- 29/06/2025
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NotíciasTranscrição
00:00Olá, sejam muito bem-vindos ao Narrativas Antagonistas, eu sou Madeleine Lasco, sou sua companhia de segunda a sexta-feira,
00:24às cinco da tarde, aqui no YouTube do Antagonista e também no Antagonista Vídeos. Você lê diariamente a minha coluna sem paywall no site do Antagonista,
00:35sempre sobre o mesmo tema do Narrativas Antagonista e pode aí compartilhar com quem você quiser.
00:43Fato do dia STF e a liberação da maconha. Ainda vai ter muito debate sobre isso, você pode contar com isso.
00:57E como vai ter muito debate, nada melhor do que a gente se preparar, né? Fazer aquele nosso exercício diário para manter a sanidade no debate político.
01:06Aqui no Narrativas Antagonistas a gente tem um formato inovador. Eu te trago os fatos e depois a minha opinião, mas antes disso,
01:14eu te digo qual é a narrativa da esquerda e qual é a narrativa da direita. Vamos lá?
01:25STF e a liberação da maconha. Muito provavelmente você sabe que tem um julgamento, já é um julgamento que está se estendendo por 10 anos.
01:34Então, vira e mexe, essa questão volta ao noticiário, ao debate político. Qual que é o último andamento?
01:43Está aqui nessa matéria do Antagonista. Por oito votos a três, o STF descriminalizou o porte de maconha para uso pessoal.
01:55O que é o uso pessoal? O uso pessoal é a pessoa ter aquilo para ela própria usar.
02:04Não é para dar para outras pessoas e muito menos para vender.
02:10E como é que você divide quem tem aquilo para uso pessoal de quem tem aquilo para vender?
02:16O critério que o STF está agora tentando ver é pela quantidade.
02:26Então, se você tem muito, é para vender. Se você tem pouco, é para consumir.
02:31Essa é a tese.
02:33Significa que um que tenha pouco não venda?
02:37Não.
02:37Significa que um que tenha muito não seja tudo para ele consumir?
02:44Também não.
02:46Mas o julgamento é em torno disso.
02:50Bom, a primeira tese que é comandada pelo ministro Alexandre de Moraes
02:54defende que até 60 gramas de maconha seria consumo próprio.
03:00Aí tem a do ministro André Mendonça de 25 gramas de maconha.
03:06O presidente do STF, Luiz Roberto Barroso, 40 gramas de maconha.
03:13A gente teve na votação do STF uma definição de que o Congresso Nacional tem 18 meses
03:23para legislar sobre esse tema e estabelecer a quantidade máxima de maconha
03:30que o usuário pode portar sem que isso seja considerado crime.
03:36O STF também diz que o usuário não pode usar maconha de forma recreativa em locais públicos.
03:47Quem votou pela descriminalização?
03:50O presidente do STF, Luiz Roberto Barroso, e os ministros Dilma Mendes, Rosa Weber.
03:56Rosa Weber deixou o voto e o Dino não refez, tá?
04:00Carmen Lúcia, Dias Toffoli, Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luiz Fux.
04:06Foram contrários os ministros Nunes Marques, André Mendonça e Cristiano Zani.
04:14O que é que o brasileiro acha de droga?
04:16Tem uma pesquisa data-poder do ano passado que fala o seguinte.
04:2061% dos brasileiros são contrários à liberação das drogas, 22% favoráveis, 17% preferem não opinar.
04:31Mas quando você fala de maconha, 53% são favoráveis à liberação.
04:37A maioria dos brasileiros é favorável à liberação da maconha.
04:41E aí, o julgamento pegando fogo, o presidente Lula deu uma entrevista para o UOL,
04:49dizendo que ele acha que o STF não devia se meter nisso, não.
04:52Eu vou dar só palpite, porque eu não sou nem advogado e não sou deputado, mas eu vou dar palpite.
04:59Primeiro, eu acho que é nobre que haja diferenciação entre o consumidor, o usuário e o traficante.
05:10É necessário que a gente tenha uma decisão sobre isso, não na Suprema Corte, pode ser no Congresso Nacional,
05:17para que a gente possa regular.
05:19É importante lembrar que o nosso querido ministro Pimenta foi o relator de um projeto em 2006 que se transformou em lei
05:27que proibiu, desde 2006, o usuário não ser preso.
05:34Isso é lei.
05:36Este projeto que foi votado na Suprema Corte é da Defensoria Pública de São Paulo.
05:41Eu, se um dia um ministro da Suprema Corte pedisse um conselho para mim,
05:45presidente, o que é que eu faço com isso? Eu falava, recuda essas propostas.
05:48A Suprema Corte não tem que se meter em tudo.
05:51Ela precisa pegar as coisas mais sérias, sobretudo aquilo que diz respeito à Constituição,
05:56e ela, sabe, virar senhora, sabe, da situação.
06:00Mas não pode pegar qualquer coisa e ficar discutindo, porque aí começa a criar uma rivalidade
06:04que não é boa nem para a democracia, nem para a Suprema Corte, nem para o Congresso Nacional.
06:08A rivalidade entre quem é que manda? O Congresso ou a Suprema Corte.
06:11Cadê a comunidade psiquiatra nesse país que não se manifesta e não é ouvida?
06:16Eu disse para o Barroso, eu fui uma vez jantar com o Barroso, falei,
06:19Barroso, por que você não convoca uma reunião de psiquiatras, de médicos, para discutir esse assunto?
06:26Não é uma coisa de código penal, gente, é uma coisa de saúde pública.
06:29Vamos ver o que acontece.
06:31O mundo inteiro está utilizando o derivado da maconha para fazer remédio.
06:35Tem gente que toma para dormir, tem gente que toma para combater o Paco,
06:38tem gente que toma para combater a Alzheimer, ou seja, tem gente que toma para tudo.
06:42Eu tenho uma neta que tem convulsão, ela toma, sabe?
06:48Então eu fico perguntando o seguinte, se a ciência já está aprovando em vários lugares do mundo,
06:53sabe que é possível?
06:54Por que que fica essa discussão contra ou a favor?
06:57Por que que não encontro uma coisa saudável, referendada pelos médicos que entendem disso,
07:02pela psiquiatria brasileira ou mundial, pela Organização Mundial da Saúde,
07:06alguma referência mais nova para dizer que tome, é isso.
07:10E a gente obedece.
07:12Por que que fica essa disputa de vaidade, quem é o pai de quem?
07:15Um debate muito acalorado é exatamente isso que o presidente Lula está falando.
07:22Se o judiciário tem de sair decidindo sobre essas coisas só porque um partido político provocou,
07:29ou porque, no caso das drogas, não foi partido, foi a Defensoria Pública do Estado de São Paulo.
07:36Num caso, olha, de muitos anos que o caso concreto já foi resolvido,
07:40uma pessoa com uma pequena quantidade foi considerada traficante,
07:43a Defensoria Pública recorreu, falou que era para uso próprio,
07:47e aí se cria essa ideia de que a quantidade é que determina se é para uso próprio ou não.
07:53isso se arrastando.
07:55E aí, um debate é, isso quem decide é o STF, o ministro Luiz Fux,
08:05diz que os ministros não têm nem repertório para decidir uma coisa dessas.
08:11Também não se podem desconsiderar as críticas, o ministro Tófilo tocou nisso agora,
08:18as críticas em vozes mais ou menos nítidas e intensas,
08:23de que o poder judiciário estaria se ocupando de atribuições próprias
08:29dos canais de legítima expressão da vontade popular,
08:34reservada apenas aos poderes integrados por mandatários eleitos.
08:41Nós não somos juízes eleitos, Brasil não tem governo de juízes.
08:48E é por isso, e aqui foi mencionado pelo ministro Estófilo,
08:53que se afirma e se critica com vozes intensas o denominado ativismo judicial.
09:03É mais ou menos uma pergunta simples.
09:07Quem somos nós?
09:08Qual é o grau do nosso conhecimento enciclopédico?
09:14Saber direito é difícil, são milhões de dispositivos.
09:19São 14 mil leis com uma linha, exemplo, milhões.
09:24Se sobre a tudo já é uma grande vantagem para o judiciário.
09:27E quando se acusa o judiciário de se introjetar na seara dos demais poderes,
09:35isso, para o judiciário, é uma preocupação cara e muito expressiva.
09:45Nós assistimos cotidianamente o poder judiciário ser instado a decidir questões para as quais não dispõe de capacidade institucional.
09:57Eu fui anotando aqui o que os nominentes falos foram contribuindo ao assentar que não há,
10:06que são outros órgãos que devem fixar essa gramatura e essa gramagem.
10:11Em consequência, o que ocorre?
10:16O sistema, o poder judiciário é em estado, as instâncias próprias não resolvem os problemas
10:23e o preço social é pago pelo judiciário.
10:26Por quê?
10:27Porque nós não somos juízes eleitos, nós não devemos satisfação a eleitor.
10:33Então manda para o poder judiciário.
10:35O ministro se referiu a uma fala de outro ministro, Dias Toffoli,
10:41que defende que haveria legitimidade para decidir porque os ministros são indicados por pessoas que recebem votos.
10:49A fala que ele havia feito, a qual se referiu o ministro Luiz Fux, é essa daqui.
10:53Então a mim não me incomoda o fato de nós estarmos deliberando sobre algo na medida em que
11:04há um clamor da sociedade e há um comando constitucional.
11:11Evidentemente que por isso nós somos um colegiado também.
11:14Nós somos um colegiado porque são as visões diferentes que vão chegar a um resultado
11:21e a voz da sociedade aqui se faz presente.
11:25Aqui nós temos pessoas indicadas por presidentes da República de direita, de esquerda, de centro,
11:33de centro-direita, de centro-esquerda, aprovados todos pelo Senado da República.
11:39Todos, ou seja, passando por crivos, se somar os votos dos presidentes da República
11:46que receberam e foram eleitos, aos votos dos senadores que nos aprovaram,
11:54todos aqui estamos legitimados em cerca de 100 milhões de votos.
12:00Não há que se falar que aqui não há legitimidade popular.
12:05Nós temos autoridade popular com base na Constituição e com base na nossa indicação.
12:17E existe um outro debate que vai além da história de decidir sobre qual substância pode ou não pode,
12:28quanto de cada substância pode ou não pode, que é decidir o que é crime ou não.
12:32Criar um crime ou dizer que algo não é mais crime é algo feito pelo poder legislativo.
12:42O judiciário aplica a lei. Se é crime, pune. Se não é mais crime, não pune.
12:48E aí, isso gerou um bate-boca gigantesco como esse,
12:53do presidente do STS, Luiz Roberto Barroso, com o ministro André Mendoza.
12:58Eu não creio, não entendo, que o presidente da CNBB esteja sendo vítima de desinformação.
13:07A opinião dele é compartilhada por mim, ela está consignada no meu voto.
13:14André, V. Exª me desculpe, mas eu conversei com ele e ele me disse
13:17que não estava ciente de que essa era a discussão.
13:21E, portanto, eu me comprometi com ele a prestar esse esclarecimento no início da sessão
13:28porque ele me disse que não estava informado de que esta era a questão
13:34e ele se preocupou em me dizer que trabalhou em periferia
13:40e que droga é uma coisa que faz mal às pessoas e às comunidades.
13:44E eu disse a ele que todos nós aqui concordamos com isso,
13:49que todos nós aqui temos uma atitude contrária às drogas ilícitas
13:53e que nós não estamos decidindo legalização de drogas.
13:57E, portanto, ele é que me disse que tinha a informação incorreta
14:01do que estava sendo decidido.
14:03Por não?
14:03Eu não acho que ele tenha informação incorreta, não.
14:06Eu acho que a informação é essa mesmo.
14:08A grande verdade é que o legislador, nós estamos passando por cima do legislador
14:16caso essa votação prevaleça com a maioria que hoje está estabelecida.
14:21O legislador definiu que portar drogas é crime.
14:26Transformar isso em início administrativo é ultrapassar a vontade do legislador.
14:31Nenhum país do mundo fez isso por decisão judicial.
14:34Nenhum.
14:34Em segundo lugar, a grande pergunta que fica é o ilícito administrativo.
14:42Quem vai fiscalizar?
14:44Quem vai reprocessar?
14:46Quem vai condenar?
14:47Quem vai acompanhar a execução dessa sanção?
14:50Não existe.
14:51Essa deliberação com a devida venda aos entendimentos em contrário
14:54tem que ser adotada pelo legislador.
14:58Eu sou contra?
14:59Sou contra.
14:59Mas eu me imporvaria caso o legislador deliberasse em sentido contrário.
15:06Apenas conseguindo a minha opinião e entendo com a devida venda
15:10que o presidente da CNB não é vítima de desinformação.
15:16Vossa Excelência acaba de dizer a mesma coisa que eu disse,
15:19apenas com um tom um pouco mais completado.
15:21Eu, ao início da sessão, disse, estamos discutindo se é ato ilícito administrativo
15:28ou se é ato ilícito penal.
15:30Vossa Excelência entende que é ato ilícito penal e tem todo o direito de achar,
15:34mas a minha explicação foi absolutamente correta do que está sendo decidido aqui,
15:38se é ilícito penal ou se é ilícito administrativo.
15:40No começo do julgamento, e até agora, o presidente do STF estava dizendo que,
15:48se você disser que o Supremo está descriminalizando a maconha,
15:55isso seria desinformação.
15:58É aí nessa seara que entra.
16:00Comprometi a desfazer, neste julgamento, a má compreensão e a desinformação sobre o tema.
16:10E compido em uma palavra que assumir com eles é o que eu estou fazendo agora.
16:13Portanto, esclareço que o que está sendo decidido aqui não é a liberação das drogas,
16:20não é a legalização.
16:24Droga é ruim e o tráfico de drogas deve ser combatido.
16:28Agora, a lei definiu que o usuário não vai para a prisão.
16:35Por isso, é preciso que o judiciário diga a quantidade de drogas compatível com o uso
16:41para evitar a discriminação de pretos e pobres.
16:47Portanto, é disso que nós estamos tratando aqui.
16:52Basicamente, essencialmente, definir qual é a quantidade de drogas
16:58que deve ser considerada como regra geral, não absoluta,
17:02que depende das condições concretas,
17:04mas que como regra geral deve ser considerada.
17:08Bom, descriminalizar a maconha, então, não é o que o Supremo está fazendo
17:13e quem fala isso está espalhando desinformação.
17:16Olhe a entrevista coletiva impressa de ontem do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
17:24Eu discordo da decisão do Supremo Tribunal Federal.
17:26Eu já falei por mais de uma vez a respeito desse tema.
17:30Eu considero que uma descriminalização só pode se dar através do processo legislativo
17:36e não por uma decisão judicial.
17:39Há razões, inclusive, expostas nesse sentido.
17:41Essa questão das drogas e da descriminalização das drogas
17:45é uma ideia que é suscitada em diversas partes do mundo,
17:48mas há um caminho próprio para se percorrer nessa discussão,
17:52que é o processo legislativo,
17:54a própria consideração de determinadas substâncias
17:56como substâncias de entorpecentes ilícitas.
17:58Ou seja, há um critério técnico para se dizer
18:01se uma substância deve ser considerada um entorpecente ilícito ou não.
18:05E há um rol nesse sentido estipulado pela administração pública
18:08através da Anvisa.
18:10Assim como há uma lei que disciplina que substâncias ilícitas e entorpecentes,
18:13quaisquer que sejam elas,
18:15quem as porta tem uma consequência jurídica.
18:18Se porta para consumo há uma consequência leve
18:20e quem porta para tráfico há uma consequência grave.
18:23Então há uma lógica jurídica, política, racional em relação a isso
18:28que, na minha opinião, não pode ser quebrada
18:29por uma decisão judicial
18:31que destaque uma determinada substância entorpecente
18:34invadindo a competência técnica que é própria da Anvisa
18:37e invadindo a competência legislativa que é própria do Congresso Nacional.
18:41Nessa queda de braços, tem um ponto interessante.
18:46Vamos lá.
18:47Nós temos, desde 2006,
18:50uma nova lei de drogas
18:52que divide entre usuário e traficante.
18:57não isenta de crime, entendeu?
19:00Mas a punição do traficante é uma
19:03e a punição do usuário é outra.
19:05O que diferencia ser usuário de ser traficante?
19:09O traficante vende
19:10e o usuário não vende.
19:13Ponto.
19:14Ah, mas e quem compra é o quê?
19:16Depende.
19:17Se ele compra e vende também,
19:19ele é traficante.
19:20Se ele só compra e não redistribui,
19:23ele é usuário.
19:24Então, assim,
19:26o que difere o traficante do usuário
19:29é vender droga ou não vender droga.
19:34E aí, nas situações do dia a dia,
19:38se chegou à conclusão de que
19:39determinada quantidade de droga
19:43não seria para a venda, em tese,
19:46porque é muito pouca,
19:47seria para consumo próprio.
19:50E o debate tem sido em torno disso
19:55nesses últimos dez anos no judiciário.
19:59Sendo que não havia nenhum reparo,
20:04nenhum questionamento a essa lei de 2006
20:06que fala, olha,
20:08traficante é uma coisa,
20:09usuário é outra,
20:10serão tratados de forma diferente
20:11a partir de agora.
20:12Beleza?
20:14Bom, essa discussão esquenta,
20:16está no Supremo.
20:17O Congresso fala que é para o Congresso decidir.
20:19Agora, o Lula está falando com esse teto,
20:21não tem nada que se meter nessa história.
20:24E surge uma PET,
20:25uma proposta de emenda à Constituição
20:27do selador Efraim Cílio,
20:30que já tramitou pelo Senado.
20:34Está agora na Câmara.
20:36Que é o seguinte,
20:36ela retroage para antes de 2006.
20:39Qualquer droga passa a ser crime.
20:42Então, tem duas coisas correndo ao mesmo tempo.
20:44um STF regulamentando uma legislação que é atual.
20:50Só que ele pode dar a regulamentação que for.
20:53Se o Congresso criar outra lei,
20:55acabou, essa lei aqui nem vale mais a que vale a nova.
20:58E a nova seria o quê?
21:00Nem diferenciar mais o traficante do usuário
21:03de jeito nenhum.
21:06Isso está tramitando.
21:08E o presidente da Câmara,
21:12que é onde está tramitando agora,
21:13já criou uma comissão especial
21:15para analisar essa PET.
21:18Ele está no evento do ministro Gilmar Nendes,
21:22lá em Lisboa,
21:23e falou com o jornalista sobre esse assunto.
21:26Primeiro, é importante que vocês tenham acesso
21:29a como funcionam as coisas no legislativo.
21:31A PEC votada no Senado Federal,
21:37ela está tendo uma tramitação absolutamente normal,
21:41independente do que ocorre no outro poder.
21:46Ela foi enviada à CCJ,
21:50ela teve a sua admissibilidade aprovada,
21:52e depois de a admissibilidade aprovada,
21:56a PEC se cria a comissão especial.
21:59Por chancela,
22:00eu estava aqui em Portugal,
22:03quando a chancela,
22:05normalmente da casa,
22:08instala automaticamente a comissão.
22:10Então, ela nem será apressada,
22:13nem será retardada,
22:14como eu sempre falei,
22:15ela terá um trâmite normal
22:16no aspecto legislativo
22:19para que o parlamento possa se debruçar
22:22ou não sobre esse assunto
22:24que veio originalmente do Senado Federal.
22:26Eu não tenho opinião,
22:28porque você não opina
22:30a respeito de decisões judiciais.
22:32Ou você recorre,
22:34ou você legisla.
22:35Opinar não faz parte,
22:36não faz parte,
22:37não faz parte,
22:39não faz parte da minha obrigação e função
22:42comentar decisões do STF.
22:45Não existe consenso na política para nada, meu bem.
22:48Agora, o que existe, eu penso,
22:50é uma maioria que hoje se coloca
22:53razoavelmente favorável ao texto da PEC,
22:57mas isso a gente só vai ver
22:58quando e se a PEC estiver pronta
23:01para ir para o plenário
23:02quando o plenário se posicionar.
23:04No fim, é isso que a gente tem.
23:07De um lado,
23:08o Supremo decidindo uma questão,
23:12e aí todo mundo falando,
23:13descriminalizou as drogas,
23:15só que a última palavra não é a do Supremo.
23:19A última palavra é do Supremo
23:21sobre esse projeto antigo.
23:23Mas se passar o novo,
23:25o antigo simplesmente passa a ser
23:27uma parte do nosso passado.
23:30E aí,
23:31o que é que você acha
23:33dessa história?
23:35Calma,
23:36que antes da gente achar,
23:38eu vou te dizer quais são as narrativas
23:39da esquerda e da direita.
23:41É claro que a extrema direita
23:47vai enchiar com a decisão do Supremo
23:50que é civilizatória.
23:53Ocorre que essa decisão
23:55impede que o pacto da branquitude
23:58da elite nacional
23:59continue com o genocídio
24:02do povo preto
24:03nas periferias.
24:05A salida guerra às drogas
24:07é a desculpa
24:09da elite colonialista
24:11loira de olho azul
24:12para sair matando
24:14jovens negros
24:15na periferia.
24:16E já está provado
24:17cientificamente.
24:19Pessoas em situações
24:21iguais,
24:22uma branca
24:23e outra negra,
24:24com a mesma quantidade
24:25de droga,
24:27são consideradas
24:28pela polícia,
24:30traficante
24:31se for negro
24:32e usuário
24:33se for branco.
24:35A questão
24:35do racismo estrutural
24:37é a que precisa
24:39ser resolvido
24:40no Brasil.
24:41E essa decisão
24:42do STS
24:43resolve.
24:45Aliás,
24:45é por isso
24:46que o bolsonarismo
24:47chia tanto,
24:48porque eles são,
24:49acima de tudo,
24:50racistas
24:51e fascistas.
24:52Nós avisamos
24:58que o PT
24:58viria
24:59para destruir
25:01a família
25:02e as bases
25:03da civilização
25:04ocidental,
25:05porque é isso
25:06que o esquerdismo,
25:07doença infantil,
25:09faz com a cabeça
25:10das pessoas.
25:12Eles já estão aí
25:13querendo matar
25:13a bebê,
25:15agora
25:15querem botar
25:16a droga
25:17dentro da casa
25:18das famílias
25:19para acabar
25:21com as famílias.
25:22E o STF
25:23mais uma vez
25:25compactua,
25:26porque o STF
25:27é um puxadinho
25:28do Lula,
25:29que vai simplesmente
25:31referendando
25:32tudo que a esquerdopatia
25:34quer fazer
25:35com a sociedade
25:35brasileira,
25:37mas não tem
25:37voto para passar,
25:39porque no Brasil
25:40a maioria
25:41é conservadora.
25:43Mas vou dizer
25:43uma coisa,
25:44vão quebrar
25:46a cara,
25:47porque essa
25:48esbórnia permissiva
25:50do Drogas
25:50para Todos,
25:51que o STF
25:52está aí
25:53apoiando,
25:54vai cair
25:55por terra,
25:56o Congresso
25:57vai se mexer
25:58e a maioria
25:59é conservadora.
26:00Faz o L agora
26:01isentão.
26:06A minha opinião
26:07é que essa história
26:08das drogas
26:09é mais um exemplo
26:11lapidar
26:11de gambiarra
26:13jurídica.
26:14E gambiarra
26:15jurídica
26:16nunca deu
26:17certo.
26:19Quando a regra
26:20é torta
26:21ou não
26:21é clara,
26:23quando a regra
26:23deveria ser feita
26:25para atacar
26:25um problema,
26:26mas ela está
26:27mirando em outro,
26:28quem perde
26:29é a sociedade.
26:31E esse é
26:32um caso
26:32lapidar
26:33dessa história.
26:34Por quê?
26:35Essa diferenciação
26:36entre usuário
26:37e traficante
26:38surge por quê?
26:40Tem sentido
26:41você dar
26:42a uma pessoa
26:43que é usuária
26:44de drogas,
26:45principalmente
26:46se for um
26:46viciado.
26:47A mesma pena
26:48que você dá
26:49para um bandido
26:50criminoso
26:51que sai vendendo
26:53drogas
26:53e viciando
26:54e acabando
26:55com a família
26:55dos outros?
26:57Não tem.
26:58A pena
26:58ela é moral.
27:00O cara
27:01que está usando droga
27:01ele está fazendo
27:02algo de errado?
27:03É óbvio
27:03que ele está.
27:05Agora,
27:05o cara
27:06que está
27:06lucrando com isso,
27:08ficando milionário,
27:09destruindo a família
27:10dos outros
27:11e trazendo
27:11consequências
27:12para a sociedade,
27:14ele merece
27:14uma pena
27:15diferente.
27:16Surge
27:17com base
27:18neste raciocínio.
27:20E aí,
27:21como é que você
27:22separa
27:23quem é usuário
27:24de quem é traficante?
27:25Nas situações
27:26práticas,
27:28pode parecer
27:29óbvio,
27:30se você não é
27:31usuário de droga,
27:32nunca foi repórter
27:33policial,
27:34parece que está
27:35na cara,
27:35usuário é usuário,
27:37traficante é traficante.
27:39Só que, gente,
27:39tem de tudo.
27:40Tem traficante
27:41e usuário,
27:42tem usuário
27:44que fica devendo
27:45e paga
27:46com serviço
27:46para o traficante,
27:47mas não trabalha
27:48com o tráfico,
27:49só que aí ele traficou.
27:51Quando você entra
27:51nesse submundo,
27:52principalmente no que
27:53mexe com a sanidade
27:54mental das pessoas,
27:57as situações
27:57são muito complexas
27:58e quem tem
27:59uma vida
27:59correta,
28:01ordenada,
28:03não imagina
28:03o tipo
28:04de confusão
28:05que pode acontecer.
28:08Então, assim,
28:08o que divide
28:09um traficante
28:10de um usuário
28:11é se ele vende
28:12droga ou não,
28:13ponto.
28:14Traficante é o que vende,
28:15usuário não vende.
28:17Acabou.
28:19E aí,
28:20fica uma situação
28:22assim,
28:22como é que vai definir,
28:24porque tem preconceito
28:26racial
28:26e como a nossa sociedade
28:28tem preconceito racial,
28:30às vezes,
28:31uma pessoa negra
28:31e uma branca
28:32na mesma situação,
28:33a negra recebe a pena,
28:35a branca não recebe a pena,
28:37a abordagem
28:38nos bairros
28:39mais pobres
28:39ela é diferente
28:40do que nos bairros
28:41mais ricos.
28:43A gente até vê
28:44em manchetes
28:46de jornal,
28:46a gente vê muito
28:47essa crítica
28:47que o periferia
28:50e negro
28:50é sempre o traficante
28:51e no Leblon
28:53é um jovem
28:54de classe média alta
28:55que vendia drogas
28:57ou um empresário
28:58que vende drogas.
28:59Então,
28:59essa questão social
29:01também surge.
29:03Só que
29:04a lei
29:05é para fazer o quê?
29:07É para dar
29:08uma pena
29:08para o traficante
29:09e outra
29:10para o usuário
29:11ou é para
29:13resolver
29:13questões
29:14de racismo
29:15e preconceito
29:16de classe?
29:17Uma lei
29:18só não vai fazer
29:19as três coisas.
29:20Essa lei
29:21não está acertando
29:22nem em dividir
29:24o usuário
29:24do traficante.
29:26Ainda estão mirando
29:27agora
29:28na questão
29:28do racismo
29:29e do preconceito
29:29de classe.
29:30Qual é a chance
29:31de dar certo?
29:34Resolveram
29:34trazer um critério
29:35para dividir
29:36quem é traficante
29:37de quem é usuário
29:38que é a quantidade.
29:41Pode fazer sentido
29:43porque
29:44uma pessoa
29:45que tem um cigarro
29:46ou,
29:47sei lá,
29:48uma quantidade
29:49pequena
29:50de droga
29:51é mais provável
29:52que ela seja
29:53usuário
29:53ou traficante.
29:55Não sei,
29:56mas assim,
29:57o usuário
29:57ele não vai ter
29:58600 quilos
30:00de droga
30:00na casa dele.
30:02Só que não é
30:03nos extremos
30:04que a gente
30:04está falando.
30:05A gente está falando
30:0525 gramas
30:06de droga,
30:0745 gramas
30:08de droga,
30:0960 gramas
30:10de droga.
30:11O que
30:11que diz
30:12se você
30:12é usuário
30:14ou é traficante?
30:15Nos casos
30:16práticos,
30:17tem busca
30:18e apreensão
30:19que o próprio
30:19STF
30:20anulou
30:21de mais
30:22de 600
30:22quilos
30:23de cocaína
30:24no Rio Grande do Sul
30:26porque não tinha
30:27mandado de busca
30:28e apreensão.
30:29Então o cara,
30:29e esse cara
30:30era o traficante.
30:31E tem gente
30:32que foi apenada
30:33com 3 cigarros
30:34de maconha
30:35e que o STF
30:36confirmou a pena.
30:38Vários!
30:40Você dizer
30:41pela quantidade
30:42pode acertar
30:43em muitos casos,
30:44mas vai ser injusto
30:45com alguns.
30:46Se o cara tiver
30:47100 gramas
30:48e não for
30:49traficante,
30:50ele merece
30:51a mesma pena
30:52de um traficante
30:53de drogas?
30:53Eu te pergunto.
30:55Por outro lado,
30:57quando você
30:58legaliza
30:59toda a circulação
31:01até uma quantidade,
31:03você pode mudar
31:04a forma
31:05de distribuição.
31:06Por quê?
31:07Porque você vai ter
31:08uma distribuição
31:09de drogas
31:10de baixíssimo risco
31:12e que já está
31:13legalizada,
31:15que é
31:15a de levar
31:16pequenas quantidades.
31:19Qual é o tamanho
31:20do exército
31:20de meninos
31:21de periferia
31:22que vai ser
31:23regimentado
31:24depois que se
31:26legalizar
31:26o aviãozinho,
31:27que é na prática
31:28o que vai acontecer?
31:31Isso vai aumentar?
31:32Isso vai se tornar
31:33um problema social?
31:34É algo
31:35que também
31:36precisa ser
31:37discutido.
31:38Mas a grande
31:39questão aqui é
31:40a mania
31:42da gambiarra.
31:44A quantidade
31:45de droga
31:47não diz
31:49se é
31:50traficante
31:50ou usuário.
31:52Pode ser
31:52um indicativo?
31:54Pode sim.
31:54mas a justiça
31:56não vive
31:56de aparência.
31:57A justiça
31:58vive de realidade.
32:00E colocar
32:01como parâmetro
32:02a quantidade
32:03é algo
32:04que vai
32:05trazer mais
32:06injustiça.
32:08E aí a gente
32:08vê que botou
32:09é gasolina
32:11nesta
32:12fogueira
32:13da briga
32:14do judiciário
32:15com o Congresso.
32:18Muitos vão dizer
32:18chegou no judiciário
32:20ele tem de julgar.
32:20será?
32:23Tem ação
32:23do império
32:24que foi julgada
32:25outro dia?
32:26Tem ação
32:27que tem 30,
32:2840 anos
32:29que não tem
32:29nem previsão
32:30de ser julgada?
32:31Por que se meter
32:33nessas questões
32:34que fica muito
32:36claro que
32:36incendeiam
32:37a sociedade?
32:39Esta é
32:40uma pergunta
32:40que não quer
32:41calar.
32:42Eu tenho
32:43resposta?
32:43Não,
32:44eu só tenho
32:44a pergunta
32:45nesse caso.
32:45Narrativas
32:53Antagonistas
32:54de hoje
32:55vai ficando
32:55por aqui.
32:56Eu espero
32:56que você tenha
32:57gostado
32:57desse tema
32:58movimenta
32:59paixões,
33:01né?
33:03Paixões.
33:04E,
33:04enfim,
33:05quero saber
33:05sua opinião
33:06também,
33:07deixa aqui embaixo,
33:07não esquece,
33:08Corrente Espiritual
33:09dos 3Ts,
33:10curta,
33:11comente,
33:11compartilhe,
33:12amanhã eu tô de volta.
33:13Grande beijo,
33:14até lá.
33:15Transcrição e Legendas
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