse sentido, né, para tentarem garantir, né, a possibilidade de fazer
07:07negócio entre si de maneira ampliada, dependendo menos do dólar americano,
07:11que eles, afinal de contas, não controlam.
07:14Exatamente, né, a gente tem visto o dólar num movimento nunca antes visto mesmo, né,
07:18na história.
07:19Quero agradecer Paulo Velasco, doutor em Ciência Política e professor
07:22de Política Internacional da UERJ, participando ao vivo com a gente
07:25aqui no Money Times.
07:26Muito obrigada, viu, professor?
07:28Ótima tarde por aí.
07:29Foi um prazer, boa tarde a todos, até a próxima.
07:31Tchau.
07:32Tchau.
07:33Tchau.
07:34Tchau.
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