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NotíciasTranscrição
00:00Olá, sejam muito bem-vindos ao Narrativas Antagonista.
00:19Eu sou Madeleine Lasco, sou companhia de segunda a sexta-feira aqui no YouTube do Antagonista,
00:24às 5 horas da tarde.
00:25Você também lê as minhas colunas no site o Antagonista sem paywall.
00:31Fato do dia, segundona de carnaval, gente, segunda de carnaval,
00:37as fantasias de carnaval proibidas pela lacração.
00:42Quem é que se lembra dessa história, de onde surgiu, como é que ela tá agora?
00:47A fantasia que não pode mais, pois eu vou trazer tudo aqui sempre daquele nosso jeito.
00:54Primeiro eu te trago os fatos e depois a minha opinião.
00:58Mas antes disso eu te trago uma coisa que você só vê aqui.
01:02Qual é a narrativa da esquerda e qual é a narrativa da direita.
01:06Vamos lá?
01:11Fato do dia, as fantasias de carnaval proibidas pela lacração.
01:16Mas, gente, o carnaval não era pra ser esborna total, onde nada é proibido?
01:23Pois é, pois é.
01:25A lacração é mais carola que a madre superiora do meu colégio.
01:31Censura mais, é mais moralista.
01:36Lacrador é carola, gente.
01:38É bem carola.
01:39Vamos começar aqui pela origem do carnaval.
01:43Canal centralizando, contando as origens desta festa pagã, onde tudo é possível.
01:51Você conhece a origem do carnaval?
01:53O carnaval.
01:54Essa festa efervescente, marcada por cores vibrantes, músicas badaladas e um espírito de celebração desenfreada,
02:02tem suas raízes entrelaçadas com tradições pagãs antigas, originárias das saturnais romanas e de festividades antes do cristianismo europeu.
02:13Máscaras, fantasias extravagantes e orgias eram comuns, criando um ambiente de alegria e de libertinagem sem limites.
02:22A igreja católica incorporou o carnaval ao calendário cristão.
02:26Assim, a festividade pagã foi adaptada para anteceder a quaresma.
02:30Um período de 40 dias de penitência e abstinência.
02:34O carnaval tornou-se uma espécie de última farra, onde tudo era permitido.
02:39A ideia é vivenciar a abundância antes da renúncia, simbolizando a dualidade da vida cristã entre os prazeres terrenos e a vida espiritual.
02:49Comente e inscreva-se.
02:51E agora, gente, nós vamos voltar a uma postagem de anos atrás, que parou o Brasil,
02:58que foi uma postagem do Catraca Livre, uma tentativa de transformar o carnaval num colégio de freira.
03:07Nem o carnaval do colégio de freira tinha tantas regras quanto a lacração.
03:12Vamos lá, sete fantasias para não se usar neste carnaval.
03:17Um homem vestido de mulher.
03:21Os homens vestidos de mulher e até mesmo de noiva estão por todas as cidades do país no carnaval.
03:27Mas por que está errado?
03:30Além de ser machista e desrespeitoso com as próprias mulheres,
03:33esta moda é preconceituosa com as pessoas trans e apenas reforça os estereótipos de gênero.
03:41Índio ou índia?
03:42A fantasia de índio ou índia representa uma cultura ampla e diversa,
03:46e não apenas um indivíduo construído no carnaval de forma estereotipada.
03:51De que adianta usar um cocar para curtir o bloco enquanto a população indígena é vítima de genocídio?
03:58Gente, texto leve, né, para o carnaval.
04:00Cigano ou cigana, também não podia.
04:02Já todos os outros orixás, padre, católico, protestante, pode?
04:20Eu não entendi, gente. Não entendi.
04:23E aí vamos voltar a recordar a viver em 2018,
04:28Arthur Mamãe Falei comentando as fantasias proibidas no carnaval.
04:34Tem um conflito da esquerda quando fala de mulheres e minorias religiosas,
04:39porque os muçulmanos, assim, eles não são um grande exemplo de como tratar as mulheres,
04:44mas se você criticar um muçulmano, meu Deus do céu!
04:47E se você se fantasiar de muçulmano, acabou!
04:51Meu, você é muito preconceituoso.
04:53Eu tenho um amigo que foi numa festa esses dias, fantasiado de homem-bomba,
04:55eu fico imaginando a polícia de esquerda, na hora que vê um cara desse,
04:58acha que tem que mandar ser preso.
05:00Meu, como assim você faz piada com homens-bombas, enfim?
05:04Cigano, não pode? Não pode.
05:05Assim, tem aquelas regras, né, tem aquelas regras que mais parece, né,
05:10é engraçado, inclusive, que esse pessoal critica a ditadura militar
05:13por ter censura, por ter repressão a artistas, né,
05:17na época, acabar com a liberdade artística das pessoas,
05:20mas você é um cidadão comum, não pode se fantasiar de cigano para este carnaval,
05:24onde é civil.
05:25E no final ele dá uma dica lá, olha,
05:27fantasias de super-herói estão super na moda,
05:30você vai fazer muito sucesso, se divirta, hein?
05:32Aí faz uma fantasia lá,
05:34inclusive, olha que engraçado,
05:35o desenho é de uma mulher super-sexo lá, fantasiada de super-herói.
05:38Então vocês mesmos estão estereotipando uma mulher,
05:42uma heroína, como sendo uma mulher sexualmente atraente.
05:45Olha só que coisa, no próprio vídeo de vocês.
05:48Mas eu quero terminar esse vídeo deixando uma dica
05:50para vocês, esquerdistas,
05:53se fantasiarem fora do carnaval,
05:54por um dia que seja, de um trabalhador comum.
05:57Faz o seguinte, cara,
05:58se fantasia aí, se enche de DARF, né,
06:00se enche de imposto para pagar,
06:02e se fantasia de empresário, por um dia que seja,
06:05se fantasia do papai que sustenta vocês.
06:07Você pode achar que isso ficou em algum lugar do passado?
06:11Que a galera se ligou, gente,
06:12carnaval, povo faz xixi na rua.
06:15Carnaval, ninguém é de ninguém,
06:17nobody's de nobody.
06:19Como é que eles querem regrar o carnaval?
06:22Mas isso não acabou.
06:24Colunista do Terra, Luciene Caxinavá,
06:28no ano de 2024.
06:30O carnaval chegou, e em pleno 2024,
06:33a gente ainda tem que falar sobre isso.
06:36que não pode se fantasiar de índio no carnaval.
06:41Primeiro que essa conotação está errada, né,
06:43que esse termo está errado,
06:44que não é índio, é indígena.
06:47Segundo que as pessoas usam esse momento
06:50para homenagear nós, povos indígenas.
06:57Ou agora, né, que o assunto está em alta
06:59do povo Yanomami,
07:01como é o caso do Salgueiro,
07:02que vai homenagear o povo Yanomami.
07:05Vamos ver como que essa homenagem vai acontecer.
07:08Se alimentando estereótipos
07:10através das fantasias,
07:13através da sensualização e sexualização
07:15dos corpos indígenas,
07:17seja de homens ou de mulheres,
07:19ou alimentando esses estereótipos.
07:21E por trás do enredo,
07:24das encenações,
07:26da amostra que vai ser feita na avenida,
07:29o que será que tem por trás disso?
07:32Será que tem ajuda a povos indígenas?
07:35Será que tem visibilidade para os povos indígenas?
07:39Tudo isso tem que ser repensado.
07:41E eu estava fazendo uma pesquisa
07:43que lá em Porto Alegre
07:45existe ou existiu
07:48várias homenagens,
07:49podemos chamar assim.
07:51Porque antes,
07:53há alguns tempos atrás,
07:54mas não há muito tempo atrás,
07:56até 2019,
07:57era facilmente vista
07:59essa manifestação de carnaval,
08:01chamando de apresentação folclórica
08:04a participação e representação
08:07de indígenas no carnaval.
08:08Mas como que isso acontecia?
08:10Pessoas não indígenas
08:11vestidas de índios,
08:13e como eles mesmos chamam até hoje,
08:16de tribos de índios.
08:18Dois termos completamente errados,
08:20que não traz visibilidade,
08:22que se apropria de identidade,
08:24e que diz,
08:27que apresenta um pouco
08:29da história dos povos indígenas,
08:31sem a presença de indígenas,
08:33e sim de pessoas não indígenas
08:35e pessoas trans.
08:36Agora,
08:37será que todas as pessoas
08:40de todos os povos indígenas
08:42pensam assim?
08:44Ou, me desculpem,
08:45será que todas as pessoas indígenas
08:47pensam assim?
08:49Tem alguém que não pensa?
08:50Tem um canal bem bombado no YouTube.
08:53E Sany Calapalo
08:54fala o que ela pensa
08:56de quem se fantasia de índio.
08:58Feche de índio no carnaval,
09:00na sua visão,
09:01é ofensa?
09:01Claro que não.
09:03Feche de índio no carnaval
09:04é exatamente para lembrar
09:07que estamos aqui,
09:08que o povo indígena
09:09é o Brasil,
09:11e faz parte da cultura brasileira.
09:14O ruim,
09:15estranho,
09:16seria se não
09:17lembrasse da nossa existência.
09:18por mais que tenha
09:20indígenas
09:21mimimicentos
09:23que se ofendem com isso.
09:25Eu, Sany,
09:27assim como muitos indígenas
09:29raízes,
09:30nem se importa com isso daí
09:31e faz parte da cultura brasileira.
09:34Tamo junto!
09:35E aqui, gente,
09:36quero mostrar a vocês
09:37uma coisa do Instagram.
09:39O Biratã Pataxó,
09:41que é do...
09:42Sabe esse Pataxó,
09:43lá de Porto Seguro?
09:44Se você já visitou
09:45Porto Seguro,
09:45você conhece?
09:46Aqui, olha,
09:47Nossa Arte Pataxó
09:49venha se vestir
09:50como um índio
09:51aqui em Coroa Vermelha.
09:53Uma das formas
09:54de ganhar dinheiro
09:55é vestir os turistas
09:57com roupas
09:58de Pataxó.
09:59Mas não pode.
10:00Não pode mais.
10:02Não, não, não, não, não.
10:03E tem também
10:04as marchinhas
10:05de carnaval.
10:06Tarcísio Mota,
10:07que já foi candidato
10:08a um monte de coisa,
10:09professor do PSOL,
10:11faz uma reflexão
10:12sobre o preconceito
10:14nas marchinhas.
10:15As marchinhas de carnaval
10:17que tem a letra
10:18claramente racista,
10:19a gente precisa
10:20refletir sobre elas.
10:21A significa que
10:22você comete
10:23um crime
10:25quando canta?
10:26Não, mas refletir
10:27sobre ela
10:27e entender
10:28que ela, por exemplo,
10:29pode não caber mais
10:30porque ela reproduz
10:31uma lógica de racismo
10:32é importante.
10:33É um processo educativo.
10:35O debate, por exemplo,
10:36sobre a questão
10:37da apropriação,
10:37ele é um debate
10:38importante, na minha opinião.
10:40Ele tem
10:40seu lugar
10:42e seu papel.
10:43e sempre nesse sentido,
10:45ou seja,
10:45quando a gente
10:45simplesmente coloca
10:46a questão
10:48da fantasia
10:48de índio,
10:49você sai fantasiado
10:50de índio
10:51para ridicularizar
10:52os povos indígenas,
10:53está errado.
10:54Mas o cacique de Ramos,
10:56por exemplo,
10:56que é um bloco tradicional,
10:57sai todo mundo
10:58ali de um lado de índio,
10:59tem o seu lugar
10:59e o seu papel.
11:00Ninguém ali
11:01no cacique de Ramos,
11:02muito pelo contrário,
11:03está querendo ridicularizar
11:05a luta
11:05dos povos indígenas.
11:06Pelo contrário.
11:07Ali estão presentes
11:08inclusive os caboclos,
11:10uma imagem,
11:11e uma figura importante
11:13na lógica
11:14inclusive religiosa
11:15de matriz
11:16africana
11:17da Umbanda
11:17no Rio de Janeiro.
11:19E portanto,
11:19por que você vai,
11:20por exemplo,
11:20proibir o cacique de Ramos
11:21de sair vestido de índio
11:23nesse contexto
11:24que nós estamos falando?
11:25A lógica sempre é
11:26o texto
11:27e o contexto.
11:29Então,
11:30eu entendo
11:31que o debate
11:31sobre a apropriação,
11:33sobre o sentido
11:33das músicas,
11:34das fantasias,
11:35do próprio carnaval,
11:37é um debate
11:37importante,
11:38é um debate educativo
11:39que a gente tem que se apropriar
11:41dele,
11:41mas é claro que
11:42todo texto
11:43tem seu contexto.
11:45E aí,
11:45portanto,
11:46utilizar-se
11:48de determinadas coisas
11:49que não sejam
11:50desrespeitosos
11:51aos direitos humanos,
11:52desrespeitosos
11:52às minorias
11:53ou às maiorias,
11:54aos negros e negras,
11:55por exemplo,
11:56não cabe mais hoje
11:57sair com a fantasia
11:58da lógica
11:58da chamada
11:59nega maluca.
12:00Ela claramente
12:01tem um viés racista,
12:02não faz sentido.
12:04Agora,
12:04se você tem
12:05numa escola de samba
12:06uma denúncia
12:07contra o racismo
12:07em que uma pessoa
12:08está ali
12:08vestida de nega maluca
12:10para denunciar,
12:11pode fazer sentido.
12:12É isso que eu estou dizendo
12:13que tem sempre texto
12:14e contexto.
12:16Na minha opinião,
12:17as pessoas dizem
12:18agora,
12:19tem um montão
12:19de fiscal de fantasia.
12:21Não se trata
12:21de ser fiscal
12:22de fantasia
12:23ou de música
12:23de ninguém,
12:24mas se trata
12:25de não deixar
12:26que práticas
12:27que eram...
12:29A gente vive
12:29numa sociedade
12:30estruturalmente racista,
12:32estruturalmente machista
12:33e essas práticas
12:34eram naturalizadas,
12:35a gente continue achando
12:36que só porque
12:37elas eram comuns
12:38no passado
12:39elas devem continuar
12:40agora.
12:40Não.
12:41Nos refletir
12:42sobre nossas próprias
12:42práticas,
12:43atos e valores
12:44nos faz melhores.
12:45Eu acho que isso
12:46é importante.
12:46E aqui, gente,
12:48Gabriela Augusto
12:49falando sobre
12:50homens
12:51que se vestem
12:53de mulheres
12:54no carnaval.
12:56Homem pode se vestir
12:58de mulher no carnaval?
12:59Meu nome é Gabriela Augusto,
13:00hein?
13:01Poder pode,
13:01mas será que deve?
13:03Eu,
13:03enquanto mulher trans,
13:04sei que muitas colegas
13:05se sentem ofendidas
13:06quando veem aqueles homens
13:07com uma imagem
13:07mais caricatural,
13:08tipo,
13:09sai de balé,
13:10peito de borracha e tal.
13:11E o fato da gente
13:12se posicionar sobre isso
13:13gera uma série de reações,
13:14tipo,
13:14ah, nossa,
13:15agora não pode mais nada,
13:16ou, nossa,
13:17esse é um ato importante
13:18para os homens se libertarem
13:19de seus padrões de gênero.
13:20Assim,
13:21eu até concordo
13:21que é um momento legal
13:22para os homens deixarem
13:23aquela parte mais tóxica
13:24da masculinidade de lado.
13:26Mas tem um ponto importante
13:27que a gente precisa prestar atenção
13:28nessa conversa.
13:30Para nós,
13:30mulheres trans,
13:31machuca um pouco
13:32ver aqueles mesmos homens
13:33que nos tratam mal
13:34no dia a dia
13:34e muitas vezes
13:35não reconhecem
13:36nossas identidades
13:37indo lá,
13:37colocando uma saia
13:38sem muita reflexão.
13:40E eu sei que tem muita coisa
13:41para falar sobre isso,
13:42mas eu queria propor
13:42algo bem simples aqui.
13:44Para os homens que vão usar
13:45esse tipo de fantasia
13:46esse ano,
13:46podem ir lá,
13:47não sou eu que vou proibir, né?
13:48Mas aproveita o momento
13:49para refletir
13:50sobre a importância
13:51da questão trans
13:51e sobre o que vocês
13:53podem fazer no dia a dia
13:54para apoiar
13:54a nossa comunidade.
13:56E aqui, olha,
13:57eu vou trazer
13:57uma outra polêmica
13:59que surgiu
14:00e que está aí
14:01crescendo nas redes.
14:02Todo ano agora
14:03vai ser isso
14:04da fantasia proibir
14:05de quem é a fantasia.
14:06Olha lá.
14:07Não é fantasia.
14:09Índio, blackface e enfermeira.
14:11Entenda de uma vez por todas
14:13por que não usá-las
14:14nesse carnaval.
14:15E vamos ver o Betega
14:17explicando essa história.
14:19Você não pode
14:20se vestir de índio
14:21no carnaval.
14:22O governador da Bahia,
14:23Jerônimo,
14:24já proibiu
14:25essa fantasia.
14:26O Jerônimo
14:27é do PT.
14:28E a esquerda
14:28acha que usar
14:29fantasia de índio
14:30é racismo.
14:31A Anitta vai cantar
14:32de índia
14:33nesse carnaval.
14:34E os próprios índios
14:35fizeram a fantasia dela.
14:37Daí vem o esquerdista
14:38a falar
14:39isso não é fantasia,
14:40é só uma roupa
14:41com elementos indígenas.
14:43Uma coisa
14:44é ela se fantasiar
14:45de índia.
14:46Outra coisa
14:47é ela utilizar
14:47uma roupa
14:48feita pelos índios.
14:49Tem uma deputada
14:50do PSOL que fala
14:51que vestir fantasia
14:52de índio
14:53ou de preto
14:53é crime de racismo.
14:55Então a pessoa
14:56tem que ser presa.
14:57A Anitta cantou
14:58sexta-feira em Salvador
14:59até deu em cima
15:00do prefeito
15:01e nada aconteceu.
15:03Aí,
15:04pensei muito,
15:05fiz uma longa reflexão.
15:07Quem eu trago
15:08para explicar isso?
15:09Trago um historiador?
15:10Trago um carnavalês?
15:12Trago um,
15:13não sei,
15:14um antropólogo?
15:15Um sociólogo?
15:17Desculpe,
15:18um historiador
15:19e um carnavalesco?
15:21Um antropólogo
15:22e um sociólogo?
15:23Quem poderia explicar
15:24isso da fantasia
15:26de carnaval?
15:27De carnavales?
15:28Então eu fiquei
15:28na dúvida
15:29de quem trazer
15:30e aí eu resolvi
15:31trazer
15:31um humorista.
15:34Porque enfim,
15:34que tipo de ficção
15:36irá competir
15:37com a nossa realidade?
15:39Na tela,
15:39esse vídeo antigo,
15:41mas imortal.
15:43Apóstolo Arnaldo.
15:44Esse negócio
15:45de se vestir de mulher,
15:47falar que é lésbica
15:48e sair no bloco
15:49pegando geral,
15:50não pode mais.
15:51Fiz muito isso
15:53na época
15:53em que eu era ímpio.
15:54A mulherada
15:55ficava doida.
15:56Agora não pode mais.
15:58Tá proibido
15:59porque o Ivan,
16:00que usa coque no cabelo,
16:02fuma maconha o dia inteiro
16:03e cursa humanas
16:04na UFRJ,
16:06disse que isso é errado.
16:08Vou me fantasiar
16:09de índio, então.
16:11Também não pode.
16:12É o número 2.
16:13Lei número 2019.190
16:17criada pela Caroline.
16:19Tem 25 anos,
16:21mora com os pais,
16:22ganha uma mesada
16:23de 15 mil reais
16:24e chorou
16:25no show da Rihanna.
16:26Segundo ela,
16:27essas crianças
16:28que voltam fantasiadas
16:29do colégio
16:30no dia do índio
16:31vão tudo
16:32para o inferno.
16:33Número 3.
16:34Não pode se fantasiar
16:36de cigano.
16:36Não podemos reduzir
16:38a cultura cigana
16:39tão marginalizada
16:41a uma bandana
16:42com lantejoulas douradas.
16:45Disse Jônatas,
16:4627 anos,
16:47nunca trabalhou na vida,
16:49curte raves
16:50e a sua droga preferida
16:52é o êxtase.
16:53Ô animal,
16:54o nome do negócio
16:55é fantasia.
16:57Quando alguém se veste,
16:58por exemplo,
16:59de Batman,
17:00ele não está querendo
17:01humilhar o Batman.
17:02É porque ele admira
17:03o Batman
17:04e quer fingir
17:05que ele é o Batman.
17:06Ele se veste de Batman
17:07porque ele gosta do Batman.
17:09The Batman Labachuria.
17:11Ô pai,
17:12eu fico irritado
17:13com essa geração
17:14de psicopatas.
17:18Carnaval
17:18não é para representar ninguém.
17:20Carnaval
17:21é para brincar,
17:22para se divertir,
17:23para rir,
17:24para debochar.
17:25Amém?
17:25Carnaval
17:26é para fugir
17:27da realidade.
17:28Número 4.
17:29Não pode
17:30empregada doméstica
17:31e nem enfermeira.
17:33E o que pode?
17:34Médica pode?
17:35Médica,
17:36ela é mais digna
17:37do que uma enfermeira?
17:38Isso sim
17:39é que é preconceito.
17:41Ah,
17:41mas apóstolo Arnaldo,
17:42elas se vestem
17:43de maneiras sexy.
17:45Sim,
17:46até porque
17:47no carnaval,
17:48o objetivo do carnaval
17:50é você conseguir
17:51uma transa.
17:52É ou não é,
17:53irmão?
17:53Braba xébia.
17:54Agora só é sexy
17:56se for diplomada.
17:57Olha,
17:58minha senhora,
17:58não temos mais
17:59fantasias de doméstica sexy.
18:02O que nós temos aqui
18:03é de advogada sexy.
18:05Serve?
18:05Irmão,
18:06eu não ligo.
18:07Eu comeria as duas.
18:08Gente,
18:09pelo amor de Deus,
18:10o apóstolo Arnaldo
18:12é um personagem,
18:14tá?
18:14Não tem uma igreja
18:16de verdade
18:17pra você ir.
18:18Esse negócio da igreja
18:19que ele põe
18:19é um personagem.
18:22Combinado?
18:23E aqui,
18:23gente,
18:24enquanto tudo isso
18:25acontece,
18:26tem uma coisa
18:27que jamais
18:28é proibido
18:30pela lacração,
18:31que é
18:31zoar
18:32a biografia
18:34de Jesus Cristo
18:36ou zoar
18:37os valores cristãos.
18:40Porque você pode,
18:41você não pode zoar nada
18:42no mundo,
18:43mas os valores cristãos,
18:45toda lacração
18:46é obrigada
18:48a zoar.
18:48Vamos tirar,
18:50vamos tirar,
18:51vamos tirar Jesus a Deus.
18:53Vamos tirar,
18:54vamos tirar,
18:55vamos tirar Jesus a Deus.
18:57Eu não tô
18:58bem melhor,
18:59eu tô bem melhor,
19:01eu tô
19:02pregadão,
19:03eu tô
19:04pregadão,
19:05eu tô
19:06pregadão,
19:07eu tô
19:08pregadão,
19:09eu tô
19:10pregadão,
19:11eu tô
19:12pregadão,
19:12eu tô
19:14pregadão,
19:14eu tô
19:15pregadão,
19:15eu tô
19:16pregadão,
19:16eu tô
19:17pregadão,
19:17eu tô
19:17pregadão,
19:18eu tô
19:19pregadão,
19:19eu tô
19:20pregadão,
19:20eu tô pregadão,
19:21eu tô pregadão,
19:21eu tô pregadão,
19:21eu tô pregadão,
19:22eu tô pregadão,
19:23eu tô pregadão,
19:23eu tô pregadão,
19:24eu tô pregadão,
19:25eu tô pregadão,
19:26Amém.
19:56Agora, não é só a lacração que proíbe determinadas fantasias de carnaval.
20:10Vocês sabem que num país super animado, que tem um carnaval conhecidíssimo no mundo inteiro também,
20:17tem algumas fantasias que não pode usar.
20:19E que país é esse? A Alemanha.
20:21E eu vi essa reportagem aqui, eu fiquei falando, nossa, a reportagem da Dois, velho, da TV,
20:26alemã, eu fiquei pensando, nossa, gente, você sabe que é um sonho meu passar carnaval na Alemanha.
20:35Passar carnaval na Alemanha e ter aulas de organização no Brasil.
20:40Organização e disciplina no Brasil, passar carnaval na Alemanha.
20:44Então vamos ver que fantasia é proibida no carnaval da Alemanha.
20:50Três tipos de fantasia que são proibidas no carnaval na Alemanha?
20:53É carnaval e como você pode ver, todo mundo sai na rua fantasiado.
20:57Mas é importante ter cuidado com o que você vai vestir aqui, porque algumas roupas podem te render uma multa pesada e até prisão.
21:05A primeira delas é um clássico policial ou militar.
21:08Só pode se vestir assim se ficar bem claro mesmo que não é um uniforme de verdade.
21:12A pena pode chegar até um ano de prisão.
21:15Armas de brinquedo que se pareçam com armas de verdade também são proibidas.
21:19E a multa pode chegar a 10 mil euros.
21:22Isso mesmo, 10 mil euros.
21:25Por último, é estritamente proibido se vestir de Adolf Hitler.
21:28Ou utilizar fantasias que glorifiquem símbolos nazistas.
21:32Como essa que o príncipe Harry usou uma vez.
21:34Por aqui, além de ser um escândalo, pode render até 3 anos de cadeia.
21:38Não existe essa de liberdade de expressão.
21:40Na Alemanha, ela termina aonde começa a relativização com a doutrina por trás do holocausto.
21:47Agora, tem fantasias no Brasil que rendem cadeia.
21:52Esse caso aqui de um folhão em Belo Horizonte.
21:56Quem ri disso, vai pro inferno.
22:00Quem ri, vai pro inferno.
22:03Tô avisando.
22:07Eu não ri.
22:09Põe na tela.
22:09A avó me dizia, meu filho, meu filho, tu vai ver coisa, tu vai ver coisa.
22:15Eu dizia que nada, mas vai sim.
22:18Fantasiado de detento e com tornozeleira falsa, jovem é preso em BH.
22:22Um jovem de 20 anos foi preso na noite deste sábado, dia 18 do 2,
22:26após sair de casa fantasiado de presidiário pra curtir o carnaval em Belo Horizonte.
22:31Uma tornozeleira falsa.
22:33O folhão tentava deixar a cidade de Santa Luzia na Grande BH
22:36quando foi preso pela polícia militar.
22:39Eu vou te mostrar aqui a fantasia do cara.
22:42Ó.
22:43Essa aqui, ó.
22:45Faltou só aqui na frente aqui o...
22:48Foto do nosso presidente eleito, né?
22:50Gente, olha que ideia boa.
23:00Eu não tô rindo.
23:02Quem ri disso vai pro inferno.
23:04Coitado do moço, tava fazendo apenas uma brincadeira inocente.
23:10Em vez de brincar o carnaval, acabou na cadeia.
23:16Tragédia.
23:17Agora, outra fantasia que eu gostei é essa dos policiais que se meteram num bloco de carnaval.
23:24Um fantasiado de padre e o outro de Chapolin e saíram com o bandido preso.
23:29Eu poderia dizer, não contavam com a minha astúcia.
23:56Mas não vou dizer isso porque isso aqui não é um programa de humor.
24:00Que tipo de ficção irá competir com a nossa realidade?
24:04Mas e aí?
24:05Ele podia se vestir de Chapolin ou é uma apropriação cultural?
24:09Se vestir de padre é um desrespeito com a igreja católica?
24:15Ou você só pode colocar fantasias proibidas?
24:20Caso você vá prender alguém?
24:22Ou você não deve prender ninguém no carnaval porque isso é opressão?
24:28Calma.
24:29Você já tá também...
24:30Eu também já tô zureta.
24:31É programa de carnaval, gente.
24:33É carnaval.
24:33Carnaval.
24:34Vamos lá.
24:35Mas vai ter narrativa.
24:36A extrema direita fica apavorada quando percebe que os tempos mudaram.
24:46Eles não podem mais oprimir as minorias.
24:49Eles não podem mais fazer racismo recreativo, homofobia recreativa, misoginia recreativa.
25:00O carnaval é apenas uma desculpa para o exercício da opressão.
25:06Por essa elite branca, colonialista, imperialista, que sempre pisoteou as minorias neste país.
25:16Mas as coisas estão mudando.
25:19E essa gente não quer aceitar.
25:21Essa gente fica chiando.
25:23Ah, mas não pode nada.
25:25Não pode blackface, não.
25:27Ser o racista.
25:28É isso que a gente tem de fazer.
25:30A gente tem de ir no bloco de carnaval e falar na cara, de um por um, que carnaval não é desculpa para preconceito.
25:41Nós vivemos numa democracia e é pra isso que eu fiz o L.
25:46Faz o L.
25:48O Brasil é uma vítima do politicamente correto.
25:57Sempre foi.
25:59Agora chegaram até no carnaval.
26:01Querem tirar a fantasia do carnaval.
26:03Que o carnaval é o quê?
26:04Os conservadores odeiam o carnaval.
26:06Eu odeio o carnaval.
26:07A direita odeia carnaval.
26:09Carnaval é uma coisa de esquerdalha que fica na suruba, traindo a própria família e fazendo xixi na rua.
26:17Uma gente fedida, que não passa desodorante.
26:20Isso é que é o carnaval.
26:22E a esquerdalha está tão maluca que até o carnaval a esquerdalha quer censurar.
26:27A esquerdalha quer censurar a própria esquerdalha, acusando essa gente surubera e porca de ser extrema-direita.
26:35Vocês sabem o que eu acho?
26:37Eu acho que é pouco.
26:38Eles têm que se censurar mesmo.
26:40Tinha que censurar todas as fantasias até acabar essa porcaria de carnaval.
26:46Não tem o menor sentido.
26:47Não é cultura brasileira nada.
26:49Isso aí é coisa de gente surubeira, é coisa de gente sem vergonha, é coisa de gente contra Deus.
26:57Então sabe o que eu acho?
26:58Tem que censurar mesmo.
26:59Tá censurando é pouco.
27:01Faz o L agora, Isentão.
27:03Faz o L
27:05Esse pessoal se diz progressista, mas é o pessoal mais carola.
27:17Sabe aquela expressão antiga do povo de igreja?
27:20Carola de igreja.
27:22Que a pessoa que fica lá, ela tá na igreja, não é porque ela acredita em Deus, não é porque ela tem fé.
27:28Ela tá na igreja pra dizer que é melhor que os outros e pra patrulhar a vida alheia.
27:34É a pessoa que quando lê o orar em vigiai, ela não entendeu que o vigiai é a vida própria.
27:41Ela acha que é a vida do outro.
27:43E o woke, o identitarista, eles são exatamente isso.
27:50Eles são um bando de carola moralista que quer vigiar a vida alheia e aniquilar quem não se adequar a todos os preceitos da seita deles.
28:02Então eles vieram se meter no carnaval.
28:04O carnaval é o quê?
28:05O carnaval não é pra você marcar posição.
28:08O carnaval não é protesto social.
28:10O carnaval é esbórnia.
28:13Carnaval é o ninguém é de ninguém.
28:15É a festa da carne.
28:17É quando o povo se joga nela.
28:19Não tem regra nenhuma.
28:21Eles querem botar a regra.
28:23Na única coisa que culturalmente, ao longo dos séculos,
28:27se convencionou que não tem regra nenhuma.
28:31Não tem regra nenhuma.
28:33Mas este pessoal quer botar regra.
28:38E eu acho engraçado porque assim, em outras épocas do ano,
28:41quando eles vêm com essa história,
28:43muitas vezes falsas acusações de racismo viram mega do mercado.
28:47Falsas acusações de homofobia e de transfobia também.
28:50Você critica uma pessoa trans ou uma pessoa homossexual ou uma pessoa negra
28:57e já vem aquilo dizendo que você está falando que você é racista,
29:01é nazista, é fascista, que tem que acabar com você e que isso, que aquilo.
29:05Em outros tempos do ano, quando você está discutindo uma coisa séria,
29:10escola muitas vezes.
29:12Porque essa gente é muito virulenta.
29:14Essa gente é muito veemente.
29:16E quem olha, fala assim, não, isso aí só pode ser uma indignação justa.
29:21Não é possível que seja tudo uma cara de pau
29:23em um mercado de falsas acusações de racismo
29:27ou de homofobia ou de transfobia
29:30e que eles fazem essas falsas acusações
29:32para tirar o emprego das pessoas e pôr no lugar quem é da panelinha.
29:37Não é possível uma cara de pau tão grande.
29:40Alguma razão esse pessoal deve ter,
29:43porque senão não se unia tanta gente.
29:44Quando chega no carnaval, aí você fala, gente, é possível mesmo.
29:49Eles realmente vivem disso.
29:52E essa coisa das fantasias proibidas é uma coisa antiga,
29:55é do Catraca Livre.
29:56O dono do Catraca Livre, Gilberto de Minstahé, já morreu.
30:00Já virou uma coisa bem diferente.
30:03O site não tem mais o mesmo impacto que tinha naquela época.
30:07Teve um impacto gigantesco,
30:08mas até hoje a gente tem por aí as pessoas falando isso.
30:11E mais uma vez, aquela história da apropriação cultural
30:16ou aquela história de querer moralizar todo o ato da vida da pessoa.
30:22Trouxe aqui o apóstolo Arnaldo falando,
30:24até porque só o humor explica isso, né?
30:27Falando óbvio, quando você se veste de Batman, por exemplo,
30:31você não está querendo diminuir o Batman,
30:33você não está querendo ridicularizar o Batman,
30:34porque você admira o Batman.
30:37A coisa de querer proibir no carnaval o homem que se veste de mulher,
30:40que é uma coisa ancestral do carnaval,
30:43é uma das primeiras coisas.
30:44Ninguém está se vestindo de mulher para estereótipo.
30:47Aliás, a maioria dos caras que se vestem de mulher no carnaval
30:50nem sabem o que quer dizer estereótipo.
30:53Assim como todas as estereótipo não sabem.
30:54Você vai falar, você está reforçando o estereótipo.
30:57De quem você está falando?
30:58Quem é o estereótipo?
30:58O estereótipo está aqui no bloco?
31:00Então, assim, tudo é desculpa
31:03para encaixar algo de supostamente militância.
31:07E sabe por quê?
31:08Porque é um agente vagabunda, é um agente inútil,
31:12é um agente incapaz de fazer militância de verdade,
31:15de se organizar, de trabalhar, de criar conceitos,
31:19de convencer as pessoas.
31:21Eles querem ser militantes,
31:23mas sem ter o trabalho e sem ter o estudo
31:25e sem ter a perda que todo militante tem,
31:28tanto de amizade social quanto financeira.
31:30O que essa gente quer é fingir que é militante.
31:33A principal batalha dessa gente é fingir que é trabalhadora.
31:38Então, é por isso que tem a cara de pau
31:41de chegar no carnaval e patrulhar a fantasia
31:44dizendo que está defendendo minorias.
31:47Agora, preciso dizer que nessa gente eu admiro duas coisas.
31:50Primeiro, a cara de pau.
31:52Eu não veria.
31:53E segundo, o tempo livre.
31:56Um dia terei tanto tempo livre
31:59quanto tem a patrulha identitária.
32:03Bom, pessoal, Narrativas Antagonistas vai ficando por aqui.
32:12Eu espero que vocês tenham gostado.
32:15Eu estou de volta amanhã, na terça-feira.
32:18Gorda de carnaval, às cinco da tarde.
32:20Curta, comente, compartilhe.
32:22Deixei um programa aqui de feriado.
32:24Vocês me bem-viam,
32:26porque se não for dar view esse programa,
32:27eu não vou mais trabalhar de feriado.
32:28Eu só estou trabalhando
32:29que o Luiz Magal, que é o chefe da técnica,
32:31amoleceu meu coração peludo
32:33e falou que eles precisam de você.
32:35Eu acho que não sou porcaria nenhuma
32:36que vocês estão na esborna.
32:38Eu não tinha que estar trabalhando.
32:39Eu já que estava na esborna também.
32:40Mentira que eu não estou na esborna,
32:42que eu sou da igreja.
32:42Mas, enfim, é isso.
32:44Um beijo e até amanhã.
32:46Transcrição e Legendas por Quintena Coelho
33:16Legendas por Quintena Coelho
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