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  • 16/04/2025
Após a morte do avô, Joana retorna à fazenda onde passava férias no paradisíaco Pantanal brasileiro em busca da maior herança que o sábio ancião poderia lhe deixar: um manuscrito com os seus poemas mais preciosos. Ao se defrontar com a porteira que dá acesso ao seu mundo encantado, a garota percebe que o lugar de suas mais belas memórias de infância fora consumido pelo fogo. A esperança volta a brilhar no coração de Joana quando o avô retorna na forma de passarinho e lhe conduz através de uma viagem lúdica e fantástica de volta para esse lugar de aconchego.

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Transcrição
00:00A CIDADE NO BRASIL
00:30Me criei no Pantanal de Corumbá.
00:44Entre bichos do chão, pessoas humildes, aves, árvores e rios.
00:50Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de estar entre pedras e lagartos.
01:00Sim, sim, pode deixar.
01:12Afinal, foi o último pedido dele, né?
01:15Que ficasse com a neta.
01:21Pegou tudo, Joana?
01:22O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a imagem de um vidro mole que fazia uma volta atrás de casa.
01:43Passou um homem depois e disse
01:46Essa volta que o rio faz por trás da sua casa se chama Enseada.
01:54Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que fazia uma volta atrás de casa.
02:00Era uma Enseada.
02:01Acho que o nome empobreceu a imagem.
02:05Nas últimas 48 horas foram registrados 201 novos focos de incêndio.
02:35no município de Corumbá.
02:38A situação no Pantanal é preocupante.
02:40O mundo é meu pequeno senhor.
03:08Tem um rio e um pouco de árvores.
03:12Nossa casa foi feita de costas para o rio.
03:16No meu morrer tem um pouco de dor de árvore.
03:20Daqui vem que todos os poetas podem ter qualidade de árvore.
03:24Aplausos.
03:26Aplausos.
03:27Aplausos.
03:29Aplausos.
03:31Aplausos.
03:33Aplausos.
03:34Aplausos.
03:35Aplausos.
03:37Aplausos.
03:38Aplausos.
03:39Aplausos.
03:40Aplausos.
03:41Aplausos.
03:43Aplausos.
03:44Aplausos.
03:45Aplausos.
03:47Aplausos.
03:48Aplausos.
03:49Aplausos.
03:50Aplausos.
03:51Aplausos.
03:52Aplausos.
03:53Aplausos.
03:54Aplausos.
03:55Aplausos.
03:56Aplausos.
03:57Aplausos.
03:58Aplausos.
03:59Aplausos.
04:00Tchau, tchau.
04:30Filha, vai procurar o caderno no escritório enquanto eu procuro no quarto.
04:44Lembra que ele tem uma capa azul, tá?
04:48Eu conversava bobagens profundas com os sapos, com as águas e com as árvores.
05:00Tchau, tchau.
05:02Tchau.
05:04Tchau.
05:06Tchau.
05:08Tchau.
05:10Tchau.
05:11Tchau.
05:12Tchau.
05:13Tchau.
05:14Tchau.
05:15Tchau.
05:16Tchau.
05:17Tchau.
05:18Meu avô dava grandeza ao abandono.
05:40Era com ele que vinham os ventos a conversar.
05:45Sentava-se o velho sobre uma pedra nos fundos do quintal e viam as pombas e viam as moscas
05:52a conversar.
05:53O leve e macio raio de sol se põe no rio, faz a rebol.
06:07Da árvore, evola amarelo.
06:10Do alto, tente vir cartola.
06:13E de um salto, pousa envergado no bebedouro a banhar seu louro pelo enramado.
06:19A água é madura, com penas de garça.
06:24Na areia, tem raiz de peixes e de árvores.
06:28O córrego tinha um cheiro de estrelas nos sarãos anoitecidos.
06:33Uma rã se achava importante porque o rio passava nas suas margens.
06:39O rio não teria grande importância para a rã, porque era o rio que estava ao pé dela.
06:45No chão da água, luava um pássaro por sobre espumas de haver estrelas.
06:57A água escorria por entre as pedras, um chão sabendo o aroma de ninhos.
07:03Durante borboletas com abril, este córrego só escorreu pássaros.
07:20Tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma, que você não pode vender no mercado,
07:24como por exemplo, o coração verde dos pássaros, serve para poesia.
07:30Côrrego só escorreu…
07:40Para entrar em estado de árvore,
08:08é preciso partir de um torpor animal de lagarto às três horas da tarde no mês de agosto.
08:38Hoje, eu desenho o cheiro das árvores.
08:42Do respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes.
09:06Prezo insetos mais que aviões.
09:12Tenho abundância de ser feliz por isso.
09:14Meu quintal é maior do que o mundo.
09:36A CIDADE NO BRASIL
10:06A CIDADE NO BRASIL