Mídia ajudou a construir a imagem do funkeiro como inimigo a ser combatido, explica escritora
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NotíciasTranscrição
00:00A mídia teve um papel crucial nesse sentido de construir o funkeiro como inimigo,
00:08como inimigo público a ser combatido.
00:10Isso precisa ficar bem evidente, porque a minha análise foi feita sobre o Jornal do Brasil,
00:18mas eu estou falando da mídia como um todo, a mídia impressa, a mídia televisiva,
00:23elas tiveram realmente um papel fundamental nessa construção do funkeiro como inimigo.
00:30Desse perfil de alguém que precisa ser combatido.
00:34E que alguém é esse?
00:36Um alguém negro, um alguém pobre, um alguém periférico, um alguém favelado, suburbano,
00:42que acaba trazendo aí a própria palavra funkeiro,
00:48ela foi em muitos momentos ao longo da década de 90,
00:52ela substituiu termos como bandido, traficante, pivete,
00:57isso é muito evidente na análise que eu trago aqui do Jornal do Brasil.
01:03A crítica começou através, depois dessa construção do funkeiro como inimigo a ser combatido,
01:10precisamos acabar com o funk, precisamos acabar com o baile funk
01:15para que a gente acabe com essa movimentação de bandidagem,
01:18acho que o discurso era mais ou menos esse.
01:20E aí começa, então, um processo de investigação contra bailes funk,
01:26contra artistas, contra donos de equipe de som, etc.
01:29E aí começam a se desenhar leis e projetos de lei
01:35com vistas a criminalizar o funk.
01:38É importante a gente trazer como que há, de fato, uma tentativa
01:46de sempre deslegitimar, desqualificar, criminalizando essas expressões culturais.
01:53Então, vamos lá, vamos lá.