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  • 30/06/2025
Em meio a críticas à política fiscal do governo Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta semana, que o Brasil pode chegar bem a 2026, “podendo até estar comendo filé mignon”, ao ser questionado sobre a picanha prometida pelo presidente na campanha de 2022.

José Inácio Pilar, VanDyck Silveira, Rodolfo Borges e Duda Teixeira comentam:

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Transcrição
00:00E a gente começa falando sobre o dólar, que segue acima dos seis reais.
00:05Vandique Silveira, nessa semana o ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
00:08disse que houve uma reação exagerada do mercado com a alta da moeda americana.
00:13Qual a sua avaliação sobre essa declaração?
00:15Como o dólar, aliás, se comportou nesta quinta?
00:20Bom, boa tarde, boa noite.
00:24Boa noite, boa noite.
00:25Boa noite, já.
00:26É que ainda está bem claro, a gente se confunde, né?
00:31Mas um prazer estar aqui de volta com vocês e falando mais uma vez a respeito desse cabo de guerra do mercado
00:38com o governo que se reflete no dólar, tá certo?
00:41Hoje o dólar teve uma leve queda, mas continua pressionado.
00:45A questão fiscal é um grande problema.
00:48O final do ano sempre gera um pouco mais de pressão, isso acabou.
00:52Então, o momento atual não tem mais nada a ver com remessas de dólares para as empresas, para seus países de origem.
01:01O que a gente está vivenciando é a grande preocupação com o fiscal.
01:06Enquanto a gente não equacionar a questão fiscal e o governo não se sensibilizar que precisam haver cortes de gastos profundos,
01:15o dólar vai continuar pressionado, com o dólar pressionado isso vai depreciar o câmbio brasileiro.
01:23E o que acaba acontecendo?
01:25Isso retroalimenta na inflação e que acaba criando uma espiral muito negativa para a economia brasileira.
01:31Então, isso tudo depende da persuasão que vai ter o time econômico, que aparentemente não teve sucesso até agora,
01:39de convencer o presidente Lula de que é necessário fazer cortes.
01:45Não é apenas reduzir a taxa de crescimento dos gastos, mas cortar.
01:51Ano 1 para ano 2, 2004 para 2025, tem que ter um sinal de negativo em cima dos gastos públicos.
01:57Os analistas especulam que R$ 6,00 tenha se transformado no novo piso do dólar,
02:05assim como alguns acreditavam que os R$ 5,00 havia se tornado o piso da vez anterior,
02:11mas nas vezes anteriores, depois que o Lula foi eleito, o dólar chegou a cair para R$ 4,80, R$ 4,70 e tantos,
02:18e depois subiu como a gente está vendo hoje.
02:21Você acha que esses R$ 6,00 viraram realmente o novo piso,
02:25ou também se a situação fiscal realmente se mostrar melhor,
02:29podemos ver o dólar baixando para a casa dos R$ 5,00?
02:32Não sei nem, quem sabe, R$ 4,00, mas daí já é um pouco otimista.
02:35Qual a sua visão?
02:37José Inácio, para mim o R$ 6,00 é piso absoluto e nós vamos ter saudade dele a R$ 6,00 durante 2025.
02:44Caramba!
02:44Eu acredito que a gente está mais próximo de R$ 7,00 do que de R$ 5,50.
02:49Por que eu digo isso?
02:51Nós temos incertezas grandes com relação ao que vai acontecer no governo do Donald Trump.
02:55Existe muita especulação, nada concreto até agora, absolutamente nada concreto,
03:00está todo mundo especulando.
03:01É aquele medo do desconhecido, é o entrar no quarto escuro.
03:07No entanto, a gente sabe que no primeiro mandato do presidente Trump,
03:11apesar de muito barulho, o presidente Trump é extremamente pragmático.
03:15Ele não tem interesse em destruir sua biografia e, muito menos, jogar os Estados Unidos numa situação de caos.
03:22Então, ele vai falar muito, ele tem essa personalidade falastrona,
03:28mas ele é um sujeito extremamente pragmático e, no fim do dia, ele vai ser habilidoso.
03:33Tem um time de primeira linha muito melhor do que o time que ele teve na primeira gestão
03:38e isso vai ser equacionado a partir do dia 20.
03:42No meio tempo, nesse ínterim, nós vamos ter muita especulação com as falas desastrosas,
03:48porque são falas muito desastrosas e ele adora estar no centro das atenções da mídia global.
03:56Então, esse negócio de Groenlândia, esse negócio do Canadá, esse negócio do canal do Panamá,
04:01tudo isso atrai atenção.
04:04Mas a questão é o seguinte, política econômica tem que ser muito bem pensada,
04:09a relação com a China é essencial, existem dois grandes mercados que se complementam em muitas maneiras,
04:17mas que têm um antagonismo político ideológico.
04:21Isso vai ser equacionado na mesa de negociação.
04:24Só que isso, no meio tempo, vai pressionar o dólar.
04:27Se a gente não fizer a lição de casa, que é minimamente prestar atenção às contas públicas,
04:33que estão bastante descontroladas, a gente tem gasto que cresceu em taxa real de 15%,
04:40nós estamos falando de um crescimento que é cinco vezes maior do que o crescimento do PIB.
04:45mesmo com esse recorde na arrecadação mês após mês, que cresceram de cerca de 9%,
04:53três vezes mais do que o PIB, que é completamente insustentável no longo prazo,
04:59a gente tem essa pressão com os gastos.
05:01Então, a grande questão hoje, o elemento a ser equacionado é a questão fiscal.
05:07Uma vez que a gente tiver atenção, um aceno que a gente vai fazer alguma coisa com relação ao fiscal,
05:14que não é criar um planozinho para fazer um band-aid, para curar uma fratura exposta,
05:22a gente vai precisar trazer mais atenção para isso.
05:26Eu acredito que tem chance do governo se persuadir.
05:30Por quê?
05:31Existe uma eleição em dois anos.
05:34A questão da inflação vai piorar muito.
05:37Meu número para 2025 é 7%.
05:40Esse ano a gente vai ter uma queda pronunciada no crescimento,
05:45porque vamos começar a ter problema em manter esse impulso fiscal.
05:49Meu número para esse ano é 1,5%, 1,8% de crescimento econômico.
05:54Já existem até algumas casas que colocam números em torno de 0,9%, 1%.
05:59Mas eu acredito que a gente deva crescer próximo dos dois, mas não chegando aos dois.
06:03Isso vai gerar desemprego quando começa a ter inflação, desemprego,
06:07e uma possibilidade de uma recessão técnica a partir de setembro, outubro,
06:15isso vai começar a pesar já bastante cambaleada a aprovação do presidente Lula e da gestão.
06:22Então, eu tenho fé, ela é a última que morre, mas tendo em vista essa posição de superioridade
06:33que o Lula e o PT têm com relação à questão de corte de gastos,
06:38a gente se desanima um pouco quando fala a respeito desse tema.
06:42De fato.
06:44Algumas pessoas estão curiosas aqui, Vandique, antes de continuar falando sobre o Haddad,
06:48sobre a sua camiseta com o Che Guevara, mas, na verdade, tem uma explicação.
06:54Está escrito Viva Lacia e tem os olhos dele...
06:57Ah, entendo, entendo, entendo.
07:01Está aí o recado, olha só, olha só, mas está explicado.
07:06É que estava com a taja do gerador de caracteres bem em cima com a nossa...
07:11Então, as pessoas não estavam entendendo o contexto, só tinham visto a boina dele e a barba,
07:15mas o principal estava censurado.
07:19Estava censurado.
07:20É a censura das redes começando antes delas começarem.
07:25Pois, veja só.
07:27Agora, a meta vai derrubar isso aqui também.
07:30Ainda falando sobre o Haddad, o ministro também afirmou nessa semana
07:34que o Brasil pode chegar em 2026 bem, podendo até estar comendo filé mignon
07:39ao ser questionado sobre a picanha prometida por Lula na campanha de 2022.
07:45E aí pergunto para você se você analisa essa declaração,
07:48como você analisa essa declaração em meio às críticas...
07:50A política...
07:51Enrolei tudo aqui.
07:54Em meio às críticas à política fiscal do governo.
07:57Agora, com todas as sílabas.
07:59Bom, caro José Inácio, picanha seria muito bom, filé mignon melhor ainda,
08:08mas como a carne teve um aumento de preço, uma inflação de mais de 11%
08:13durante o ano de 2024,
08:16eu acredito que no final de 2025, nem o espetinho mimi a gente vai estar comendo bem aqui, viu?
08:22Que coisa, quem vai estar no espeto é a gente.
08:28Além disso, você quer falar alguma coisa, Rodolfo?
08:31Não, eu queria comentar só.
08:32Diga lá.
08:32Já que a gente está falando de...
08:34Boa noite para todo mundo, boa noite, Van Dicke.
08:37Hoje o Aloysio Mercadante, presidente do BNDES, publicou um artigo
08:41para falar que está tudo bem.
08:44Eu até publiquei uma análise aqui no Antagonia sobre isso.
08:47O título é o Fantástico Brasil de Mercadante.
08:52E aí ele fala nesse artigo, ele relembra que ele publicou um artigo em 2007,
08:57no segundo mandato do Lula,
08:59para falar sobre eles estão voltando.
09:02Quem são eles? O povo, os pobres, voltavam com o PT.
09:06E agora estão voltando de novo.
09:09Eu só lembrei nesse artigo que quem colheu os frutos daquele segundo governo Lula
09:14foi a Dilma Rousseff, que foi eleita,
09:16mas depois foi empichada durante e após uma recessão,
09:20que foi consequência daquele segundo governo Lula.
09:23Que é o que eles estão agora prometendo de novo, Van Dicke.
09:26Então eu queria só um comentário teu.
09:27Se esse segundo governo Lula, que o Lula está tentando fazer esse terceiro mandato,
09:32se ele conseguir fazer tudo o que ele imagina que deve ser feito,
09:36qual vai ser a consequência para o país?
09:37Essa é uma excelente pergunta e eu fico muito feliz que você a fez.
09:44Vamos lá.
09:45Lula 1 e Lula 2 foram governos de um certo equilíbrio,
09:52porque seguiu exatamente a cartilha que tinha sido deixada pelo FHC.
09:57Como ele assumiu em 2003, até mais ou menos 2010,
10:03o Brasil gozou dos benefícios e eu chamo do impulso gerado pelo plano real.
10:13São os dividendos do plano real.
10:16Simultaneamente, a China também estava no seu pico de investimentos,
10:22principalmente o desenvolvimento do real estate, o mercado de imóveis e de infraestrutura,
10:29que demandou demasiadamente minério de ferro, aço brasileiro e todo tipo de commodity,
10:36inclusive agrícolas.
10:37Então a gente teve o maior boom de commodity da história.
10:39A gente teve dividendos do Fernando Henrique Cardoso com o plano real
10:44e nós tivemos esse impulso vindo de fora.
10:47O Lula achou que isso era mérito dele, não apenas uma sorte conjuntural que aconteceu.
10:55E ele conseguiu, de fato, foi o presidente, que eu tenho que dizer,
10:59que mais fez superávit fiscal, primário, desculpe, superávit primário,
11:05rodando em 2%, 2,5% ano a ano, e que tem o seu mérito.
11:09Agora, isso foi mais fácil naquela época,
11:11uma vez que você tinha esse dividendo do plano real,
11:15junto com o boom de commodities sem precedentes na história global.
11:20Isso ajudou muito esse gasto a aumentar sem pressionar demasiadamente a inflação
11:27e criar um problema de endividamento imediato.
11:31No entanto, essa política econômica bastante populista,
11:37ela não pode perdurar no tempo e no espaço para sempre.
11:41Só que, ao invés de reconhecer que esse modelo havia se esgarçado
11:45logo na metade do segundo mandato,
11:48Lula continuou a pisar no acelerador fiscal
11:51e lançou essa bomba que explodiu na mão da Dilma,
11:56que iniciou em 2003,
11:58só que explodiu na mão dela em 2014.
12:01Quer dizer, eles tiveram oito anos para a bomba explodir.
12:05Isso porque a conjuntura internacional era muito favorável.
12:09O que aconteceu dessa vez,
12:10e o cálculo político do Lula saiu pela culatra,
12:13é que com a condição da China impundindo,
12:16a situação fiscal do Brasil já muito ruim,
12:19o endividamento muito mais elevado do que ele encontrou,
12:22nós temos uma situação que
12:24esse impulso fiscal vai impactar diretamente
12:28o crescimento,
12:30mas vai impactar também o hiato produto,
12:33uma vez que o nosso investimento médio é muito baixo.
12:37Isso vai gerar inflação
12:38e, ao mesmo tempo, vai impactar o câmbio.
12:42O câmbio vai gerar inflação porque ele vai se desvalorizar.
12:45Isso vai gerar um desabamento desse modelo.
12:49Então, ao invés de conseguir empurrar com a barriga
12:52por 10, 12 anos, como foi o caso,
12:54que estourou na mão da Dilma oito anos depois,
12:57nós vamos ter esse problema,
12:59essa implosão do modelo muito mais cedo do que a gente espera.
13:04Eu acredito que esse ano a gente deva terminar um ano
13:06com 7% de inflação,
13:09um crescimento de 1,8% e já entrar em recessão
13:12no quarto trimestre.
13:132026 promete ser um ano de inflação de 10%,
13:18porque haverá o esgarçamento desse modelo completamente,
13:21e aí nós vamos ter um problema que pode ser um ano de retração de PIB
13:25e eu acho que a bomba estoura antes.
13:28Talvez nem precise de um impeachment.
13:31Vai ser talvez em 2026 mesmo,
13:34segundo esse cenário que você pintou.
13:39Falando sobre o país,
13:40ele registrou no passado um fluxo cambial negativo
13:44de 18 bilhões de dólares,
13:46segundo os dados do Banco Central.
13:48Trata-se da maior fuga de moeda americana em quatro anos.
13:52Além disso,
13:53foi a terceira maior saída líquida anual de dólares do país
13:57na série histórica do Banco Central,
13:59que teve início em 1982.
14:02No acumulado de 2024,
14:04foi registrada a fuga recorde de dólares
14:06pela via financeira de 87,21 bilhões de dólares.
14:11E aí eu pergunto mais uma vez ao Vandique,
14:14qual a sua análise sobre esses dados
14:16e se em 2025 a sangria vai manter esse ritmo ou piorar?
14:22José Inácio, a sangria tem tudo para continuar,
14:26porque a questão fiscal não está equacionada
14:28e nós temos uma perspectiva de uma queda muito menor
14:33nas taxas de juros nos Estados Unidos.
14:36E com o governo Trump
14:37e com o tipo de posicionamento do presidente Trump,
14:40o dólar vem se fortalecendo
14:43vis-à-vis a maioria das moedas do mundo
14:46e o Brasil sendo a derradeira,
14:49a última na lista,
14:51quem mais teve depreciação de mais de 27%.
14:55Então, o que acaba acontecendo?
14:57As pessoas querem correr para um mercado
14:59mais saudável, mais seguro,
15:01como os Estados Unidos,
15:02e fazerem uso de uma taxa de juros
15:05que não vai ter a queda que, a priori,
15:08tinha sido computada pelo mercado
15:10e que a gente entende que ela não era razoável.
15:12Então, na minha conta,
15:14a taxa de equilíbrio nos Estados Unidos
15:15é alguma coisa entre 4% e 4,25%.
15:18Então, eu calculo para esse ano
15:20mais um corte de taxa de juros,
15:23o Fed Fund,
15:24na atuada de 0,25%
15:26e o Fed deve fazer um pouso aí,
15:30uma parada,
15:31para ver onde vai.
15:32Porque a inflação dos Estados Unidos,
15:35apesar de, em processo de queda,
15:37ela continua se mostrando
15:38bastante stick, pegajosa,
15:41nesse espaço de 2,6%, 2,4%
15:46no processo de convergência
15:48para os 2% de meta.
15:50E isso é muito alto
15:51para o mercado americano.
15:53Então, o dólar, obviamente, sai.
15:56Pois é.
15:56E aí, com mais dólar saindo,
15:59realmente o piso de R$ 6,00
16:01parece uma realidade
16:02que veio para ficar.
16:04E isso se a gente não chegar a 7,
16:06como você havia dito agora
16:07na sua fala anterior.
16:09Vandique, muito obrigado
16:11pela sua participação.
16:12Continuo com você
16:14na semana que vem,
16:15no meio-dia em Brasília.
16:18Segunda-feira?
16:20Ou é terça que você participa?
16:22Segunda e quinta.
16:23Estarei com vocês.
16:24Segunda e quinta.
16:25Maravilha.
16:26E não confundo a minha camiseta, hein?
16:29Mas aí está,
16:30sem a tarja que tampava
16:32o contexto dela.
16:34Muito obrigado
16:34pela sua participação.

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