- 28/06/2025
O psiquiatra Daniel Martins de Barros lançou no final do ano passado um livro com uma abordagem provocadora, a de que as pessoas não precisam dar tudo o de si para serem o melhor em suas áreas.
Autor do livro Viver é melhor sem ter que ser o melhor: E outros princípios do Arcadismo para os dias de hoje, Barros argumenta que as pessoas podem ser felizes buscando ficar na média, ou na mediocridade.
Buscar sempre o primeiro lugar, além de ser um objetivo impossível para todo mundo, pode trazer consequências negativas, como o abandono de outras áreas da vida pessoal. "Não há pódio para todo mundo", diz Barros em conversa para o Crusoé Entrevistas.
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Autor do livro Viver é melhor sem ter que ser o melhor: E outros princípios do Arcadismo para os dias de hoje, Barros argumenta que as pessoas podem ser felizes buscando ficar na média, ou na mediocridade.
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NotíciasTranscrição
00:00Olá, seja muito bem-vindo, esse é mais um Cruzoé Entrevistas e eu sou o Duda Teixeira.
00:15Hoje vamos falar com Daniel Martins de Barros, psiquiatra, professor colaborador da USP e autor
00:22de um livro muito legal que é Viver é Melhor Sem Ter Que Ser o Melhor. Vou chamar o Daniel
00:29na tela. Oi, Daniel, tudo bem? Seja bem-vindo. Fala, Duda, obrigado, tudo jóia e você? Tudo jóia.
00:36Daniel, parabéns aí pelo livro, super gostoso de ler, adorei. O livro do Daniel é um livro que
00:43está aí nas melhores livrarias, eu ia falar, mas vamos dizer também nas livrarias medíocres também.
00:50É um livro azulzinho. E é Viver é Melhor Sem Ter Que Ser o Melhor e Outros Princípios do Arcadismo
01:00para os dias de hoje. Bom, o Daniel, vamos lembrar também, ele é bacharel em filosofia pela USP,
01:09então ele junta essas coisas que vêm desde a psiquiatria, também pela filosofia. O livro é muito legal porque
01:16ele faz um apanhado de tudo que está por aí, de série da Netflix, de frase do Woody Allen,
01:24entra tudo, mas eu acho que no final tem essa coisa legal de que é meio que empacotar, tem um filtro ali no
01:29final que é o filtro do psiquiatra e do filósofo que vocês estão vendo aí na tela. Daniel, para começar,
01:37então você pode explicar a ideia geral do livro e esse título aqui, Viver é Melhor Sem Ter Que Ser o Melhor?
01:46Pois é, Dudão. O livro, ele surgiu com essa ideia, né? Ele fala de outras coisas, mas ele surgiu com essa ideia.
01:55Esse aqui, você estava sem a sua cópia aí, eu tenho ele aqui para quem estiver acompanhando aí, vendo.
02:01É um livro pequenininho, Viver é Melhor Sem Ter Que Ser o Melhor e Outros Princípios do Arcadismo
02:06para os dias de hoje. Os outros princípios do arcadismo vieram meio que de contrabando, vieram na enfiada e a ideia original,
02:15a primeira ideia do livro veio com esse apelo do meio termo, com esse apelo do lugar mediano, da mediocridade.
02:25Eu fui convidado uma vez para uma palestra, até conto na introdução, era um evento que ia falar de alta performance.
02:33Aí me deu uma preguiça, rapaz, eu falei, mas alta performance não pode ser média, não pode ser uma performance assim mediana, tem que ser alta.
02:43E aí surgiu essa brincadeira, eu falei, se a gente vier fazer um livro assim sobre o segredo da baixa performance,
02:49como ser feliz na média. E conversando com amigos, conversando aí com as pessoas sobre essa ideia,
02:56a coisa foi crescendo, eu falei, pô, acho que eu vou por aí. E lembrei de um princípio do arcadismo,
03:03lembrei do ensino médio, né, que o arcadismo tinha alguns lemas e um deles era o áurea mediocritas,
03:11a mediocridade de ouro. Aí eu falei, pô, acho que esse aqui pode enriquecer essa discussão, né,
03:18a ideia desse lema pode enriquecer a discussão. E aí fui atrás do lema do arcadismo e lembrei dos outros,
03:25todos os lemas do arcadismo e todos me pareceram muito relevantes, muito importantes.
03:30Além do áurea mediocritas, que tem essa mediocridade de ouro, tem o fugir urbem, fugir da cidade,
03:37encontrar um lugar bucólico, um lugar do campo, o inutilha truncate, livrar-se do que é inútil,
03:44e o mais famoso, que é o carpe diem, né, aproveite o dia, colha o que o dia te traz.
03:51Então, eles me pareceram tão relevantes que eu falei, opa, tem mais coisa aqui do que só a ideia
03:56da mediocridade de ouro, né. Então foi assim que surgiu esse mergulho aí no arcadismo e, como você falou, né,
04:04essa ponte, no final das contas, eu tô falando de comportamento, no final das contas,
04:08eu tô falando da nossa saúde mental, mas um caldo aí de enriquecimento cultural, né,
04:15que ajuda a gente a colocar a coisa com o pé no chão.
04:18Vamos falar desses princípios aí do arcadismo.
04:21Eu lembrava do arcadismo só, bom, o arcadismo é a expressão literária do neoclassicismo, né,
04:27e eu lembrava do arcadismo mais daqueles poemas, que era o camponezinho,
04:31o pastor de ovelhas, né, no meio do campo, curtindo a vida.
04:34Mas aí foi legal que você me trouxe uma outra visão do arcadismo que eu não tinha
04:40e achei muito legal.
04:43E, Daniel, tem uma definição de sucesso no seu livro e eu queria que você comentasse, tá?
04:49Que é, o sucesso deveria ser medido não apenas pelo que conquistamos,
04:55mas também pelas coisas de que não abrimos mão para alcançar tais conquistas.
05:00Você podia explicar um pouquinho essa frase?
05:02Essa é uma ideia que me acompanha há alguns anos,
05:06eu, sinceramente, não sei se é minha, viu?
05:09Mas eu não sei a origem,
05:12tá uma coisa aí rodando na minha cabeça há muitos anos,
05:17mas a ideia é que, assim, a gente mede o sucesso pelo que a pessoa alcançou.
05:22O sujeito conseguiu a promoção, o sujeito ficou milionário,
05:26a mulher conseguiu virar CEO, enfim, a gente mede o sucesso pelo que as pessoas alcançaram.
05:34Só que a gente esquece que para alcançar alguma coisa tem um caminho árduo, né?
05:39Tem uma ralação enorme que envolve muitos sacrifícios.
05:45Para você conseguir alguma coisa, normalmente você faz opções,
05:49você faz escolhas que envolvem muitos sacrifícios.
05:52E aí a gente só mede o sucesso pelo que a pessoa conquistou
05:57e a gente esquece de olhar o sacrifício.
06:00Então o que eu proponho é que também é uma medida de sucesso
06:04você medir aquilo que a pessoa não sacrificou.
06:09Então, assim, você conseguiu a promoção?
06:12Cara, não consegui a promoção.
06:14Mas eu não precisei abrir mão do tempo com os meus filhos,
06:18eu pude ficar o tempo com a minha esposa, com o meu marido,
06:20eu consegui continuar assistindo meus seriados,
06:23eu não abri mão do meu conforto,
06:25eu não tive que mudar de cidade para um lugar distante das pessoas que eu amo,
06:30mas não consegui a promoção.
06:31Então foi um fracasso, foi um fracasso em termos de conseguir a promoção.
06:37Mas foi um sucesso em termos daquilo que eu consegui preservar e não abrir mão.
06:40E eu acho que a gente valoriza tanto o que as pessoas conquistaram
06:44e a gente esquece de valorizar o que as pessoas mantiveram, né?
06:49É claro, desde que sejam coisas importantes que façam sentido para a pessoa, enfim.
06:55E aí acho que tem um outro conceito que está no arcadismo e está no livro,
07:00que é o carpe diem, né?
07:02Que é a gente meio que aproveitar a vida,
07:07mas não com aquela ideia de, como você fala, de perder as estribeiras, né?
07:12De sair e consumir um monte de coisa.
07:16Mas é um carpe diem no sentido que tem uma revisão dos objetivos da vida.
07:22Aí tem um outro trechinho do livro aqui que você fala
07:24que deixam de ser extrínsecos,
07:27eu vou pedir para você explicar isso, né?
07:29E passam a ser intrínsecos.
07:32Você podia explicar, então, o que seria esse aproveitar da vida,
07:36esse carpe diem?
07:39Pois é, o carpe diem é famoso,
07:42principalmente por causa do filme Sociedade dos Poetas Mortos.
07:45Mesmo quem tem um perfume ou um pano de prato bordado,
07:50o carpe diem, um perfume chamado carpe diem,
07:52que não assistiu Sociedade dos Poetas Mortos,
07:55tem esse pano de prato ou esse perfume
07:58por causa desse filme, provavelmente.
08:01Até coloco no livro um gráfico muito interessante
08:03das ocorrências dessa expressão nos livros, né?
08:08Usando aí a base de dados de todos os livros cadastrados na Google.
08:14E aí tem uma ocorrência baixa e no final dos anos 90
08:19aquilo dá um salto, mentira, nos anos 90, né?
08:22O filme é de 89, isso dá um salto
08:25porque o Robin Williams, que estava disparando ali, né?
08:29Estava começando a despontar como um grande ator que ele foi,
08:33faz esse papel importante, o filme concorreu ao Oscar,
08:36e ele fala para os alunos, cita um poema em inglês,
08:41de um poeta inglês ou americano, mas enfim, anglófono,
08:45e aí ele fala, a tradução do princípio que ele está dizendo aqui,
08:50de uma rosa que vai morrer, que amanhã pode não estar lá,
08:53então você tem que cheirar a rosa hoje,
08:55a tradução latina é o carpe die,
08:58é o aproveite o dia.
09:00E aí isso, então, fez muito sucesso,
09:02só que fez um sucesso, Luda, nessa interpretação de,
09:06olha, mete o pé na jaca, então, né?
09:09Você não sabe se vai estar vivo amanhã,
09:10então aproveita agora,
09:12beba como se não houvesse amanhã, né?
09:14Compre como se não houvesse amanhã,
09:16viva como se não houvesse amanhã.
09:17E não é esse o princípio real que está lá na sabedoria grega
09:23resgatada pelo arcadismo,
09:25até porque não é coerente com o princípio do meio termo, né?
09:28Como é que você fala que o meio termo é bom
09:31e fala, mete o pé na jaca aqui, vai para o extremo.
09:34A ideia do carpe die é muito mais a gente lembrar
09:38da transitoriedade da vida,
09:41da transitoriedade das coisas.
09:44Carpe é colher, né?
09:46Então, a ideia é colher o dia,
09:49colher aquilo que está brotando hoje,
09:51porque as coisas são transitórias
09:52e amanhã você pode não ter a oportunidade
09:57que você está tendo no dia de hoje.
10:00Tem muito mais a ver com o outro adagio, né?
10:03Que é o memento mori,
10:05lembra-te que morrerás.
10:07E o que eu falo dos objetivos extrínsecos
10:10e dos objetivos intrínsecos
10:12é que quando a gente pensa na morte,
10:15quando a gente vislumbra a nossa finitude,
10:19quando, isso até da experiência cotidiana, né?
10:22Quando pessoas passam por doenças graves
10:25ou acompanham alguém com doenças graves,
10:27muda, né?
10:28Um pouco a chave de pensamento da pessoa,
10:31todo mundo,
10:31é muito como as pessoas dizerem,
10:33puxa, depois dessa experiência,
10:35aí eu mudei,
10:36eu passei a valorizar mais
10:37a minha própria vida,
10:41passei a valorizar mais os meus relacionamentos,
10:44passei a valorizar mais o meu tempo,
10:46dei um pouco menos de importância
10:48para a promoção,
10:49para o dinheiro,
10:50para o carro,
10:51tanto faz o carro que eu estou dirigindo,
10:52se eu estou ou não de carro,
10:53é muito mais importante
10:54quem está comigo naquele passeio.
10:57Ou seja,
10:57os valores intrínsecos
10:59são aqueles internos
11:00e quando a gente passa
11:01por uma situação dessa,
11:02quando a gente contempla
11:03a nossa finitude,
11:05a gente se liga muito mais
11:06nesses valores que são internos,
11:08que são da nossa matéria-prima, né?
11:12Do nosso emocional,
11:13da nossa vivência
11:14e muito menos
11:15para esses valores que são externos,
11:17que vêm de fora,
11:18que é salário,
11:18que é bem,
11:19que são as coisas externas mesmo
11:22na nossa vida.
11:23Então, o Carpe Diem é isso,
11:25é a gente estar presente no momento,
11:28a gente estar ligado
11:29ao que está acontecendo,
11:30a gente desfrutar
11:31aquilo que está ao nosso redor
11:33naquele momento,
11:33porque aquele momento é único
11:35e aquele momento é passageiro.
11:37E você traz no livro
11:39uma pergunta que você fez
11:40para a Ana Cláudia Quintana Arantes,
11:42que é autora do livro,
11:44vários livros, né?
11:45Um deles, acho que é
11:46A Morte é um Dia que Vale a Pena Viver.
11:50E ela te responde, né?
11:52As pessoas estão muito anestesiadas
11:53pela vida, né?
11:55E, de fato, assim,
11:56quando a gente tem essa experiência,
11:58de que alguém,
11:59algum parente morre,
12:00alguma coisa assim,
12:00faz a gente repensar muita coisa.
12:04Então, achei superinteressante.
12:07Eu tomei uma bronca dela, Duda,
12:09foi engraçado.
12:10A gente estava num debate lá,
12:12eu estava mediando um debate
12:14da Editora Sestante,
12:15comemoração de aniversário
12:16da Editora Sestante,
12:17me colocaram para mediar
12:18um debate que ela estava.
12:19E aí eu falei,
12:20pô, Ana, mas por que, né,
12:21que as pessoas precisam
12:22levar esse susto?
12:24Por que as pessoas precisam
12:26passar pela morte de alguém
12:28ou por um, né,
12:28quase sua própria morte
12:30para despertar para isso?
12:33Aí ela falou,
12:33meu,
12:34quão anestesiado você está
12:36para a vida,
12:37quão desconectado você está
12:38de si mesmo
12:39para não saber
12:40que a vida é transitória, né,
12:42para não aproveitar o momento.
12:43Aí eu até brinquei,
12:44falei,
12:44não precisa levar um susto,
12:46basta levar uma bronca,
12:47assim,
12:47que nem na frente
12:49de todo mundo.
12:50Mas é verdade, né?
12:51Quer dizer,
12:52precisa ser eu,
12:53precisa ser a gente,
12:54é dizer,
12:54ah, você vai morrer,
12:56a gente vive,
12:57parece que para esquecer disso, né?
12:59Tá.
12:59E ela é da USP também,
13:01não é?
13:01Acho que é da USP.
13:02É,
13:02ela é do Hospital das Clínicas,
13:04eu fico com colega médica,
13:06só que ela é, assim,
13:07especializada, né,
13:08em geriatria
13:09e cuidados paliativos.
13:10Tá.
13:12Daniel,
13:13bom,
13:13eu li o seu livro
13:15também no ônibus,
13:17e eu sempre que estou no ônibus,
13:18eu vejo aquele monte de gente
13:19com celular,
13:20só vendo aqueles videozinhos bobos, né?
13:23Isso daí é aproveitar a vida,
13:26essas pessoas estão curtindo
13:27esse momento,
13:28como é que você vê?
13:30Rapaz,
13:31sabe que as redes sociais,
13:34elas,
13:35como toda tecnologia,
13:37elas têm um custo e um benefício, né?
13:39Toda tecnologia é isso, né?
13:41A gente usa óculos aqui,
13:42óculos tem um baita benefício,
13:43mas tem um custo também,
13:44às vezes dá espinha no nariz,
13:46escorrega, né?
13:47Então,
13:48tudo tem custo e tudo tem benefício.
13:50E, de forma geral,
13:51a humanidade vai desenvolvendo as tecnologias,
13:54diminuindo os seus custos
13:55para aproveitar mais os benefícios.
13:57Eu acho que as redes sociais,
13:58a gente ainda não aprendeu a fazer isso.
14:01Eu tenho a sensação muito firme
14:03de que o saldo ainda está negativo,
14:06sabe?
14:06Que a gente ainda tem mais a perder.
14:10Por enquanto,
14:10a gente tem perdido mais do que ganhado.
14:12Tem ganhado algumas coisas,
14:14mas me parece que a gente tem perdido mais
14:16em custo mesmo da nossa saúde mental.
14:20Isso que você falou é uma das outras coisas, né?
14:22É a distração,
14:23a desconexão da vida.
14:25Você acha que você está vendo alguma coisa lá,
14:26mas, na verdade,
14:27você está anestesiando o seu cérebro,
14:29você está simplesmente passando o tempo,
14:32é quase que colocando o cérebro em stand-by,
14:34quando você está zumbizando ali pelos vídeos, né?
14:40E fica muito desconectado.
14:42Uma das experiências mais legais
14:44que eu cito nesse livro
14:46foi inspirada por um vídeo
14:47de uma escritora, autora, diretora,
14:52que ela colocava lá umas notas de um dólar
14:55penduradas numa árvore em Chicago
14:58e filmava as pessoas passando batido pelas notas,
15:02assim, nem vendo.
15:03E tinha bilhetinhos, assim, aproveite,
15:05isso é seu, olha que surpresa agradável.
15:08As pessoas não viam,
15:10ou muitas ou as vezes olhavam para a árvore
15:12e passavam direto, assim,
15:13olhavam, mas não enxergavam.
15:15E aí os psicólogos transformaram isso
15:17num experimento científico,
15:19colocaram ali uma nota pendurada numa árvore
15:22que ficava no meio da calçada,
15:23as pessoas tinham que desviar do galho para passar
15:26e as pessoas não viam a nota, assim.
15:2818% das pessoas só que notavam a nota
15:33quando elas não estavam no celular,
15:37mas quando elas estavam no celular
15:38era coisa de 5, 6% das pessoas que viam a nota.
15:43Então, quer dizer, 95%, 94, 95% das pessoas
15:48ficam absolutamente desligadas do seu ambiente
15:51e não estão vendo nem dinheiro nascendo em árvore
15:53quando estão mergulhadas nos seus aparelhos, né?
15:57Isso é uma desconexão,
15:58isso é realmente, você não está aproveitando
16:02aquele momento que ele é passageiro,
16:04ele é transitório e passou.
16:05Você estava lá vendo o vídeo.
16:07E tem uma coisa que é interessante
16:08que você mostra no livro,
16:10é que saciar esse vício, né?
16:12Que você fala que o cérebro tem esse interesse, né?
16:15De descobrir coisas novas.
16:17Então, você está ali vendo os videozinhos,
16:19mas que satisfazer um vício
16:22é um mecanismo diferente de você obter prazer, né?
16:27Você pode explicar um pouquinho melhor?
16:30É muito interessante essa diferença, né?
16:33Porque quando a gente fala,
16:36e é muito famosa, a dopamina, né?
16:38O neurotransmissor,
16:39que as pessoas falam,
16:40ah, o neurotransmissor do prazer,
16:42não é bem assim.
16:43Porque a dopamina é o neurotransmissor do
16:46faça de novo, do repita.
16:49Faça isso mais uma vez,
16:51porque isso é importante pra você.
16:53Independente de prazer.
16:55Muitas vezes vem associado ao prazer,
16:57mas pode vir desassociado.
16:59E o vício, ele entra justamente nesse mecanismo.
17:02A pessoa, ela se torna compulsiva,
17:05ela se torna ali escrava
17:07da repetição daquele comportamento,
17:10e ela já nem obtém mais prazer,
17:13já nem é mais gostoso,
17:14já nem é mais prazeroso,
17:16mas ela tem essa sensação
17:17que ela tem que fazer,
17:18ela não consegue deixar de fazer,
17:20mesmo que não esteja aproveitando mais.
17:22Às vezes é meio contraintuitivo, né?
17:24Por que a pessoa faz de novo
17:25se não tem prazer?
17:27Porque do nosso cérebro
17:28tem mecanismos que nos levam a repetir.
17:31O que algumas drogas fazem,
17:33por exemplo,
17:34que nas primeiras doses,
17:36no começo da dependência,
17:38ela dá uma resposta, assim, positiva,
17:40mas depois disso é só a compulsão,
17:42é só o ter que repetir,
17:44sobretudo as drogas que dão
17:45essa descarga de dopamina.
17:48Isso é diferente do fruir, né?
17:51Do aproveitar, do desfrutar,
17:53que normalmente quando a gente quer desfrutar,
17:56quer aproveitar,
17:57quer realmente fruir mesmo aquela experiência,
18:01a gente vai devagar,
18:03a gente não vai compulsivamente,
18:04a gente não vai de uma vez,
18:06porque você quer que aquilo dure,
18:07porque você quer aproveitar em todas as nuances,
18:10coisas, né?
18:12Eu quando fico, às vezes,
18:14sem querer, né,
18:16vendo muito esses videozinhos,
18:17que às vezes eu sou pego por isso,
18:18também sou fisgado, né?
18:21Mas fica um tempinho ali,
18:23a hora que termina,
18:24me dá uma sensação de angústia,
18:26assim, fala assim,
18:27nossa, perdi meu tempo, né?
18:29É, por isso.
18:30Mas tem que ter um policiamento aí, né?
18:32Uma coisa de fazer,
18:33não vou fazer.
18:34É, e veja,
18:36não estou aqui para demonizar
18:38os vídeos e nem as redes sociais,
18:41enfim,
18:42a questão não é se é do bem ou se é do mal,
18:45a questão é que
18:47elas estão desenvolvendo
18:49uma forma
18:50de explorar
18:53essa tendência do nosso cérebro
18:55de buscar a recompensa,
18:57e buscar a novidade,
18:58e o nosso capital que eles exploram
19:01é a nossa atenção,
19:02então as pessoas ficam realmente
19:05horas fisgadas
19:06nesse looping,
19:08sem acrescentar nada,
19:09e tudo bem às vezes
19:10você querer fazer isso,
19:12mas o alerta,
19:14o chamamento aqui
19:14é quem está no controle.
19:17Não, eu faço porque
19:17eu quero aqui,
19:18eu quero fazer um pouquinho,
19:19eu quero nesse momento
19:20desligar mesmo,
19:21ou não.
19:22Cara, assim,
19:23eu já estou
19:23ficando preso ali,
19:25eu queria fazer outras coisas,
19:26mas é mais fácil
19:27fazer isso aqui,
19:28então, putz,
19:29aí eu não leio mais,
19:30aí eu não converso mais
19:30com os meus filhos,
19:32aí eu não ligo mais
19:33para as pessoas,
19:34sabe?
19:34Então, acho que esse
19:35é o alerta mesmo.
19:38Daniel, e tem um outro assunto
19:39aqui, que é um outro
19:40princípio do arcadismo,
19:42que é o fugere urbem,
19:44não é isso?
19:45E eu acho que é
19:47fugir da cidade,
19:49né?
19:49E aí você mesmo
19:51coloca ali,
19:52e fala assim,
19:52puxa, mas a realidade
19:53é que está todo mundo
19:54indo para a cidade,
19:56né?
19:57E aí você meio que
19:58interpreta,
19:59reinterpreta,
20:00né?
20:00esse princípio aí.
20:03Fugir da cidade
20:05é uma solução?
20:07Como é que você vê?
20:09Tem dois aspectos,
20:10eu acho,
20:11no fugir urbem.
20:12Tem uma
20:12interpretação
20:14que eu dou,
20:15que é meio,
20:17não sei se dourando a pílula
20:18ou aliviando um pouco,
20:20que eu chego nela
20:21depois.
20:22Primeiro,
20:23vamos falar
20:24de que,
20:24de fato,
20:26a cidade é
20:27aversiva,
20:28a cidade é
20:28antinatural,
20:29a cidade é
20:30agressiva
20:31para a nossa
20:32natureza,
20:33né?
20:33Nós não somos
20:34seres urbanos,
20:35nós somos seres
20:36animais
20:37de origem
20:38da natureza.
20:40Por isso que
20:41todas as experiências
20:43de contato
20:45com a natureza
20:46são,
20:48lógico,
20:48que não as experiências
20:49traumáticas, né?
20:50porque a natureza
20:50também pode ser
20:51bem violenta,
20:52mas falando
20:54de você
20:55estar em contato
20:56com a natureza,
20:57de você estar
20:57num bosque,
20:58de você estar ali
20:59observando as aves,
21:01de você estar
21:02nadando
21:02num rio,
21:04todas as experiências
21:05que nos colocam
21:06nesse contato
21:07com a natureza
21:07tendem a ser
21:08muito agradáveis,
21:10a ser restauradoras,
21:12né?
21:12Trazerem um bem-estar,
21:13porque elas
21:14meio que nos devolvem
21:15para o nosso
21:16ambiente natural,
21:18para o nosso
21:18ambiente original,
21:20trazendo aí
21:20essa tranquilidade,
21:22diminuindo o estresse,
21:24até em parâmetros
21:24físicos do estresse,
21:26no batimento cardíaco,
21:28pressão arterial,
21:29cortisol,
21:30tudo isso
21:30tende a melhorar.
21:32Então,
21:32existe um aspecto
21:33literal
21:35no Fugir e Urbem
21:36de que é bom,
21:37sim,
21:38que a gente
21:39busque ativamente
21:40contato com a natureza,
21:42do jeito que der,
21:44né?
21:44Seja numa excursão
21:46para um interior aí,
21:49para uma reserva
21:50florestal,
21:51seja colocando um vaso
21:52e um aquário
21:53na sua mesa,
21:54não sei qual que é
21:55a possibilidade
21:57de cada um,
21:58mas existe aí
21:58uma coisa importante
22:00dessa busca
22:00do contato com a natureza,
22:02mas a gente
22:03precisa ser realista
22:06de que a cidade
22:07não é só ruim,
22:08senão as cidades
22:09não estavam crescendo
22:10e a população
22:11rural diminuindo,
22:12a cidade tem também
22:13benefícios,
22:14ela traz facilidades,
22:16ela traz acesso,
22:17ela traz,
22:18enfim,
22:19velocidade,
22:20ela traz enriquecimento,
22:21possibilidade de enriquecimento,
22:22oportunidades,
22:23por isso que as pessoas
22:24vão para a cidade também.
22:26Então,
22:26e os próprios poetas
22:27árcades que falavam
22:29do bucolismo,
22:30do pastorzinho,
22:31moravam nas cidades,
22:32né?
22:34Então,
22:34eu falo,
22:34bom,
22:35talvez o Fugir e Urbem
22:36seja também
22:37um lembrete,
22:39uma coisa de,
22:40olha,
22:40tá bom,
22:40eu sei que você não vai
22:41para o interior,
22:42você não vai morar
22:45na floresta,
22:46mas lembra
22:47que a cidade
22:49cobra um preço,
22:51lembra que esse barulho
22:52constante
22:53não faz bem,
22:55lembra que os passarinhos
22:56estão voando ao seu redor
22:57e você não está
22:57prestando atenção,
22:59lembra que você pode
23:00ter mais verde na sua casa
23:01e você não está tendo,
23:02né?
23:02Então,
23:03é fugir da cidade
23:05dentro da cidade,
23:06eu acho que é uma
23:06forma também
23:07de a gente interpretar
23:09esse chamado
23:11ao contato
23:11com a natureza.
23:12A cidade é bom,
23:13mas ela tem um preço,
23:15não esqueça
23:15que você está pagando
23:16esse seu preço,
23:17porque se você esquecer,
23:19aí,
23:19o preço,
23:22a carga
23:22pode ser ainda maior.
23:26Daniel,
23:26ainda tem um princípio aqui
23:28que a gente não falou
23:28sobre ele,
23:29que é o inutilia truncato,
23:31que é cortar o sucesso,
23:32não sei se eu deixei
23:33mais um de fora,
23:34mas o objetivo aqui
23:35não é esgotar tudo,
23:36porque a gente também
23:37tem que convidar as pessoas
23:38para comprar
23:39e lerem o livro,
23:40né?
23:41Claro,
23:42mas essas pinceladas
23:44são mais para instigar mesmo,
23:46né?
23:47Enfim,
23:48eu acho que ela dá bem
23:49o tom,
23:49o tom desse livro aí.
23:51E o inutilia truncato,
23:52ele é o que eu mais faço
23:54no livro,
23:56a relação com a literatura mesmo,
23:59né?
24:00Porque ele surge
24:01como uma resposta
24:03ao excesso do barroco,
24:05não é?
24:05O arcadismo vem na sequência
24:06do barroco,
24:07o barroco era aquela coisa
24:07excessos
24:09e figuras de linguagem,
24:11né?
24:11E exageros,
24:12e aí os caras falaram,
24:13meu,
24:14pesamos a mão,
24:14foi demais,
24:15vamos cortar aqui
24:16o que está sobrando.
24:18Mas essa é uma loja
24:19que vale tanto para a gente,
24:21né?
24:21No nosso dia a dia
24:23de excessos,
24:24excessos de compra,
24:25excessos de consumo,
24:27excessos de consumo
24:28de notícias,
24:29de conteúdos,
24:30então a gente precisa
24:31também lembrar
24:33de tirar um pouquinho
24:34o pé
24:35para não ficar
24:35soterrado
24:36no nosso consumo
24:39irrefreável, né?
24:42Seja de coisas,
24:43seja de conteúdos,
24:44de notícias,
24:45seja do que for.
24:47Interessante no livro também
24:48que você coloca
24:49aquilo que a gente,
24:50a gente tem uma tendência
24:51natural,
24:52biológica,
24:53de sempre querer mais,
24:54né?
24:54É que nós somos descendentes
24:56dos insatisfeitos.
25:00E é isso, né?
25:02Imagina,
25:03a gente vem
25:04de uma origem
25:05evolutiva
25:08em que não tinha comida
25:09para todo mundo,
25:10não tinha repouso
25:12para todo mundo,
25:12não tinha recurso
25:13para todo mundo,
25:14então quem queria mais,
25:16quem era mais insatisfeito
25:17provavelmente teve mais
25:18necessidade,
25:20mais possibilidade
25:21de sobrevivência, né?
25:22Eu imagino o Homem das Cavernas
25:24falando,
25:24ah, come aí, gente,
25:25come aí,
25:25eu fico com o que sobrar.
25:27Esse cara não viveu
25:29para deixar descendente, né?
25:31Quem deixou descendente
25:31é quem comia tudo
25:33quando tinha pela frente.
25:34Então essa ideia de
25:35ah, eu quero sempre mais,
25:37essa tendência
25:37que a gente tem
25:38de eu estou insatisfeito,
25:40eu preciso demais,
25:41ela foi muito útil
25:42para a nossa sobrevivência
25:43quando havia
25:43escassez de recursos.
25:45Agora que há
25:46sobra de recursos,
25:47isso vira um problema.
25:50Daniel,
25:50me ajuda agora
25:51com uma frasezinha
25:52bem curtinha,
25:53assim,
25:53para botar lá no título
25:54da entrevista.
25:56Eu vi você falando
25:57em outras entrevistas,
25:58bom,
25:59o Daniel também é
25:59colunista do Estadão, né?
26:01Deu uma entrevista
26:01bem legal lá no podcast,
26:03você falou uma coisa assim,
26:04tipo,
26:05vem para o médico
26:07que está gostosinho,
26:08né?
26:08Mas eu vi outras aqui,
26:12a vida boa não é fácil,
26:15a mediocridade vale o ouro,
26:18o que você sugere aí?
26:20Olha, eu acho
26:22que são variações
26:24do mesmo tema,
26:25mas que dão a ideia
26:27de que é o seguinte,
26:28está todo mundo na média,
26:30então para de brigar com isso,
26:32para de fingir que não,
26:34não tem pódio
26:36para todo mundo,
26:37então por que você fica
26:38reclamando de estar na média
26:40se está todo mundo aqui,
26:42né?
26:42Está todo mundo aqui
26:43e tem um lá,
26:44por que só ele
26:44que tem valor
26:45e está todo mundo aqui
26:46desvalorizado, né?
26:50Então, acho que valorizar
26:52valorizar a maioria
26:55ou, sabe, reconhecer
26:57que tudo bem,
26:59tem mérito quem está lá,
27:00mas não é só no pódio
27:05que está o mérito, sabe?
27:06Não é só o ouro
27:07que tem valor,
27:09eu acho que são variações
27:11do mesmo tema, assim,
27:12aí eu brinco, né?
27:13Vem para a média
27:14que está gostoso,
27:15abraça a mediocridade
27:16que ela é de sua companheira,
27:18né?
27:18Eu acho que
27:22abandonar a ideia
27:24de que mediocridade
27:25é xingamento, né?
27:27Mediocridade não é ofensa,
27:28é descrição, né?
27:30Você está descrevendo
27:31a maioria,
27:32então é isso,
27:33medíocre não é xingamento,
27:34é simplesmente
27:35uma constatação.
27:37Ótimo.
27:38Daniel,
27:39como eu não tenho
27:40livro físico,
27:41você pode mostrar
27:42de novo aí
27:43para fazer propaganda?
27:44Ótimo.
27:44É isso aí.
27:45Viver é melhor
27:46sem ter que ser melhor.
27:47É pequenininho,
27:48é um livro para, assim,
27:50é uma reflexão mesmo, sabe?
27:51Para a gente sentar
27:53e pensar juntos
27:54no que a gente quer
27:56para a nossa vida.
27:57Daniel,
27:57e você também escreveu
27:59Rir é Preciso?
28:00Me ajuda a lembrar
28:00os anteriores.
28:02Ah, não,
28:03são...
28:04se a gente for falar
28:05de todos,
28:06tem desde os infantis,
28:09viagem por dentro do cérebro,
28:11o caso da menina sonhadora,
28:13tem as compilações
28:15de artigos do Estadão,
28:16que é o...
28:17além do consultório,
28:19mas os mais recentes
28:20pela editora assistente,
28:21o anterior,
28:22ao viver é melhor,
28:23sem ter que ser melhor,
28:24foi o Rir é Preciso,
28:26que faz um estudo
28:27sobre o riso,
28:28sobre o humor,
28:29desde o ponto de vista
28:30filosófico,
28:31histórico,
28:32psicológico,
28:34é um livro bem...
28:35bem gostoso de ler,
28:37mas bastante aprofundado,
28:39e o anterior
28:39tinha sido
28:40O Lado Bom do Lado Ruim,
28:42em que eu mostro
28:43que as emoções negativas
28:44têm uma importância
28:45fundamental para a nossa vida,
28:47então,
28:47elas não devem ser eliminadas,
28:49é importante a tristeza,
28:51é importante o medo,
28:52elas têm um lado útil,
28:53e o primeiro com a sextante
28:55tinha sido
28:55Pílulas de Bem-Estar,
28:57aí dicas com evidências científicas
28:59para o nosso...
29:00para o nosso bem-estar,
29:01para o nosso dia a dia.
29:03Ótimo, Daniel,
29:04é isso,
29:04muito obrigado aí
29:05pela participação,
29:06mais um Cruzói Entrevistas.
29:09Valeu, Duda,
29:09o prazer foi meu,
29:10estamos aí
29:11à disposição
29:12para bater mais papos.
29:13Jóia,
29:14tchau.
29:15Tchau, tchau.
29:15Bom,
29:16eu falei com o Daniel Martins de Barros,
29:18psiquiatra,
29:20também formado
29:20em filosofia,
29:22ele que é autor
29:24do livro
29:24Viver é Melhor
29:26Sem Ter Que Ser o Melhor.
29:28Esse foi mais um Cruzói Entrevistas,
29:30muito obrigado aí
29:32pela audiência,
29:32até a próxima,
29:33tchau.
29:33Tchau.
29:34Transcrição e Legendas por Quintena Coelho
29:39Legendas por Quintena Coelho
29:41Legendas por Quintena Coelho
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