00:00Foram dias intensos, semanas intensas, mas necessárias, porque quando nos foi designada a missão de ir para a Espanha
00:15para tratar de toda essa parte técnica e do planejamento da seleção brasileira,
00:24desde o princípio da nossa chegada lá, nós fomos muito bem recebidos pelo Antilote.
00:28A primeira reunião foi na casa dele, então mostra a forma receptiva dele conosco,
00:35porque tanto eu e o Juan estávamos lá em Madrid representando a CBF e a seleção brasileira
00:40para essa primeira conversa em relação ao trabalho.
00:44De lá para cá, realmente, mesmo antes dele chegar e ser apresentado, nós tínhamos conversas diárias,
00:51porque de lá partiu a definição da lista larga.
00:58Tivemos mais alguns dias de debate para depois finalizarmos, mas obviamente que a lista final,
01:04ela teve a digital dele, Antilote, sem dúvida alguma, foram escolhas dele, baseado naquilo que nós tínhamos sugerido
01:16de uma lista larga de 60 nomes e eu acho que até o presente momento essa sintonia tem sido excelente.
01:25Ele realmente, além de um treinador extremamente vitorioso, ele é uma figura humana espetacular.
01:31Está muito bem impressionado com tudo que ele está vendo aqui no Brasil,
01:36da estrutura da CBF, da estrutura de pessoas, dos processos.
01:40Está muito feliz, o que esse feedback nos deixa realmente bastante empolgados,
01:46porque mostra que a gente estava no caminho certo nesse sentido.
01:50E são questões que às vezes passam meio que à margem.
01:52O resultado ele define muita coisa.
01:56O resultado é o que chega para o torcedor, para muitos de vocês da mídia.
02:00Mas existe trabalho por trás disso e acho que é um trabalho muito bem feito
02:04por todos os profissionais que estão na diretoria de seleções.
02:08Bom, teve algum nome específico da lista que ele fez questão de colocar para essa convocação?
02:15Teve.
02:16Ele, obviamente, que foi uma união de praticamente 60 nomes na lista larga.
02:24E lá mesmo ele inseriu mais três nomes que ele gostaria que fossem observados.
02:32Porque toda a observação era parte da lista larga, mas foram apenas três nomes.
02:38E depois, nessa escolha dos 25, todos eles estavam na lista larga que nós sugerimos a ele.
02:47É justamente que ele quer ampliar esse campo de observação.
02:52O Alexandre é um desses nomes?
02:54Porque ele já tinha visto ele no final?
02:56Não. O Alexandre foi, claro, com uma convocação dele, por ele acompanhá-lo.
03:03Mas ele já estava na lista larga do Dorival na última data FIFA.
03:08É que a gente, muitas vezes, não disponibiliza.
03:15Porque faz parte do nosso trabalho esse nível de observação.
03:17Eu acho que gera uma expectativa, gera-se um debate, muitas vezes, por atletas que não vão estar na lista final.
03:24Então, muitos desses nomes aí sempre vinham sendo observados já.
03:31Você trabalha nos maiores clubes brasileiros, com um dos maiores técnicos aqui no Brasil.
03:37É possível comparar já esses primeiros dias de contato do Antielote com tudo que você já viveu?
03:42Quais características do Antielote diferentes do que você já teve oportunidade de trabalhar?
03:48Você pode falar?
03:49Primeiro, eu não gosto de fazer qualquer tipo de comparação.
03:57Porque eu creio que a avaliação que muitas vezes se faz em relação aos treinadores brasileiros, ela não é justa.
04:05Nós temos grandes treinadores brasileiros, como nós temos grandes treinadores estrangeiros.
04:10Como também alguns treinadores estrangeiros, que não teriam nível para trabalhar aqui no Brasil.
04:18Então, às vezes, a gente não gosta desse modelo fechado de que tudo que é de fora é bom ou é melhor e o que tem aqui não serve.
04:27Não penso dessa forma, eu não defendo essa tese.
04:31Temos grandes treinadores, sim.
04:32Eu prefiro ir ao encontro do momento.
04:36A oportunidade de ter um treinador desse quilate, dessa importância, é que fez que a seleção brasileira tivesse hoje um técnico estrangeiro.
04:46Eu penso por aí.
04:47Não em detrimento aos treinadores brasileiros, é a oportunidade, a possibilidade de ter um treinador desse tamanho.
04:55Mas quais características específicas que você...
04:59É muito...
05:00Não tinha convivido ou você achou muito diferente do que você já tinha visto?
05:05Não, eu convivi com treinadores que têm características também semelhantes.
05:09Ele é um treinador de muito diálogo com os atletas, diálogo individual, né?
05:15Eu acho que isso...
05:17Porque para a seleção, né?
05:18Que são situações muito distintas.
05:20É a primeira vez também que ele trabalha com seleção.
05:22Então tem que acelerar muitos dos processos, mas o período aqui que eu estou na seleção, na época do Dorival, também tinha as informações de vídeo, as reuniões coletivas e individuais.
05:35Quer dizer, o processo de seleção, ele requer isso, né?
05:38Requer que a gente acelere esse relacionamento e essas informações.
05:45Agora, realmente, pelo tamanho dele, ele impõe uma autoridade sem ser autoritário, né?
05:56E as informações e as correções dele são muito objetivas.
06:02Mas ainda é muito cedo.
06:04Mas, assim...
06:07Trabalhar em seleção, eu acho que de tudo, e o que ele também está, ele próprio, aprendendo é isso, né?
06:14É utilizar esse período que estamos juntos para colocar a informação de um nível que seja, vamos lá, aceitável por parte do atleta, né?
06:27Não pode ser nem de menos e nem de mais.
06:28Tem que encontrar esse equilíbrio.
06:30Sim.
06:31Já é possível dizer que os jogadores respeitam mais dele do que os outros técnicos?
06:37Não, não.
06:38Os treinadores, os atletas de seleção...
06:42Não, eles respeitavam o Dorival, como tenho certeza que respeitavam o Fernando Diniz, como tenho certeza que no período que o Ramon esteve aqui, idem.
06:51Os atletas que chegam na seleção, eles chegam sabendo da responsabilidade.
06:56São atletas de altíssimo nível cognitivo também.
06:59Não vejo por aí.
07:01Eu entendo que, muitas vezes, existe uma expectativa elevadíssima em relação a isso.
07:08Em relação a querer encontrar o porquê que a seleção não fazia bons jogos, muitas das vezes.
07:16Mas, eu acho que é aquela questão de encaixe.
07:21Muitas das vezes, isso faz parte de um ciclo.
07:23Se formos ver, as vezes em que o Brasil foi campeão mundial, teve dificuldade nos ciclos e, muitas vezes, se encontra o caminho mais próximo da Copa.
07:33Eu espero que aqui ocorra.
07:34Mas, respeitam o antielote, eu acho, pela função, pelo cargo.
07:41E, óbvio, também pela trajetória vencedora dele.
07:43Mas, não que isso seja uma diferença absurda em relação aos outros.
07:47Você falou de ciclo, aproveitando sobre isso, a seleção tendo um ciclo conturbado, né, de 2022, da Cata, da Estéca, do Camões, do Terino.
07:55O que te faz acreditar que agora, a partir da chegada do antielote, dessa mudança da gestão da FF, o Brasil chega forte no Mundial?
08:04Bom, primeiro que eu, né, eu chego em 24 ainda.
08:09Eu chego em 24, eu não peguei antes.
08:12Então, eu prefiro não opinar, porque não convivi.
08:17Independente de qualquer coisa, eu ia estar aqui hoje falando que eu acredito.
08:21Você não tem a menor dúvida.
08:23Independentemente do técnico, independentemente do que ocorreu.
08:29A seleção brasileira sempre chega forte.
08:32Eu acho que, assim, o chegar lá na Copa é que gera determinadas expectativas.
08:38E a gente já viu de tudo, né, nesse histórico aí da seleção brasileira.
08:43Épocas em que chegou como franco favorito e não conseguiu chegar à final.
08:47Eu acho que é uma discussão um pouco maior, viu, Thiago, em relação ao futebol mundial.
08:55O futebol mundial como um todo evoluiu demais.
08:59Hoje, essa questão da globalização, a possibilidade de você ter jogadores em quase todas as ligas mudou.
09:07É só você pegar aqui os sul-americanos.
09:10Era inimaginável você ter jogadores de Venezuela, de Bolívia jogando fora do seu país.
09:15E hoje, a maioria das seleções, principalmente a venezuelana, joga fora.
09:21Estou citando seleções que antigamente não chegavam entre os primeiros.
09:25Então, hoje, qualquer confronto na América do Sul é difícil.
09:29Todos os atletas, hoje, acabam interagindo e convivendo com outras culturas.
09:34E, com isso, eleva o nível do futebol no seu país.
09:38Vai ser uma Copa extremamente difícil.
09:40A gente tem praticamente um ano pela frente.
09:43Hoje, o primeiro objetivo é classificar matematicamente.
09:46Já temos a projeção aí do que nós queremos enfrentar nos amistosos.
09:50E, agora, sob o comando do Mr. Antielotti, realmente ele consiga ter esse tempo
09:55para botar, realmente, o seu modo de pensar e seus conceitos.