New York Times admite erros no caso do hospital em Gaza

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Transcript

00:00Vamos falar agora, que não está no nosso roteiro,

00:03mas é que eu acabei de publicar, acho que eu citei no início do programa,

00:06o artigo longo, a retratação da imprensa pelo maior vexame na cobertura de Gaza.

00:11E eu queria pegar pelo menos um exemplo, porque New York Times,

00:14CNN Internacional, BBC, Wall Street Journal, Associated Press,

00:20publicaram aí notas, análises a respeito do que aconteceu no caso do hospital.

00:25Quem acompanhou aqui no Antagonista na Cruz Oé não foi desinformado

00:28em nenhum momento sobre esse caso, porque a gente teve prudência

00:31e foi fiel aos fatos e aquilo que dava para falar,

00:35fazendo a devida atribuição em determinados momentos a especialistas,

00:40a lideranças de países democráticos.

00:41Agora não cai, o Antagonista não fica caindo em narrativa do Hamas,

00:46manchetando, dando destaque no portal para aquilo que é informado sobre Israel,

00:54sobre um bombardeio, com número de mortes, com número de feridos, por terroristas.

01:01Então, em níveis diferentes, houve notas, análises que acabaram concluindo

01:05aquilo que a gente vinha falando.

01:07Uns fizeram uma meia-culpa maior, outros fizeram uma meia-culpa menor.

01:11Eu vou trazer o primeiro exemplo, que é o do New York Times,

01:13que depois de ajustar, modificar, trocar, tentar botar a culpa, honrar mais e tal,

01:24fez sim uma meia-culpa assumindo que a cobertura errou.

01:30Então, só trazer aqui um pequeno histórico do caso, do New York Times.

01:34Lembrando que houve as manchetes do bombardeio israelense,

01:40deixa 500 mortos no hospital por diversos veículos da imprensa internacional.

01:44Depois se viu que foi uma explosão no estacionamento,

01:47que não derrubou os prédios do hospital.

01:50Não há confirmação de mortes e feridos, muito menos de centenas deles.

01:56E que o maior conjunto de indícios aponta

01:59é para um foguete disparado dentro do próprio território de Gaza,

02:03segundo Israel, pela jihad islâmica.

02:06Então, o New York Times, naquele dia 17, que foi o dia da explosão,

02:10colocou a matéria em destaque, a manchete.

02:13Ataques israelenses matam centenas em hospital, dizem palestinos.

02:19A variação posterior, centenas relatados mortos em explosão em hospital de Gaza.

02:24Depois teve um ajuste.

02:25Após explosão em hospital, manchetes mudam com mudança de alegações.

02:30Quando veio essa matéria mais crítica,

02:33com o subtítulo

02:34Os acontecimentos em rápida evolução

02:36reaçaram a dificuldade em cobrir a guerra entre Israel e Hamas.

02:40Eu comentei nas redes sociais.

02:42Na verdade, as alegações não mudaram.

02:44Porque Israel disse que não foi Israel.

02:47E o Hamas continuou dizendo

02:49aquilo que eles sempre tentam dizer.

02:52É, bobadeio israelense que matou centenas de pessoas.

02:55Então, os acontecimentos reaçaram a pressa do New York Times e do restante da imprensa

02:59em acreditar no Hamas para culpar Israel.

03:02E ainda acrescentei ali no Twitter, no X,

03:05a imprensa muda manchetes, mas ainda tenta se eximir de responsabilidade.

03:10E aí, logo depois, o New York Times buscou colocar a culpa no grupo terrorista

03:13e emplacou uma nova manchete.

03:14Hamas fracassa em demonstrar que Israel atacou o hospital.

03:18E aí, o subtítulo é

03:20Um alto membro do Hamas disse que não sobrou nada da munição que atingiu

03:24o hospital árabe Al-Ali, na cidade de Gaza, na semana passada,

03:28matando centenas de pessoas.

03:29Israel diz que a explosão foi causada por um foguete palestino que falhou.

03:33E tem um trecho da matéria.

03:34Cinco dias depois de ter acusado Israel de bombardear um hospital em Gaza,

03:39o Hamas ainda não apresentou qualquer prova disso.

03:42Afirmou não ter encontrado restos da bomba

03:44e se negou a demonstrar o número de vítimas.

03:47Fecho aspas.

03:49Aí eu perguntei.

03:50Ora, deve ser porque um grupo terrorista que comete assassinatos em massa

03:53e sequestra até mulheres e bebês?

03:55Aliás, hoje a conta está colocando lá o caso de uma mulher grávida

03:58e de um bebê decapitado.

04:00Não tem qualquer compromisso com a verdade, não é mesmo?

04:03Ou o New York Times ainda não havia reparado?

04:05Mas, como o jornal fracassou em culpar apenas o Hamas,

04:09o seu editor finalmente publicou uma nota,

04:12hoje, segunda-feira, dia 23,

04:14admitindo erros cometidos desde o começo da cobertura do caso,

04:19segundo ele, muito baseada nas alegações do Hamas.

04:24E aí tem lá uma nota longa, não vou ler inteira,

04:29mas eu vou ler dois parágrafos aqui.

04:32A frase final do primeiro,

04:33o relatório incluiu uma grande manchete no topo do site do Times,

04:36quer dizer, o jornal assumindo que deu destaque àquela primeira manchete.

04:42E depois, os relatos iniciais do Times

04:45atribuíram a alegação de responsabilidade israelense

04:48a autoridades palestinas e observaram que os militares israelenses disseram

04:52que estavam investigando a explosão.

04:54No entanto, as primeiras versões da cobertura

04:58e a proeminência que recebeu em manchete,

05:01alerta de notícias e canais de mídia social

05:03se basearam muito nas alegações do Hamas

05:06e não deixaram claro que essas alegações

05:08não poderiam ser verificadas imediatamente.

05:11O relatório deixou os leitores com uma impressão incorreta

05:14sobre o que era conhecido e o quão crível era o relato.

05:19Feche vários.

05:20É o mínimo que eu entendo que todos os veículos

05:24que incorreram nessa crença apressada em terroristas

05:30e disfarçada ali, dizem Palestina,

05:33informam o Ministério da Saúde e o governo em Gaza,

05:35a gente está falando do Hamas.

05:37É o Hamas que fica vazando esse tipo de narrativa.

05:41Então, é o mínimo que os veículos que veicularam isso

05:44tem de fazer, mostrar, olha, a gente fez uma cobertura

05:47que passou uma impressão errada.

05:50E há outros casos de veículos com maior ou menor grau

05:54de meia-culpa ou nenhum,

05:56que é o caso de muitos aqui no Brasil.

06:00E a gente não vai citar por hora,

06:01vamos ver se eles fazem um meia-culpa,

06:04porque eu digo há uns 15 anos

06:08que o viés de esquerda da imprensa internacional,

06:12no Brasil ele é redobrado pelo viés de esquerda das redações.

06:16Então, às vezes, em algumas coberturas,

06:19a manchete no Brasil é ainda pior do que essas no exterior.

06:23E esse caso foi muito ilustrativo disso,

06:26porque esse dizem palestinos que a imprensa internacional colocou,

06:31que já é absurdo, porque é uma fonte indeterminada,

06:35indeterminada, genérica e falseada.

06:38Ele sumiu da manchete de vários portais no Brasil

06:42que colocaram lá, bombardeio israelense em hospital de Gaza,

06:46mata 500, aí variou, pelo menos 200 e tal,

06:50centenas de pessoas.

06:54Então, assim, cabe aos veículos no Brasil fazer uma retratação também,

06:58ela está demorando bastante.

07:01O que chama a sua atenção, Duda?

07:02Então, essa história pegou muito mal,

07:05e aí o que eu acho que aconteceu,

07:07o editor que fica em Nova York ligou lá para Gaza,

07:12porque esses jornais grandes têm jornalista dentro da faixa de Gaza

07:16ou gente trabalhando como freelancer,

07:17e falou assim, olha, vai lá confirmar a história,

07:20porque a gente publicou.

07:22E aí o hospital está lá de pé,

07:25não tem 500 mortos,

07:27e aí foram atrás do foguete,

07:29mas o Hamas passou antes ali com uma vassourinha,

07:32uma pá de lixo e tirou tudo de lá, né?

07:35Então, enfim,

07:37seria inviável continuar segurando a mesma manchete errada

07:43que eles deram antes,

07:44e aí o mínimo que eles fizeram foi realmente se desculpar.

07:48Eles limparam o local do crime que eles próprios cometeram,

07:54mesmo que, assim,

07:56é involuntariamente em relação àquele local, né?

07:59Agora estão disparando míssil contra Israel,

08:02e o míssil está sendo disparado da proximidade de um hospital,

08:06e se o míssil dá algum defeito, ele cai lá.

08:10Então, é óbvio que eles têm culpa

08:12a respeito daquilo que aconteceu, né?

08:15A gente não está falando de uma criança que esbarrou num copo

08:18que caiu no chão, né?

08:19Está falando de terroristas.

08:21Greco?

08:22É, Felipe,

08:23o Wall Street Journal fez um vídeo, né?

08:28Tentando...

08:29Está tudo transcrito aí no artigo.

08:30Exatamente.

08:31Tentando mostrar também

08:33qual teria sido a mecânica verdadeira do negócio,

08:37e nesse vídeo ele, inclusive,

08:40disse que 20% dos foguetes, né,

08:42disparados pelo ramagem dentro da faixa de Gaza

08:46tendem a cair dentro do...

08:48Eu já vi essa estatística com outros números também, 30%.

08:52O fato é que, em alguma medida,

08:54esses foguetes caem lá dentro, né?

08:58E é preciso manter isso em mente

09:01quando você está falando da destruição dentro do território, né?

09:05Nem todo dano vai ser causado por artilharia israelense.

09:10É preciso tomar cuidado o tempo todo,

09:14como você está chamando a atenção desse começo, né, Felipe?

09:18E esses 20% dá uns 450 foguetes

09:21caindo dentro da faixa de Gaza,

09:23que não é pouca coisa.

09:24É, se fosse a Defesa de Israel

09:25e a própria Conta Oficial de Israel

09:27divulgaram aí os números

09:28dos foguetes disparados por terroristas

09:31que caíram na própria faixa de Gaza.

09:33É que esse causou aí maior comoção,

09:36porque, enfim, é um hospital.

09:38Agora, também publicaram fotos de satélites israelenses

09:43de lançadores de mísseis

09:46que ficam ao lado de prédio da ONU,

09:49além do caso do hospital, né?

09:50De escola, de jardim de infância, de mesquita.

09:54Está tudo lá com imagens

09:57que já foram analisadas, inclusive,

09:59pelos especialistas aí

10:01em inteligência de fontes abertas, né?

10:03O Sint.

10:04E está gerando toda uma discussão

10:06que eu coloco em parte no artigo,

10:08eventualmente a gente vai aprofundar aqui,

10:11que é sobre a dificuldade de cobertura

10:14dos veículos internacionais

10:15nessa era de proliferação de imagens,

10:18vídeos, dados,

10:20que os jornalistas não têm

10:22a expertise para verificar.

10:25Então, é preciso haver

10:28uma colaboração por parte desses especialistas.

10:31E a gente buscou trazer

10:33as análises preliminares deles

10:35para a nossa cobertura no Antagonista

10:38desde o momento em que elas vieram à tona.

10:42Você tem questões de geolocalização,

10:45tudo eles comprovam ali

10:46com os números exatos do local,

10:48fazendo o cruzamento de dados,

10:50com todo esse repertório de inteligência militar.

10:52Citei aqui o caso de um australiano,

10:56o caso de um americano do CNA,

10:58gente que atua em centros

11:01que fazem esse tipo de esforço.

11:03E a imprensa precisa

11:05dessa colaboração nesses momentos

11:07para saber o que é

11:09o dado legítimo

11:12sobre o qual ela pode elaborar

11:13uma notícia e uma análise.

11:15Então, a gente precisa ter esse cuidado.

11:17Vale a pena, eu acho que é um case

11:19para ser colocado aí

11:24numa faculdade,

11:26que eu acho muito difícil que seja,

11:28porque tem muito viés também,

11:32lamentavelmente, no meio acadêmico.

11:34Mas a gente vai fazer todo o esforço

11:36para deixar registrada

11:37a história desse caso

11:39bastante ilustrativo,

11:41de manchetes que pareciam

11:43colocar ali um desejo,

11:45e não a realidade como ela é.

11:49Tchau.

11:50Tchau.

11:51Tchau.

11:52Tchau.

11:52Legenda por Sônia Ruberti

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