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  • 01/07/2025
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, ameaçou prender por desacato o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo.

O episódio ocorreu enquanto Rebelo prestava depoimento como testemunha do ex-comandante da Marinha Almir Garnier, um dos réus no caso da trama golpista.

A discussão teve início após o ex-ministro da Defesa comentar o relato de que Garnier colocou suas tropas “à disposição” do ex-presidente Jair Bolsonaro

Felipe Moura Brasil, Duda Teixeira e Ricardo Kertzman comentam:

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Transcrição
00:00O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, ameaçou prender por desacato o ex-ministro da Defesa, Aldo Rebelo.
00:07O episódio ocorreu enquanto Rebelo prestava depoimento como testemunha do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier,
00:15um dos réus no caso da trama golpista.
00:17E eu falei desse tema ontem aqui no programa.
00:20A discussão teve início após o ex-ministro da Defesa comentar uma possível fala de Garnier sobre colocar...
00:27Possível não, né? A fala que foi relatada pelos ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica
00:33é de que o Garnier colocou suas tropas à disposição do ex-presidente Jair Bolsonaro.
00:39Abro aspas para aquilo que o Aldo Rebelo estava dizendo para defender o Almir Garnier.
00:48Aspas.
00:49É preciso levar em conta que na língua portuguesa nós conhecemos aquilo que se usa muitas vezes,
00:54que é a força de expressão.
00:56A força da expressão nunca pode ser tomada literalmente.
01:01Quando alguém diz estou frito, não significa que está dentro de uma frigideira.
01:06Quando diz que está apertado, não significa que está submetido a uma pressão literal.
01:11Quando alguém diz estou à disposição, a expressão não precisa ser lida literalmente.
01:17Fecho aspas.
01:17Isso aí é um pano que o Aldo Rebelo está passando para a fala do Almir Garnier.
01:25Nem faz muito sentido ali essas comparações de estou frito, estou apertado com estou à disposição.
01:32As tropas estão à sua disposição, o presidente.
01:36É como os ex-comandantes da aeronáutica e do exército Carlos de Almeida Batista Júnior e Marco Antônio Freire Gomes disseram que o Almir Garnier falou.
01:47O Moraes questionou o Aldo Rebelo diante dessa fala dizendo o seguinte, abre o aspas.
01:55Lembrando que essa é uma das reuniões em que o Jair Bolsonaro trouxe uma minuta que declarava ali a operação de garantia de lei e da ordem, a GLO,
02:17e estava mostrando isso para os chefes militares da aeronáutica, do exército e da marinha.
02:24Lembrando que o Almir Garnier é o da marinha.
02:26E aí o Aldo Rebelo respondeu que não, que ele não estava nessa reunião.
02:32E o Moraes prosseguiu, aspas.
02:34Então o senhor não tem condição de avaliar a língua portuguesa naquele momento.
02:39Atenha-se aos fatos.
02:41Fecho aspas.
02:41E aí eu quero trazer só um comentário analítico, que até aí está correta a postura do Moraes.
02:49Até aí está absolutamente dentro daquilo que é tradicional que um juiz faça durante um depoimento.
02:59Quer dizer, a testemunha está ali em defesa, evidentemente, do seu aliado, cuja defesa a rolou,
03:07e está fazendo uma reflexão sobre como as pessoas devem interpretar uma fala
03:13que foi proferida em uma reunião em que ela própria, a testemunha, não estava presente.
03:18Então o juiz fala assim, o senhor estava presente?
03:20Bom, então não adianta muito a sua reflexão sobre a linguagem em relação a esse momento.
03:26Vamos passar para a próxima etapa.
03:28Aí o que aconteceu?
03:30Aí que vem o momento interessante que repercutiu.
03:33O Aldo Rebelo rebateu o ministro do STF.
03:36Abre o aspas.
03:36Em primeiro lugar, a minha apreciação da língua portuguesa é minha, e eu não admito censura.
03:42Fecho aspas.
03:44Quer dizer, posou ali de vítima de um ato de censura.
03:49Não era isso, era o juiz dizendo, o senhor estava lá, não estava, então vamos nos ater aos fatos aqui, etc.
03:55E aí foi então que veio a ameaça a rebelo.
03:59Aí o Moraes disse o seguinte, abre o aspas.
04:01Se o senhor não se comportar, o senhor será preso por desacato.
04:06Fecho aspas.
04:07Aí, obviamente, o Moraes alopra.
04:10Quer dizer, o rebelo fez ali um drama, mas eu quero falar.
04:14Quer dizer, eu não posso ser alvo de censura aqui, a minha reflexão é minha, etc.
04:20O juiz, diante de um comportamento desse da testemunha, fala, ok, o senhor falou, nós ouvimos e tal, agora vamos para a próxima etapa.
04:27Não precisa ameaçar de prisão.
04:30E aí, obviamente, isso vira manchete, etc.
04:33Todos os bolsonaristas fazem postagens nas redes sociais, olha o abuso, etc.
04:39Porque, de fato, nesse ponto, você tem um ímpeto autoritário do Moraes aparecendo mais uma vez.
04:49Ele parece que não se contém.
04:52E a conduta de um juiz, a conduta que se espera de um juiz, é uma conduta serena.
04:58Ele tem que lidar com o tumulto das audiências, ele tem que lidar com as pessoas que querem defender as outras,
05:05as outras que querem acusar, eventualmente, discussões, brigas entre as partes.
05:11Você tem membros do Ministério Público, nesse caso você tem o Procurador-Geral da República.
05:15Às vezes o clima fica pesado.
05:18A gente viu isso numerosas vezes durante a Operação Lava Jato, sem que houvesse esse tipo de ameaça de prisão por desacato.
05:26E várias vezes, me lembro até, inclusive, a audiência, por exemplo, com o zelador do Edifício Solares,
05:33aquele do triplex atribuído ao Lula, e ele falou de uma maneira ali bastante ríspida com o então advogado do Lula,
05:44Cristiano Zanin, e o Cristiano Zanin respondeu, e o Sérgio Moro estava comandando a sessão,
05:49chamou a atenção de um, chamou a atenção do outro, não precisou ameaçar de prisão.
05:53Então, o Moraes, ele sobe o tom à toa, ele estava simplesmente conduzindo a sessão de uma maneira correta,
06:01nesse ponto que eu falei, mas nessa hora ele alopra a moda Moraes.
06:06E o ex-ministro da Defesa respondeu que estava se comportando.
06:10E é uma pessoa muito experiente, já com uma grande trajetória política, grande, que eu digo, de tempo,
06:18que não é uma criança, para quem o Moraes vai ter esse ar professoral, dizer se o senhor não se comportar.
06:25Ora, em seguida o Moraes disse, abre o aspas,
06:28então se comporte e responda a pergunta, testemunha não pode dar seu valor à questão,
06:33mas tem toda a liberdade para fazer uma resposta tática.
06:36Fecha o aspas.
06:36O Moraes estava ali, enfim, dizendo que as avaliações e reflexões, fora do testemunho dos fatos,
07:06do Aldo Rebelo, não tinham lá muito valor.
07:09Duda Teixeira.
07:10O Moraes realmente sai um pouco da linha.
07:15E quando ele fala ali para o Aldo Rebelo, que é um cara, isso é isso, super experiente,
07:21aliás, até um cara de esquerda, que militou mais em partidos de esquerda,
07:25apesar de hoje estar no MDB, e fazer um pouco a ponte com a direita também,
07:32mas ele não descumpriu nenhuma regra de comportamento para o Moraes dizer para ele assim,
07:36você não está se comportando bem, não faz o menor sentido isso.
07:40E quando o Moraes fala em desacato, desacato você tem que, para você desacatar um funcionário público,
07:46você tem que ofender a pessoa, desrespeitar, e também ele não fez isso.
07:51O que ele falou assim, olha, essa é a minha opinião, eu não vou admitir censura,
07:56mas não é desacatar, não está tratando mal o Moraes falando desse tipo de coisa.
08:01O que eu acho que aconteceu aí, Felipe, é que quando ele falou a palavrinha censura,
08:07o Moraes está com os nervos à flor da pele.
08:10Quer dizer, o Michael Rubio falou, faz um, dois dias, que tem uma possibilidade
08:16dos Estados Unidos adotarem a lei Magnitsky e ir atrás do Alexandre de Moraes,
08:23que pode perder direito a usar cartão de crédito, conta no exterior,
08:27não vai poder mais viajar para os Estados Unidos.
08:30São as possíveis sanções.
08:31São possíveis sanções contra ele, pessoa física, né?
08:34E aí eu acho que quando ele ouviu ali a palavrinha censura do Aldo Ribeiro,
08:38ele saiu gritando.
08:40É, ele não gosta de ser acusado de censura.
08:43Mas foi bom acontecer isso, porque eu tinha explicado ontem o caso do Almir Garnier,
08:49esse ex-comandante da Marinha, porque o depoimento do Freire Gomes
08:53também teve ali um atrito com o Alexandre de Moraes,
08:57que acusou o Freire Gomes de não estar falando aquilo que ele tinha falado antes.
09:02Eu expliquei isso em artigo, expliquei isso aqui no programa.
09:05Justamente, o Freire Gomes, ao responder ao Moraes, ele fala assim,
09:09olha, o que eu quero dizer, apenas a diferença, ministro,
09:12é que ele disse isso ao Almir Garnier.
09:14Quer dizer, ele disse que estava com o presidente,
09:17colocou as tropas à disposição, enfim, ele faz ali o uso de determinadas expressões
09:21muito similares às que ele usou no depoimento da Polícia Federal.
09:26Mas o Freire Gomes fala assim,
09:27o que eu não posso é inferir o que ele quis dizer a respeito disso.
09:31Então o Freire Gomes, ele faz o contrário,
09:34quer dizer, um pouco diferente do que o Aldo Rebelo,
09:36como testemunha de defesa do Almir Garnier, está fazendo,
09:40porque o Aldo Rebelo está ali refletindo,
09:42olha, eu acho que não dá para ser levado literalmente essa expressão, etc.
09:48O Freire Gomes, quando o Moraes interveio, falou assim,
09:51olha, não me cabe, não me cabe inferir.
09:54Eu estou aqui testemunhando objetivamente aquilo que eu presenciei.
09:58Ele disse isso, agora é com vocês aí a avaliação.
10:02Ricardo Kersman, o que você destaca?
10:05Felipe, todo mundo sabe que uma testemunha,
10:08há uma testemunha, é proibido mentir.
10:11Até sob pena mesmo de algo mais grave por parte da justiça.
10:16Mas uma coisa é a interpretação da testemunha com relação aos fatos,
10:22que a meu ver é o que o Aldo Rebelo fez.
10:25Ele interpreta aqueles fatos da maneira que ele quiser e bem entender.
10:29Se de forma indevida, se de forma cínica, se de forma tática ou não,
10:33o que importa, é um direito dele.
10:35Eu não concordo com a postura do ministro Alexandre Moraes
10:38de querer obrigar de alguma forma,
10:42mesmo através de uma ameaça de prisão,
10:44que o Rebelo se refira ao fato da maneira que ele, Alexandre de Moraes,
10:49interpretou, ou ele, Alexandre de Moraes, quer.
10:52Isso não é de direito dele.
10:55A prerrogativa da testemunha,
10:57a única obrigação dela é não mentir,
11:00mas a prerrogativa dela é testemunhar, é depor,
11:03de acordo com o que ela quer, de acordo com o que ela acha.
11:07O Aldo Rebelo, historicamente, quem o acompanha já há muito tempo,
11:10sabe que é uma pessoa educada,
11:12é uma pessoa que fala baixo, é uma pessoa que não se exalta.
11:15É difícil imaginar que ele tenha usado termos ofensivos,
11:19tenha utilizado de gestos ofensivos,
11:22ter elevado a voz de tal forma que o ministro Moraes
11:27tenha interpretado como algum desacato
11:30para poder ameaçá-lo dessa forma.
11:33Então, eu conhecendo a trajetória, a história do Aldo Rebelo,
11:37e conhecendo, principalmente de tempos recentes,
11:40a trajetória, esse espírito autocrático também,
11:44a gente falou disso no tópico anterior, de autocracias,
11:48o ministro Alexandre de Moraes, ele é autoritário,
11:51ele tem por natureza o tom de voz, a postura dele,
11:55as próprias decisões são decisões autoritárias.
11:58Então, conhecendo a personalidade dos dois,
12:01eu ouso a dizer que o ministro exagerou,
12:05ele não deveria ter ameaçado dar de voz de prisão ao ministro Rebelo,
12:10porque não seria evidentemente o caso.
12:14Claro.
12:14Eu reforço que é absolutamente normal numa audiência,
12:20num depoimento, uma testemunha está fazendo ali um relato
12:24ou uma reflexão sobre um episódio que ela não presenciou,
12:28o juiz fala, se eu estava lá, se eu não estava,
12:31então vamos em frente, vamos passar para a próxima etapa.
12:34Até aí, ok, faz parte da condução,
12:38mas diante da reclamação da testemunha,
12:42que se sentiu ali censurada,
12:45você ameaçar a prisão por desacato,
12:47não teve nenhum elemento que justificasse esse tipo de medida.
12:52É melhor baixar um pouquinho a bola, Moraes.
12:55Bom, só aproveitando que a gente tratou aí do caso do Almir Garnier,
12:59teve o depoimento do atual comandante da Marinha,
13:01o Marcos Sampaio Olsen,
13:03sobre o seu antecessor, que é o Almir Garnier.
13:07E ele confirmou que o Almir Garnier quebrou a liturgia
13:10ao não participar da cerimônia de transferência do cargo,
13:14quer dizer, mais ou menos nos moldes do próprio Bolsonaro,
13:17que não passou a faixa para o Lula,
13:18o Almir Garnier não quis participar ali da transferência do cargo,
13:23justamente porque estava muito insatisfeito com a vitória do Lula,
13:27era alinhado ao Bolsonaro, etc.
13:29Mas o Olsen, apesar de confirmar isso,
13:33e o Moraes destacou bastante isso,
13:35como isso era uma tradição já secular,
13:39que é a primeira vez que isso acontece,
13:41que um comandante da Marinha não participa da transferência do cargo,
13:45o que mostra, reforça ali o alinhamento do Garnier com o Bolsonaro.
13:51O Olsen, apesar disso tudo,
13:53disse que não houve ordem para a mobilização das tropas da Marinha,
13:58para fins de um golpe de Estado, etc.
14:01Então já falei aqui que há elementos, claro,
14:05do ponto de vista histórico,
14:06para você entender que o Garnier estava mesmo alinhado ao Bolsonaro,
14:10que eventualmente ele até teria uma disposição
14:12de acompanhar o presidente numa medida mais drástica,
14:15mas você não tem uma prova cabal ou uma ação concreta disso.
14:19Então vai ser interessante a discussão no Supremo Tribunal Federal
14:24a respeito da responsabilidade dele.
14:26Quer dizer, as provas são suficientes ou não são?
14:30A meu ver, tem uma brecha jurídica legítima para a defesa explorar,
14:34apesar de moralmente eu repudiar determinadas condutas dele.
14:38O senador Hamilton Mourão afirmou nesta sexta-feira
14:40que Bolsonaro jamais mencionou ou participou de reunião
14:43para discutir a minuta do golpe.
14:46O ex-vice-presidente da República deu a declaração
14:48durante depoimento como testemunha no STF.
14:51Abre o aspas.
14:53Em todas as oportunidades, em nenhum momento ele, Bolsonaro,
14:56mencionou qualquer medida que representasse ruptura do status quo.
14:59As nossas conversas sempre foram em torno da transição.
15:02Fecha o aspas.
15:03Segundo Mourão, que na época era vice-presidente,
15:05Bolsonaro estava pronto para entregar o governo para Lula.
15:08Ao ser questionado sobre o 8 de janeiro,
15:10o senador afirmou que estava dentro da piscina de sua casa.
15:13Mourão também disse desconhecer qualquer participação de Bolsonaro
15:16ou de outros ex-integrantes de seu governo
15:18na articulação que resultou na invasão.
15:20O senador prestou depoimento após ser indicado pelas defesas dos réus
15:24Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira,
15:27que foi ministro da Defesa, e Walter Souza Braga Neto,
15:30que foi ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente derrotado
15:34na eleição de 2022.
15:37Repito, esse momento do processo é um momento em que cada réu
15:42arrola ali testemunhas de defesa para dar relatos positivos a respeito dele,
15:47para eximir de qualquer responsabilidade penal no caso.
15:51E você tem diversos relatos, como a gente viu no caso do Aldo Rebelo,
15:55que não estava na reunião, mas estava refletindo sobre o conteúdo da reunião,
15:58de pessoas que não estavam nos momentos em que os fatos mais graves aconteceram.
16:05É o caso do Mourão.
16:07O Mourão tinha uma dissonância com o Bolsonaro.
16:11Não era o sujeito a quem o Bolsonaro recorreria
16:13numa articulação como essa.
16:18Ele ficou escanteado ao longo do governo
16:20porque ele deu certas opiniões que incomodaram o bolsonarismo.
16:24Então ele dá algumas declarações,
16:26mas que não tem muita relevância do ponto de vista processual.
16:31Duda Teixeira.
16:31É, não tem nenhuma relevância.
16:34A gente vai ver isso, né?
16:35São as testemunhas falando sobre coisas que elas não viram presencialmente.
16:43A opinião do Mourão vale tanto quanto a do Aldo Rebelo.
16:48O Mourão estava totalmente escanteado do governo Bolsonaro.
16:52Várias tretas com o Bolsonaro.
16:54O Bolsonaro afastou ele mesmo do governo.
16:57E a gente vai ver isso ao longo da semana que vem também, né?
17:01Se não me engano, está agendado também do Tarcísio de Freitas,
17:05governador de São Paulo, para falar na sexta-feira, 30, né?
17:09Certamente vai defender o Bolsonaro,
17:10mas não tem muito que ele possa falar ali
17:12para inocentar o Bolsonaro de toda a história.
17:17E Ricardo Kershman tem um elemento interessante
17:19que ele fala assim,
17:20não, eu nunca vi conversas sobre ruptura do status quo.
17:24É óbvio que essas palavras, elas não eram usadas
17:28nem pelo Bolsonaro, nem pelo Braga Neto,
17:32às vezes nem pelos mais aloprados, né?
17:35Que escancaravam um pouco mais verbalmente as suas intenções.
17:40Porque esse pessoal se julgava defensor da democracia.
17:45Fora um ou outro mais aloprado, que às vezes escancarava.
17:48Então, assim, nada era feito com o nome
17:51ruptura institucional, democrática, golpe de Estado.
17:56Essas palavras não apareciam.
17:58Como em geral não aparecem palavras que
18:01confessam, admitem, configuram crimes
18:05em articulações para o eventual cometimento de crimes.
18:11Sabe que se pode discutir se era mesmo articulação, etc.
18:13Mas estou dizendo só o óbvio.
18:15Porque quando a gente passou pelo processo
18:18da Lava Jato, se descobriu a roubalheira no Petrolão,
18:22se detalhou tudo, você tinha os petistas
18:25e suas massas de manobra.
18:26Mas cadê a prova? Cadê a prova?
18:28Como se fosse ter ali um recibo de
18:30eu fulano recebi propina de Beltrano, etc.
18:34As coisas não são assim.
18:35Você tem uma série de elementos
18:38que mostram condutas graves.
18:40Você vai costurando aquela história.
18:42Você tem um relato daqui, um relato dali.
18:44Vem a operação de busca e apreensão.
18:45Você encontra o documento.
18:46Você tem a materialidade.
18:48E aí você reconstitui aquilo que aconteceu
18:51e depois vai avaliar do ponto de vista penal
18:54comparando a conduta com aquilo que a lei proíbe.
18:58Então, assim, essas declarações de que
19:00não ouvi ninguém falar em golpe,
19:02não ouvi ninguém falar em ruptura.
19:03Claro, a medida golpista,
19:06que é considerada golpista, a minuta,
19:09ela prevê, no fundo, um golpe de Estado,
19:13porque não havia razão para aqueles instrumentos,
19:15mas disfarçado de medida constitucional,
19:17que é o Estado de defesa, o Estado de sítio,
19:19com um ato contínuo, como se diz lá numa das minutas,
19:22operação de garantia da lei e da ordem.
19:24Ricardo Kertz.
19:25É exatamente isso, Felipe.
19:29Em nenhum momento vai ter o tal do recibo assinado.
19:32Queremos dar um golpe de Estado.
19:34Mas quando se fala em GLO,
19:36quando se fala em Estado de sítio,
19:38quando se fala em artigo 142,
19:41tudo isso, obviamente,
19:43era um golpe de Estado.
19:45Porque nenhum desses instrumentos
19:46são previstos pela Constituição.
19:49O presidente sempre gostou de falar
19:50de Constituição das quatro linhas,
19:52mas nenhum desses instrumentos
19:54jamais foi previsto na Constituição
19:56em caso de uma derrota eleitoral,
19:59como foi o caso.
20:01Vocês também já falaram,
20:03o Mourão, ele foi alijado do governo.
20:07Essa é a verdade.
20:08Ele se tornou alguém, um outsider.
20:11Ele não era consultado para nada,
20:13ele não era chamado para nada.
20:14Então, obviamente, que ele não tem nem como avaliar,
20:17não tem nem como testemunhar
20:18o que foi dito em reuniões
20:20nas quais ele não era convidado.
20:23Obviamente, ele não tem como dizer
20:24o que ele viu, o que ele ouviu,
20:25porque ele não era nem chamado.
20:27Só que a quantidade de provas materiais,
20:30de provas testemunhais,
20:31são tão contundentes nesse sentido,
20:34que ele dizer que não participou,
20:35isso não ajuda em nada
20:37ao presidente Bolsonaro.
20:39Felipe, aquela famosa reunião ministerial,
20:42fica tão claro,
20:43em determinado momento,
20:45o Mourão, o general Mourão, não,
20:48o general Heleno,
20:49ele começa praticamente a falar
20:52que ele dizia,
20:53precisamos fazer alguma coisa agora,
20:55não adianta fazer depois,
20:57e o Bolsonaro vai e fala com ele,
20:58olha, não fala nada aqui,
21:00não é hora de falar sobre isso.
21:02Esses elementos,
21:03eles deixam muito claro o tempo inteiro,
21:06a própria minuta do golpe,
21:08fica muito claro que
21:09tudo o que eles não pensavam
21:12era em obedecer a lei,
21:15e não aceitar o resultado das urnas.
21:17agora, dizer que em nenhum momento,
21:19que por causa de que em nenhum momento
21:21estava escrito que vamos dar um golpe de Estado,
21:24ou em nenhum momento o presidente Bolsonaro,
21:26ou qualquer outra pessoa do seu círculo íntimo,
21:28tenha dito, vamos lá depor o Lula,
21:31porque ninguém falou assim,
21:33isso não significa que não estava em curso
21:37uma tentativa, um planejamento de golpe de Estado.
21:39Pois é, aliás,
21:42para deixar bem claro,
21:43que o Ricardo está citando de memória,
21:45é a reunião de 5 de julho de 2022,
21:47isso está nas minhas cronologias aí,
21:49sobre toda essa articulação,
21:50e o Bolsonaro,
21:52ele falou que a gente tem que fazer
21:53alguma coisa antes,
21:55e aí o general Augusto Heleno,
21:56assim como o Mário Fernandes,
21:58que é o mais aloprado
21:59desses militares,
22:01e que virou réu também,
22:03o general Augusto Heleno fala,
22:05se tiver que fazer alguma coisa,
22:06é antes da eleição,
22:07se tiver que virar a mesa,
22:08é antes da eleição,
22:09o Bolsonaro faz o Não Prossiga,
22:11que virou uma das vinhetas favoritas
22:13aqui do Papo Antagonista,
22:14o Robson coloca a toda hora,
22:17quando o general Augusto Heleno
22:18ainda foi além,
22:19que ele estava falando
22:20da operação clandestina,
22:23que ele estava articulando
22:24com o então chefe da ABIN,
22:28da Agência Brasileira de Inteligência,
22:29e o Bolsonaro percebeu,
22:31e o Heleno estava escancarando
22:32algo clandestino,
22:34ali numa reunião,
22:35sendo filmado com um monte de testemunhas,
22:37que aquilo poderia vazar,
22:38e o próprio Augusto Heleno fala,
22:40do risco de vazar,
22:42aí o Bolsonaro fala,
22:42não prossiga, não prossiga,
22:44e não fala,
22:45não prossiga com um repúdio,
22:47é isso aí,
22:48ele não fala com um repúdio moral,
22:50de olha,
22:51não,
22:52não,
22:52não prossiga nessa atitude,
22:55que você está descrevendo,
22:56aqui na reunião,
22:57não,
22:57ele fala,
22:58não prossiga no relato,
22:59vamos conversar sobre isso,
23:00privadamente,
23:01numa sala paralela,
23:03não tem o repúdio da operação clandestina,
23:06porque eles estavam fazendo articulações clandestinas,
23:09e é isso que está sendo julgado,
23:11no processo no Supremo Tribunal Federal,
23:13então,
23:14só para esclarecer aqui,
23:15distinguir todas as nuances,
23:17o,
23:18quer complementar,
23:19Duda,
23:20podemos ir em frente,
23:20porque eu acabei de perceber que a gente vai mudar a pauta.
23:23Eu fiz uma pesquisa rápida aqui,
23:24sobre como é que o Jair Bolsonaro tratava o Hamilton Mourão,
23:26na época que ele era presidente,
23:28ele comparava o Hamilton Mourão com o cunhado,
23:31que a gente tem que aturar,
23:33e que tem muita independência,
23:35que às vezes atrapalha um pouco,
23:37então,
23:38era assim a relação dos dois.
23:50e que a gente tem que aturar,

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