00:00Isso é uma coisa que não é simples, é uma coisa de muita credibilidade, de confiabilidade.
00:07Uma vez jogando depois da Olimpíada de 92 com o Marcelo Negrão, logo em 93,
00:13a gente estava jogando para a Alemanha e ele errou a última bola.
00:17Ele falou assim, pô, eu tinha que errar a última bola, eu tinha que bater lá para fora.
00:21Eu perguntei para ele, mas Marcelo, por que a última bola foi para você?
00:25Aí ele parou para pensar e falou, é, eu acho que o pessoal confia em mim.
00:31Eu falei, porque a última bola foi para você, porque todo mundo confia em você.
00:36E a hora que eu, o outro, o outro, o outro, todo mundo estava dentro da quadra e ia dar a bola para você.
00:44Então a Gabi ainda, ela tem essa confiabilidade de todo mundo.
00:49E todos, todas as jogadoras precisam ter essa confiabilidade.
00:53Entendeu? Isso faz parte do jogo.
00:57E uma coisa que não é simples é o seguinte, não pense que uma jogadora,
01:02numa semifinal de Olimpíada, não é do campeonato da Superliga ou do campeonato do colégio.
01:11É uma semifinal olímpica, entra achando que está, que é tranquilo.
01:16Vai lá e que vai jogar, que vai, não é assim, não funciona assim.
01:21Seria muito bom se fosse a substituição.
01:24Vai lá no lugar da Gabi e vai decidir agora.
01:29Tá?
01:29Será que você daria bola naquele momento para a jogadora que entrou?
01:36Eu fico nervoso só de pensar aqui, Zinho.
01:38Então, assim, detrae.
01:39Pois é, é o que eu falo.
01:41Não é simples assim.
01:42O que a gente precisa fazer?
01:45Que essas jogadoras todas cresçam, evoluam, para terem opções, para terem a confiabilidade de todo mundo.
01:52Mas isso é um processo de crescimento que você vai construindo.
01:56Que agora, nessa geração que a Ana Cristina tem que continuar construindo, ela já está construindo.
02:03Que a Júlia Bergman tem que construir.
02:08Que a Tainara tem que construir.
02:11Que a Giovana tem que construir.
02:12Que a Gabi tem que continuar construindo.
02:15Porque, assim, eu vou jogar contra algumas seleções do mundo.
02:19Quais são os jogadores que mais recebem bola dessas seleções?
02:24Como é que a gente vai conseguir parar essas seleções?
02:27A gente só vai parar essas seleções se a gente conseguir parar essas jogadoras.
02:33Não é assim que funciona?
02:35Então, como é que a gente ganhou da Turquia?
02:38A disputa do bronze?
02:40Porque a Vagas não funcionou tão bem.
02:42Então, tem esses detalhes do jogo, que se essas jogadoras não funcionam, não tem outra jogadora pronta no nível dessa jogadora para segurar.
03:00Eu vejo as pessoas falando como assim, ah, podia ter tirado a Gabi e botado outra jogadora.
03:07O pessoal não tem ideia que, quando você pega na mão da jogadora, muitas vezes, o quão fria a mão dela está de nervosa, de suada, de transpirando.
03:20O fato de você olhar, tem muita construção a ser feita.
03:24Não é da noite para o dia.
03:26São anos e anos para decidir jogos, para poder estar absoluta.
03:31Uma construção de uma Gabriela Guimarães, no mínimo 10, 15 anos, para você ter uma jogadora.
03:39Hoje, a Gabi é a melhor jogadora do mundo na posição dela, por uma série de circunstâncias que ela construiu.
03:47Então, ela vai ser mais marcada? Vai.
03:51Agora, vamos duplo para ela e vamos deixar no simples para outra.
03:55Mas se você deixar no simples para outra, a outra no simples não virá.
03:58O que você faz? Você vai jogar com a Gabi na próxima bola no triplo, não vai ser no duplo.
04:05E assim funciona.
04:07A gente tem que, na realidade, construir, tentar construir mais jogadoras e melhores,
04:14mais confiantes, cada vez mais produtivas,
04:18que deem mais opções, que tenham consistência.
04:22Nós ainda oscilamos um pouco na nossa realização de números.