Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • ontem
O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, afirmou durante a Brazil Conference, nos Estados Unidos, que o “populismo autoritário pode ser de direita ou de esquerda, embora nos últimos tempos o de direita tenha se revelado mais perigoso”.

Felipe Moura Brasil, diretor de jornalismo de O Antagonista e Crusoé e Âncora do Papo Antagonista, também participou do evento, que ocorreu no fim de semana e contou com diversos painéis.

O Papo Antagonista analisa os destaques da Brazil Conference:

Ser Antagonista é fiscalizar o poder. Apoie o jornalismo Vigilante:

https://bit.ly/planosdeassinatura

Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.
Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.

https://whatsapp.com/channel/0029Va2S...

Ouça O Antagonista | Crusoé quando quiser nos principais aplicativos de podcast.

Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Vamos em frente. Último assunto aqui, portanto, chegamos à Brazilian Conference nos Estados Unidos.
00:08A gente separou algumas declarações do presidente do SEP, do Roberto Barroso, no painel de abertura
00:13do evento, que foi sábado em Harvard. Aliás, eu estava ali em Harvard agora há pouco, antes de começar
00:19o programa, aqui perto do meu hotel, para reencontrar muita gente que eu conheci no fim de semana no
00:28evento. O evento já acabou, foi sábado e domingo. Houve uma série de painéis em vários auditórios em
00:34Harvard, ali principalmente no Science Center, no Centro de Ciências. Uma estrutura extraordinária,
00:43evidentemente, da faculdade. Claro que há diversos episódios polêmicos envolvendo Harvard. Nós
00:53tratamos, inclusive, aqui recentemente, depoimento da reitora, que falou aquelas barbaridades a
01:00respeito de ataques a judeus, e isso deu uma tremenda repercussão. Mas é uma faculdade imensa,
01:08que tem gente de todos os tipos, de todos os lugares, e não dá para rotular todo mundo e colocar
01:14todo mundo no mesmo balaio. Tem muita gente boa que estuda ali. Agora, sempre foi um campus,
01:22um tanto mais progressista nas áreas humanas, só que tem muita gente ali com ideias à direita também,
01:35e eu pude conversar com várias dessas pessoas, inclusive. Mas voltando ao assunto, no sábado,
01:43tem um lugar ali que você tem três auditórios, um do lado do outro, e é maravilhoso participar de um evento
01:50assim, porque você pode ficar trocando de auditório a cada painel. Eram painéis de 50 minutos, com duas ou três
01:59pessoas participando, às vezes até mais. Tinha uns painéis que tinham quatro, cinco pessoas, mas, em geral,
02:05três pessoas. Na abertura, foi só o Barroso e o Steve Levitsi, que, lembro se é assim agora se pronuncia, mas é o autor de
02:14como as democracias morrem, que é professor de Harvard. Então, são três auditórios, você fica ali nesse clima dinâmico,
02:22indo de painel em painel e conversando com as pessoas ali nos corredores, na área de alimentação,
02:29onde é uma espécie de saguão perto das portas dos auditórios. E encontra estudantes brasileiros que estão em
02:39diversas faculdades, não só em Harvard, mas que vão ali para participar da Brasil Conference. Então, assim,
02:43um evento muito enriquecedor do ponto de vista das relações, de você encontrar pessoas muito
02:48interessadas. Eu falei isso e vou mostrar aqui um vídeo, inclusive, que eu falo a respeito disso.
02:54Agora, o Barroso fez um discurso em que ele afirmou que o populismo autoritário pode ser de direita e
02:59esquerda, embora, nos últimos tempos, o de direita tenha se revelado mais perigoso. Vamos assistir a esse
03:05três. Pode soltar. O populismo autoritário pode ser de direita ou pode ser de esquerda. Temos tido
03:11experiências nos dois sentidos, embora, nos últimos tempos, o populismo de direita tenha se revelado
03:18mais perigoso, racista, xenofóbico, misantrópico e antiambientalista.
03:24Pois é. Aí você tem um foco do presidente do STF, aquele mesmo que falou nós derrotamos o
03:35bolsonarismo, no bolsonarismo. E a palestra dele de abertura desse evento foi mais voltada a dizer o que
03:43aconteceu nesse episódio recente do reacionarismo aloprado do bolsonarismo e com essas afetações de
03:51heroísmo do Supremo Tribunal Federal. Então, o Barroso, por exemplo, ele enumerou diversos
04:01exemplos desse populismo autoritário de direita e, no meio dessa lista, ele voltou a criticar a proposta
04:07de retorno do voto impresso no país. Ele misturou algumas coisas assim que eram intervenções, que eram
04:15vandalismo, etc., com a proposta legislativa do voto impresso contra a qual ele se voltou. O texto que tratava do
04:22tema foi rejeitado pela Câmara em 2021. Vamos acompanhar o que disse o ministro.
04:28Nós tivemos a tentativa de volta ao voto impresso. Só quem é brasileiro e viveu no Brasil sabe o risco que isso
04:38representava, porque o voto impresso sempre foi o caminho da fraude no Brasil, sempre foi, desde o início da
04:46República. E, portanto, eu era presidente do TSE e me empenhei muito pessoalmente para impedir que se voltasse ao
04:54voto impresso no Brasil, porque sempre tive o pressentimento de que ali estava o germe do golpe.
05:00E imagine-se se essas pessoas, muitas, só os extremistas, evidentemente, se tiveram a capacidade de invadir o
05:10Supremo, o Palácio do Planalto e o Congresso, imaginem o que não fariam nas sessões eleitorais em que
05:17imaginassem que fossem perder se nós tivéssemos contagem pública manual dos votos, que era a proposta.
05:25Podem desmentir o quanto quiser. Está lá a proposta apresentada de emenda constitucional no
05:30Congresso Nacional. Hoje em dia, em Brasil, as pessoas têm vergonha do que são. É uma coisa muito
05:36curiosa, porque depois de fazerem, gostam de dizer que não fizeram, que não acharam. Mas eu quero dizer
05:41que a proposta era exatamente essa. Como aconteceu no TSE, devidamente avisado, eu disse, infelizmente,
05:49a representação das Forças Armadas vão usar esse assento para tentar desacreditar o sistema.
05:54veio uma nota das Forças Armadas dizendo que nunca haviam sido tão ofendidas. E 48 horas depois fizeram isso. O Brasil é um país em que as pessoas se ofendem com o que fazem.
06:07É muito interessante a psicanálise de se compreender parte do que acontece no Brasil.
06:15Ele citou aí uma das frases que eu usei depois na introdução do meu painel, como vocês vão ver daqui a pouco.
06:23Eu só queria falar que eu entendo a argumentação. Ele pode defender esse ponto de uma maneira incisiva com argumentos.
06:38que a história não é exatamente assim, tão bem sintetizada.
06:44Você tinha um projeto de voto impresso, a pessoa pode ser a favor ou contra argumentar, evidentemente.
06:50Mas você tinha ali uma urna que seria acoplada à urna eletrônica.
06:57Tinha todo um procedimento para caso a urna fosse questionada, como que isso se daria.
07:03Ele está, depois de inclusive, porque isso eu testemunhei, não vai mostrar no início do discurso,
07:09falar que só falaria de fatos objetivos, ele está fazendo uma especulação.
07:14Uma especulação sobre o que aquelas pessoas que invadiram e depredaram patrimônio público no 8 de janeiro
07:23poderiam fazer nas zonas eleitorais, se houvesse um resultado que desagradasse, se houvesse uma contagem pública de votos.
07:32Essas pessoas não seriam responsáveis pela contagem pública de votos.
07:37Ele está falando só dos extremistas, eles não tinham esse papel.
07:42E se houvesse uma recontagem, parece que o interesse daqueles que estavam insatisfeitos com o resultado
07:50é aguardar a recontagem.
07:54Então, assim, é uma junção de elementos de uma maneira muito sintética, evidentemente,
08:00que ele está fazendo para defender o ponto D.
08:04Mas, ok, houve maior transparência a respeito do funcionamento da urna eletrônica
08:10depois da proposta de voto impresso.
08:14Então, assim, a proposta, por mais que se possa questioná-la, criticá-la,
08:20do ponto de vista de se preferir a urna eletrônica,
08:23ela resultou num debate um pouco mais transparente,
08:28embora tenha reacionários da Lupa, que nunca vão reconhecer isso,
08:32a respeito dos procedimentos adotados.
08:34Inclusive, o próprio Barroso, e ele até ironiza as Forças Armadas pela reação,
08:38permitiu que as Forças Armadas acompanhassem mais o processo.
08:43Houve maiores explicações por parte dele.
08:45Na época da gestão do Dias Toffoli,
08:48era uma grande obscuridade sobre todos os procedimentos.
08:51Então, foi com o Luiz Edson Fachin, foi com o Barroso,
08:54que eles vieram a público para defender.
08:57E aí, se soube melhor como é que funcionava todo esse processo.
09:03E muita gente até viu que, beleza, é a urna eletrônica, então...
09:07Mas, Barroso, enfim, faz essas sínteses aí que ele gosta
09:11para ser mais persuasivo numa palestra.
09:14Vamos assistir também ao trecho em que ele fala
09:18sobre as consequências do populismo autoritário,
09:22citando os acampamentos em frente aos quartéis
09:25após as eleições de 2022 e o 8 de janeiro.
09:28Pode soltar.
09:29Tivemos repetidas acusações de fraude eleitoral não comprovadas.
09:35Tivemos a politização das Forças Armadas,
09:38o que na América Latina é a maior ameaça possível para a democracia.
09:43No dia, tivemos o não reconhecimento e concessão do resultado eleitoral.
09:48Tivemos o incentivo aos acampamentos na porta dos quartéis.
09:53Tivemos desfile de tanque na Praça dos Três Poderes no dia de uma votação importante.
09:59Tivemos ataques ao Supremo, ataques à imprensa.
10:02E depois tivemos o 8 de janeiro.
10:05Foi isso o que o Brasil viveu, foi isso o que o Brasil passou
10:10dentro desse contexto histórico e teórico que o Steve procurou retratar
10:15e que eu procurei retratar aqui também,
10:18do populismo autoritário como ele impactou o mundo.
10:22Como ele disse, o Steve, professor de Harvard,
10:28foi na mesma toada do populismo autoritário.
10:32É verdade que ele citou exemplos de países como a Venezuela,
10:34onde o regime não é de direita,
10:38é um regime autoritário de esquerda,
10:40uma ditadura já estabelecida.
10:42No entanto, como o discurso era muito a respeito dos Estados Unidos,
10:48usando exemplos do mundo para falar sobre o perigo da volta de Donald Trump,
10:54então era o discurso de alguém que tem uma postura bem antitrampista
10:59e que, pelo menos nesse momento de polarização americana,
11:02está do lado da esquerda.
11:05E, portanto, o Barroso, no seu discurso,
11:09que ele está, inclusive, comparando ao do Steve,
11:12fez a mesma coisa em relação ao Brasil.
11:14O Steve citou o exemplo do Bolsonaro também,
11:18colocando aí no mesmo patamar do Trump
11:20a respeito dessas insurreições,
11:22o 6 de janeiro de 2021 nos Estados Unidos,
11:24o 8 de janeiro de 2023 no Brasil.
11:27E o Barroso falou do populismo autoritário de direita
11:29focando no Bolsonaro.
11:31Então, assim, a minha questão é a seguinte,
11:33estudantes, inclusive, que estavam ali
11:35naquele auditório grande, cheio,
11:37eles podiam assistir aquilo,
11:39e achar que, diante de todo esse reacionarismo aloprado,
11:45dos crimes, do vandalismo cometidos por esse grupo,
11:53eles poderiam ficar com a impressão
11:55de que, do outro lado, tem só democratas,
11:58lindinhos, santinhos, bonzinhos,
12:02e, olha, nós, no Brasil, salvamos a democracia,
12:07agora está tudo bem.
12:09Porque acabava o painel e se ficava com essa impressão.
12:14Olha, no Brasil, houve uma reação a esse golpismo
12:18e nós salvamos a democracia.
12:20O discurso do Steve usa o Brasil como esse exemplo positivo
12:26em relação ao que pode vir a acontecer nos Estados Unidos,
12:30dizendo que lá os políticos não reagiram,
12:34os republicanos, eles não condenam o Trump,
12:37eles o apoiam e pode voltar à presidência do país
12:42alguém que instigou um golpe de Estado,
12:45uma insurreição.
12:46Então, não houve essa contenção,
12:48não houve a perda dos direitos políticos, etc., etc.
12:53Então, assim, não vou aqui ficar debatendo o governo Biden,
12:56coisa que a gente faz aqui com o Duda Teixeira,
12:58com o próprio Graebi,
12:59em diversos outros programas sobre outras pautas,
13:01mas faltou para o público que assistiu ao painel de abertura
13:06um pouco da visão de quais são as críticas legítimas
13:10feitas a ministros do Supremo Tribunal Federal,
13:13quais são as críticas legítimas feitas ao populista autoritário de esquerda
13:18e a toda a sua tropa aqui no Brasil.
13:23Vários motivos pelos quais Jair Bolsonaro foi eleito em primeiro lugar.
13:29Assim como nos Estados Unidos, certamente,
13:31há vários motivos de crítica legítima à esquerda
13:34que levaram à eleição do Trump.
13:37Então, é preciso trazer mais nuances, evidentemente, para esse debate.
13:41O Barroso, como presidente do STF, com esse tom corporativista,
13:45que ele turbinou no cargo, na função,
13:50a única coisa que fez a respeito do Supremo
13:53foi dizer que toda crítica ao Supremo é legítima.
13:57Então, vamos assistir a esse trecho,
14:00em que ele falou que o Supremo está sujeito a erros,
14:03está sujeito a crítica.
14:05Só erros, né?
14:07Sujeito a crítica é erro.
14:08Quer dizer, não se fala da possibilidade do Supremo ser autoritário?
14:14O que aparece é o populismo autoritário.
14:16Parece que não.
14:17O populismo autoritário é só do bolsonarismo, do trampismo.
14:23Da esquerda existe, mas a gente nem vai nomear aqui qualquer coisa não e tal.
14:28E o Supremo, no máximo, comete erros e pode ser objeto de crítica.
14:31Vamos acompanhar esse trecho.
14:32O Supremo, como toda instituição humana,
14:35está sujeito a erros e está sujeito a críticas
14:37e ninguém está acima do bem e do mal numa democracia.
14:41Ninguém tem o monopólio do bem,
14:43ninguém tem o monopólio da virtude.
14:45E eu mesmo voto vencido, em muitos casos,
14:47no Supremo Tribunal Federal.
14:49Portanto, a democracia não é o espaço de consensos nem de concordâncias.
14:54A democracia é o regime político em que a divergência é absorvida
14:58de maneira civilizada e de maneira institucional.
15:01Portanto, toda e qualquer crítica ao Supremo
15:05é legítima numa democracia.
15:08O que, evidentemente, você não faz
15:09é querer destruir as instituições
15:11porque, eventualmente, não concorde
15:13com alguma coisa que elas tenham feito.
15:17Muito bem.
15:18Então, deixando claro aqui
15:19que tem diversas críticas que o Barroso fez ao bolsonarismo,
15:23que eu faço também, é fit também.
15:24Então, bom, aliás, ele falou da captura do conservadorismo
15:28pelo extremismo.
15:30É que a defesa de pautas liberais, conservadores,
15:33que isso é absolutamente legítimo,
15:35mas que o extremismo capturou o conservadorismo.
15:38Eu uso alguns outros conceitos.
15:39Acho que reduzir todo o fenômeno da direita
15:43ou suposta direita brasileira ao extremismo não dá.
15:46Eu acho que tem uma parte.
15:48Mas da captura do conservadorismo por reacionários, etc.,
15:53tem um monte de artigos a respeito disso.
15:55Então, tem vários pontos legítimos.
15:57A questão é, era preciso que alguém,
16:00inclusive, nesse evento, falasse
16:02a respeito dos problemas do Supremo Tribunal Federal
16:04e até do populismo autoritário de esquerda.
16:07Então, eu vou soltar aqui para vocês
16:09um vídeo com trechos da minha participação
16:11na Brasil Conference, no domingo 7 de abril,
16:14quando o evento foi realizado no MIT,
16:15o Massachusetts Institute of Technology,
16:19porque o evento foi sábado em Harvard
16:22e domingo nos auditórios do MIT.
16:25Pode soltar a produção.
16:26Então, um vídeo é um pouquinho acelerado,
16:29porque é um trecho mais longo,
16:32mas, evidentemente, vocês vão entender.
16:35Pode ir lá.
16:36Vou começar aqui daqui a pouco,
16:37um painel com o senador Alessandro Vieira,
16:39Deltan Dallagnol e Felipe Moura Brasil
16:40sobre populismo autoritário e desafios no combate à corrupção.
16:43Felipe?
16:44Salve, salve.
16:45Bom dia a todos.
16:45É um prazer participar da Brasil Conference
16:47aqui no MIT e também em Harvard,
16:48conhecendo tanta gente boa como os estudantes brasileiros
16:51que, mesmo tendo aberto as portas do mundo,
16:53promovem esse evento,
16:55se preocupam ainda com o Brasil
16:56e querem trazer reflexões.
16:57Fiquei muito feliz de conhecer, entre outros,
16:59o Eduardo, a Sara, agora a Nina,
17:01gente que vem construindo belíssimas trajetórias.
17:04Eu sou Felipe Moura Brasil,
17:05jornalista com 20 anos de carreira,
17:06no começo como colunista,
17:07depois comentarista, âncora,
17:08diretor de jornalismo,
17:09funções que eu continuo acumulando,
17:11exercendo diariamente,
17:13incluindo essa de mediador,
17:14nesse painel sobre os desafios,
17:15as perspectivas de combate à corrupção.
17:17O painel certamente vai se estender também
17:18sobre vários assuntos conexos.
17:20Atualmente sou diretor de jornalismo
17:21do portal Antagonista,
17:22o endereço é o antagonista.com.br,
17:23e da sua revista semanal Cruzoé,
17:25que está lá em cruzoé.com.br.
17:27Passei por uma porção de veículos conhecidos
17:29da imprensa, em todas as plataformas,
17:30na TV, no rádio,
17:32jornal, revista, portais de notícias,
17:33e, lamentavelmente,
17:35pude testemunhar a patrulha,
17:37a censura velada,
17:39às vezes oficial também,
17:40que existe no mercado da comunicação brasileiro
17:42contra verdades inconvenientes,
17:44fatos objetivos,
17:45sobre quem tem poder no Brasil.
17:46E essa patrulha, claro,
17:47se estende ao mercado editorial.
17:49Eu digo isso porque o presidente
17:50do Supremo Tribunal Federal,
17:51Luiz Roberto Barroso,
17:52disse no painel de abertura que,
17:53aspas,
17:53o Brasil é um país em que as pessoas
17:55se ofendem com o que fazem.
17:57Fecho aspas.
17:58E isso é verdade,
17:59e se aplica a vários colegas
18:01do ministro Barroso no STF.
18:02Tenho aqui meus tópicos
18:10para não esquecer nada
18:10de falar nessa abertura,
18:11que é importante.
18:12Gilmar Mendes, por exemplo,
18:13ele não se declarou impedido
18:14ou suspeito
18:15para julgar o processo relativo
18:16ao Daniel Dantas,
18:17apesar do vínculo da sua mulher
18:18com o escritório de advocacia,
18:20que atua na defesa do banqueiro,
18:21que atuava na defesa do banqueiro,
18:22alvo,
18:23então alvo, na época,
18:24da Operação Satiagraha.
18:25E o repórter Rubens Valente
18:26publicou essa informação
18:27no livro Operação Banqueiro,
18:28de 2014,
18:30e acabou sendo condenado
18:30a indenizar o ministro do STF
18:32em 310 mil reais,
18:33em sentença que foi mantida
18:34na primeira turma do STF,
18:36com votos dos seguintes
18:37colegas de Gilmar,
18:38Dias Toffoli,
18:38Alexandre de Moraes,
18:39Marco Aurélio Mello
18:40e Rosa Weber.
18:41E por falar em Toffoli,
18:42quando a revista Cruzoé,
18:43da qual sou diretor de jornalismo hoje,
18:44na época era colunista,
18:45publicou em 2019
18:46o codinome
18:47pelo qual o Toffoli
18:48era chamado
18:49pelo Marcelo Debrecht,
18:50presidente da empreiteira
18:51envolvida no maior esquema
18:52de suborno da história do país,
18:54o seu colega,
18:54perdão,
18:55Alexandre de Moraes,
18:56censurou a revista,
18:57ordenando a remoção da matéria,
18:58o que só foi desfeito
18:59dias depois,
19:00depois de uma nota dura
19:01que foi divulgada
19:02pelo então decano,
19:02membro mais antigo da corte,
19:03ministro Celso de Mello,
19:05contra qualquer tipo de censura.
19:06Isso acabou gerando
19:07um certo constrangimento,
19:08uma certa pressão popular
19:09e o Moraes revogou
19:10a própria decisão.
19:11O codinome
19:12usado em e-mails internos
19:13ali da Odebrecht
19:14era amigo do amigo do meu pai,
19:16portanto Toffoli
19:17é o amigo do Lula,
19:18amigo do Emílio Odebrecht,
19:20pai do Marcelo.
19:21E a revista britânica
19:22The Economist,
19:23recentemente,
19:23faz algumas semanas,
19:24eu comentei muito a respeito disso,
19:25em reportagens sobre o avanço
19:26da impunidade no Brasil,
19:27lembrou o episódio
19:27da censura a Cruzoé,
19:29citando The Friend
19:30of My Father's Friend.
19:32Aquela feita pelo Moraes
19:33foi a primeira censura
19:34de uma série,
19:34facilitada agora
19:35pela aposentadoria
19:35do Celso de Mello,
19:36ele não está lá mais
19:36para emitir notas duras,
19:38uma série que se estende
19:38até hoje e que ontem,
19:39sábado, 6 de abril,
19:41teve uma nova repercussão
19:42internacional quando o empresário
19:43Elon Musk questionou
19:44em sua rede social X,
19:46um antigo Twitter,
19:46as decisões de teor obscuro
19:48que o ministro vem impondo
19:48contra contas populares
19:50no Brasil.
19:51O Barroso também disse
19:52nessa edição da Brasil Conference
19:53que, aspas,
19:54toda e qualquer crítica
19:55ao Supremo
19:56é legítima numa democracia.
19:57Fecho aspas.
19:58Esse painel,
19:59aqui nos Estados Unidos,
19:59é uma oportunidade
20:00para exercer essa liberdade,
20:01muitas vezes reduzida
20:02ou inexistente no Brasil.
20:04Então, a questão que se coloca
20:05é que democracia é essa?
20:06E acho que é uma boa questão
20:07para o nosso debate
20:08porque em muitos países
20:08se adotou medida autoritária
20:11em nome do combate
20:12ao comunismo,
20:13do combate ao nazismo,
20:14do combate ao fascismo,
20:15mas muitas vezes
20:15elas podem ser adotadas também
20:16em nome da defesa da democracia.
20:18E a gente tem que saber
20:19separar o que é a defesa real
20:20da democracia
20:20e o que é algum tipo
20:22de manobra autoritária
20:23que vem com esse pretexto.
20:24Muito bem,
20:25aproveitando o gancho
20:25da polarização
20:26e de fechar os olhos
20:27para determinados crimes
20:28apontados pelo senador
20:29Alessandro Vieira,
20:29outro tema que foi colocado
20:31nessa conferência
20:32foi o do populismo autoritário.
20:33O populismo é uma estratégia
20:34discursiva do nós contra eles.
20:36Quer dizer,
20:36o populista cria uma fronteira
20:37que estabelece uma divisão
20:38na sociedade
20:39entre dois campos antagônicos
20:40e ele mobiliza
20:41aqueles que se sentem excluídos
20:42contra aqueles que ele diz
20:44que detêm o poder,
20:45eventualmente,
20:46contingencialmente,
20:47alegadamente.
20:48E esse discurso
20:49é o discurso
20:49de alguém que se diz
20:50representante de um povo
20:51e cada populista conceitua
20:52o povo de uma determinada maneira,
20:53pode ser a população
20:54de baixa renda,
20:54pode ser a população cristã,
20:56contra as elites,
20:57o sistema,
20:58o establishment,
20:59cada um dá
21:00o seu devido discurso.
21:01E essa estratégia,
21:02de uma forma inerente a ela,
21:04faz com que esse
21:04suposto representante
21:06único do povo,
21:06que se arroga
21:07o monopólio
21:07de representar o povo,
21:09ele se coloque de vítima
21:10desse establishment,
21:11desse sistema,
21:12dessas elites
21:12que ele diz combater,
21:14quando há uma reação
21:15a qualquer conduta
21:15individual dele.
21:17E é preciso,
21:17evidentemente,
21:18que a gente analise
21:19a conduta individual dele,
21:20em vez de cair
21:21sempre numa narrativa
21:22de que ele é uma vítima
21:23de um grupo malvado.
21:25E os grupos políticos
21:26ideológicos,
21:26de uma maneira corporativista,
21:27tendem,
21:28para usar a expressão popular
21:28atualmente nas redes sociais,
21:29passar pano para membros
21:31desse mesmo grupo,
21:32porque,
21:32pelo discurso populista
21:34onipresente,
21:34eles se acham no grupo
21:35do bem contra o mal.
21:36Então, como o senador
21:37Alessandro colocou,
21:37é muito importante reconhecer
21:38os crimes cometidos
21:39por integrantes do seu próprio grupo.
21:40E existe uma dificuldade
21:41muito grande
21:41disso acontecer no Brasil,
21:42e o método de manipulação
21:43de massa usada
21:43é justamente apontar
21:44os eventuais erros,
21:45os eventuais abusos,
21:46as eventuais movimentações políticas,
21:48que, de uma forma ou de outra,
21:49sempre acabam existindo
21:49em qualquer tipo de reação,
21:51seja militar,
21:51seja institucional,
21:52sempre se pode fazer
21:53uma caveira,
21:53uma caricatura
21:54de determinados integrantes
21:54para fugir ao assunto
21:55que deveria ser o foco inicial,
21:57pelo menos,
21:57porque todos os abusos
21:58precisam ser apontados,
21:59da questão moral,
22:00da questão de princípios.
22:01Quer dizer,
22:01um político deve receber dinheiro,
22:02deve receber imóveis,
22:03deve receber reforma de imóveis,
22:04de empresas que têm
22:05contrato público
22:05com o governo dele.
22:07Ele deve receber tudo isso,
22:08por exemplo,
22:09de empresas que estão envolvidas
22:10em esquemas de corrupção
22:11no governo dele.
22:11Um político deve instigar
22:12a população a cometer
22:14um golpe de Estado
22:14ou a praticar uma tentativa
22:16de intervenção militar.
22:17Ele deve sabotar a vacinação,
22:18ele deve estimular
22:19que a sua claque virtual
22:20minta e assassine
22:21a reputação dos seus adversários.
22:22Então, essas questões de princípio
22:23muitas vezes se perdem
22:24numa tentativa
22:24de membros de um grupo
22:25de só olhar o outro lado,
22:28só olhar a reação,
22:28só olhar as outras pessoas.
22:30E elas passam a deixar
22:30de analisar as questões originais.
22:34Muito bem.
22:35Está aí trecho do nosso painel.
22:37Evidentemente,
22:38o Doutor Dallagnol
22:38falou bastante
22:39a respeito de combate à corrupção,
22:41de impunidade,
22:42de outros assuntos também.
22:44O senador Alessandro Vieira
22:45também falou a respeito disso.
22:47Houve alguns momentos
22:48de discordância entre eles.
22:50Aos 48 do segundo tempo,
22:52o senador Alessandro Vieira
22:53tinha falado
22:55na sua última intervenção
22:58sobre a mistura
22:59de religião e política
23:00de um modo crítico.
23:01E aí o Doutor Dallagnol
23:02reagiu dizendo
23:05que aquilo seria um preconceito.
23:06E aí esquentou o clima.
23:08Aos 48, eu falei,
23:09já temos um tema
23:10para o próximo debate.
23:12E todo mundo ficou falando
23:13no microfone,
23:14o Deltan principalmente,
23:16naquele momento,
23:17quando o tempo já tinha esgotado.
23:19Tem um cronômetro ali
23:20no palco.
23:22Todo painel é assim.
23:24E quando dá 50 minutos,
23:25evidentemente,
23:26tem que acabar
23:26porque o evento
23:27tem um cronograma.
23:29No nosso,
23:29como em seguida
23:31tinha um coffee break,
23:32a gente ainda conseguiu
23:32uma prorrogação
23:33de cinco minutos.
23:34mas foi excelente.
23:36As pessoas gostaram muito,
23:38aplaudiram muito,
23:39vieram elogiar,
23:41porque, enfim,
23:42foi envolvente
23:43a maneira
23:44como
23:45todo mundo
23:47falou
23:47a respeito
23:48de problemas concretos
23:49no Brasil
23:50e problemas
23:51que não tinham sido
23:52apontados
23:53em painéis
23:53como
23:54o do presidente
23:56do STF,
23:56Luiz Roberto Barroso.
23:58Então,
23:58todos consideraram
23:59que
23:59foi importante
24:01também
24:02esse tipo
24:02de panorama
24:03no evento.
24:04Greb,
24:05o que você
24:05quer destacar
24:06a respeito disso?
24:07Fica à vontade.
24:09Não, Felipe,
24:10eu estava aqui
24:10de plateia,
24:11eu estava assistindo,
24:12muito interessante.
24:14Realmente,
24:15deve ter sido
24:16um contraponto
24:17importante
24:20ao discurso
24:23dominante.
24:25Aqui no Brasil,
24:26nos Estados Unidos,
24:28as pessoas
24:29realmente têm
24:29dificuldade
24:30de sair
24:31das suas
24:31respectivas
24:33torcidas
24:34das suas bolhas
24:35e tentar
24:36olhar
24:38o mundo.
24:42Como
24:42determinadas
24:43profissões
24:44ou determinadas
24:46posições
24:47na vida
24:48demandam?
24:49A posição de jornalista
24:50demanda isso,
24:51a posição de juiz
24:52também demanda isso.
24:55Que você faça
24:56um esforço
24:57de abstração,
24:59de tentar
25:01olhar o mundo
25:02com imparcialidade.
25:04Então,
25:05parabéns,
25:06parabéns
25:07pelo painel,
25:08parece ter sido
25:09muito legal mesmo.
25:11E para quem
25:12quer ver a íntegra,
25:13eu coloquei no meu X,
25:14está ali
25:15numa das primeiras
25:15tweetadas,
25:16as postagens,
25:17o link
25:18com a minutagem
25:19correta,
25:19porque no vídeo
25:20do evento
25:21é um vídeo
25:22que cobre
25:23todos os painéis
25:24que foram
25:25naquele mesmo auditório
25:26ao longo do dia.
25:27Então,
25:27são horas ali
25:28do vídeo,
25:29em determinado momento
25:30tem o nosso painel.
25:32Então,
25:33é só entrar ali
25:34no meu X,
25:34arroba F mora Brasil,
25:36que vocês podem
25:36clicar direto
25:37e assistir
25:38a íntegra
25:39desse painel,
25:39assim como podem
25:40ver os outros
25:40no canal
25:41do YouTube
25:41da Brasil Conference.
25:44É isso,
25:45Papo Antagonista
25:45fica por aqui
25:46por hoje,
25:47eu continuo
25:48mais uns dias
25:48por aqui
25:50nos Estados Unidos
25:51e certamente
25:52fazendo,
25:53olha,
25:53foram muitos
25:54fãs,
25:55viu Grael?
25:55Muitos fãs,
25:56inclusive do seu trabalho
25:57do Antagonista,
25:59da Cruzoé,
26:00do Jornalismo
26:00Independente e Vigilante,
26:02esse é o ponto
26:03para mim
26:04mais interessante
26:05de quanta gente
26:06qualificada,
26:08que buscou qualificação,
26:09que buscou conhecimento
26:10e que se importa
26:12com o Brasil
26:13que eu encontrei
26:14aqui nos Estados Unidos.
26:17Muitos brasileiros
26:18realmente
26:19fora de bolha,
26:22sabe?
26:22interessados em aprender,
26:24interessados em ouvir,
26:26evidentemente,
26:27tem muita gente
26:28com as suas preferências,
26:29etc.,
26:30mas eu acho que
26:31um ponto muito positivo
26:33do evento
26:34é que
26:35ninguém foi impedido
26:36de falar
26:37por minorias barulhentas.
26:39E isso acontece
26:40em universidades americanas,
26:42inclusive,
26:42é um problema americano também,
26:44que gera toda
26:45a defesa
26:46do free speech,
26:48da liberdade
26:49de expressão,
26:50de discurso,
26:51de crítica,
26:52de imprensa.
26:53Então,
26:54evidentemente,
26:55tem comentários e tal,
26:57ah,
26:57essa parece não
26:57deveria ter esse painel,
26:58esse convidado
26:59não deveria ter
27:00ser essa coisa toda?
27:01Mas,
27:02o nosso público
27:03foi muito respeitoso,
27:04aplaudiu em diversos momentos,
27:06concordava,
27:07aplaudia,
27:08ou pode não concordar
27:09com o que alguém falou,
27:10fica calado,
27:11entende?
27:12Mas ninguém
27:12foi fazer protesto
27:14com cartaz
27:15e fechar a porta
27:17para que o palestrante
27:18não falasse.
27:20E é essa liberdade
27:22que a gente precisa cultivar
27:24no Brasil.
27:24As pessoas falam,
27:25você pode discordar,
27:26você pode criticar,
27:27você pode escrever
27:27sobre o assunto,
27:28você pode fazer um vídeo,
27:29uma live
27:30sobre o que a outra pessoa falou.
27:33Agora,
27:34deixa falar,
27:35né?
27:36Então,
27:37a gente defende
27:38isso também.

Recomendado