No Dia Dia Rural desta segunda-feira (09), o jornalista Otávio Céschi Junior entrevista no Conversa Franca o presidente do conselho técnico das raças zebuinas (CDT), Valdecir Marin Junior.
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00:26A gente já falou bastante de Feicorte aqui, nessas prévias que a gente está fazendo e antecipando
00:31desse grande evento do Gado de Corte. E com relação às raças ebuínas, quem é que a gente vai ter por lá, Valdecir?
00:40Olha, a BCZ esse ano é parceira master da Feicorte, vai estar com o stand com o seu corpo técnico lá
00:48e representando as oito raças ebuínas.
00:53Ao vivo nós teremos uma amostra da raça Cinde, uma bela amostra com em torno de 100 animais,
01:00com julgamento. Vamos ter também a raça Guzerá
01:03e representando o Zebu dentro da Feicorte.
01:10Os animais já estão se deslocando lá para o parque?
01:14Como é que vai transcorrer a movimentação?
01:17Porque o evento é para a semana que vem.
01:20A inauguração é dia 17 e esse fim de semana os animais já adentram ao parque de exposição.
01:27Já cotou zero.
01:28Ao todo nós teremos quantos animais lá, de todas as oito raças ebuínas?
01:33Olha, nós teremos em torno de 180, 200 animais.
01:43A previsão de leilões também, né, Valdecir?
01:47A previsão de leilões, nós teremos capitaneado pela confraria da carne do Nelore,
01:55um leilão de muita importância, oferecendo aspirações de doadoras,
02:00preneiras e também animais, todos com avaliação de ultrassonografia de carcaça.
02:07Bom, mas não são as raças ebuínas que estarão por lá.
02:10Nós temos também outros eventos acontecendo, inclusive com cavalos e algumas outras ações, não é?
02:18Sim, a Feicorte engloba todo o segmento de bovino e equino.
02:25E o tema dela, que é a carne de qualidade, o boi sustentável,
02:32o zebu tem um papel fundamental dentro da história da carne de qualidade no Brasil
02:40e principalmente na sua produção.
02:43Hoje, o zebu representa praticamente 80% entre os zebuínos e aqueles que têm algum tipo de mistura,
02:54às vezes, em alguns casos, até mais com a produção através de cruzamentos industriais.
03:01E a BCZ está levando o que para lá?
03:04Além de dar esse apoio às raças ebuínas, teremos também seminários, feicortes, o que mais teremos por lá?
03:09É, a BCZ está levando um estande fixo com toda a sua equipe de fomento,
03:17capitaneada pelo Ricardo Abreu e sua equipe,
03:20aonde irá demonstrar o PMGZ forte e o PMGZ comercial, principalmente, a todos os pecuaristas.
03:29Porque você não precisa ter gado registrado hoje para participar do Programa de Melhoramento de Engenharia da BCZ.
03:36Você pode ter o gado comum também, ele vai ser avaliado dentro do programa da BCZ.
03:43Isso é um avanço muito grande dentro da pecuária nacional.
03:47Como é que funciona essa operação de você poder usar o PMGZ, mesmo não sendo sócio da BCZ?
03:52Você tem um rebanho comercial e essa avaliação começa por onde?
04:02Começa pelas matrizes, pelas vacas.
04:06Onde o programa vai mostrar para você o norte dentro do seu rebanho.
04:14As suas melhores matrizes, a que desmama os bezerros mais pesados.
04:19Por que elas desmama os bezerros mais pesados?
04:21Pelo fenótipo delas, pela genética que elas possuem, que você não consegue detectar só olhando nelas,
04:30você tem que mensurar esses dados.
04:34E isso, a BCZ tem um software excepcional dentro do programa que chama PMGZ.
04:40Bom, para quem não conhece, a gente dá aqui alguns detalhes rápidos,
04:44mas depois quem estiver na fake corte pode passar por lá pelo stand da ABCZ para ter mais detalhes.
04:50O PMGZ, na verdade, é um banco de dados muito completo que a BCZ tem e que, como disse o Valdecir,
04:58ele fornece para você os caminhos que você pode seguir para promover melhoramento genético no seu rebanho.
05:04Porque não é porque você tem um gado comum que você não tem uma genética que pode estar escondida lá.
05:10Porque tem muito cruzamento que, às vezes, a gente não sabe o que está acontecendo.
05:13Tem touro pulando cerca daqui para lá, né, Valdecir?
05:17Vamos brincar assim?
05:19Tem vaca que abre a porteira para o touro, aí você não fica sabendo, depois ela fecha a porteira,
05:24e aí nascem os bezerros lá que depois vai virar.
05:26Ou vaca ou touro.
05:29E aí, apenas pela avaliação visual, você não consegue enxergar isso.
05:33Então, o PMGZ, ele te dá as ferramentas para que você saiba o que você tem no DNA escondido ali do seu rebanho
05:41para você poder utilizar.
05:43Falei aqui, mais ou menos ajeitado?
05:47Muito, muito.
05:48Eu vou indicar você ao presidente Gabriel Garcia para fazer parte do corpo técnico da BCZ, tá vendo?
05:55Acho que é de tanto ver julgamento e acompanhar e ouvir vocês falando que a gente vai aprendendo.
06:02Obrigado aí.
06:03Ô, Gabriel, se precisar, a gente dá uma ajuda aí.
06:06Mandei que tenha um técnico oficial do lado, porque eu não sou zootecnista, nem médico veterinário.
06:11Bom, você vai estar por lá também, no instante da BCZ?
06:16Vamos estar lá, vamos estar lá a semana inteira.
06:18E eu vou ter a oportunidade de fazer o julgamento da raça cíntia durante a feicorte.
06:23Aliás, já que você tocou no CINDI, você começou falando do CINDI, você é criador de CINDI ou não?
06:28Desculpe.
06:29Não, eu sou técnico.
06:32Técnico, técnico do CINDI.
06:33Como cresceu o CINDI, hein, Valdeci?
06:35Como cresceu e a procura por essa raça hoje para que ela possa levar heterose, enfim, características para o gado?
06:47Porque o CINDI ficou escondido durante muitas décadas, acho que meio século quase.
06:51Aí, quando o Adáudio começou a puxar o CINDI, começaram a descobrir as características que o gado do CINDI tinha lá, justamente nessas coisas que eu estou falando.
07:01É o que você tem lá no seu gado que você não sabe muito bem, né?
07:05E o CINDI deslanchou de vez, hein?
07:06Como cresceu?
07:09É, o CINDI é uma raça de grande importância dentro das raças ebuínas.
07:12Ele é uma raça de dupla vitidão, é carne e leite, é uma raça de porte médio dentro do zebu, mas de muita rusticidade e muita produção.
07:24Ele foi importado desde a década de 30, pelo tio do Adáudio, seu cito, José Cesar de Castilho,
07:36juntamente com o seu orientador, o doutor Alberto Alves Santiago, foram na Índia várias vezes.
07:44E eu tive a oportunidade de registrar esse gado na fazenda do Sr. Cito, várias vezes, várias ocasiões.
07:55E eu perguntei para ele, por que o CINDI não o GIR, não o NELORE, não o ZERÁ?
08:01Ele falou, Valdecir, o CINDI é o zebu de casco mais forte que tem.
08:07O CINDI, ele se alimenta daquilo que nenhum outro ruminante se alimenta.
08:15E ele converte isso em proteína, proteína láctea ou potreína e a carne.
08:22E é uma paixão à primeira vista.
08:25E o CINDI hoje, dentro do Nordeste, principalmente, e agora, nesse Brasil central,
08:33a pecuária descobriu o CINDI, principalmente nos cruzamentos.
08:37Ele dá uma rentabilidade excepcional de carne por carcaça.
08:45Ele dá qualidade de carne, acabamento, que isso é muito importante hoje para se exportar.
08:53Carne é o acabamento, é a espessura de gordura.
08:57E ele dá o sabor, que é o marmorim também.
09:00Muito bom.
09:01É, o CINDI que veio lá do Paquistão, né?
09:04O Paquistão era uma parte da Índia.
09:06Hoje, tem o Paquistão, tem Bangladesh, que era um Paquistão, e o outro Paquistão.
09:11Eles vivem até em guerra hoje.
09:13Enfim, mas o CINDI, naquelas condições lá de deserto e muito ruins de alimentação,
09:18se você se sentou bem, ele come o que tiver, ele tinha uma resistência muito grande,
09:23porque pegava altas temperaturas durante o dia.
09:26Estou falando do gado original lá, que depois veio para cá, trouxeram alguns.
09:29E à noite, temperaturas baixíssimas, lá próximo de zero grau, às vezes até abaixo.
09:33E ele trabalhava essa variação térmica aí, de uma forma muito tranquila e comendo aquilo que tinha.
09:39Por isso, aí é que a gente vê, virou um resistente, virou um sobrevivente e guardou todas essas características com ele.
09:48Agora, os primeiros animais que vieram, e depois mesmo quando o Adáudio começou a divulgar,
09:52há 20 anos atrás, lá na própria Exposebu, eram animais de um porte menor.
09:59Hoje, eles estão com um porte diferente.
10:02A genética trabalhou para melhorar esse animal mais ainda e adaptá-lo melhor às nossas condições, não é, Baldeci?
10:10Além de trabalhar a genética em si, o manejo melhorou muito a raça e a alimentação melhorou muito a raça.
10:20Tudo isso aí agrega geneticamente.
10:25Porque nós sabemos, vamos falar da década de 60, o boi gordo era 13, 14 arrobas.
10:32Na década de 70 a 80, depois da grande importação de Zebu, na década de 62, o boi gordo foi para 17 arrobas.
10:43E hoje, nós estamos em 21, 22 arrobas.
10:46O que se deve a isso?
10:48Principalmente a genética.
10:51A genética.
10:53Não existe melhoramento, não existe um passo à frente de nenhuma raça europeia, zebuína ou sintética,
11:01sem genealogia conhecida, sem genética.
11:05Aí vem o manejo e vem a alimentação.
11:09Antigamente, você batia um boi de 5 anos, 6 anos.
11:11Hoje, você já abate por 16 meses, 18 meses.
11:17O Brasil progrediu muito nisso aí.
11:20É por isso que a gente chama de o boi 777.
11:23Ele é um Boeing, é um avião.
11:25É o boi 3 vezes o 7.
11:277 arrobas, 7 arrobas, 7 arrobas.
11:29Que chega lá a 21 na hora do abate, com esse tempo que você deu aí, de às vezes até 16 meses.
11:37E aí, vale aquele ditado, né, Valdecia?
11:39Era pequenininho porque tinha que encontrar um monte, enfrentar um monte de adversidades.
11:45Aí, começou a ser bem cuidado.
11:47Tem aquele ditado que diz que planta ruim, planta que vai em solo ruim, vai em solo bom também.
11:55E quando é bem cuidado em solo bom e bem adubada, ela vai produzir mais ainda e crescer mais ainda.
12:00Não é diferente dos animais, que é o que nós estamos comentando aqui, né, Valdecia?
12:04É claro.
12:05Tem que evoluir mesmo, né?
12:08Tem que evoluir não só geneticamente, na parte nutricional também.
12:13Que a competição é muito grande.
12:15É tudo junto, genética, nutrição e sanidade.
12:19É o tripé que mantém aí a produção da proteína animal, não só na bovinocultura de corte,
12:25mas também em toda a produção de proteína animal.
12:27Valdecia, muito obrigado pelas informações e fica aqui o recado.
12:31É por isso que você que vai passar lá pela Feicorte, deve visitar o stand da ABCZ
12:38para conhecer como é que você pode utilizar o PMGZ e fazer o seu gado evoluir de uma forma muito rápida,
12:45usando as ferramentas que hoje existem e estão disponíveis e a ABCZ coloca à disposição de todos os pecuaristas.
12:53A gente se encontra lá, então.
12:54Até a semana que vem.
12:56Valdecia, uma honra participar do seu programa e convidamos a todos a passar pela Feicorte de 17 a 21 de junho.
13:05Um abraço.
13:06Até lá.
13:07Abraço, Valdecia Marim Jr., que é o presidente do Conselho Técnico das Raças Ebuínas
13:12e que vai estar lá junto com a nossa turma da ABCZ, inclusive o presidente, o Gabriel.