A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticou nesta quinta-feira (19) a elevação da taxa básica de juros pelo Banco Central, sob comando de Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula. A ministra disse que alta da Selic é ‘incompreensível’ e que juro é ‘estratosférico’. Cristiano Beraldo e Deysi Cioccari comentaram. Reportagem: Bruno Pinheiro Comentaristas: Cristiano Beraldo e Deysi Cioccari
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00:00Nós temos mais informações aqui com a nossa reportagem ao vivo em Brasília.
00:03A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, a Gleisi Hoffmann,
00:08classificou o novo aumento da taxa básica de juros de incompreensível e estratosférico.
00:15Bruno Pinheiro tem aqui mais detalhes pra gente, lembrando, Selic foi lá pra 15%, né Bruno?
00:20Bom dia pra você, bem-vindo.
00:24Exatamente, Donato, ótimo dia também a você, a quem nos acompanha aqui no Jornal da Manhã,
00:29essa fala da ministra Gleisi Hoffmann, ela não chegou a citar diretamente o nome de Gabriel Galipo,
00:35como acontecia em outras altas, na verdade, em outros momentos que Gleisi Hoffmann
00:40utilizou as redes sociais citando diretamente alguns diretores e nomes do Banco Central.
00:47Desta vez, ela disse apenas que é incompreensível.
00:50Nas redes sociais, ainda ontem, na quinta-feira, ela escreveu que no momento em que está combinando
00:56a desaceleração da inflação e também esse aumento, esse avanço da economia
01:02com investimentos internacionais que refletem confiança,
01:06é incompreensível que o COPOM aumente ainda mais a taxa básica de juros.
01:12E disse esperar que este seja, de fato, o fim do ciclo dos juros estratosféricos.
01:17Foi o que disse Gleisi Hoffmann, ministra das articulações do relacionamento institucional
01:24entre o Congresso Nacional e o Governo Federal, utilizando então as redes sociais.
01:29Só para a gente entender, hoje nós estamos ocupando a segunda posição no ranking dos maiores juros reais do mundo
01:37após essa decisão do Comitê de Política Monetária chegando então a 15%.
01:43Só para a gente entender também esse levantamento sobre a taxa básica de juros real do Brasil,
01:49ela é de 9,53%, atrás apenas da Turquia, com 14,44%.
01:57Esse foi um levantamento recente, na verdade, feito considerando os 40 países das Américas,
02:04África, Ásia, Europa e Oceania.
02:07Bom, a expectativa é que ela fique então em 15%, que não tem um aumento a mais do que isso.
02:12Mas isso já era esperado então, esse posicionamento de Gleisi Hoffmann, já que aconteceu também nas outras vezes.
02:19Tem também uma avaliação interna que não tem como colocar na conta de Gabriel Galipo imediatamente,
02:26que nesse momento é somente fazer uma defesa ali, ainda levando esse tom para a gestão anterior,
02:32colocando então essa reflexão, olhando no retrovisor, como um efeito do governo anterior,
02:37que seria a responsabilidade então da economia do governo de Jair Messias Bolsonaro.
02:42O que eu tenho ouvido é que existe ainda um tempo a ser avaliado como será a gestão de Gabriel Galipo para os próximos dias
02:52e se essa taxa deverá reduzir ou não.
02:54A conferir os avanços, ou melhor, a redução na taxa de juros nos próximos meses.
03:00Nonato.
03:01É isso, até porque tem reflexo nos mais variados setores da economia.
03:06Muito obrigado, Bruno Pinheiro, com informações em Brasília.
03:08Para a Dora Kramer, o presidente Lula preferiu terceirizar as críticas sobre a alta de juros.
03:14Vamos conferir o que disse a Dora.
03:15Bom dia a vocês aí no estúdio, bom dia a nossa audiência.
03:21A alta dos juros voltou a provocar reclamações no PT, né?
03:27Isso depois de um tempo de relativa calmaria, o PT voltou ao ataque, dessa vez por intermédio do líder do partido na Câmara
03:37e também por críticas da ministra das Relações Institucionais e ex-presidente do PT, deputada Glaise Hoffman.
03:48Mas o presidente Lula ficou em silêncio.
03:52Aliás, como ele tem feito desde que o Gabriel Calipo, indicado por ele, assumiu a presidência do Banco Central.
04:01Lula preferiu terceirizar, digamos assim, as críticas para marcar uma posição,
04:07mas também para não entrar em confronto direto com o Banco Central, como ele fazia na época do Roberto Campos Neto.
04:15Agora, essa decisão da alta de juros, ela é boa para a reputação do Banco Central,
04:22porque marca a preservação da autonomia.
04:25Para a economia não é muito favorável.
04:28Agora, para o objetivo do BC de manter a inflação, controle sobre a inflação
04:36e também combater, fazer frente à política expansionista do governo, realmente é o único remédio.
04:44Por isso, até por essa compreensão, é que o presidente resolveu ficar fora desse embate desta vez.
04:51Deixa eu chamar os nossos comentaristas para esse papo também.
04:54Quero chamar primeiramente o Cristiano Beraldo.
04:56A gente viu aí na matéria do Bruno Penheiro, lá de Brasília, falando sobre a Gleisi Hoffman,
05:00que usou aí, vamos dizer, uma outra estratégia.
05:03Não quis apontar a Galípolo, assim como anteriormente Campos Neto era muito apontado.
05:09É uma outra estratégia.
05:11Qual que é a sua avaliação, Cristiano Beraldo?
05:13Mas ela não deixou de mostrar a sua decepção.
05:15Disse que uma Selic a 15% é incompreensível.
05:19Pois é, Paulo, é interessante porque quando houve a saída do Banco Central de Roberto Campos Neto,
05:26ela e Lindbergh Faria, sobretudo, encabeçaram aquelas críticas, dizendo que Campos Neto já ia tarde,
05:32que Galípolo começaria uma trajetória de redução na taxa de juros e por aí foi.
05:37Agora estão diante da realidade.
05:40O governo inviabiliza a queda de juros.
05:43E a gente tem dois aspectos desse problema.
05:45Um é o Gabriel Galípolo.
05:47Ele tinha que tomar uma decisão.
05:49Se ele iria pelo caminho do populismo, simplesmente para agradar o governo e aqueles que o colocaram na presidência do Banco Central,
05:57ou se ele faria o trabalho técnico necessário para ganhar credibilidade junto ao mercado financeiro
06:04e as instituições em geral, para que, uma vez saindo do Banco Central, tivesse credibilidade até para ir trabalhar nessas instituições.
06:12Parece que ele escolheu o caminho da técnica.
06:14Agora, o governo tem nisso um problema grave.
06:18Porque como o governo é irresponsável e incompetente, as contas públicas estão todas desorganizadas e o déficit subindo,
06:24ou seja, o governo muito endividado, sem um caminho para resolver esse problema,
06:28a cada 25 pontos que aumenta a taxa de juros, a gente tem mais bilhões e bilhões de reais que serão necessários para pagar juros da dívida brasileira.
06:38E isso no momento em que o governo está aí prometendo mundos e fundos à véspera de uma eleição que acontecerá no ano que vem,
06:46programa Pé de Meia, Bolsa Família em expansão, tantas outras coisas,
06:50e o governo não atua naquilo que é necessário.
06:52Só para finalizar, Paula, eu trago aqui um dado importante.
06:55Veja, o governo está querendo subir o IOF, que pega quase todos os brasileiros,
07:00afinal de contas nós temos mais de 70% dos adultos inadimplentes no Brasil,
07:06ao invés de atacar lugares onde a arrecadação escoa.
07:11Mais da metade dos cigarros vendidos no Brasil é contrabandeado do Paraguai.
07:15Quais são as ações que o governo está fazendo para impedir o contrabando de cigarro nenhuma?
07:20Só aí são 20 bilhões de reais de arrecadação que todos os anos vão por água abaixo,
07:26e o governo nada faz para resolver isso.
07:28Desde esse ocário, eu queria te ouvir também nessa questão,
07:30à medida em que a gente tem, como o Beral destacou, a decisão técnica,
07:35e normalmente os diretores do Banco Central são mais técnicos, obviamente,
07:39e a decisão que poderia ser populista com redução para agradar o governo da vez.
07:44Mas essa questão da terceirização, o presidente Lula sempre bateu muito no nome do Roberto Campos Neto
07:50quando ele aumentava a taxa de juros.
07:52Agora ele não tem se pronunciado, mas o seu entorno dá ali uma alfinetada ou outra.
07:57É uma terceirização da crítica mesmo?
07:59Deise, bom dia, bem-vinda.
08:02Bom dia, Nonato, Paula, Beraldo, bom dia aos amigos da Jovem Pan.
08:06É uma terceirização, sim, até porque a Glaise Hoffman faz parte desse núcleo mais duro do PT,
08:11esse núcleo mais resistente e até mais fiel ao presidente Lula.
08:16Então, obviamente, quando ela faz essas críticas,
08:18essas críticas com certeza têm o aval do presidente Lula ali.
08:22Mas é interessante a gente notar como para a Glaise,
08:26e aí eu falo na Glaise porque, obviamente, não tem como a gente dizer diretamente que é o presidente Lula,
08:30mas como ela trata a questão dos juros e do Banco Central como uma retórica política,
08:35e não como um processo de estabilidade fiscal ou uma reforma fiscal como o Banco Central tenta tratar.
08:42É uma retórica política.
08:44Olha, não me agradou, não está a favor da minha vontade, então eu não gosto dessa política de juros.
08:49Isso é algo muito interessante para se perceber.
08:52Ela tentou também nas críticas dela, quando ela fala que é incompreensível essa atitude do Banco Central,
08:57ela tenta não personalizar para o Galípolo, isso é uma tentativa de aliviar um pouco,
09:02já que as críticas para o Campos Neto foram muito pesadas,
09:05já que as críticas foram pesadas para o Campos Neto e elas mereciam também ser pesadas para o Galípolo,
09:11mas a gente não pode fazer, então vamos suavizar aqui.
09:14Mas é interessante como ela fala dos juros baixos como se fosse um decreto,
09:20um decreto e não uma consequência de uma política fiscal.
09:23Isso é beira quase que um absurdo, então eu acredito que essa política econômica do governo Lula
09:30tem se mostrado muito mais de acordo com a vontade e com a ideologia do governo
09:36do que realmente um fenômeno de estabilidade financeira.
09:39Então eu gosto, eu fico quieto, eu não gosto, eu critico.
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