- há 4 meses
Um país fora de controle
Inflação fica em 10,06% em 2021, muito acima do teta da meta do governo
No Papo Antagonista desta terça-feira (11), Claudio Dantas e Diego Amorim comentaram os números oficiais da inflação de 2021 divulgados pelo IBGE. O acumulado pra o IPCA ficou em 10,06%, muito acima do teto da meta do governo.
--
Cadastre-se para receber nossa newsletter:
https://bit.ly/2Gl9AdL
Confira mais notícias em nosso site:
https://www.oantagonista.com
Acompanhe nossas redes sociais:
https://www.fb.com/oantagonista
https://www.twitter.com/o_antagonista
https://www.instagram.com/o_antagonista
Inflação fica em 10,06% em 2021, muito acima do teta da meta do governo
No Papo Antagonista desta terça-feira (11), Claudio Dantas e Diego Amorim comentaram os números oficiais da inflação de 2021 divulgados pelo IBGE. O acumulado pra o IPCA ficou em 10,06%, muito acima do teto da meta do governo.
--
Cadastre-se para receber nossa newsletter:
https://bit.ly/2Gl9AdL
Confira mais notícias em nosso site:
https://www.oantagonista.com
Acompanhe nossas redes sociais:
https://www.fb.com/oantagonista
https://www.twitter.com/o_antagonista
https://www.instagram.com/o_antagonista
Categoria
🗞
NotíciasTranscrição
00:00Essa é a maior taxa anual acumulada desde 2015, governo Dilma Rousseff, Dilmou Bolsonaro, né?
00:10Olha só que maravilha, Paulo Guedes, Paulo Guedes, onde estará o Paulo Guedes?
00:17Submergiu também, né?
00:20Em dezembro o IPCA desacelerou 0,73% após ter registrado uma taxa de 0,95% em novembro.
00:28A inflação ficou, então, acima do teto da meta, que era de 5,25%, foi bem acima, né?
00:35Quase dobrou.
00:36A última vez que isso aconteceu foi justamente lá em 2015.
00:39Quando isso acontece, o presidente do Banco Central tem de escrever uma carta pública
00:43explicando por que a meta foi desrespeitada, tá?
00:49A gente já vai falar disso.
00:51Antes disso, eu só quero dizer para vocês o seguinte.
00:54Primeiro, para que a gente tenha uma noção do tamanho da coisa.
00:57essa inflação é a quinta maior aqui da América Latina, tá?
01:03O ranking é liderado pela Venezuela, nenhuma novidade.
01:10E o segundo lugar é ocupado por Cuba.
01:16Depois vem a Argentina e Haiti.
01:18E aí, na sequência, o Brasil.
01:19Olha, de fato, nós estamos muito bem acompanhados, né?
01:23É inacreditável.
01:27Inacreditável.
01:27E aí, eu já vou puxar a matéria do Antônio Timóteo, que ele publicou mais cedo, Diego,
01:31sobre esse documento que o Campos Neto enviou, né?
01:35O documento aqui é uma cartinha.
01:39Ele é um documento que justifica, então, os motivos do IPCA ter atingido,
01:45ter ficado acima do teto da meta.
01:48Diego, você viu aí o Paulo Guedes por aí?
01:51Passou aí?
01:53Deve estar descansando.
01:55Deve estar descansando.
01:56Não sei se andando de jet ski ou no Beto Carreiro,
01:58mas descansando está também a seu modo.
02:01Cláudio, esse aumento da inflação, ele já era esperado,
02:05mas não deixa de ser, assim, preocupante que o ano tenha fechado na casa dos dois dígitos, né?
02:1110%, 10,06%.
02:13E ainda mais, se a gente levar em conta que, neste ano de inflação,
02:18neste ano eleitoral, a situação não vai, não tem tendência de melhorar.
02:24O Roberto Campos Neto, nessa carta que você mencionou,
02:28ele atribui a dois fatores, a alta dos preços das commodities e ao preço da energia elétrica.
02:35Antes de qualquer avaliação política que a gente possa fazer, Cláudio,
02:38é lembrar para quem está nos acompanhando que essa taxa do IBGE é apenas uma média.
02:43Claro, você que acompanha o noticiário político-econômico sabe disso.
02:4710% é uma média.
02:49Mas na vida real das pessoas, a alta dos preços está muito mais preocupante.
02:55Se a gente pega o preço dos combustíveis especificamente,
02:59que hoje, aliás, a Petrobras anunciou um novo aumento, né?
03:03Se a gente pega o preço do botijão de gás para as famílias mais pobres,
03:07que precisam do botijão, acima de 100 reais, valor unitário, né?
03:12Se a gente pega a alimentação em casa, que também, a alimentação a domicílio,
03:18que é assim que chama o IBGE, né?
03:20Que também puxou essa alta da inflação.
03:22Então, tudo isso, a vida das pessoas, eu, você, Cláudio,
03:27quem está nos acompanhando, sabe que a coisa está muito pior do que esses 10%.
03:30E é muito simbólico nesse ano eleitoral que essa inflação atinja esse patamar
03:38o mais alto desde 2015, né?
03:41Lembrar que 2015 foi ali o ano do pré-impeachment da Dilma, né?
03:46Seu primeiro ano do segundo mandato, em meio à Lava Jato,
03:49em meio a uma crise econômica provocada pelos desastres deixados pelo Guido Mantega,
03:55hoje porta-voz econômico de Lula, e que a Dilma se atrapalhou toda.
04:01Tirou o Guido Mantega, botou o Joaquim Levi, o pessoal conhece essa história, não deu certo.
04:05E naquela época, Cláudio, os petistas diziam que a crise econômica era uma invenção da mídia,
04:11negavam a crise econômica.
04:13E agora a gente vê o bolsonarismo também fazendo um malabarismo
04:17para dizer que não tem crise, que isso é culpa das commodities.
04:21É claro que tem um peso das commodities aí, do cenário externo.
04:26Mas a gente está falando de um governo que rasgou a responsabilidade fiscal.
04:31O próprio Pastore, Celso Pastore, o coordenador econômico da campanha de Sérgio Moro,
04:35deu uma entrevista hoje ao Estadão, relembrando todo o contexto.
04:39Essa inflação alta está dentro de um contexto de descompromisso fiscal,
04:43que vem com a alta de preços, que força o aumento dos juros.
04:48O Bolsonaro pegou esse governo com a menor taxa de juros da história.
04:53E não soube cuidar.
04:55Paulo Guedes, o Chicago Boy, não soube cuidar.
04:57Então, assim, é a inflação, mas ela está dentro de, obviamente,
05:01um conjunto de decisões frustrantes na economia deste governo, Cláudio.
05:06Localizei a reportagem aqui, que fala justamente da justificativa do Campus Neto.
05:12É isso aí. Ele abre aspas. Ele fala o seguinte.
05:15Os principais fatores que levaram à inflação em 2021 a ultrapassar o limite superior de tolerância,
05:20que é ultrapassar muito, quase dobrou o negócio.
05:24Forte elevação dos preços de bens transacionáveis em moeda local,
05:28em especial os preços das commodities, como você mencionou.
05:31A bandeira de energia elétrica de escassez hídrica.
05:34desequilíbrios entre demanda e oferta de insumos e gargalos nas cadeias produtivas globais.
05:43Ele disse ainda que a alta dos preços administrados, que chegou a 16,9,
05:49só foi menor em 1999 e em 2015,
05:52refletindo principalmente os aumentos dos valores de combustíveis e energia elétrica.
05:56Esse grupo concentra os produtos e serviços que possuem interferência direta do governo
06:01na definição dos custos.
06:03Então, aqui, os preços de gasolina, gás de botijão, botijão de gás,
06:08energia elétrica, residencial, subiram 47,49%,
06:1236,99% e 21,21%, respectivamente.
06:18O presidente do Banco Central ainda afirmou que a alta da inflação em 2021
06:22para níveis superiores às metas foi um fenômeno global,
06:26atingindo a maioria dos países avançados e emergentes.
06:29Bom, esta é a sexta carta assinada pelo presidente do Banco Central
06:33desde a criação do regime de metas,
06:35que foi criado por meio de decreto lá em 1999.
06:38Pela norma, então, o Campos Neto, como presidente do Banco Central,
06:41é obrigado a enviar o texto ao ministro da Economia, Paulo Guedes,
06:45quando o IPCA fica abaixo ou acima do teto.
06:47Ele precisa explicar as causas do descumprimento da meta,
06:50as providências para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos,
06:54que isso que nos interessa agora, porque, assim,
06:56águas passadas não move moinho.
06:58Então, você precisa agora saber que providências serão tomadas
07:02para o retorno da inflação aos limites estabelecidos
07:04e o prazo no qual se espera que essas providências produzam efeito.
07:09Segundo o Campos Neto, o BC tem calibrado,
07:11a taxa de juros para reduzir a inflação, a gente sabe,
07:14e as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.
07:17A gente sabe o resultado que isso tem, o impacto que isso tem no crescimento.
07:21Então, está aqui.
07:22Portanto, o BC tem tomado, ele acha que está fazendo um trabalho bem feito,
07:25viu, Campos Neto, tem tomado as devidas providências
07:28para que a inflação atinja as metas de 3,5 para 2022,
07:353,25 para 2023 e 3 para 2024.
07:39Só acredito vendo, né?
07:423,5, hein, Diego?
07:44Será que dá?
07:45Acho difícil, hein?
07:46Como você falou.
07:48E isso é o que está no papel, né?
07:50Não é aquela que a gente sente na gôndola do supermercado.
07:53É isso aí, Cláudio.
07:56A economia, ela deveria estar sendo um assunto já bastante discutido
08:03nessa pré-campanha dos candidatos, né?
08:06A gente teve aí esse episódio recente do Lula escolhendo o Guido Mantega
08:11para ser seu porta-voz econômico ali nos artigos que a Folha publicou
08:16e deu um start.
08:17Agora, os líderes de partidos, os presidentes de partidos
08:21estão com as pesquisas qualitativas nas mãos
08:23e eles dizem que mostram, os dados dessas pesquisas qualitativas
08:29mostram que a retomada da economia vai ser um fator determinante
08:36na corrida eleitoral deste ano.
08:39Mas a gente ainda não consegue ver.
08:42Claro que estamos ainda começando o ano, né?
08:45A pré-campanha ainda está na sua fase embrionária.
08:49Mas as propostas para segurar a inflação.
08:53Mas mais do que isso, porque segurar a inflação,
08:55o BC fica aumentando o juros, juros, juros dizendo que está fazendo tudo o que pode,
08:58mas a coisa não vai resolver assim, né?
09:01É todo um contexto de teto de gastos sendo furado, né?
09:07De tantas concessões que o Paulo Guedes fez para o Centrão
09:11com o PEC dos precatórios, né?
09:14Enfim, as prioridades foram andando ao longo desse governo
09:19e quem quiser assumir a presidência no ano que vem vai ter que,
09:24mais do que o Campos Neto aí, dizer com mais clareza o que fazer
09:28para, por exemplo, segurar a escalada da inflação.
09:31O que o Lula vai fazer, se porventura vier a se confirmar o seu favoritismo,
09:37a gente já sabe muito bem.
09:39Muito bem, já sabemos muito bem.
09:42Estamos na expectativa do plano econômico do Sérgio Moro, né?
09:47Que está sendo feito pelo Celso Afonso Pastório, pela equipe dele.
09:49Dele, esperamos com bastante, quer dizer, não muita expectativa,
09:55quanto mais expectativa, maior a frustração,
09:57mas esperamos que pelo menos sejam oferecidas soluções ou propostas, né?
10:03Caminhos, por que não originais, né?
10:08A gente precisa, de fato, traçar novos rumos.
10:11Por quê?
10:12Porque a tendência, inclusive em relação à inflação, é piorar.
10:14Olha só, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina,
10:17disse mais cedo, em uma entrevista à Rádio Gaúcha, o seguinte,
10:21a gente teve uma quebra, tá?
10:24Está acontecendo em função do fenômeno Laninha, né?
10:29Nós estamos agora sofrendo aqui uma quebra significativa da safra, tá?
10:34Então, com o impacto aqui, olha só,
10:39impacto de estiagem em estados como Rio Grande do Sul,
10:42Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul,
10:44estados produtores de alimentos,
10:46então, nós ainda vamos sofrer com esse tipo de impacto,
10:53não só esse aumento expressivo aí do custo de energia,
10:58dos combustíveis que aumenta o valor de transporte,
11:01aumenta tudo, a cadeia produtiva inteira,
11:03agora também teremos um impacto na safra.
11:06Então, quanto menor a demanda, menor a oferta, né?
11:10A gente vai ter um aumento do custo disso, do preço oferecido,
11:15então vai ficar difícil, vai ficar, vai piorar,
11:19o que naturalmente vai colocar aí em xeque essa previsão,
11:24mais ainda essa previsão de inflação e três e pouquinho,
11:29como está o Banco Central falando.
11:31Quer dizer, existe o Brasil do papel,
11:35o Brasil da burocracia, o Brasil da administração,
11:37da gestão, o Brasil real, que é o que a gente vive no dia a dia.
11:41Eu vou passar aqui para a avaliação que também o Celso Pastore fez.
11:48Você mencionou ela já no teu comentário,
11:51mas eu quero fazer a leitura aqui da avaliação dele,
11:55numa entrevista que ele deu para a Folha,
11:57porque dentro desse contexto todo, como você bem explicou,
12:00nós temos aí o fim da regra do teto de gastos.
12:05Segundo ele, essa regra foi destruída,
12:07a gente acompanhou com a nossa reportagem
12:10o dia a dia dessa desconstrução,
12:13dessa destruição feita através das mãos
12:16do Jair Bolsonaro, do Paulo Guedes, do Arthur Lira,
12:20do Rodrigo Pacheco,
12:21de todos esses parlamentares muito bem remunerados por todos nós.
12:26Então, ele está dizendo aqui,
12:29olha, sem uma âncora fiscal e com o aumento dos gastos,
12:33o preço do dólar e a inflação vão aumentar ainda mais,
12:36obrigando o Banco Central a subir ainda mais os juros,
12:38o que vai reduzir ainda mais o crescimento
12:40e piorar ainda mais a dinâmica da dívida.
12:44Abre aspas.
12:45Enquanto existiu a esperança de que reformas
12:47levariam ao controle dos gastos,
12:49o teto trouxe apenas benefícios.
12:51Para que o país cresça, é preciso responsabilidade fiscal.
12:54Temporariamente o teto garantiu isso,
12:55e a consequência foi a redução dos juros,
12:58tanto da taxa neutra real,
13:00como da taxa de juros implícita da dívida bruta.
13:03Fecha aspas.
13:04O pastor tem afirmado publicamente
13:06que a gambiarra no teto de gastos
13:07para garantir o pagamento médio
13:09daqueles R$ 400,00, né,
13:10do Auxílio Brasil,
13:11sepultou o teto de gastos.
13:14Segundo ele, a regra terá de ser substituída
13:17por um arcabouço fiscal
13:18que controle esses gastos.
13:20Esperamos que ele ofereça essa solução
13:23nesse plano econômico do Sérgio Moro, candidato.
13:29Sem uma âncora fiscal,
13:31aspas, do Celso Pastore,
13:33rapidamente a taxa de juros implícita da dívida
13:35retornará à situação anterior
13:37à aprovação da regra do teto.
13:40Ou seja, é um desespero só.
13:42Não vejo muita alternativa.
13:45O que você acha?
13:46Você que tem um pezinho na economia, né, Diego?
13:47Pois é, Cláudio.
13:50Deixa eu fazer dois comentários.
13:51Primeiro, voltando aí na sua estiagem
13:53que você comentou,
13:54a gente tem uma onda forte de calor
13:56no sul do país,
13:58a gente tem fortes chuvas
13:59em várias regiões do país
14:01que certamente também vão afetar,
14:03já estão afetando produções
14:05em alguns lugares até abastecimento.
14:07E a gente tem o avanço da Omicron,
14:09que vai, ao contrário do que se esperava,
14:13também trazer o impacto econômico
14:14já no curto prazo.
14:16A gente pega, por exemplo,
14:18o setor do turismo,
14:19que vinha animado com a retomada, né,
14:22sobretudo das viagens domésticas.
14:26Agora a gente está vendo aí
14:27as aéreas alertando os passageiros
14:30que pelo menos até o fim de fevereiro
14:32há uma previsão de cancelamento de voos
14:35em razão do fato de a tripulação
14:38estar com Covid, né?
14:40Pilotos, copilotos,
14:42aeromoças, comissários de bordo
14:44com a doença.
14:46Então, a gente tem um 2022,
14:49de ano eleitoral,
14:51que não vai ter nada no Congresso.
14:53A gente ouviu agora o Davi Alcolumbe
14:55prometendo, como presidente da CCJ do Senado,
14:58a Comissão de Constituição e Justiça,
14:59retomar os trabalhos legislativos
15:01tentando avançar com alguma coisa
15:04de reforma tributária.
15:05Vamos ver se eles conseguem.
15:07Eu acho muito difícil
15:08que alguma reforma consistente
15:10seja aprovada neste ano
15:11para não dizer impossível.
15:13As informações que nós temos
15:14indicam o contrário disso.
15:16Não há ânimo nem clima
15:18no Congresso
15:19que só está pensando em se reeleger
15:21e de executar o dinheiro
15:23do orçamento secreto.
15:24Não há clima nem mesmo
15:26para privatizações pequenas,
15:28quiçá reforma administrativa
15:30ou uma reforma tributária decente.
15:32Então, assim,
15:33como você disse, Cláudio,
15:34o Pastore está para apresentar aí,
15:36ainda está preparando
15:37o programa econômico
15:38do candidato Sérgio Moro.
15:41Agora, o próprio Moro
15:41já tem sinalizado em entrevistas
15:43repetidamente
15:44aquilo que nós já sabemos.
15:47Tem que fazer reforma,
15:49tem que tratorar,
15:50agora tratorar,
15:51tratorar do bem,
15:52não tratorar do Lira,
15:53não tratorar que a gente conhece,
15:55mas tem que tratorar do bem
15:57logo no primeiro ano de governo.
15:59Para isso tem que ter
16:00uma base de apoio,
16:01para isso tem que chegar
16:03já com tudo organizadinho,
16:04com o plano de governo
16:05bem, bem amarrado
16:07para, assumindo o plano alto,
16:10avançar com essas reformas.
16:11Depois dos primeiros seis meses,
16:12o Moro tem dito isso,
16:14e é verdade,
16:15depois do primeiro ano,
16:16sobretudo,
16:16a coisa fica um pouco mais complicada.
16:19Porque aí começam as chantagem, né?
16:21Começam as chantagem,
16:22começam a troca,
16:23começam as cobranças,
16:24a faca no pescoço,
16:25e aí fica mais difícil
16:27avançar com reformas estruturantes.
16:29Muito bem.
16:30Bom, um registro final aqui
16:33dessa nossa pauta econômica.
16:36Os servidores do Banco Central
16:38ameaçam, então,
16:39greve por tempo indeterminado.
16:42Caso o governo não apresente
16:43até o fim de janeiro
16:44uma proposta de reajuste
16:46para a categoria
16:47entidades que representam
16:48os trabalhadores,
16:49se reuniram hoje
16:51com o presidente da autarquia,
16:52o Roberto Campos,
16:53mas não receberam qualquer proposta
16:54de aumento salarial.
16:55O presidente do sindicato,
16:56dos funcionários do BC,
16:58o Fábio Fayad,
16:58afirmou ao antagonista
17:00que o encontro
17:01foi amistoso
17:02e propositivo,
17:04mas sem qualquer
17:05possibilidade aqui
17:06de proposta de reajuste.
17:08A reunião não foi frustrante,
17:10mas longe de ter sido satisfatória.
17:12Qual é a proposta concreta
17:13do governo
17:13para os servidores do Banco Central?
17:14Ela não existe.
17:15A paralisação dos servidores
17:16está mantida
17:17para 18 de janeiro.
17:20Fábio Fayad afirmou
17:21que espera ainda em janeiro,
17:23que ainda em janeiro
17:24uma nova reunião,
17:25aconteça uma nova reunião
17:26com o presidente do BC
17:27e que nela haja
17:28uma proposta concreta.
17:29Caso contrário,
17:29passaremos a debater
17:30a proposta da greve
17:31por tempo indeterminado
17:32em fevereiro.
17:33Diego,
17:35é incrível
17:36como o governo
17:37é capaz de criar
17:39suas próprias crises,
17:40como se não
17:41tivéssemos problemas
17:43suficientes.
17:45Se o Bolsonaro
17:46não tivesse
17:47feito
17:47o gesto que fez,
17:50prometendo um reajuste
17:51para os policiais,
17:52obviamente com intenção
17:54eleitoreira,
17:55com objetivo eleitoreiro,
17:56muito provavelmente
17:58não teríamos
17:59criado
18:00essa situação
18:03de todos
18:04cobrando
18:05agora
18:06um aumento.
18:07Quer dizer,
18:07no momento
18:08em que a economia
18:09está em debacle,
18:11a gente está
18:12com essa inflação
18:13absurda,
18:14com as expectativas
18:16de crescimento
18:16reduzidas,
18:18na verdade,
18:19o que a gente tem
18:20é expectativa
18:21de recessão.
18:21você com
18:24um problema
18:26crônico ainda,
18:28de um estado
18:28inchado,
18:29pouco eficiente,
18:31enfim,
18:32os problemas
18:32que são conhecidos
18:34por todos nós.
18:36Temos isso
18:37e de repente
18:37o presidente da república
18:38vai e resolve
18:39fazer ali
18:40uma gracinha
18:42com a polícia,
18:43a polícia agora
18:44está insatisfeita
18:45porque ele
18:45ficou naquela,
18:46deu um passinho
18:47para trás,
18:48disse não,
18:48todos os servidores
18:49merecem,
18:50mas não sei o que,
18:50não sei quando
18:51é possível.
18:52Aí isso despertou
18:54essa insatisfação
18:56que é de todos,
18:58todo mundo quer
18:59um reajuste,
19:00afinal de contas
19:01a inflação
19:02está comendo
19:02o poder de compra
19:03de todo mundo,
19:04não é o servidor apenas,
19:05mas especialmente
19:06o cidadão comum
19:07que não dispõe
19:09de nenhum tipo
19:10de anteparo estatal.
19:15Eu estava comentando
19:16ontem aqui
19:16que nós somos órfãos
19:17dos nossos gestores.
19:20Hoje o Calil
19:20botou lá,
19:22deu uma entrevista,
19:24falou assim,
19:24se instalar a sua casa,
19:27trincar,
19:28sentir qualquer coisa,
19:29saia correndo.
19:31Bom, realmente
19:31a gente não está precisando
19:32mais,
19:32a gente não precisa
19:33mais de gestor,
19:34pode fechar tudo,
19:35bota uma placa
19:36e cada um que se vire.
19:39Por favor.
19:40Claudio,
19:41nessa história
19:42dos reajustes,
19:43nessa história
19:44dos reajustes,
19:45o Bolsonaro já perdeu,
19:46a gente não sabe
19:47qual vai ser
19:47o desfecho
19:48dessa história,
19:49mas ele já se desgastou.
19:51Por quê?
19:52Agora ele está
19:53numa saia justa
19:55que, como você disse,
19:56ele mesmo,
19:57de novo,
19:57se colocou.
19:58Se ele dá o aumento
20:00só para os policiais,
20:01nós vamos ter
20:02paralisações,
20:03nós vamos ter
20:04greves nacionais
20:05de outras categorias,
20:06sobretudo aquelas
20:07mais organizadas,
20:08aquelas com os sindicatos
20:09mais endinheirados,
20:11Receita,
20:11Banco Central,
20:13e ano eleitoral,
20:14se tem uma coisa
20:15que político não quer,
20:16é servidor público
20:17na rua.
20:17Não sei como é
20:18que vai estar
20:18a situação da pandemia,
20:19mas o na rua
20:20aqui é simbolicamente,
20:21ou seja,
20:22na rua,
20:23protestando,
20:23seja de braços cruzados,
20:25enfim,
20:26ele vai criar
20:27esse problema
20:28se ele der o aumento
20:29só para os policiais.
20:31Se ele ouvir
20:31a equipe econômica
20:33e não der aumento
20:35para ninguém,
20:36ele vai já
20:37ter criado
20:37um problema
20:38e uma indisposição
20:39com a sua base ali,
20:40com os policiais,
20:41com as carreiras
20:42federais das polícias,
20:43e com o próprio
20:44ministro da Justiça
20:45e da Segurança Pública,
20:46que foi quem pediu
20:47a ele esse reajuste
20:48para os policiais,
20:50que Bolsonaro,
20:51como você disse,
20:52sinalizou,
20:53fez essa promessa
20:54e agora
20:55está nessa situação.
20:56É mais uma vez
20:57ele sendo pego
20:58pela boca,
20:59falastrão,
21:00fala demais,
21:01vai falando
21:02sem ter conhecimento,
21:04sem ter embasamento,
21:05sem ouvir os ministros,
21:07sem ter a tecnicidade
21:08da coisa,
21:09aí ele fala,
21:10promete
21:10e depois se enrola.
21:11Agora,
21:12Bolsonaro,
21:12se vira,
21:13se vira,
21:14perdeu já,
21:15vai ter que decidir
21:16para fevereiro,
21:17mais tardar,
21:18início de março,
21:19o que ele vai fazer
21:19e repito,
21:21se der o aumento
21:21só para os policiais,
21:23vai ter que arcar
21:23com o restante
21:24do funcionalismo
21:25pressionando
21:26e ameaçando
21:27paralisações.
21:29Se não der aumento
21:29para ninguém,
21:30muita gente na polícia
21:32que ele jura
21:32que tem os votos
21:33todos garantidos,
21:35vai ficar de cara feia
21:36para ele,
21:36Cláudio.
21:42e aí
21:47Obrigado.
Recomendado
6:32
|
A Seguir
13:53
14:25
8:30
24:08
12:57
12:38
Seja a primeira pessoa a comentar