Denilson Baniwa: Floresta-Casa derrubada (A última maloca do fim do mundo)

  • há 9 meses
Se ocê num tá lembrado
Dá licença deu contá
Aqui mermo donde tá esse prédião
Essa rua e esses carro

Aqui onde eu e ocê respira
Fumaça, fulige, poluição

Onde nós desvia do esgoto
De lixo, barata e ratazana
Aqui mermo onde pisamo

Aqui mermo, neste chão

O sinhô, a senhora
Nunca haverá de imaginá
Aqui mermo antigamente
Era uma inorme floresta

Mas veio os homis c'oas ferramenta
E pois-se a derrubá...

Angelim, Castanheira, Itaúba
Pau-Ferro, Peroba, Massaranduba

Jatobá, Jacarandá, Acaiacá
Imbuia, Andiroba, Jacareúba

Adoniran deve se alembrá!

Caíram estrupiáda,

Angico, Mogno, Araribá
Pau-pereira, Ipê, Jatobá

Pau-Brasil foi o primêro a escassá

E adepois de tudo isso
O Derrubadô Brasilêro
Ao lado do toco da úrtima árvore
sentô numa pedra dura
pra pitá e descansá
Meida Júnior taí pra prová


E assim poco a poco
Ajudemo o fim de mundo
Se apressá

Ia quase a me esquecê
No meio da floresta antiga
Havia uma grande maloca

Era aqui mermo
Onde esse prédio arto pisa pra se aprumá

Embaixo desses pé de cimento
Estava, meu sinhô e mi´a sinhá
Antes do aquecimento globar

Uma saudosa maloca, donde sô oriundo
Sardade daquele lugá
Da rede de dormir e sonhá
Do moquém a comida esquentá
Do paneiro cheio de fruta

Lá nós passemo os dias feliz de nossas vida

A Floresta-Casa derrubada

Ocês num deve de se alembrá
A maloca na mata bruta
Da última morada do fim do mundo
Dantes do céu desabá

Hoje por homis vencida
A última maloca do fim do mundo
Donde nós passemo
Os dias feliz de nossas vida
Donde nós passemo
Os dias feliz de nossas vida




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